Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 22
Anjo da Guarda


Notas iniciais do capítulo

Boa noite amores! Tudo bem com vocês? Eu lamento não ter postado antes, passei o dia todo fora comemorando com um amigo o aniversário dele. Me senti culpada quando disse para alguém que iria postar no minuto seguinte e tive que sair correndo... Desculpe! E cá estou com o capítulo aguardado. A gente se vê nas notas finais.



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Ethan Williams POV – Madrugada de 01 de Maio.


Consegui ficar acima de Fletcher e acertei um soco em sua face. Ele ficou desnorteado por alguns segundos, tempo suficiente para que eu o matasse. Um grito despertou minha atenção. Olhei para o lado e vi Marie sendo mordida pelo cão infernal. Eu vacilei. Fletcher tentou se mexer abaixo de mim e eu acertei outro soco em sua face.

– E agora, Ethan? Vai ajudá-la ou deixá-la morrer? Você sabe como são cães infernais. – Disse Fletcher. Bufei irritado. Finquei a adaga de qualquer jeito em Fletcher, e para meu azar perfurei seu ombro. Mas não me importei muito. Levantei-me rápido e peguei outra adaga que vi perdida ali no chão, e eu não fazia ideia de quem era aquela; não estava preocupado com isso. Marie gritou mais uma vez.

Corri até onde estava o cão infernal, e finquei a adaga em sua monstruosa cabeça. O animal esperneou, deu pinotes, e eu retirei a adaga para acertar seu peito quando ele empinou. Ele emitiu um som horrendo e caiu morto no chão. Olhei para Marie. Ela se debatia, e suava muito. Eu sabia que se eu não fizesse alguma coisa, ela morreria.

– Williams! – Gritou Holmes. – Se quiser retribuir o favor!

Olhei para onde estaria Fletcher.

Ele não estava mais lá.

A minha adaga jazia esquecida no chão. Retirei a que estava presa no corpo do cão infernal e peguei a minha que estava no chão, correndo até onde estava Holmes, lutando sozinho contra os dois cães. Aquele rapaz era bom, tenho que admitir. Qualquer um já estaria morto nessa altura do campeonato. Peter e Lisa estavam encolhidos atrás de Holmes, sem saber o que fazer. Avancei em um dos cães, saltando em suas costas e fincando a adaga em sua cabeça enorme. O animal gritou, esperneou enquanto eu tentava permanecer em cima dele, empinou e gritou mais um pouco. Retirei a arma de sua cabeça, e debrucei-me segurando-me em seu grosso pescoço. Finquei a adaga exatamente onde eu sabia estar o coração do animal. Assim feito, pulei de cima dele, caindo rolando no chão.

Dois segundos depois, foi a vez do animal cair. E três segundos mais tarde, o outro cão também caía morto.

Cansado, corri até Marie Jean.

– Marie, Marie, por favor, seja forte. – Eu disse, ajoelhando-me ao lado dela. – Farei isso parar, te prometo, você ficará bem.

– Fique longe de mim, Ethan. – Ela disse.

– Eu não vou te machucar, Marie, e você precisa de mim.

– Não preciso. – Disse ela. – Não de você.

Aquilo me doeu. Holmes se aproximou com Peter e Lisa em seu encalço, se ajoelhando do outro lado.

– Marie, posso ajudar você? – Perguntou ele, carinhosa e calmamente. – Sei como fazer essa dor parar.

– Harry... Por favor. – Arfou ela. – Faça isso parar! AH!

– Deixe que eu a levo. – Pedi.

– Você ouviu. – Disse Holmes, seco. – Ela pediu a minha ajuda, e não a sua.

Holmes pegou Marie no colo e saiu andando rapidamente, praticamente correndo atravessando a clareira, com Peter e Lisa confusos e preocupados em seu encalço.

– O que você vai fazer?

– Vou salvá-la, Williams. Vou cuidar dela. Coisa que você não fez.

E saiu correndo. Eu apenas fiquei ali, parado, ensanguentado, cansado no meio daquele caos. Sentei-me no chão e comecei a chorar. E me surpreendi. Eu não sabia mais se tinha essa capacidade. Há muito tempo que eu não chorava. Percebi que Fred e Andrew ainda estavam ali, amarrados e incapazes. Sequei minhas lágrimas, com raiva de mim mesmo, e levantei-me para soltá-los. Os dois não disseram nada, apenas me olharam. Suspirei.

– Vamos para casa. – Eu disse. Os dois assentiram e nós fomos andando. Durante o trajeto, repeti a palavra em latim para cura até que meus ferimentos estivessem cobertos, e isso custou o resto das minhas forças. Ainda longe da orla da floresta, tudo escureceu e eu lembro apenas de alguém me segurar.


Marie Jean POV – Madrugada de 01 de Maio.


Meu corpo todo queimava e eu estava perdendo o que me restava de sanidade. Sentia os braços de Harry me segurando contra seu peito quente, mas eu não estava no controle de minha própria mente. Eu gritava e me mexia nos braços dele, suando e sentindo meu coração palpitar forte e rápido demais. Meus pulmões não conseguiam suportar a carga de aguentar meu ar. O resto dos meus órgãos simplesmente parecia ter deixado de existir e meu cérebro derretia lentamente com o calor insuportável que fazia dentro do meu corpo. Eu queria morrer logo para que aquela dor parasse.

Não sabia nem sequer onde estava. Conseguia discernir a voz de Harry falando comigo, em algumas palavras difusas que de todas, conseguia entender um “aguente firme”, “bem”, “cuidar”. Senti ser abaixada e deixada em uma superfície macia, mas sem os braços de Harry.

– Harry... – Eu me virei de um lado para o outro, procurando encontrá-lo. Seus braços ao menos me davam uma segurança em meio a toda aquela dor.

– Eu estou aqui. – Consegui ouvir. – Não vou deixar você.

Gritei quando meu cérebro pareceu explodir.


Harry Holmes POV – Madrugada de 01 de Maio.


Deixei-a em minha cama, e ela chamou por mim. Abrindo meus armários, eu disse carinhosamente:

– Eu estou aqui. Não vou deixar você.

Peter e Lisa permaneciam em pé na entrada do meu quarto, olhando. Não me importei com a presença deles e continuei revirando meus armários, pegando as coisas que eu precisava. Eu podia não ser um bruxo, mas tinha meus artifícios mágicos também. Principalmente contra mordidas de cães infernais. Ajoelhei-me ao lado da cama, onde Marie permanecia se debatendo, gemendo e gritando. Sua perna esquerda estava dilacerada, sangrando sem parar a partir do machucado imenso com uma aparência realmente feia: amarelada e esverdeada, mal cheirosa ; sua perna direita estava inchada e arroxeada; seu cotovelo arranhado, seus cabelos desgrenhados e molhados pelo suor excessivo. Seus olhos estavam abertos, mas giravam nas órbitas – ora eu via a cor acastanhada, ora via apenas a parte branca.

Abri um pequeno pacote e tirei de dentro uma alga verde-escuro e pegajosa. Toquei em Marie, sentindo sua pele fervendo, e abri sua boca delicadamente, colocando a alga dentro.

– Morda, Marie, mastigue. Vai fazer bem.

Eu não sabia se ela estava me ouvindo ou não, mas ela começou a morder a alga. Peguei então os pequenos frascos e me direcionei a sua perna. Abri o menor, que continha um líquido prateado e comecei a pingar dentro de seu ferimento. Assim que o líquido encostou nos músculos dilacerados, começou a fumegar, e eu sabia que começaria a fazer efeito. Peguei o próximo, um líquido bem pegajoso azulado, e fiz o mesmo. Em seguida peguei o pedaço de pano limpo, e molhei-o com a garrafa de água e pinguei apenas uma gota do líquido prateado, começando a limpar ao redor do ferimento, deixando a pele limpa.

Como eu sabia que durante a noite – ou o que restava dela – a alga e os líquidos fariam seu trabalho (acabar com os efeitos da mordida do cão infernal, inclusive cicatrizando o ferimento), coloquei gaze, aquela hospitalar, com gotas do líquido prateado e coloquei acima do ferimento, envolvendo-as com uma faixa. Minha atadura não estava perfeita, mas serviria. A alga faria a febre de Marie abaixar e ela se acalmar, e já estava funcionando. Ainda assim coloquei um pano molhado com água fria em sua testa. Olhando-a, afaguei sua bochecha.

– Você vai ficar bem. Está tudo bem agora. – Eu disse.

– Harry... – Disse Peter, vacilante. Olhei-o. – Estou vendo que você cuidará bem dela. Vou levar Lisa para casa e mais tarde você me dá notícias dela, tá?

– Sim. Pode ficar tranquilo. Marie estará segura e bem cuidada comigo.

Peter deu um sorriso fraco, e passou o braço pela cintura de Lisa, saindo do meu quarto e fechando a porta atrás de si. Voltei a olhar para Marie, que abriu os olhos.

– Harry... – Sussurrou fraca e sonolenta. – Obrigada.

E adormeceu. Era efeito da alga. Sorri fracamente, afagando sua bochecha, pensando. Eu poderia evitar tudo aquilo. Poderia definitivamente salvar Marie Jean das garras dos malditos caçadores. Ela simplesmente não merecia nada daquilo, e eu poderia salvá-la, livrá-la desse terrível pesadelo. Eu poderia ser seu anjo da guarda, sua luz.



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Notas finais do capítulo

Então, o que vocês acharam? Desapontei, já que alguns pensaram que seria Niall a salvá-la? Enfim... Sobre a nova história, o quesito realidade é mais ou menos tipo Juntos pelo Acaso. Eu não sei explicar direito... Só sei que a personagem principal se chamará Mahara (na história vai ser explicado por quê) e preciso da ajuda de vocês para decidir qual dos meninos será o par romântico de Mahara: Niall, Liam ou Harry?