Flamma Amoris escrita por Karla Vieira


Capítulo 16
Intensidade.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia amores! Tudo bem com vocês? Está frio aí como está frio aqui? Delícia!
Quero agradecer a Ruth Cano que me recomendou! Obrigada, flor! Muito obrigada!
Então, vamos ao capítulo.



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Ethan Williams – Manhã de 12 de Abril.


Andrew estava cochilando no sofá da sala de estar de Marie. Cutuquei-o.

– Ô, vagabundo, acorda.

– Que é, filho da...

– Preciso que você fique de olho na Marie até eu voltar. Mantenha-a protegida.

– Protegida do quê? – Perguntou ele, completamente sonolento. O cérebro de Andrew realmente ficava mil vezes mais lento quando ele estava com sono. Dei um tapa em seu rosto.

– Não sei, quem sabe dos caçadores que querem aproveitar que ela está fraca e matá-la de uma vez!

– Não precisava me bater, seu grosso. – Retrucou ele.

– Assim você acorda. Agora fica de olho, quero fazer uma coisa para me ajudar a mantê-la segura. Preciso protegê-la.

– Você está se importando demais com ela.

– Estou me importando em manter a minha vida segura. – Menti, sabendo onde Andrew queria chegar. – Você sabe muito bem que se outro caçador a matar, ele vai me matar.

– Sei. – Disse ele, parecendo se convencer. – Tem café?

– Tem. Vê se toma bastante para a cafeína manter esse seu cérebro idiota acordado, pelo menos até eu voltar.

– Também adoro você, querido. – Disse ele, irônico. Sorrimos, e eu saí pela manhã fria indo em direção à caverna. Entrei na floresta e caminhei rapidamente, sentindo o pequeno pacote bem seguro dentro do bolso interno de meu casaco. Eu já não aguentava mais ver mato ao meu redor quando finalmente avistei a entrada da caverna. Fui direto atrás de três velas, uma bacia de vidro e mais outras coisas. Posicionei tudo em cima de uma das mesas: a bacia do centro, e as velas postas em três pontos cardeais – norte, leste e oeste. Ponderei onde eu acharia a água cristalina que eu precisava para encher a bacia, e logo me lembrei que havia uma pequena cachoeira por ali perto. Peguei um pequeno balde e fui atrás da tal cachoeira.

Caminhei por uns dez minutos até que o gorgolejar de água chegou aos meus ouvidos; alguns metros adiante estava a bendita cachoeira. Enchi o balde de água e olhei para o fundo do riacho, cuja água era transparentíssima, e encontrei uma pedra peculiar. Era azulada e achatada. Achei-a interessante, e, arregaçando uma das mangas do casaco, peguei a pedra e guardei-a no bolso. Quem sabe ela me seria útil.

Voltei para a caverna e despejei a água na bacia de vidro. Acendi as velas e peguei o pequeno pacote no meu bolso, abrindo-o e tirando de lá de dentro um colar com um pingente simples em forma de coração, prateado. Coloquei-o dentro da bacia e peguei as folhas de capim cidreira. Rasgando-as com as mãos, comecei a jogá-las em pedaços na água, dizendo baixo:

Curet, protegat, nisi humana est. Quod est quod facere

Recitando as palavras, joguei todos os pedaços de capim cidreira, e peguei o frasco de esmeralda moída, e joguei umas pitadas na água. As pequenas partículas da pedra preciosa brilharam assim que tocaram a água e afundaram, parando no fundo da bacia juntamente com o colar. Fui pegando ingrediente por ingrediente, até que faltava apenas um. Peguei a adaga em meu bolso e furei a ponta do meu dedo, e o líquido vermelho começou a escorrer por ele, caindo em gotas na bacia.

Inter ea sit animi. Quod usura hoc monile, ut scire ubi est, eorum status et eorum affectus. Cum me iam in perpetuum.

O colar brilhou dentro da bacia, e assim que a luz se apagou, pude ver que a água havia voltado a ser cristalina e que o colar estava dourado, fora que as velas haviam apagado sozinhas. Mergulhei minha mão na água (que estava quente, ao contrário de quando eu havia a pego na cachoeira) e peguei o colar. Fiquei-o analisando por um momento.

Assim que Marie Jean colocasse esse colar no pescoço, eu poderia saber quando ela estaria em perigo. Se ela estivesse, um pequeno símbolo surgiria no canto da minha mão direita, onde eu havia furado para obter meu sangue, e arderia; eu poderia saber onde ela está se eu apertasse o símbolo e pensasse nela.

Guardei o colar no bolso interno do casaco e retornei. Encontrei Marie Jean acordada, sentada no sofá junto com Andrew.

– Marie... Posso falar com você a sós? – Perguntei.

– Claro.

Ela se levantou e andou até mim, meio trêmula. Segurei a sua mão e subi as escadas até seu quarto, cuidando para que ela não caísse. Entramos em seu quarto e fechei a porta, enquanto ela se sentava na cama.

– Algum problema?

– Não, muito pelo contrário. Eu quero te dar algo. – Eu disse, sentando em sua frente na cama. Peguei o pequeno pacote do colar, e entreguei em suas mãos. Ela sorriu, curiosa, e o abriu, tirando de dentro o pequeno colar.

– Ethan... É lindo. Não precisava.

– Precisa sim. – Eu disse. “E como precisa” pensei. – Deixe-me colocá-lo em você.

Marie se virou, ficando de costas para mim e tirando o cabelo do pescoço. Coloquei o colar em seu pescoço, fechando a presilha e beijando a pele fria de seu pescoço, fazendo-a arrepiar. O colar brilhou, e ela se surpreendeu, virando-se para mim em um pulo. O que eu vi também me fez ficar surpreso.

O colar, em vez de dourado, era de diamante; e possuía um brilho mais forte, que indicaria a vida dentro do corpo dela. O brilho era normal. O fato de ser diamante, não.

Ser de diamante significava que o sentimento que eu nutria por ela era o mais forte possível.

Amor.

E o pior de tudo:

Era correspondido em mesma intensidade.


Marie Jean POV – Tarde de 13 de Abril

Eu estava olhando o lindo colar que Ethan me dera ontem. Era perfeito. E eu sabia que estava enfeitiçado, pois ele brilhara intensamente e continua tendo um brilho incomum, belo; entretanto, Ethan se recusa a me dizer o que ele fez com o colar. Meu celular tocou despertando-me de meus devaneios.

– Alô? – Atendi, colocando o aparelho no ouvido.

– Marie Jean Lookwood! Onde você se meteu que não aparece nesta escola faz dias?! – Exclamou Lisa do outro lado da linha. – Cale-se, Peter, estou tentando falar com ela. Tá, eu sei que você quer falar com ela, mas espera EU falar!

– Bom dia Lisa. Tudo bem com você?

– Quero saber se está tudo bem com você, mocinha. Sem mais nem menos falta a aula por dias e não dá sinais de vida!

Suspirei.

– É complicado falar por telefone. Você pode vir aqui em casa, agora?

– Posso. E o Peter?

– O que tem eu? – Perguntou ele, alto, do outro lado da linha. Eu ri levemente.

– Vem junto. Mas só os dois, por favor.

– Tudo bem. Estamos aí em menos de meia hora.

– Ótimo, fico esperando. Beijo.

– Beijo.

Desliguei o celular e suspirei. Eu teria de contar tudo para os dois, não poderia mais esconder isso deles. Simplesmente não podia. O que eu queria, na verdade, era poder ser livre e contar isso para quem eu quisesse, para que o mundo todo soubesse e eu não sofresse por isso. Todavia, eu não podia.

Levantei para tomar um banho antes que eles chegassem. Eu estava sozinha em casa, mas tinha certeza que ou Ethan, ou Fred ou Andrew estavam na casa do lado atentos para qualquer coisa. Estavam ficando maníacos com a minha proteção. Principalmente Ethan.

Quando me despi, me olhei no espelho. Aquela cicatriz horrenda atravessava meu peito, avermelhada, com textura esquisita e com formato de uma reta meio torta. Entretanto, não senti vontade de chorar como ontem. Os flashes daquela noite (que fecharia o dia mais perfeito da minha vida) passavam pela minha mente e eram difíceis de serem relembrados, doíam, mas eu não sentia vontade de chorar. Não isso.

Entrei no banho e deixei com que a água escorresse pelo meu corpo, lavando meu corpo e também minha alma – ou pelo menos era isso que eu esperava que fizesse. Demorei até terminá-lo. Vesti uma roupa qualquer e quente, e sequei meus cabelos com magia, por pura preguiça de usar o secador de cabelo. Alguma vantagem havia em ser bruxa, pelo menos.

Assim que voltei ao meu quarto ouvi a campainha tocar e desci para atender, já imaginando que era Lisa e Peter. Mesmo assim, olhei pelo olho mágico para ter certeza que eram os dois e nenhum desconhecido, pois, se fosse, eu não atenderia a porta. Mas eram os dois. Abri a porta, sorrindo, e uma Lisa se jogou em cima de mim.

– Marie Jean! O que aconteceu com você? Você está bem? Você...

– Uma pergunta de cada vez, Lis. E não aperta, tá doendo.

– Ah! Desculpa.

– Entrem, vamos lá para cima.

Os dois entraram e eu tranquei a porta. Subimos até meu quarto, onde sentei na cama e sinalizei para que os dois fizessem o mesmo, e o fizeram.

– Então... Tem acontecido muita coisa comigo e vocês provavelmente vão me achar louca e...

– Fala logo! – Exclamou Lisa. Suspirei.

– Eu sou uma bruxa.

Olhei para os dois que estavam me olhando com expressões do tipo “para de palhaçada”.

– Qual, é, Jean. Passamos desse tipo de história faz tempo.

– Eu juro que é verdade. Lisa, que cor você queria pintar o cabelo mas não tinha coragem?

– Roxo.

Eu sorri e focalizei o pensamento no cabelo dela, decidido a mudá-lo de cor. Não me surpreendi e fiquei satisfeita quando a raiz de seus cabelos começou a arroxear e pouco a pouco o cabelo inteiro ficou roxo.

– Olhe-se no espelho.

Peter olhou para ela e pulou de susto, quase caindo da cama.

– Meu Deus! – Exclamou ele.

– O quê?! – Perguntou ela, pegando a ponta do cabelo e olhando, pulando de susto. Levantou-se de supetão e foi ao espelho, olhando-se assustada.

– Mas o que é isso? É uma pegadinha, não é? Que...

– Fui eu quem fez isso. Agora fica olhando no espelho.

Focalizei meu pensamento para que o cabelo dela voltasse ao normal. E foi isso o que aconteceu. A expressão dos dois era hilária: estavam boquiabertos, com as sobrancelhas erguidas, olhos arregalados. Peter mexia a boca, mas sem emitir som algum.

– Acreditam em mim agora?

– Acho que sim. – Disse Lisa, mexendo no próprio cabelo, que voltara a ter a cor normal.

– Mas desde quando você sabe disso?

– Há mais de mês. Não contei para vocês porque eu simplesmente não podia, mas decidi que não conseguiria esconder mais. – E comecei a contar tudo o que acontecera comigo desde o dia em que o Becker explodira e eu descobrira que era uma bruxa, até chegar na noite em que eu fora atacada. Entretanto, óbvio que eu escondi que havia passado uma tarde perfeita com Ethan. Acho que disso eles não precisavam saber.

– Isso é loucura. – Disse Peter. – Loucura total.

– Eu sei.

– Você pode fazer outra coisa, para confirmar que eu não estou desvairando?

Assenti. Olhei ao redor e peguei meu celular, colocando entre eu e eles. Os dois olhavam fixamente para o aparelho, apreensivos e ansiosos. Focalizei meu pensamento naquilo, e o objeto começou a levitar, pairando na altura de meus olhos. Eu sorri.

– Isso é inacreditável. – Disse Peter. – É loucura.

– Você já disse isso.

– É que não consigo parar de pensar em outra coisa.

– Vocês tem que jurar guardar segredo, pelo amor de Deus. Para atrair menos caçadores e tudo o mais.

– Você sabe que pode confiar em nós, Marie. – Disse Peter. – Você está realmente bem?

– Melhor do que estive ontem. Sorte minha que Ethan estava por perto, se não... Eu poderia não estar aqui.

– Mas você está, e é isso que importa. – Disse ele, me abraçando forte, mas delicado. Abracei-o na mesma intensidade, feliz por tê-lo como amigo.



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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Marie estava certa em envolver os amigos nessa loucura?
AH, e quem quiser me recomendar também, fique a vontade, viu? AHAHAH