Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 27
Xadrez.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim. Quero agradecer a Roxy do Zayn que me recomendou! Obrigada flor, e achei super fofo de sua parte criar uma conta só para recomendar minha história! Espero vê-la por aqui mais vezes! Então, vamos ao capítulo!



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Marie Jean POV – Noite de 10 de Maio.


Dei boa noite para todos um pouco mais cedo. Ninguém estranhou tamanha a expressão de cansaço que eu fiz. Subi as escadas com meu coração apertado, angustiado. Eu sabia que era só por causa da fuga. Havia de ser só por causa da fuga.

Entrei no meu quarto, desliguei a luz e deitei em minha cama, cobrindo-me até a cabeça para esconder que eu não estava de pijamas. Esperei o que me pareceu a eternidade até que a casa inteira silenciasse, e enfim esperei a hora combinada com Harry na maior angústia e ansiedade possíveis. O ponteiro não parecia andar de jeito nenhum. Eu olhava, ainda eram 22hrs. Dez minutos depois, ainda eram 22hrs. Cheguei a cogitar que o relógio estava quebrado, mas ouvia perfeitamente o tic tac ritmado e sabia da minha ansiedade.

Enfim chegou o horário marcado: 23hrs30min. Levantei o mais silenciosamente que pude, tentando me fundir a escuridão, sendo veloz como uma lebre e silenciosa como uma aranha enquanto tece sua teia com paciência. Puxei minha mochila debaixo de minha cama, e coloquei-a nas costas. Abri a porta devagar, rezando para que ela não rangesse e que ninguém resolvesse levantar para tomar um copo de água ou usar o banheiro. Tentando o mais silenciosamente possível, comecei a descer as escadas.

Atravessei a sala de estar – milagrosamente – sem esbarrar em nada. Abri a porta da frente com a chave, saí devagarinho e fechei-a, trancando-a com magia. Coloquei o capuz da jaqueta sobre a cabeça e caminhei quase correndo até a casa de Harry, desesperada para acabar com aquilo logo. Para sair da cidade logo.

Assim que cheguei na frente de sua casa, encontrei-o esperando-me na varanda, com o carro estacionado na frente da casa.

– Marie! – Exclamou ele, baixinho. – Achei que não viria.

– Me atrasei?

– Não, só achei mesmo que você não viria. Pronta?

Assenti com a cabeça, sabendo que se ele olhasse mais atentamente em meus olhos saberia que eu não estava pronta para fugir. Harry sorriu levemente, e beijou minha bochecha.

– Vai dar tudo certo, meu anjo. – Disse ele suavemente. Sorri de canto, forçando. Ele abriu o porta mala do carro para que eu colocasse a minha mochila ali dentro, e pensei em onde ele havia arrumado o carro; mas eu tinha mais o que me preocupar no momento. Harry ainda fez questão de abrir a porta para que eu entrasse, e quando eu estava pronta para entrar, uma voz me impediu.

– Marie! Espere! Espere! – Fred me chamou. – Por favor, espere!

– O quê?! – Harry exclamou. – Você contou para alguém?

– Não, eu juro.

– Marie! Por favor, não vá... Ethan precisa de você.

Olhei-o como quem diz “ah, é mesmo?” sarcasticamente.

– É sério, Marie. O nosso mestre chegou a cidade, e o levou para uma velha mansão aqui perto. Ele vai matá-lo, e a única pessoa que eu tenho esperanças que possa impedi-lo é você. Por favor, não deixe Ethan morrer.

– Por que eu deveria tentar salvá-lo? – Perguntei.

– Porque você ainda o ama. E ele ama você. – Disse Fred, aflito. – E ele é como um irmão para mim, Marie. E o mestre também pegou Andrew, meu outro irmão! Você não faria qualquer coisa para salvar seus irmãos?

– Eu preciso justamente fugir para salvá-los. – Eu disse. Fred assentiu.

– Mas, se você impedir o mestre, salvará a todos nós. Por favor, Marie.

– Marie, não o escute... Pode ser uma armadilha. – Disse Harry baixinho em meu ouvido.

– Como pode não ser, Harry. – Eu disse. – Como saberei? Você acha que eu me sentiria bem sabendo que fui responsável pela morte de alguém? Não sou como você.

Ao ouvir a última frase, Harry franziu a testa. Aquilo poderia ter o ofendido.

– Eu fiz aquilo para salvar você. – Disse ele, baixo no meu ouvido.

– Eu sei, me desculpe. – Eu disse de volta. Olhei para Fred. Ele parecia estar dizendo a verdade – seus olhos me demonstravam grande desespero.

– Fred... Eu não sei se devo ir.

– Você deixaria o homem que você ama morrer? – Ele foi bem direto. A ideia de Ethan morto realmente não me agradava; doía meu coração e eu sabia que se eu o deixasse para trás, para morrer, eu nunca me perdoaria. Eu estava terrivelmente em dúvida. O que eu poderia fazer?

– Você não pode acreditar nele, Marie. Ele é um caçador de bruxas, sabe mentir.

– E você um caçador de lobisomens que é igualmente mentiroso. – Alfinetou Fred. – Deixe a garota tomar suas próprias decisões, Holmes.

De repente, uma dor forte surgiu, como se eu tivesse tomado um soco no estômago. Em vez de enxergar Fred e Harry, tudo o que eu enxergava era um lugar escuro e sujo, onde Ethan estava jogado no chão, quase em posição fetal, e um homem estava diante dele: um homem que reconheci ser Fletcher.

– Marie! – Exclamou Harry. – Você está bem?

A minha visão voltou ao normal, e vi os dois parados me olhando apreensivos e preocupados. Eu arfava de susto e de dor, também.

– Eu vi... Ethan... Apanhando de Fletcher. – Consegui dizer. Fred exclamou um palavrão que não vale a pena repetir.

– Como assim você o viu? – Perguntou Harry. – Mas o quê...? Magia? Ethan tentando falar com ela?

– Não é possível alguém me mostrar a cena que está vivendo no momento. A pessoa pode apenas fazer com que sua voz surja na minha cabeça ou tentar falar comigo por sonhos, mas ainda não vão representar de fato a realidade. – Eu disse. – Eu li sobre isso em um livro. Eu não sei explicar o que houve. Só sei que foi real. Ethan está de fato em perigo.

– E você se importa com isso? – Perguntou Harry. – Quantas vezes ELE te pôs em perigo?

– E quantas vezes ELE me salvou? – Retruquei. – Eu tenho que retribuir. Eu tenho que salvá-lo. Fred, onde é que ele está?


Ethan Williams POV – Noite de 10 de Maio.


Não me surpreenderia se eu começasse a cuspir sangue. Fletcher estava levando essa história de me torturar muito a sério. O psicopata ria enquanto chutava minha barriga initerruptamente, tirando todo o ar de meus pulmões. Ele havia se tornado um dos “pupilos” do Mestre, e pelo visto, o preferido.

– Dê um tempo para ele respirar, Gregory, e então você faz outra brincadeira com ele. – Disse a voz fria do Mestre. Virei de barriga para cima, sentindo muita dificuldade para respirar, enquanto Fletcher saía do cômodo. Há alguns segundos atrás, havia visto Marie Jean; mas não a visto ali, naquela mansão abandonada. A tinha visto na rua de Holmes, junto com ele e Fred. Eu estranhei, mas obviamente ia manter aquilo para mim. Eu esperava mesmo que aquele imbecil encaracolado do Holmes conseguisse salvá-la e mantê-la longe de perigos, que foi tudo o que eu não consegui fazer e agora pagava o preço. E apanhar uma surra não era o preço. Era vê-la fugir com outro homem. Ver que outro homem podia fazê-la ficar segura e bem, e eu não.

Eu estava dando a chance para que ela fugisse. Estava retardando o inimigo. Não que isso fosse fazer muita diferença. Acabariam comigo e iriam atrás dela.

Eu sou só uma peça em um jogo de xadrez, um peão a ser descartado para que o rei sobreviva. Mas às vezes, o sacrifício de um peão não retarda o xeque-mate.

– Está vendo, Williams, o que acontece com aqueles que traem seus mestres? – Perguntou o Mestre. – E principalmente, quem ME trai?

– Acredite, isso não é nada para mim.

Minha petulância é maior quando eu estou em perigo. Minha ironia e sarcasmo também.

– Vamos ver se isso vai continuar tão insignificante para você assim que você ver quem está aqui.

– Eu sei que Andrew está aqui. – Eu disse. – Ele não tem culpa pelos meus atos.

– E quem disse que é de Andrew que eu estou falando?

– TIRE AS MÃOS DE MIM! – Gritou a voz de Marie Jean.


Marie Jean POV – Noite de 10 de Maio.


Fletcher me arrastava pelos corredores agressivamente, enquanto eu me debatia, contorcia, fazia de tudo para fugir de suas mãos. Entretanto, elas continuavam firmes em meu braço, dolorosamente apertadas.

– ME SOLTE! – Gritei.

– Ah, não, queridinha, nós temos umas coisas a serem terminadas.

Ele abriu uma porta e me empurrou para dentro do quarto, fazendo-me cair na cama. Tentei me levantar, mas senti alguma coisa enrolar nos meus pulsos. Olhei-os e vi que eram pedaços do lençol sendo magicamente amarrados, puxando-me para a cama, mantendo-me junto a ela. Fiquei apavorada quando entendi o que ia acontecer. E agora não haveria Ethan, Harry, Superman ou Peter Pan que me salvasse.

– Agora não há ninguém para te salvar, querida, e você é só minha... – Disse ele, e eu já senti vontade de chorar. Fletcher tirou a minha roupa com magia, deixando-me só com a minha roupa de baixo, e começou a passar a mão pelo meu corpo e a distribuir beijos pelo meu colo e barriga. Senti vontade de vomitar. Tentei afastá-lo com magia, mas não adiantava. A magia dele era mais forte que a minha. Quantas bruxas ele não matou e roubou os poderes para si, somando com os seus próprios?

Ele veio para cima de mim, beijando meu pescoço e eu pude sentir o nível de sua excitação escondida em suas calças. Por mim, ficariam escondidas lá. Mas havia um detalhe: eu era uma presa indefesa. Eu era um cordeiro e ele o lobo.

Fletcher abaixou suas calças, e eu apenas olhava para o teto, aguentando fortemente as minhas lágrimas. Não queria dar esse gostinho a ele. Senti-o baixar minha lingerie e posicionar-se. Quando ele adentrou em mim, senti como se tivesse me rasgando. Mordi-me para não gritar de dor. Ele iniciou o movimento de vai e vem, e agora doía mais do que nunca. Aquele ser humano (se é que dá para chamá-lo assim) gemia no meu ouvido e isso me deixava cada vez mais enojada. As lágrimas começaram a escorrer pela minha face enquanto eu gemia de dor.

Fletcher chegou ao seu ápice e saiu de dentro de mim.

– Você é melhor do que eu imaginava. – Disse ele. Tomei coragem e cuspi em seu rosto.

– Seu monstro. – Vociferei. Fletcher riu.

– Você não conhece nem metade de mim, querida. Agora eu vou cuidar do seu namoradinho traidor, Ethan... Quem sabe você escute os gritos dele.

Eu empalideci. Eu precisava salvar Ethan e precisava fazer isso urgentemente.



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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acham que vai acontecer agora?