Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 21
Mordida


Notas iniciais do capítulo

Bom dia amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim. Bem, a história já está indo para a reta final, não pretendo passar de 30 capítulos e já estou com uma outra ideia sendo formulada nessa minha mente inquieta, e acho que vão gostar mais do que esta por ser algo mais real. Enfim, vamos para o capítulo!



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Ethan Williams POV – Noite de 30 de Abril.


Maldito Fletcher. Grandessíssimo filho de uma puta.

Agora Marie Jean estava magoada comigo e jamais me perdoaria. Jamais. Isso dilacerava-me por dentro. O que eu faria agora? Eu tentaria salvá-la das garras de Fletcher, mas Marie nunca me perdoaria, nunca voltaria a ficar comigo. E eu não posso viver sem ela.

Maldito amor, que me fez ficar assim por ela.

– Marie, me perdoe... – Me vi dizendo. – Me perdoe... Eu amo você.

– Próxima mentira, por favor. – Disse ela, fria. – Essa você já contou.

– Não é mentira. – Disse Andrew, com voz firme. Cheguei a assustar-me, pois ele estava quieto o tempo todo. – Eu vejo isso nos olhos dele. E ele me confessou isso. Você não viu como ele ficou desesperado ao vê-la machucada aquele dia, em sua casa.

– Não tente ajudá-lo, Andrew. Não acreditarei em nada que um dos três disser.

– Ah! A discórdia! – Exclamou Fletcher. – Adoro semeá-la. É divertido, mas ainda não é diversão o suficiente... Acho que eu e Ethan temos contas a acertar, não é? Que tal assistir a isso, Marie?

Ela não respondeu. Ousei olhá-la. Ela havia arregalado os olhos, e virou-se para mim. Nosso olhar se encontrou e eu implorei perdão por ele, e os dela eram uma mistura de raiva, medo, preocupação e mágoa. Marie logo desviou o olhar.

– Vamos ver o que eu posso fazer com você, Ethan. E você sabe que não pode lidar sozinho comigo, pois sou mais poderoso do que você.

Isso é o que você pensa” pensei. Fletcher pareceu ler meus pensamentos.

– Você pensa que eu sou idiota, não é? – Perguntou debochadamente. – Enfeiticei essa clareira para que seus poderes e os dela fossem bloqueados. Aqui dentro, você é um humano normal, Ethan. E eu posso fazer o que eu quiser que você não terá como se defender... Mason, faça-o ficar de joelhos.

O lobisomem aproximou-se de mim e com violência me fez ficar de joelhos, de um jeito que meus joelhos reclamaram de dor. Olhei para Fletcher com ódio, raiva e petulância. O psicopata sorriu. “E eu era assim como ele” pensei.

– Agora, Ethan... Vamos começar a acertar nossas contas. – Disse Fletcher, tirando uma adaga prateada do bolso interno do casaco, que brilhou na luz do luar que entrava na clareira. – Você lembra dela, Ethan? De quando você a deixou enterrada no meu estômago em Dublin? E de como fugiu ensanguentado, achando que eu estava morrendo?

– Pena que você não morreu. Eu devia ter acertado seu coração. – Eu disse. Ele riu.

– Talvez devesse. Mas quem vai ter uma adaga enterrada em si é você, e Mason vai saborear o gosto da sua carne ensanguentada de traidor... Se bem que pode dá-lo indigestão. Acho que só te matar é suficiente.

Rápido como o assassino profissional que sempre foi, Fletcher riscou a minha bochecha esquerda com a adaga. Minha bochecha ardeu e busquei não apresentar reações, mas acabei crispando os lábios. Ouvi Marie gemer ao meu lado, mas não me virei. Continuei encarando os olhos verdes enojadores de Fletcher. Ele sorriu, e passou a adaga mais fortemente pelo meu braço esquerdo, abrindo três cortes fundos nele. Respirei fundo. Aquela droga ardia. Bastante. Eu sentia o sangue fluir para fora das minhas veias, sujando-me.

– Que tal... No seu peito? Fazer uma cicatriz bem parecida com que a que você deixou no meu estômago...

Ele levou a faca até meu peito, rasgando-o de lado a lado. Curvei-me para a frente, não conseguindo conter o grunhido alto de dor.

– PARE! – Gritou Marie. – POR FAVOR! PARE!

Fletcher sorriu, e passou a adaga pelas minhas costas expostas a ele.

– PARE! MACHUQUE-ME, MAS NÃO O MACHUQUE! – Gritou Marie. “Ela ainda me ama” pensei, com a visão embaçada pela dor e meus pensamentos difusos.

– Te machucar? Interessante ideia, Marie. Interessantíssima ideia... Eu avisei a você, que ia quebrá-la por dentro, e depois te machucar fisicamente. Tenho várias maneiras de fazer isso... Mas vou começar direto com o meu objetivo. Esse irá machucá-la o suficiente.

Ele pegou a mão direita dela e fez uma cruz com a adaga na palma. Fez o mesmo com a esquerda, e Marie gritou. Fletcher sorriu, divertindo-se com o sofrimento dela. E eu sabia que só estava começando. O sentimento de impotência machucava-me. Fletcher passou a mão pelo corpo dela, alisando-a, e aproximou-se de seu ouvido. Sussurrou, mas pude ouvir claramente.

– Seu corpo é tão atrativo, Marie... Acho que vou adiar só um pouco meus planos. E não, eu não tenho vergonha do que vou fazer. Isso vai machucar mais o Williams ali.

– NÃO OUSE TOCAR NELA! – Gritei de repente, furioso, ignorando toda e qualquer dor. – TIRE SUAS MÃOS IMUNDAS DELA!

– E o que você vai fazer Ethan? – Vociferou ele. – Me bater? Enfiar-me uma adaga no estômago? Acho que não. O que você vai fazer é assistir a tudo isso e quebrar por dentro.

Marie Jean olhava de mim para ele completamente apavorada. Fletcher fez com que ela abaixasse um pouco, mas continuasse levitando sem que seus pés tocassem o chão. Suas mãos imundas começaram a trilhar caminhos pelo corpo de Marie, procurando o fecho do vestido. A ira crescia dentro de mim, e comecei a mexer as mãos para que eu conseguisse livrá-las daquela corda apertada. Exatamente no momento em que Fletcher encontrou o fecho do vestido e começava a abaixá-lo, minhas mãos ficaram livres. Ignorando toda a dor, corri para cima de Fletcher.

– Mason! – Vociferou Fletcher, e eu senti um grande peso bater em mim, fazendo-me cambalear e prendendo-me em seus braços. – Livre-se dele de uma vez.

O lobisomem carregou-me até a orla da clareira, onde estava mais escuro e com árvores. Fez-me ficar de joelhos perante si, que sorria maquiavelicamente. “Essa é uma boa hora para Holmes aparecer” pensei. “Ande logo, Holmes. Sei que você me quer morto, mas eu estou bem afim de ficar vivo”.

Mason ofegou, e uma ponta reluzente prateada manchada de sangue surgiu entre meus olhos. A ponta girou, ficando na horizontal, de onde surgiram duas pequenas pontas que se fixaram na pele do lobisomem. A ponta foi puxada para trás com força, e onde havia o peito do lobisomem, restou um buraco. O monstro caiu para cima de mim, que o empurrei para o lado, onde ele caiu morto. Na minha frente, de pé, com um sorriso diabolicamente alegre, estava Holmes, segurando uma espada curta onde estava fincado um coração.

– Bem na hora, Holmes. – Sussurrei.

– Pode deixar para me agradecer depois. – Respondeu. – Agora temos que dar jeito nos outros três capangas e no próprio Fletcher.

– Eu quero cuidar de Tomlinson. – Eu disse. – Ele tem muita coisa para me pagar.

Holmes sorriu maquiavelicamente.

– Tome. – Disse ele, me dando uma adaga. Não quero saber onde ele a escondeu. – Vai ser útil.

– Obrigado.

Andamos o mais silenciosamente possível até onde os capangas estavam, vigiando Fred e Andrew. Fletcher estava distraído descendo o vestido de Marie Jean, deixando-a seminua diante dele, o que me deu raiva.

Muita raiva.

Havia dois capangas atrás de Andrew e Fred, e o outro estava mais adiante olhando os amigos de Marie Jean, que olhavam tudo apavorados. Troquei um rápido olhar com Holmes, que assentiu e nós fomos exatamente ao mesmo tempo atrás dos capangas, tapando suas bocas com uma de nossas mãos e colocando as adagas em seus pescoços, puxando-os para o escuro. Sorri diabolicamente enquanto aprofundava a adaga no pescoço do homem, puxando-a e cortando a garganta do caçador, que se debateu por dois segundos antes de seu corpo ficar mole e pesado em meus braços. Devagar, deixei-o caído no chão, e Holmes fez o mesmo. Olhei para os dois homens, que estavam com os olhos arregalados e sem vida, com as bocas abertas em um pequeno “o” e o pescoço cortado, aparecendo seus músculos e nervos enquanto não parava de escorrer sangue. Sorrimos um para o outro diabolicamente.

Apontei para o caçador que cuidava dos amigos de Marie e ele assentiu, entendendo o que eu queria dizer. Então, olhei para Fletcher.

Nós tínhamos contas para acertar.


Marie Jean POV – Madrugada de 01 de Maio.


Fletcher passava as mãos pelo meu corpo, e eu ficava enojada e amedrontada. Seu sorriso diabólico e malicioso arrepiava-me de medo. Ele fez com que eu me deitasse no chão frio e sujo da floresta, ainda mantendo o feitiço que me impedia de me mover. Ele se inclinou sobre mim e começou a beijar meu colo, descendo em uma trilha até meu abdômen. Desesperadamente, pedi a Deus que me livrasse dessa situação, de que Ethan estivesse vivo. Ele não merecia meu perdão, mas o coração que batia dentro do meu peito ainda o amava.

As mãos de Fletcher chegaram até as laterais de minha calcinha e as seguraram para abaixá-la quando uma voz soou atrás dele.

– Tire suas desprezíveis patas de cima da minha garota. – Disse Ethan.

– Me obrigue. – Respondeu Fletcher, sem sair de cima de mim. Em seguida aconteceu tudo muito rápido. Vi a mão esquerda de Ethan acertar o lado esquerdo da cabeça de Fletcher, que caiu de cima de mim ao meu lado. Ethan foi para cima dele, segurando uma adaga em mãos, e os dois começaram a rolar. Vi-me livre do feitiço de Fletcher, e me levantei e pus meu vestido rapidamente.

– CORRA, MARIE! FUJA COM SEUS AMIGOS! – Gritou ele.

– HADES! ANÚBIS! ARES! ATACAR! – Gritou Fletcher. Vi os cães infernais se espalharem. Dois foram na direção de Harry, Peter e Lisa, enquanto o outro vinha para cima de mim. Comecei a correr e tropecei em uma raiz saliente de árvore, que me fez cair e torcer o pé direito com força. O cão infernal se aproximou muito rápido, e mordeu minha panturrilha esquerda, que estava mais esticada e exposta.

Assim que seus dentes afiados adentraram em minha pele, senti uma ardência subir pela minha perna, como uma queimadura. Meus olhos giraram nas órbitas de tanta dor. Gritei. O cão sacudiu a minha perna, sem soltar seus dentes de minha carne, fazendo minha perna dilacerar-se mais, e arder cada vez mais. Parecia que meu sangue estava fervendo dentro do meu corpo e eu estava queimando lentamente de dentro para fora. Minha vista embaçou e eu não consegui ver nada, assim como nem ouvir direito eu conseguia. Meu cérebro estava cada vez mais confuso.

Eu estava morrendo. E provavelmente, da pior forma.



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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Supriu as expectativas?