Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 26
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Vi que quase todas estão querendo me matar por deixar na curiosidade, certo? Certo... Só peço que não me matem quando terminarem esse capítulo, então. Vamos lá!



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Ethan Williams POV – Noite de 04 de Maio.


Ouvi um copo se estilhaçando. Era o de Andrew. O meu copo estava a caminho da boca, parado, enquanto meu cérebro processava lentamente a informação. Se ele estava vindo para cá, significava que eu iria ser morto, por não ter cumprido a missão. E provavelmente, Andrew e Fred seriam punidos – seriamente – por terem deixado com que eu falhasse, mesmo que eles não tivessem culpa, e eu tivesse, somente. Significava que ele iria matar-me para depois matar Marie Jean. Ok, eu estava literalmente fu...

– Tem certeza disso? – Perguntou Andrew.

– Absoluta. – Disse Fred, jogando algo em cima da mesa. – Recebi isso.

Olhei para o que ele havia jogado. Era o espelho que todos nós carregávamos, como espécie de comunicação entre os membros da ordem. O símbolo que estava aparecendo era um círculo negro com uma cruz vermelha virada para baixo. O símbolo do mestre.

– Se vocês olharem nos de vocês, vão ver o mesmo símbolo. – Disse Fred.

– Nós sabemos disso. – Eu disse azedo.

– O que ele vem fazer aqui? – Perguntou Andrew.

– Tem certeza que não tem nenhuma ideia, Andy? – Perguntei irônico. – Algo que envolva eu, morte, vocês dois, tortura... Dor...

– Ele vem matar você. – Disse ele. – E punir a mim e Fred.

– Ah é, sério? – Perguntei sarcástico, para disfarçar meu apavoro.

– Temos que fazer alguma coisa.

– Temos que conseguir Marie Jean. – Disse Andrew. – Urgente.

– Ela não vai ser entregue a ele, está me ouvindo? Ela não vai ser morta! – Eu disse, furioso.

– Alguma outra ideia em mente? – Perguntou Fred, cruzando os braços.

– Apenas uma.


Marie Jean POV – Tarde de 08 de Maio.


Desci ao porão para pegar algumas coisas para levar comigo. Eu não levaria muita coisa, só algumas roupas e objetos pessoais, mas queria levar pelo menos dois livros de magia comigo. Fui até a estante e comecei a olhar os títulos, até que parei em um em especial. Falava novamente sobre a Flamma Amoris, tudo o que eu já sabia sobre aquele feitiço. Entretanto, uma página estava manchada, e eu não consegui ler o que estava escrito nela, mas sabia que era sobre o feitiço. Dei de ombros e deixei-o na estante, voltando para casa com apenas três livros de feitiços nas mãos.

Fui direto para o meu quarto, e aproveitando que estava sozinha já que tia Denise havia ido fazer compras na cidade vizinha e meus irmãos estavam trabalhando, peguei a mochila de acampamento de minha falecida prima e comecei a colocar algumas mudas de roupas lá dentro. Separei roupas de inverno e de verão, já que eu não fazia ideia de quanto tempo eu realmente iria ficar fora. Coloquei escova de cabelo, meu creme hidratante, meu diário, meu mp4, dois livros que eu recém havia comprado e não havia lido ainda, meu filtro de sonhos. Podia ter sido feito por Ethan, mas ainda era um filtro de sonhos e funcionava.

Sentei-me na cama e fiquei olhando para o quarto ao meu redor. Eu já estava com o coração pesado em deixar aquilo para trás, mas sabia que era por uma boa razão. Eu sentiria saudade, eu sofreria, mas os manteria a salvo. Eu faria qualquer coisa para manter minha família e meus amigos a salvo. Ouvi o barulho da porta abrindo lá embaixo e fechei minha mochila rapidamente, jogando-a debaixo da cama e me certificando que estava bem escondida por hora, até que eu terminasse de arrumá-la e escondesse até dali dois dias.

Liguei a televisão mas não estava prestando atenção em nada. Ainda pensava sobre o que eu ira fazer dali a dois dias: fugir da cidade com Harry. Seria o mesmo o certo a se fazer? Eu não fazia ideia. A voz da minha mãe repetia que isto era o certo em minha mente. Mas eu não conseguia acreditar muito, pois, afinal, poderia ser ou alucinação ou magia.


Dois Dias Depois – Entardecer de 10 de Maio.

Eu estava nervosa. Daqui a poucas horas estaria deixando tudo o que eu conhecia e amava para trás, em busca da chamada segurança. Será que um dia eu estaria de fato segura? Há muito eu já não tinha certeza do que era segurança.

Aproveitando meus últimos minutos sozinha naquela casa, olhei minha mochila pela milésima vez e tive certeza que estava levando tudo o que eu precisava. Saí do quarto e caminhei pela casa, tentando memorizar o máximo que eu pudesse. Eu queria me lembrar do cheiro estranho que vinha do quarto onde meu irmão dormia – uma mistura de perfume masculino com chulé – e também do cheiro que o quarto em que minha irmã dormia: cheiro de rosas, com um toque doce de chocolate e uma leve presença de cereja. Queria me lembrar da maneira torta em que os quadros eram pendurados, ou de como a cozinha estava sempre limpa e pedindo para ser suja, mas cheirosa com o odor que emanava dos bolos que tia Denise fazia. Eu queria me lembrar de onde eu vinha. Eu queria me lembrar de tudo o que fazia parte de mim. Eu queria lembrar de mim. Afinal, eu não sabia quanto tempo passaria fora. Eu sequer sabia se voltaria.

Se eu fosse, e retornasse, qual seria a reação da minha família? Aceitar-me-iam de volta ou me tratariam como uma ingrata rebelde e imbecil? Eles saberiam da verdade por trás da minha futura atitude? Eu não tinha como saber.


Ethan Williams POV – Noite de 10 de Maio.


Entrei na casa escura após passar mais uma tarde na caverna procurando respostas para as minhas perguntas; uma outra ideia que pudesse salvar a todos nós; uma possível saída daquele labirinto em que me encontrava. Labirinto que parecia ter uma única, clara e inevitável saída: a minha morte.

Estranhei que Andrew e Fred não estivessem em casa. Eles geralmente estavam; supus então que tinham ido a algum lugar comum como um o supermercado ou algo do gênero. Dei uns passos para frente, procurando o interruptor, sem encontrá-lo. Praguejei. Por que raios aquela coisa tinha de estar tão longe da porta?

De repente senti uma corrente gelada sobre mim, fazendo até meu sangue gelar. Olhei para os lados, mas não vi nenhuma janela aberta – estava tudo perfeitamente fechado como eu havia deixado. Abateu-se sobre mim uma falta de ar, uma dificuldade em respirar como se alguém estivesse apertando minha garganta fortemente. O mundo começou a girar ao meu redor, enquanto pontos escuros começavam a surgir em minha vista. Caí de joelhos no chão, desesperado e assustado.

Achou que se safaria de mim, Ethan? – Uma voz grossa, áspera e fria, em tom baixo e cortante chegou aos meus ouvidos e eu reconheci de imediato.

Então, tudo escureceu.



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Notas finais do capítulo

O que acharam?