Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 23
Fugir


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde meus amores! Tudo bem com vocês? Então, acho que esse capítulo é um pouco menor do que os outros, mas é essencial. E eu espero que gostem, nas notas finais a gente conversa!



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Marie Jean POV – Tarde de 01 de Maio.


Abri os olhos devagar, o que me pareceu um grande esforço. Até respirar era cansativo e dolorido. Olhei ao redor e vi que estava em um quarto que não era o meu, e sentado no chão ao lado da cama, apoiado na parede com os olhos fechados, estava Harry. Ele respirava profundamente, e soube que ele estava dormindo. Sua mão estava sobre a minha, apertando-a levemente. Apertei-a um pouco mais forte, olhando seu rosto. Harry abriu os olhos.

– Marie... Há quanto tempo está acordada? – Perguntou carinhosamente, com cara de sono.

– Alguns minutos. – Eu respondi, surpreendendo-me ao ouvir minha voz tão fraca. Ele sorriu levemente.

– Você está bem? – Perguntou, e eu tentei me sentar na cama. Minha perna esquerda gritou em protesto, e olhando-a, vi que estava envolvida em uma atadura e a perna direita estava inchada. Então eu não havia tido pesadelos. Eram reais. Eu havia sido quase estuprada, tinha sido mordida por um cão infernal, agonizado e Ethan havia me traído. Comecei a chorar.

– Ei, ei, não chore. – Disse Harry, sentando-se na beirada da cama. – Já passou, e eu estou aqui com você.

– Por que, Harry, por quê? – Perguntei aos soluços. – Por que essas coisas tem que acontecer comigo? Por que elas tem que acontecer?

– A culpa não é sua, meu anjo. – Ele disse, acariciando meus cabelos. – E sim do Williams. Eu tentei te alertar sobre ele...

– Você não tentou, não. Disse só que era uma pena eu estar com ele.

– Mas eu estava lá para salvar você. Eu salvei você. E eu posso evitar que coisas como essa aconteçam novamente. – Disse. Afastei-me secando as lágrimas e olhando em seus olhos verdes.

– Como? – Arrisquei perguntar.

– Fuja comigo.

Arregalei os olhos, assustada com o que ele disse.

– Não estou dizendo para ser minha garota. Estou dizendo fugir como amigos, fugir para salvar a sua vida. Fugir para bem longe pelo menos até você completar dezessete e estar fora de risco. E seu aniversário está próximo... É em julho. Até lá você estaria bem protegida comigo.

– Não posso largar minha família e meus amigos aqui. – Eu disse, gaguejando. – Não posso simplesmente... Fugir.

– Você pode, sim. Longe daqui, você traria segurança a todos que ama por estar longe deles, além de trazer um pouco mais de segurança para si mesma. Você sabe que pode fazer isso e talvez seja sua melhor alternativa. Não a única, mas a melhor. E depois do seu aniversário, você poderia voltar tranquilamente.

– Não sei, Harry, não sei... Tenho que pensar.

– Não vou pressioná-la. É uma decisão difícil, eu sei. Mas tente não pensar demais, esperar demais. – Disse ele. – Como está a sua perna?

– Qual das duas?

– As duas. – Disse ele, olhando-as.

– Extremamente doloridas.

– Deixe-me ver como está o ferimento. – Disse ele.

– Tá bom, doutor. – Brinquei. Ele sorriu levemente, enquanto abria a atadura. Um cheiro forte e ruim chegou as minhas narinas quando ele destampou o machucado, e meu estômago embrulhou. Estava uma espécie terrível de cicatriz, amarelada e meio esverdeada. Extremamente malcheirosa.

– Está melhor do que ontem. – Disse Harry, parecendo satisfeito apesar de estar franzindo a testa. Ele se levantou, indo até seu armário, e pegando dois frascos: um com um líquido prateado e outro com um líquido azulado. Pingou um pouco de cada dentro do ferimento, e ardeu.

– Ai. – Reclamei. Harry me ignorou. Pegou um pano branco limpo, molhou com um pouco de água e pingou um pouco do liquido prateado e passou ao redor do ferimento, limpando-o. Em seguida, fechou a atadura.

– Pronto. Até o final do dia vai estar intacto novamente. Já a sua perna direita... – Disse ele. – Com licença.

Ele levantou delicadamente a minha perna e eu gritei de dor. Harry pousou a perna delicadamente na cama novamente.

– Você deve ter apenas “magoado” o osso. Se tivesse quebrado, você estaria gritando de dor desde que acordou.

– Posso fazer um feitiço e curar as duas pernas. – Eu disse.

– Você não está forte o suficiente. – Disse ele, abrindo o armário novamente e pegando outra faixa, umedecendo-a com um líquido arroxeado – eu queria saber o que era aquilo tudo. – Isso vai ajudar.

Ele envolveu minha perna com a faixa, o que me custou alguns gritos de dor. Depois, saiu do quarto dizendo que ia preparar algo para que eu pudesse comer, e me deixando sozinha no quarto. Sozinha com meus pensamentos e lembranças que me machucavam cada vez mais, cortando-me por dentro. Eu não queria acreditar que tudo aquilo era verdade, mas era.

Olhei para o teto sentindo minhas lágrimas retornarem aos meus olhos, enquanto meu coração ficava apertado de dor. Voltei a olhar para minha frente, e vi uma imagem no espelho de Harry que obviamente não era eu. Era uma mulher, com cabelos semelhantes aos meus, olhar da mesma cor, com preocupação e tristeza. Seus cabelos estavam desgrenhados, estava magra e havia uma cicatriz em seu supercílio. Minha mãe.

Eu tentei avisar... Fique forte. Ouça Harry. – Disse, e eu achei estar tendo alucinações. De repente, sumiu. Recomecei a chorar. De saudade, de mágoa, de dor, de raiva.


Ethan Williams POV – Tarde de 01 de Maio.


Acordei repleto de uma dor de cabeça infernal. Parecia que eu havia tomado uma garrafa inteira de Johnnie Walker sozinho. Antes fosse. Pior do que isso era a dor que eu sentia dentro de meu coração.

É, eu descobri que tenho um. Só não sei se isso é algo bom ou ruim.

Acho que eu prefiro não ter – mas não posso mudar o fato de possuí-lo. E eu merecia tudo aquilo. Merecia mesmo. Mereci ter levado as facadas que levei de Fletcher. Mereci o desprezo de Marie Jean. Mereci vê-la sendo carregada por Holmes, que a olhava com a joia mais preciosa existente. Mereci a dor enorme em meu coração. Afinal, eu sou um traidor. Não sou digno da confiança e do amor de ninguém. Muito menos de um anjo como Marie. Eu já não merecia confiança, amor, carinho de ninguém antes mesmo de Marie aparecer em minha vida. Afinal não posso negar: eu sou um assassino.

Assassino. Traidor. Mentiroso. Mereço ir para o inferno.

Levantei, sentindo pontadas de dor nas costas e no peito. Maldito Fletcher. Olhei-me no espelho, e notei que eu estava sem camisa. No meu rosto, havia um risco vermelho na bochecha esquerda. Três um pouco mais grossos estavam em meu braço, e outro mais grosso e mais feio ainda atravessava meu peito, e eu sabia haver um semelhante nas minhas costas. Eu não havia conseguido curar por completo.

Curare. – Pronunciei em alto e bom som, e os riscos avermelhados sumiram, deixando minha pele lisa como se nunca houvesse sido rasgada pela adaga de Fletcher. Senti-me um pouco mais fraco, mas nada que algo forrando meu estômago resolvesse.

Abri a porta do meu quarto e saí. Ouvi vozes na sala, de acordo com a minha aproximação elas ficavam maiores. Sabia que eram Fred e Andrew. Quem mais seria? Ninguém frequentava aquela porcaria de casa além de nós três e Marie Jean. Cheguei ao pé da escada que dava direto na sala e os dois me olharam.

– Ei, Ethan, você está bem? – Perguntou Fred, mesmo que já soubesse da resposta.

– Não.

– Seus ferimentos pelo menos curaram, não é? – Perguntou Andrew.

– Sim.

– Tem café pronto no bule.

– Ok.

Minhas respostas eram monossilábicas, retratando meu estado de humor e espírito. Tomei algumas cápsulas de aspirina antes de ingerir o café forte de Fred. Sentei na cadeira da cozinha e ali fiquei, olhando para o nada, pensando.

Pensando como eu sou um desgraçado infeliz merecedor do inferno.



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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês tem a me dizer sobre isso?
Olha... O garoto escolhido foi o Liam! Justamente quem eu estava pensando para ser o par da Mahara, na próxima história. E eu preciso contar uma coisa para vocês... Começaram a me difamar no meu próprio tumblr, dizendo coisas extremamente desrespeitosas e mal educadas sobre minhas histórias, sobre mim, e ofenderam até meu amigo que nada tem a ver com isso. Aliás, eu sequer sei o que eu fiz para merecer tamanha falta de respeito. Se alguém for olhar meu tumblr, vai achar perdida por lá as asks do infeliz anônimo gentil e bem educado que me xingou.
Eu só quero agradecer então pelo apoio de vocês, ok? Vocês são os melhores leitores do mundo.