Um casamento ao ar livre, digno de final de comédia romântica. Melanie havia escolhido a primavera para se casar exatamente por isso, e para a sua sorte a previsão apontara dias ensolarados durante toda a semana na qual ela se casaria. Um Domingo radiante, um jardim enorme, e uma gigantesca estrutura de madeira  montada há alguns metros de distancia do caramanchão onde estava o altar abrigava uma gigantesca mesa de doces e salgados, com um bolo cor-de-rosa magnífico no centro. O lugar parecia mais uma estrutura para eventos, de tão grande e bem decorado que estava.

A cerimônia começaria por volta das 15:00 e a festa entraria noite a dentro. A noiva estava na casa de sua sogra, a qual pertencia o imenso jardim. Estava divinamente vestida de noiva, a moda antiga. Vestido branco, longo, véu grinalda e um lindo buquê de rosas brancas. Rodeada de amigas, se controlava para não chorar e borrar a maquiagem que levara 40 minutos para ficar pronta.

Chegara a hora. Um primo de Brad bateu na porta avisando que o noivo já estava no altar, e que os convidados já aguardavam. Todas saíram apressadamente, com exceção de Pam que entraria com Melanie.

–Sam! –Melanie segurou a mão da irmã antes dela sair.

–O que? –Perguntou a gêmea, quase tão emocionada quanto a noiva.

–Não fuja dessa alegria! –Sussurrou Melanie no ouvido da irmã.

Sam sorriu e segurou forte a mão que segurava a sua.

–Hoje é seu dia, Mel. Você vai ser muito feliz, sei disso.

–Sam, eu não vou ser feliz se você também não for. Por favor, o Pedro esta ai, tenta se aproximar dele, sei que vocês se gostam.

Sam olhou docemente a sua cópia. Como podia pensar tanto na felicidade de outro no dia, ou melhor na hora de seu casamento? Abraçou a irmã com força e cuidado para não machuca-la e desceu sem dizer mais nada.

Sam saiu da casa e se dirigiu ao jardim. Caminhou até onde estavam as cadeiras e cumprimentou os que ainda não tinha cumprimentado. Gibby, Tasha, os dois filhos do casal, de 3 e 5 anos, Alguns parentes de Brad que conhecia e se dirigiu ao altar. Sorriu ao ver o padrinho de Melanie que ficaria ao seu lado no altar.

La estava ele. Alto, elegante, e portador de beleza única e descomunal. Pedro, seu ex namorado, de quem quase ficou noiva. Era advogado e morava em Nova York. Se conheceram na faculdade, em uma festa e ficaram muito amigos. Ele já era amigo de Melanie a muito tempo, mas se interessou apenas pelo jeito de Sam. Divertida, autentica e muito inteligente. Namoraram por dois anos e quatro meses, mas Sam não suportou a ideia de ficar com alguém se sentindo presa a outro, e desfez o namoro uma semana depois dele a pedir em casamento.

Mantinham uma relação de amizade muito saudável, mas se falavam pouco em função da distancia em que moravam.

–Sam! Como sempre linda! –Cumprimentou galantemente.

–São seus olhos. – Disse sorrindo. -Então, cansado de esperar?

–Eu não, mas o Brad...

Sam olhou para o cunhado que se balançava nas pontas dos pés e tinha uma expressão tensa, como se achasse que a noiva fosse fugir.

Sam se dirigiu até ele e tocou no seu ombro. Ele se sobressaltou.

–Brad, se acalme, ela já esta vindo. –Falou Sam rindo do nervosismo dele.

–Eu sei. –Disse engolindo o seco. –Estou calmo.

–Ok. –Sam se afastou rindo e se posicionou ao lado de Pedro.

O rapaz parecia radiante em estar ao seu lado.

E não era pra menos, mesmo vestida de maneira discreta era quem mais chamava atenção dos rapazes solteiros, vai ver que era extamente pela discrição, por não querer expor seus "atributos" femininos, o qua atria ainda mais atenção para seu belo rosto.

Não que Sam não tivesse visto os padrinhos de Brad há alguns metros a sua frente, mas já cumprimentara Carly dentro da casa, e Freddie ela evitava como podia. Ignorava suas mensagens, seus telefonemas, e há alguns dias ele parecia ter desistido de procura-la.

A noiva finalmente apareceu. Deslumbrante. Brad pareceu um pouco mais aliviado. Respirou fundo e aguardou a demorada caminhada ao som da marcha nupcial ligeiramente mais acelerada.

Pam entregou a filha a Brad com expressão feliz, mas pouco emocionada para o momento. Sam sentiu uma lágrima teimosa cair e olhou sorrindo para Pedro que não tirava os olhos dela. Não só ele, na verdade.

A cerimônia finalmente começou. As palavras do padre arrancavam lágrimas dos mais sensíveis, e os noivos pareciam ter tido seus maxilares congelado em um sorriso nervoso.

Durante a troca de alianças, Sam involuntariamente lançou um olhar a Freddie que correspondeu automaticamente. Ela desviou ruborizada torcendo os lábios em sinal de impaciência e desconcerto.

–Agora o noivo pode beijar a noiva. –Foram as últimas palavras do padre durante a cerimônia.

Brad enlaçou Melanie pela cintura e uniu seus lábios aos dela arrancando aplausos emocionados dos convidados.

Carly já estava aos prantos encharcando a manga do paletó de Freddie. Sabendo disso, nem se quer colocara maquiagem antes da cerimônia, preferiu por apenas depois.

Finda a cerimônia, Carly arrastou Sam para o banheiro para se maquiar.

–Sam, que coisa linda, nem no meu casamento lembro de ter chorado tanto!

–Foi mesmo muito emocionante. –Concordou a loira.

–No seu, com certeza tenho infarto. –Disse dando inicio a aplicação do rimel.

–Quanto a isso pode ficar tranquila.

–Como assim?

–Acho tudo muito lindo, mas não quero saber disso, se eu me casar, vai ser só morar junto, fica mais fácil na hora de me separar!

–Sam, não pode casar pensando em separar.

–Não quero falar disso agora, mas tenho certeza de que não nasci pra criar laços afetivos com alguém. Não no sentido de matrimonio.

–Sei. –Ela agora aplicava o blush de leve. -Com dois gatos daquele com o olho grudado em você...

–O Pedro eu só fiz sofrer, o outro nem homem é direito então não conta.

Carly gargalhou.

–Você vai mudar de ideia. –Disse guardando o estojo na bolsa. –Agora vamos para a festa!

A noite já estava caindo e a festa só estava começando. Os noivos já haviam dançado a primeira valsa e a pista estava liberada. Griffin cumprimentou Sam com um beijinho no rosto e arrastou Carly para dançar.

Sam ficou olhando os amigos se afastarem felizes e sorriu. Não sentia falta de nada daquilo, pois já tinha aceitado a ideia de que ficaria só para sempre. Não conseguia se prender a ninguém por causa de suas mágoas passadas, e principalmente por quem a magoou. Mas perdoar ela já tinha decidido que não iria.

Freddie estava sentado com Gibby, Tasha e as crianças do casal. Reparou que na mesa havia uma ruiva com quem ele parecia flertar. Sam não tinha certeza se Freddie já estava assim antes ou se passara aquela intimidade toda com a mulher após sua chegada.

Sam respirou fundo e sentou numa das mesas vazias distante deles.

–Você não ta achando que vai ficar ai sentada, ta? –Pedro sentou em sua frente sorrindo.

–Gostaria de saber o porquê do senhor não ter me ligado. –Disse sorrindo. –Achei que ainda éramos amigos.

–Somos amigos. Só to te dando o tempo que você me pediu.

–Quer me dizer que ainda ta solteiro? –Brincou. Sabia que ele já estava em outra.

–Não. Mas posso ficar se você quiser.

–É claro que não. –Ela sorriu com o galanteio. –Por que não trouxa ela?

–Ta fazendo trabalho de conclusão de curso, coitada.

–Nossa! –Sam fez uma expressão de comoção. –Coitada mesmo.

–Agora vem dançar, vamos ver se você ainda sabe dançar!

–Agora eu me senti desafiada! Sabia que colquei esse vestido solto pensando em você?

Ele sorriu insinuante e ela corou.

–Pra poder dançar a vontade, seu bobo! -Ela riu lhe dando um tapa de leve.

Pedro a levantou pela mão e a arrastou para a pista tal como Griffin fizera com Carly. Ela não contestou. Se deixou levar e caiu na dança.

Fecharam a pista. A sincronia entre os dois era perfeita. Como nos tempos de faculdade, dançavam como dois bailarinos que tinham ensaiado a semana toda aquela dança. Sam costumava sair com Carly e Melanie para boates, alem disso fazia academia todos os dias e caminhava três vezes na semana, o que lha garantia a boa forma.

Liberaram a pista para eles quando começou a tocar Moves like Jageer e eles literalmente começaram a dar um show.

Todos aplaudiam ao redor rindo. Melanie estava radiante em ver a irmã assim, pra não falar da tietagem de Carly. Freddie não só se mordia de inveja como sentia fortes ímpetos de tira-la de perto do ex e leva-la para longe. Permaneceu sentado ao lado de Gibby e as crianças dele observando a distancia. Gibby já havia comentado sobre Pedro o que só aumentava o ciúmes de Freddie.

Quando Sam e Pedro acabaram de dançar, os aplausos ecoaram. Sam se sentia bem em estar animando a festa da irmã.

A festa seguiu sem maiores acontecimentos, Sam passou a exagerar um pouco na bebida, não só pra se soltar como pra esconder o ódio em ver Freddie flertando com qualquer uma na sua frente. E o pior é que ele tinha mais atenção das mulheres do que Pedro ou qualquer outro, o porque ela não sabia.

Já eram por volta de 19:00 e a festa não se tornava cada vez mais animada, as crianças presentes continuavam tão ativas quanto os adultos.Pedro e Sam continuaram dando showzinhos, Melanie já havia colocado um vestido mais a vontade e se divertia como uma criança.

Pam paquerava vário senhores que se sentiam meio constrangidos, alguns até casados, Melanie e Sam precisaram ter atenção com ela.

Sam dançava com todos, com Gibby, Griffin, ou qualquer outro que a convidasse conseguiu a muito custo arrancar o noivo da irmã e dançar Let’s Get it Stated com ele.

Freddie nunca fora de dançar, mas não deixou por menos, fingia que não estava numa fossa a várias semanas e dançava de maneira nada formal com as primas de Brad e outras garotas que caso ele chamasse, iriam pra casa dele sem pestanejar.

Após sentir as pernas doerem um pouco, Sam estava sentada com Carly, Griffin e Melanie esperando Pedro pegar uma bebida, quando Freddie se aproximou e a chamou para dançar.

Não é possível dizer quem ficou mais constrangido na mesa. Os dois não se falaram a festa inteira, e assim que Pedro se afastou Freddie deixou a mesa onde estava rodeado de garotas e veio chamar Sam para dançar.

Ela sorriu forçadamente e o acompanhou. Estragar a festa da irmã era a última coisa que faria.

Entraram na pista ao som de Stereo Love, mas já estava acabando. Para sorte do casal, ou azar, uma musica lenta iniciou-se fazendo-os colar seus corpos. Sam deitou a cabeça no ombro de Freddie, pois achava melhor que ficar encarando seus olhos. Não soube dizer se foi impressão ou se realmente sentiu a pele dele arrepiar.

Definitivamente aquela música veio para o azar dos dois. Era nada menos que Paradise do Coldy Play. Carly observava os dois apreensiva e dispensou o convite do marido a uma dança pois achava que estava vigiando algo digno de monitoração.

Melanie lançou um olhar de fúria assim que viu os dois juntos. Estava cansada de testemunhar o sofrimento da irmã em função de Freddie, e queria vê-lo longe dela.

Sam sentiu suas forças esvaírem quando a letra da canção se iniciou.

When she was just a girl

Quando ela era apenas uma garota

She expected the world

Ela esperava o mundo

But it flew away from her reach

Mas ele vôou fora de seu alcance

So she ran away in her sleep

Então ela fugiu em seu sono

Sam resistiu como podia até o termino da canção. Sorriu e se afastou. Freddie ainda tentou segurar sua mão, mas ela puxou abruptamente.

Depois disso nem Sam nem a festa foi mais a mesma. Ela que estava indo de mesa em mesa contar piadas e roubar docinhos dos pratos, que estava correndo com as crianças pelo jardim, de repente lembrou-se da dor que sentiu logo que foi em bora de Seattle a dez anos atras. Suportar o desprezo de Freddie, em outra cidade, sozinha completamente perdida. O curso parecia completamente sem sentido sem ele, ainda assim ela encarou com garra, e mergulhou nos estudos e no trabalho para esquecê-lo. Inutilmente.

–Sam, ta tudo bem? –Perguntou Pedro assim que voltou.

–Por eu não estaria? –Respondeu sorrindo.

–Quer dançar?

–Não, obrigada. Acho que bebi de mais.

A loira sentiu que não podia mais ficar ali. Freddie parecia normal e continuara a flertar com outras, ou eram as outras que não o deixavam, de qualquer modo ele parecia extremamente bem.

Sam se despediu da irmão, dos donos da casa, de Carly e de Pedro e saiu a francesa por volta das 21:00. Já estava ficando com náuseas. Pegou um táxi e voltou para o seu apartamento.

A festa seguiu, e apenas Carly e Pedro sentiram significativamente a falta de Sam. Este também foi embora logo depois dela. As 22:00 horas a maioria já tinha se retirado e só os parentes e amigos mais íntimos conversavam em volta da mesa com a música baixa.

Freddie se despediu de todos e cruzava o portão quando ouviu Sam chama-lo. Ao menos pensou que fosse.

Melanie esperou um momento em que Freddie estava sozinho, o que custou a acontecer e o arrastou para um canto do jardim.

–Vou te pedir educadamente, Freddie deixa a Sam em paz. –Disse arrastando o rapaz até um muro.

–Melanie cadê o Brad, heim? –Perguntou impaciente.

–Sei que não devo me meter, mas sei também que você só causa dor a ela, não vou permitir que minha irmã tenha a vida dela destruída outra vez por você! –A voz já estava alterada.

–Escuta, volta pro lado do seu marido antes que eu perca a paciência com você. –Pediu esfregando os olhos.

–Pois eu, já perdi a minha paciência com você. –Agora ela realmente gritava. -Chega perto da Sam de novo e eu mesmo juro que acabo com você!

–Freddie, Melanie, o que esta acontecendo aqui? –Perguntou Brad surgindo de trás do arbusto.

–To dizendo pra esse ai ficar longe da minha Irma. Mas já avisei.

–Freddie me desculpe. –Pediu Brad. –Melanie deixa sua irmã cuidar da vida dela, ela já é bem grandinha. Vem comigo, amor.

Ele tentou arrasá-la delicadamente pelo braço, mas ela se desvencilhou e encarou Freddie.

–Eu vou sim. –E voltando-se para Freddie. –Freddie, eu gosto de você, serio. Mas eu assisti o inferno no qual você transformou a vida dela, então por favor se afasta. Ela tava toda feliz dançando e você vem e estraga tudo, por que faz isso? Deixa ela em paz, você faz mal a ela.

Freddie não respondeu, ficou em silencio olhando os dois se afastarem. Se deixou cair encostado no muro e sentiu uma lágrima rolar em seu rosto. Levantou e se retirou dquele lugar.

Todos foram indo embora aos poucos. Os noivos entraram, viajariam em lua de mel no dia seguinte. O jardim foi se apagando. Só restou a bagunça pra limpar no dia seguinte.

Sam estava deitada em sua cama lendo um livro. Pensava nos acontecimento da noite. Sabia que nunca conseguiria se livrar do que sentia por Freddie. Nem sabia se queria. Escutava uma musica baixo e começou a cantar junto até adormecer.

When you're gone

Quando você vai embora

The pieces of my heart are missing you

Os pedaços do meu coração sentem a sua falta

When you're gone

Quando você vai embora

The face I came to know is missing too

O rosto que eu conheci também me faz falta

When you're gone

Quando você vai embora

The words I need to hear will always get me through the day

As palavras que eu preciso ouvir vão sempre me fazer levar o dia adiante

And make it ok

E fazer tudo ficar bem

I miss you

Eu sinto sua falta