Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 5
Explosão


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal! Estão gostando? Quero que me digam tudo oque acharem, hein? Então... Esse é um capítulo importante, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222685/chapter/5

Marie Jean POV – Manhã de 16 de Março.


Eu estava sentada na grama diante do prédio do colégio, na luz do sol, junto com Lisa quando vi Ethan atravessar os portões. A luz do sol batia em seus cabelos loiros bagunçados fazendo com que eles brilhassem, e a luz do sol também refletia em seus olhos, fazendo-os ter um brilho maior do que o normal. E o brilho normal de seus olhos já era impressionante: misterioso, enigmático, alegre.

Assim que me avistou, ele sorriu. Seu sorriso era lindo. Eu já havia o ouvido reclamar de seus dentes levemente tortos, entretanto, eu achava que eram lindos. Aquela curva que seus lábios faziam era uma das mais lindas que eu já havia visto. Seus lábios... Qual será o gosto que possuem?

Marie Jean!” exclamei em pensamento. “Isso não é pensamento para se ter sobre um amigo! Apenas amigo!”.

– Bom dia! – Disse ele, sentando-se ao meu lado.

– Bom dia! – Lisa e eu respondemos em uníssono.

– Tudo bem? – Ele perguntou, olhando diretamente para mim. Provavelmente – quase com certeza absoluta – estava lembrando-se do estado caótico emocionalmente que eu me encontrava ontem.

– Sim. – Respondi, olhando nos seus olhos. O sinal soou acima de nós e tivemos que ir para a aula. Entramos no prédio e fomos para a sala da nossa primeira aula – física. Emocionante. O tempo se arrastava e cada aula parecia durar uma eternidade.

Na quarta aula nós fomos ao laboratório de química. Era para serem formadas duplas, e Ethan e eu fomos juntos. Atrás de nós, sentaram-se Peter e Lisa, e ao meu lado, duas das meninas das quais mais me irritavam no mundo. Podia-se dizer que eu sofri bullying delas quando eu era menor, e elas continuavam tentando me afetar, porém, eu aprendi a não me importar mais.

Tentei me concentrar na aula, porém eu ouvia comentários indignos e indesejados ao meu lado que para mim, eram difíceis de serem ignorados. Quase impossíveis, para falar a verdade.

“Ele é tão bonito... Aqueles olhos azuis, aquele cabelo loiro e o sotaque...” Disse Jasmin, aos sussurros.

“Pois é! Por que será que ele anda com ela? Aquela esquisita? Será que eles estão juntos?” perguntou Melanie.

“Duvido! Ele deve ter mais bom gosto. Por que ficaria com ela, afinal? Ela não tem atrativo algum! Já ele... Que pedaço de mal caminho!” respondeu Jasmin.

Era óbvio que elas estavam falando de mim e de Ethan. Não havia mais nenhum outro loiro dos olhos azuis e com sotaque estrangeiro nessa sala. Bufei de raiva.

Ele deve beijar muito bem. Pretendo descobrir!” disse Jasmin, rindo levemente.

Será que a esquisita deixa?” perguntou Melanie “Sabe, ela deve ficar em cima dele como um urubu. Já tem cara mesmo! E ninguém quer ela, também

Você acha que eu estou ligando para a urubu? Não! O irlandês vai ser meu a qualquer custo!”

Fechei minha mão em punho em cima da mesa, olhando fixamente para o Becker na minha frente. Ouvi um pequeno estalido, mas não me importei, pois os comentários ainda estavam chegando os meus ouvidos. Ethan olhou para mim – eu senti seu olhar – porém não o olhei.

Imagine só... Ele tem essa cara de anjo, mas deve ser um capeta por trás das cortinas...” disse Melanie.

Ou por baixo dos lençóis!” concordou Jasmin rindo, tentando abafar a risada de hiena com as mãos. “Você vai ver, eu vou consegui-lo para mim e nós dois vamos ter a melhor noite de todas... Vou fazer questão de esfregar na cara da esquisita!” disse.

Ouvi algo se rachando e o som de vidro explodindo. Senti algo penetrar em minhas mãos, e olhei para elas. Estavam cheias de cacos de vidro, fragmentos do que era o meu Becker. Sangue começava a escorrer levemente pelas feridas.

– Marie Jean, você está bem? – Perguntou o professor. Olhei para ele com a expressão mais irônica misturada com dor possível. – Ethan, vá com ela até a enfermaria para cuidar desses ferimentos. A Jasmin vai fazer o favor de limpar os cacos de vidro em sua mesa. Vão!

Ethan pegou o material dele e o meu, enquanto eu me levantava com as mãos esticadas a minha frente, pingando sangue no chão. Saímos da sala sentindo todos os olhares sobre nós e eu tentava assimilar os comentários que eu havia ouvido e tentava entender porque o Becker havia explodido, se o fogo estava desligado e não havia absolutamente nada dentro dele, somente ar.

– Jean, o que houve? – Perguntou ele. – Vi você ficando tensa ao meu lado e depois o Becker explodindo...

– E-Eu não sei o que houve, Ethan. Simplesmente... Explodiu. Você acha que fui eu?

– Mais tarde conversamos sobre isso. Primeiro, vamos cuidar das suas mãos.


Ethan Williams POV


Eu observei a reação dela para os comentários das duas garotas mesquinhas ao nosso lado, desde o primeiro segundo em que elas começaram a falar. Tinha certeza absoluta que o a explosão do Becker fora causada por Marie Jean. Eu praticamente podia sentir o ódio exalando por cada poro dela. E sei também que antes de completar os dezessete, com os poderes incontroláveis, qualquer mudança drástica de humor deixava os poderes mais incontroláveis ainda.

Chegamos à enfermaria, e eu assisti em silêncio a enfermeira retirar um por um os cacos nas mãos de Jean e fazer um curativo com cautela, receitando mil cuidados que ela deveria ter com as próprias mãos.

– Pronto, querida. – Disse a mulher baixinha. – Tome mais cuidado com aqueles instrumentos de química, viu?

– Pode deixar. – Marie Jean deu um sorriso amarelo e se levantou. – Vamos Ethan?

Assenti e nós saímos da sala.

– Vamos já para a próxima aula... – Começou ela.

– Não. – Interrompi. – Precisamos conversar e agora. Vamos lá para a biblioteca.

Ela assentiu confusa, e me seguiu enquanto eu a puxava pelo pulso, já que pela mão eu não poderia puxá-la. Fomos até a biblioteca, e fomos até o terceiro e último andar, no fundo, onde tínhamos certeza absoluta que ninguém vinha, principalmente nesse horário.

– O que foi, Ethan? – Perguntou ela.

– Você provavelmente não vai acreditar em mim, porém eu tenho uma explicação para todas as coisas estranhas que vem acontecendo com você, inclusive o Becker explosivo. – Eu disse, e ela permaneceu em silêncio, esperando minhas palavras. – Você é uma bruxa.

Marie Jean começou a rir, e muito.

– Passei do nível de histórias infantis faz muito tempo, Ethan.

– Eu estou falando sério. Que outra explicação você dá a tudo? Esquizofrenia? Então todos na sala estão sofrendo de esquizofrenia!

– Mas isso que você está sugerindo é ridículo! Irreal!

– Não é ridículo e nem irreal. Posso provar.

– Pois prove. – Exigiu.

– Me dê a sua mão. – Pedi, e ela estendeu com a palma virada para cima, descrente. Desamarrei a faixa que cobria seus ferimentos, e deixei-os expostos. Olhei para ela, que me olhava. – Olhe só para a sua mão.

Marie Jean baixou o olhar para a palma de sua mão, e eu foquei minha atenção nesta também.

Curare. – Pronunciei em alto e bom tom a palavra em latim. O sangramento de leve parou e os cortes começaram a se fechar rapidamente. Em questão de segundos, viraram cicatrizes e logo estas também sumiram. – Isso é prova suficiente para você?

Ela estava de queixo caído, olhando para a própria mão com os olhos cor de mel arregalados.

– Isso não pode ser real. – Disse ela, soltando sua mão da minha e olhando-a.

– Tanto pode, que é. E você pode fazer isso também. Sozinha, e comigo.

– Isso é inacreditável. Eu posso fazer isso? Como?

– É muita coisa para explicar. Melhor nos sentarmos.

– Ok.

Sentamo-nos no chão com as costas na parede. Marie Jean ainda olhava para a mão como se esperasse que as feridas voltassem a abrir.

– É muita coisa, vamos precisar de muito tempo. Mas começando, é o seguinte: os bruxos existem desde o primórdio dos tempos. Por muito tempo, eram aceitos e idolatrados pelos comuns, mas a partir da Idade Média, tudo mudou. A igreja católica passou a nos condenar como seres provenientes do inferno, e então nós tivemos que nos esconder. Por isso, ninguém pode saber quem você realmente é, e você não pode deixar com que ninguém saiba quem eu sou também. Isso implicaria na morte de nós dois.

– E quem nos mataria?

– Os caçadores de bruxas. Eles nos caçam desde a Idade Média, com os mesmos princípios, para nos extinguir de uma vez. Há casos onde bruxos ajudam os caçadores, e, quando um bruxo morre, o traidor fica com todo o seu poder. Temos bruxos realmente fortes... Mas isso não é questão para agora. O que você tem que entender é que nem toda a sua família é assim. Em cada geração há apenas um bruxo, salvo no caso de gêmeos, onde os dois nascem bruxos. Na sua, por exemplo... Sua mãe devia ser uma bruxa, ou seu pai, e passou o sangue mágico para você, e não para os seus irmãos. Ninguém entende esse “quesito de escolha”, o porquê de apenas um ser bruxo, mas é assim. Outro fato importante é que você tem que completar dezessete anos para poder ter seus poderes inteiros e sob controle. Até lá, você pode ter seus poderes roubados.

– Isso é muita coisa para assimilar.

– Eu sei. – Concordei. – Se eu estivesse no seu lugar, teria sido difícil também. Porém eu nasci sendo educado com isso, então...

– Então você pode me ajudar com isso tudo. Sei lá... Ensinar-me o que quer que eu precise saber.

– Claro. – Concordei, sorrindo. Ao longe, o sinal tocou, marcando o fim do período de aula. Fiquei olhando-a e vi em seu olhar o quanto ela estava perdida, confusa, curiosa... Não é para menos. É muita coisa para ser assimilada em um dia só.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que me dizem?