Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 24
Rotina


Notas iniciais do capítulo

Bom dia amores! Tudo bem com vocês? Primeiramente, eu quero agradecer todo o apoio que vocês me deram. Cada review que vocês me deixaram, dizendo que não era para eu me importar, que era para eu continuar forte, que eu sou maravilhosa, etc, fizeram com que eu sorrisse muito! Obrigada mesmo, de verdade. Em segundo lugar, quero agradecer a FuturaMrsPayne (hey, minha futura cunhadinha, sou a futura Mrs. Horan!)pela linda recomendação que ela me deixou! Deixo então esse capítulo dedicado à ela! Vamos ao capítulo.



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Marie Jean POV – Manhã de 03 de Maio.


Estou quebrada por dentro e tenho que fingir que está tudo bem. O mundo não para de girar independente da situação, e sou obrigada a continuar a viver – ou apenas existir. O vazio é grande e em nada vejo graça; meu sorriso é falso e forçado. Meus pensamentos logo se perdem e voam por aí, e em nada consigo me concentrar. Perdi a confiança em tudo e em todos. Desejo não possuir coração, para assim não sentir essa dor. Seria tudo mais simples.

Como a vida continua, o tempo passa e o mundo gira, cá estou eu novamente na minha rotina. Não reclamo, pelo contrário, gosto dela. Ainda mais quando as quebras de rotina quase tiram minha vida.

Entrei no prédio, andando pelas pessoas como se fosse invisível. Ninguém parece me notar. Caminho até meu armário, dando graças a Deus que minhas pernas estão melhores, e nem mancar manco mais. O abro e pego as coisas que preciso.

– Marie... – Diz uma voz ao meu lado. A voz pertencente a pessoa que eu não queria ver pintada nem de ouro incrustado de rubis e diamantes. Ethan Williams.

– O que você quer? – Perguntei ríspida, fechando meu armário com muita força – e desnecessária – o que chamou a atenção dos que estavam ao nosso redor.

– Seu perdão. E se não for querer demais, você de volta. – Disse ele, com seus olhos azuis brilhando de tristeza. “Não se deixe levar, Jean, não se deixe levar... São olhos falsos, de uma alma falsa” pensei e repeti para mim mesma.

– É pedir demais ambas as coisas. Você sabe que eu nunca te perdoarei pelo o que fez. – Eu disse baixinho, tentando evitar que as pessoas ouvissem; entretanto estavam em tão completo silêncio que nada mais se ouvia. Ethan suspirou.

– Deixe-me explicar, pelo menos.

– Ficou tudo bem claro, obrigada. Agora se me dá licença, eu tenho mais o que fazer. – Eu disse fria, afastando-me dele. O corredor estava em silêncio, e quando eu estava saindo dele, ouvi Ethan perguntar alto:

– Estão olhando o quê? Perderam alguma coisa? Vão cuidar da vida de vocês!

Entrei no banheiro feminino, que por milagre estava vazio. Minha mochila caiu no chão aos meus pés enquanto eu me olhava fixamente no espelho, como se procurasse em mim mesma respostas para as minhas perguntas ou uma cura para o meu sofrimento. Eu não podia negar para mim mesma que amava Ethan com todas as minhas forças, mesmo ele sendo um assassino mentiroso e traidor que desde o início planejara matar-me e roubar meus poderes para si. Eu não podia negar que aqueles olhos azuis de ressaca puxavam-me para o mar da sua alma e eu me perdia no labirinto misterioso de seus olhos, aquela minha perdição. Eu tentava não ceder à tentação. Eu não iria ceder a tentação. Ethan não existe mais na minha vida. Não pode existir.

A voz de Harry ecoou pela minha cabeça, pela milésima vez em poucas horas. “Fuja comigo” “Fugir para salvar a sua vida. Fugir para bem longe pelo menos até você completar dezessete e estar fora de risco”. Talvez ele tivesse razão. Talvez não fosse a minha única alternativa, mas sim a melhor alternativa. Aquela que se encaixava melhor na situação. Eu precisava sair daquela cidadezinha pequena, onde a cada esquina havia algo que evocava lembranças e torturava-me. Precisava sair daquela cidadezinha onde tanta tragédia acontecera na minha vida. Suspirei.

Harry podia estar me enganando, também. Por que não? Meu próprio namorado me enganou. Fora que Harry veio para a cidade logo após Ethan chegar. Se eu fugisse com ele, poderia estar indo para outra armadilha da qual nem milagre me salvaria.

Harry salvou você. E você sabe que ele não está te enganando” disse uma voz em minha mente, que não era a minha. Era a da minha mãe. Eu não entendia como eu poderia estar vendo-a e ouvindo-a tanto – poderia ser apenas alucinação minha. Não duvido que fosse; e como não duvido que possa ser real.

Toquei meu peito, e senti a correntinha dentro de minha blusa. Coloquei a mão dentro do decote e puxei-a, e o pingente brilhoso apareceu. Fiquei olhando-o, ali, na palma da minha mão. Ainda brilhava. Ele nunca parava de brilhar. Trazia-me tantas lembranças ruins de Ethan, de mim, de nós dois, e eu não conseguia tirá-lo do pescoço. Já passou pela minha mente que poderia estar enfeitiçado para que eu sentisse o que eu sinto por ele; mas eu já sentia isto antes de ele me dar o colar.

Coloquei-o de volta para baixo de minha blusa e sequei as lágrimas que queriam escorrer pela minha face. Ergui a cabeça e, decidida, caminhei para fora do banheiro, em direção à sala de aula. Decidida a ser forte. A continuar sendo.


Ethan Williams POV – Manhã de 03 de Maio.


Você colhe o que você planta. Portanto, se você planta mentiras e traição, você colhe desprezo e mágoa. Eu estou colhendo até mais do que isso.

– Estão olhando o quê? Perderam alguma coisa? Vão cuidar da vida de vocês! – Exclamei alto para o bando de curiosos que havia olhado minha “discussão” com Marie Jean. Sai andando e batendo nas pessoas com os ombros, já que nem se afastar queriam. Cheguei até o meu armário, e o abri, pegando as coisas que eu precisava, mesmo que eu não fosse prestar nenhuma atenção nas aulas.

– Você está bem, Ethan? – Perguntou uma voz irritante. Olhei para o lado e vi Jasmin encostada no armário do lado, com pose que achava ser sexy e cara de falsa preocupação. Garota escrota.

– Não. – Eu respondi ríspido, em tom de quem não queria conversa alguma.

– Foi a Marie Jean, não foi?

– Não é da sua conta. Vá cuidar da sua vida.

Jasmin sorriu. Aquela garota não sabia a hora de sair, não sabia receber um não.

– Eu poderia ajudá-lo a esquecê-la. – Disse, insinuando-se para cima de mim, colocando a mão no meu peito e alisando-o. Peguei sua mão e coloquei-a longe de mim, empurrando-a gentilmente para longe.

– Não, você não pode. Que tal você parar de ser oferecida e parar de ter inveja de Marie Jean? Caralho, não suporto você!

Eu talvez não devesse ter usado o palavrão, mas eu não estava com humor bom o suficiente para ser ao menos um pouco mais delicado com as minhas palavras. Fechei meu armário com força e dei as costas à Jasmin, indo na direção contrária e para a sala de aula. Haja paciência para aguentar aquilo tudo. Quando Marie estava comigo, eu tinha paciência de sobra. Agora não mais.

O dia passou se arrastando. Quando adentrei em casa, larguei minhas coisas de qualquer jeito no chão da sala e me joguei no sofá, fechando os olhos. Ouvi passos e alguém se sentar na poltrona na frente.

– Ethan. – Chamou Fred. Resmunguei alguma coisa estimulando-o a continuar, e foi o que fez. – Você sabe que tem um grande problema em mãos, não é?

– Sério Fred? Não imaginava. – Respondi irônico. Ele bufou.

– Você sabe que se você não der um jeito nisso, você poderá morrer, não é?

– O que eu menos estou me importando no momento é com a minha própria vida. Estou sem a garota que eu amo!

– E se você morrer não poderá de jeito algum ficar com ela, e nem estar lá para tentar salvá-la das garras dele.

Suspirei, abrindo os olhos.

– Mesmo se eu continuar vivo, não sei como vou conseguir salvá-la dele. Nunca ninguém conseguiu, Fred.

– Tudo é possível, Ethan. Você sabe que sim. – Disse ele.

– Ser otimista não irá me ajudar muita coisa. Nunca ajudou.

Levantei, indo para a cozinha com Fred logo atrás de mim. Olhei por cima dos balcões e não encontrei o que eu queria. Abri os armários e lá encontrei o que eu queria: meus amigos Johnnie Walker e Jose Cuervo. Peguei as duas garrafas e deixei sobre a mesa, pegando um copo e colocando uma grande dose de Jose Cuervo e engolindo-as de uma vez só.

– Você sabe que tem uma alternativa, Ethan, só não está disposto a buscá-la.

– Não estou disposto?! Não. Estou. Disposto?! – Repeti. – O que você acha que venho buscando, tentando fazer? Não tento salvar Marie Jean todo misero dia da minha miserável vida?

– Você entendeu o que eu quis dizer.

– Não Fred, não entendi. Faça-me o favor de explicar. – Pedi ignorante, enchendo o copo com mais uma dose generosa de Jose Cuervo e engolindo-a de uma vez só. Voltei a enchê-lo.

– Você poderia usar o seu coração para achar a resposta, e não só a mente. Poderia usar seus sentimentos por ela.

– Você anda muito gay, sabia? – Perguntei, e Fred bufou. Definitivamente não estava sendo fácil lidar comigo. – E dizer a ele que eu a amo não vai ajudar em nada.

– Não estou dizendo para fazer isso. Deve ter algum feitiço grande com esse dito sentimento que você nutre por ela que salve aos dois. Eu não sei, o bruxo aqui é você. Tentei ajudá-lo. Agora se vire e fique aí acabando com seu fígado e neurônios com seu amigo Jose Cuervo.

Levantei o copo como se fosse brindar, e Fred bufou visivelmente irritado. Se fosse ao contrário eu também ficaria. Engoli mais uma dose de Jose Cuervo já sentindo os efeitos colaterais sobre meu corpo. Talvez fosse até perigoso eu me levantar da cadeira daqui a pouco. Em vez disso, fiquei sentando engolindo uma dose atrás da outra, sentindo o líquido arder em minha garganta, como se aquilo fosse resolver meus problemas.



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Notas finais do capítulo

Bom, o que acharam?
Vou agradecer de novo por todo o apoio que vocês vem me dando, seja no apoio contra o anônimo invejoso, ou apoio para que eu continue a história, com seus reviews e recomendações. Vocês me fazem imensamente feliz, mesmo que eu não os conheça! Obrigada, de verdade.