Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 17
Pena.


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde amores! Tudo bem com vocês? Espero que sim... Então, vamos a um novo capítulo, antes que eu faça as coisas começarem a esquentar. E não, não no sentido safado da coisa. Enfim. Espero que gostem.



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Ethan Williams POV – Manhã de 13 de Abril.


– Será que ela vai ficar bem?

– Vai, Ethan. Não sei por que tanta preocupação. – Disse Fred.

– Nem eu. Parece que realmente se importa com a garota. Como se ela fosse algo diferente das várias bruxas que você já ajudou a matar. – Disse Andrew.

– Não, claro que não. – Eu disse apressado. – Só estou preocupado se ela vai estar segura contra os caçadores que podem voltar e tentar terminar a tarefa.

– Terminar o quê? – Perguntou uma voz irritantemente conhecida. Virei-me e encontrei Holmes aproximando-se de nós.

– De matar Marie Jean. – Disse Andrew.

– Quê?! Quem?

– Uma caçadora. Quase matou Marie Jean essa semana. Por que você acha que ela não está saindo de casa? – Perguntou Fred. – Se Ethan e nós não tivéssemos chego a tempo, Marie Jean estaria morta.

– Você deixou que a machucassem? – Perguntou Holmes, bravo, olhando diretamente para mim. – Deixou que quase a matassem?

– Que diferença faria para você, Holmes? Você também está no plano para ajudar a matá-la, se não está lembrado. – Eu disse. – Você está parecendo que se importa muito com ela. É só mais uma garota. Que logo vai morrer.

O punho de Holmes voou direto para o meu rosto. Cambaleei e fui agarrado pela gola da camisa enquanto ele me prensava em uma parede.

– Não ouse machucá-la, Williams, se não você sairá machucado. Machucado não, morto. Vou matá-lo com as minhas próprias mãos, e lembre-se que eu já tinha motivos para isso. Quer que eu termine o que comecei em Roma? – Perguntou ameaçadoramente. O ódio brilhava em seu olhar. – É só encostar essas suas mãos sujas nela.

– Harry! – Exclamou Fred, tentando puxá-lo para longe de mim. – Solte-o! HOLMES!

Holmes me soltou relutante. Todos nós sabíamos que por ele, eu já estava morto e esquartejado.

– Eu avisei. – Disse ele, começando a andar para longe de nós, na direção contrária aonde íamos.

– O que deu nesse cara? – Perguntou Andrew. – Enlouqueceu?

– Deve estar apaixonado por Marie Jean. Os dois se aproximaram na escola. – Eu disse azedo, depois sorrindo maliciosamente. – Coitado, sequer imagina o que eu já fiz com ela. Se soubesse, tentaria me matar na hora.

– Você está brincando com fogo, Ethan.

– Você está falando de quem? Dele? – Perguntei com escárnio. – Por favor. Holmes não é nada.

Dei uma olhada para trás, para a casa de Marie, e encontrando sua janela fechada com a luz apagada. Ela ainda devia estar dormindo aquela hora da manhã. Eu estava preocupado em deixá-la sozinha, mas ela insistiu para que eu e os garotos fôssemos para a aula e não levantar muitas suspeitas, e que ela ficaria bem. Era o que eu esperava.

– Eu espero que ela esteja bem. – Murmurei baixinho, mas Fred ouviu.

– Você está se preocupando demais com ela. Não me diga que se afeiçoou a ela. – Disse ele.

– Ou que se apaixonou. – Completou Andrew.

– Vocês dois estão loucos. Eu nunca me apaixonaria por ela.

E essa era uma grande mentira. Os dois me olharam, avaliando-me. Eles me conheciam melhor do que ninguém, e era difícil esconder isso deles. Entretanto, se eles soubessem, não iriam me compreender. A verdade é que nem eu me compreendia e agora tinha um grandessíssimo problema em mãos: como fazer Marie Jean sobreviver e poder ficar junto dela?


Marie Jean POV – Manhã de 13 de Abril.


Aproveitei que Ethan e os outros foram para o colégio para ir até o porão da antiga casa em paz. Queria ler mais a respeito da minha família, tentar entender o que era aquele medalhão e as anotações de meu avô. Aquilo era um mistério para mim.

Andei até as ruinas e entrei no porão, certificando-me de não estar sendo seguida e estar completamente segura. Olhei os vários livros ao meu redor e respirei fundo. Seria uma longa, uma longa busca. Peguei uns quatro e me sentei no velho divã, começando a folhear com calma as páginas, em busca de algo que me fosse útil. No primeiro, não encontrei nada. Peguei o segundo, um de capa cor vinho, e abri, folheando devagar, até que um título me chamou a atenção.


Flamma Amoris: As Almas Destinadas.


Flamma Amoris. O mesmo feitiço que vi anotado no rodapé de uma página naquele livro. Comecei a ler a página mais atentamente.


O mais forte encantamento existente. Raríssimo. Ninguém o faz: as almas simplesmente nascem encantadas e ninguém pode quebrá-lo. E ninguém, a não ser as próprias almas destinadas, podem compreendê-lo e ainda não com certeza.

Quando as almas se encontram, há um sentimento de reconhecimento, como se ambos já se conhecessem há tempos – o que de certa forma é verdade. Aos poucos, as almas vão se reconhecendo e entrelaçando-se, e os dois não podem mais fugir.”

O texto me era interessantíssimo. Nunca imaginei algo do tipo. Tudo bem que havia a história das almas gêmeas, que se completam, mas isso é diferente. É mais... Intenso.

“O que os une é tão forte, que se em um feitiço refletor de sentimentos e estados físicos fosse posto sobre algo perto de um dos dois, este algo se tornaria de diamante – o que pode acontecer mesmo sem serem almas destinadas.”

Inconscientemente toquei meu colar, que não tirei mais do pescoço. Ele era de diamante, e eu havia visto ele se transformar diante dos meus olhos. Entretanto, isso podia não significar o que o livro sugeria.

“Algo peculiar sobre a Flamma Amoris é o que ela pode fazer pelos amantes. Um pode salvar o outro com um beijo e uma palavra, todavia, exige um sacrifício. Muitas vezes, um não está disposto a fazer isto pelo o outro e acaba morrendo amargurado e infeliz. Uma alma destinada sobrevive sem a outra, porém infeliz.”

Continuei lendo, porém nada dizia a mais sobre o sacrifício exigido. Curioso o fato de que quando eu consigo esclarecer algo, outro mistério surge. O texto continuava falando sobre a Flamma Amoris, e alguns casais famosos de exemplo. Romeu e Julieta, por exemplo, eram almas destinadas.

Fechei o livro e peguei o próximo, que nada havia de interessante. Já o quarto livro, era interessante. Falava sobre as profecias e previsões – o que meu avô tinha tido. Em uma página, encontrei vários rabiscos na caligrafia dele:


“Uma geração de almas destinadas”; “Flamma Amoris perigosa”; “Williams”.

Do que meu avô estaria falando, que envolveria a família de Ethan? Que geração de almas destinadas seria essa? Por que a Flamma Amoris seria perigosa? Eram mais perguntas a serem aderidas a minha extensa lista de perguntas sem resposta. Pelo menos, eu sabia o que era Flamma Amoris.

Ouvi um barulho atrás de mim e me virei rapidamente, com o peito acelerado de susto e de medo, também. Fechei o livro com força.

– Calma, não precisa ter medo de mim. – Disse Harry.

– Como você me achou aqui? – Perguntei nervosa, pois Harry não sabia que eu era uma bruxa.

– Fui na sua casa e você não estava lá, então pensei que você teria vindo até aqui, na sua antiga casa. Quando achei o porão aberto, entrei.

Achei estranho ele pensar que eu estaria aqui. Ninguém além de Ethan, Fred e Andrew sabiam que eu vinha aqui. Fora eles, absolutamente ninguém. Fiquei tensa. Harry poderia ser um caçador de bruxas – ultimamente eu comecei a desconfiar de qualquer um, e isso é mais do que compreensível.

– Relaxe, Marie. Eu não sou um caçador de bruxas. Não vou matar você.

– Quê?!

– Jean, eu sei que você é uma bruxa. Vim para essa cidade sabendo disso, para ajudar Ethan e os outros a te defender dos caçadores.

– Você... Você...

– Se eu sou um bruxo também?

Assenti em concordância. Ele sorriu de canto.

– Não. – Disse ele. – Eu sou um caçador de lobisomens.

– Lobisomens? Isso existe mesmo?

– Se bruxas existem, por que lobisomens não poderiam existir?

– É, faz sentido. Mas por quê um caçador de lobisomens seria necessário aqui? Sem ofensas.

– Existem caçadores que se aliam a lobisomens. Os caçadores roubam os poderes e os lobisomens comem a carne da bruxa.

Estremeci, arregalando os olhos.

– E é por isso que eu estou aqui. Ninguém vai machucar você, eu prometo. – Ele sorriu, tocando a minha mão. Corando levemente, tirei minha mão debaixo da dele, e ele ficou carrancudo por um segundo. Logo sua expressão se amenizou.

– Harry.

– Sim?

– O que realmente houve entre você e Ethan? Quando ele me contou sobre você, não foi muito convincente. Pareceu esconder coisas de mim.

Ele suspirou e me olhou de um jeito como se dissesse “há muito do que você não sabe”.

– Eu quase o matei uma vez.

– Quê?! – Exclamei.

– Dei a desculpa de achar que ele era o lobisomem que eu estava caçando, mas na verdade, era porque ele roubou a garota por quem eu estava apaixonado na época. E depois...

– E depois?

– Nada. Nada não.

Olhei-o como quem diz “sei” e ele suspirou. Ele obviamente estava chateado.

– Vocês dois estão juntos para valer, não é? – Perguntou.

– Sim.

– É uma pena. – Disse baixinho, aparentemente para que só ele ouvisse.

– Por quê?

– Um dia você vai entender. E acho que não vai demorar.

– Obrigada por me deixar confusa.

Ele riu levemente, beijou minha bochecha e se levantou. Enquanto subia as escadas, acenou para mim com um ar triste. Alguma coisa estava errada.



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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?