P.O.V. Demi

Aluna nova? O quê? Onde? Ouvi a professora falar algo diferente no meio de seu discurso monótono e percebi que todos olhavam na direção da garota ao meu lado. É, eu não tinha a visto ali. Ok, eu sou lerda e distraída, mas a essa hora da manhã não se pode cobrar muito de mim. Olhei para o lado e finalmente a vi (dessa vez prestei atenção). Ela era magra, loira e tinha os cabelos cacheados muito bonitos. Seus olhos verdes pareciam notar todos os olhares dirigidos a ela naquele momento, mas mesmo assim ela sequer olhou para o lado. Apenas disse seu nome e continuou olhando para a frente, como se o mundo ao seu redor não existisse. Taylor era o seu nome. Taylor Swift.

P.O.V. Nia

Quando a professora pediu pra que a aluna nova se apresentasse, percebi que Demi ficou surpresa e rapidamente olhou para o lado para ver do que se tratava. Ela realmente não tinha visto ela ali, como ela conseguia ser tão distraída? Mas eu gostava dela, apesar de isso me irritar às vezes, e agradeço a Hay por ter nos apresentado...

Nós estudávamos na mesma sala na maioria das aulas, mas eu só conhecia a Hayley. Nós nos conhecemos na loja de música do meu pai, a Hay ia lá quase todos os dias. Eu não conhecia a Demi, não por falta de oportunidade, mas porque achava que ela não era o tipo de garota com quem eu andaria. Eu acho que estava um pouco enganada quanto a isso. Um dia fui até a casa da Hay buscar alguns CDs que tinha emprestado a ela, e Demi estava lá. Não que eu não gostasse dela, só não achava ter algo em comum, por isso preferia ignorá-la. Porém, enquanto subia as escadas e ia até o quarto me encontrar com elas percebi que alguém estava cantando. Não era a Hayley, eu já conhecia a voz dela. Era outra pessoa. Era a Demi. A voz dela era linda, eu nunca imaginei que aquela garota sabia cantar, e muito menos daquele jeito. Era uma música que eu não conhecia. Quando cheguei no quarto ela subitamente parou de cantar, envergonhada de alguém ouvir sua voz. Perguntei pra Hay o que elas estavam fazendo e ela disse que estavam só compondo algumas músicas bobas, nada de especial. Ela me convidou pra ficar lá com elas e naquela tarde percebi quanto tempo eu tinha perdido em não conhecer a Demi antes. Ela era uma pessoa incrível, e além de tudo era apaixonada por música. Agora, a música já não era mais a única coisa que nos unia, mas com certeza era parte fundamental da nossa amizade.

A aula começou e eu não estava nem um pouco afim de prestar atenção. Odiava matemática e odiava mais ainda a professora. Resolvi ficar trocando mensagem com a Hay e ver se descobríamos algo sobre a menina nova.

P.O.V. Hayley

Ninguém realmente prestava atenção naquela aula, por isso ficamos trocando mensagens para descobrir quem era a garota nova, da qual sabíamos apenas o nome.

“Você acha que deveríamos puxar assunto com ela?” – Nia

“Não sei, acho que agora não é um bom momento... não na aula da senhora Bings.” – Hayley

“É, você tem razão. Mas ela também não parece ser do tipo sociável.” – Nia

“Nós também não somos não é mesmo!?” – Hayley

“É, disso não posso discordar.” – Nia

“Só acho que ela é intelectual demais, beeem diferente de nós.” – Hayley

“Ler um livro não faz de você intelectual” – Nia

“E mandar mensagens no meio da aula de matemática também não...” – Hayley

“Mas isso é algo inevitável... essa aula é uma bosta =[” – Nia

“Mais uma coisa que concordamos. Até que estamos indo bem hoje, só brigamos uma vez até agora haha” – Hayley

“Acho que tem algo errado hein...” – Nia

“É que é o primeiro dia de aula ;)” – Hayley

“Acho que sim.” – Nia

A conversa foi interrompida quando vi a professora Bings se aproximar de minha carteira. Eu já sabia o que aquilo significava e lentamente levantei meus olhos para vê-la. Ela estava parada na minha frente com uma cara ainda pior do que o normal e todos também olhavam para mim. Devagar, peguei meu celular e entreguei a ela. Não precisava nem pedir, aquilo já era normal pra mim. Dessa vez ela não pegou Nia (na verdade ela NUNCA pegava a Nia) e só eu recebi a lição de moral costumeira:

-Senhorita Williams - odiava quando ela me chamava assim – Será que a senhorita nunca irá aprender a seguir as regras dessa escola?

-Bem senhora Bings... não sou a maior fã de regras se a senhora ainda não percebeu – eu sabia que não deveria dizer aquilo, mas disse mesmo assim. Isso com certeza me custaria uma visitinha ao nosso querido diretor.

-Então eu acho que depois da aula é melhor a senhorita ir fazer uma visita ao nosso diretor – como eu disse... – e ver se aprende um pouco sobre a importância das regras nessa instituição.

Ela se virou e já estava voltando para a frente da sala para continuar sua aula, quando eu, idiota e impulsiva, disse:

-Não se incomode em me ter na sua aula professora – eu e minha mania de pagar uma de rebelde juvenil – Uma delinqüente como eu não deveria incomodar uma aula tão magnífica como a sua – por favor, cale a boca Hayley Williams – Por favor, permita que eu me retire.

A professora me olhou com a cara mais vermelha do que meu cabelo e estava a ponto de explodir quando saí de meu lugar, passei pela frente da sala (me sentava na parede da janela, oposta à porta) e fui em direção à sala do diretor. Ela saiu logo atrás de mim e se ela pudesse teria me matado ali mesmo. Pode parecer que eu estava encrencada, mas na verdade não estava. Aquilo já havia acontecido tantas vezes. Mas o diretor não se importava. Lógico, ele me dava mil lições de moral, dizia que acreditava em mim e que eu tinha um potencial enorme... Se não fosse por isso eu já teria sido expulsa daquela escola no 1º ano. O diretor gostava muito de mim, e isso me livrava das confusões que eu me metia com os professores. Dessa vez não foi diferente. A professora gritava nomes como “delinqüente juvenil ruiva”, “rebelde sem coração”, “garotinha sarcástica irritante”, “irresponsável”, “quebradora de regras” e etc, enquanto o diretor me dizia um sermão que parecia não acabar nunca. No fim, ele me dispensou sem maiores complicações e já era a hora do intervalo. As meninas estavam lá fora esperando por mim, e eu sabia que Demi iria me dar uma lição de moral. Para minha surpresa isso não aconteceu, ou porque ela tinha mudado (o que eu achava improvável) ou porque eu não dei tempo para que isso acontecesse.

P.O.V. Zac

Eu ainda não tinha visto as meninas e estava morrendo de saudades delas. Nós não estudávamos juntos, por isso só conseguia vê-las na hora do intervalo. Saí quase correndo da aula e vi que Demi e Nia estavam esperando na frente da sala do diretor. Na hora soube o que tinha acontecido: Hayley tinha brigado com algum professor de novo. Não que eu estivesse surpreso, era algo normal. Na verdade chegava a ser engraçado, principalmente quando se tratava da professora de matemática. Aquela mulher odiava a Hay. Já tinha visto uma dessas discussões, mas só de longe ou quando ficava esperando do lado de fora da diretoria. Dessa vez acho que tinha algo haver com o celular dela. A professora saiu da sala bufando de raiva e com o rosto todo vermelho e Hayley veio logo atrás como se nada tivesse acontecido. Assim que me viu, ela saiu correndo para me abraçar e dizer que estava morrendo de saudades de mim.

-Haha Como se fizesse tanto tempo assim que não nos vemos!

-Lógico que faz Zac, já faz uma semana que não te vejo!

-Isso não é tanto tempo!

-Pra mim é oras... – eu não ia discutir com ela, então resolvi aceitar que sim, era muuito tempo.

-Mas e então – eu disse olhando para a direção em que a professora tinha ido – O que você aprontou dessa vez? Desse jeito vai acabar matando essa mulher com um ataque cardíaco ou sei lá o que...

-Ah, não foi nada de mais – disse ela com seu tom de desleixo natural – Eu estava trocando mensagens com a Nia e ela pegou meu celular. Daí eu disse que uma pessoa como eu não deveria ficar na aula dela e saí d...

-Você se esqueceu da parte do “uma delinqüente como eu não deveria incomodar uma aula tão magnífica como a sua” hahaha – disse Nia interrompendo Hay e rindo da cena que acabara de narrar.

-Ria, isso mesmo, pode rir... dessa vez a culpa não foi só minha, você também deveria ter levado a bronca! – disse Hay como se estivesse brava com Nia.

-Desculpe, mas a rebelde aqui é você senhorita... não me coloque no meio de suas confusões – Nia mal conseguia conter o riso, pois sabia que a culpa sempre era das duas mas Hay SEMPRE era culpada por tudo.

-Nia, é melhor você calar essa boca antes que eu resolva fazer algo que me faça voltar para a diretoria. – eu e Demi nos olhávamos e contínhamos a risada porque sabíamos o fim que aquilo ia levar.

-E o que você pretende fazer? Vai discutir comigo até eu ficar com raiva ou pretende subir numa escada pra me dar um soco?

-Eu te dou 3 segundos pra correr – e lá vamos nós de novo – 1... 2... 3...

Nia saiu voando pelo corredor assim que ela contou o três e Hay saiu correndo atrás dela. Eu e Demi seguimos andando em direção ao refeitório rindo das amigas idiotas e doidas que nós tínhamos. Chegamos lá e as duas já estavam pegando comida, mas eu tinha certeza de que Nia tinha sido pega dessa vez. Lógico que elas não tinham brigado, mas Hay devia tê-la feito pedir desculpas (pelo amor ou pela dor, como ela dizia). Fomos até a nossa mesa de sempre (bem lá no canto longe de todos) e foi quando vi que havia uma garota que eu não conhecia ali perto.

P.O.V Demi

Nem parecia que aquelas duas estavam no 2º ano do Ensino Médio, sério. Aí depois não sabem por que somos tão amadas naquela escola. Não que as pessoas ligassem pra isso, acho que só eu ligava na verdade. Mas fazer o que? Elas não iam mudar mesmo e não iriam me ouvir tão pouco, por isso eu só olhava pras duas palhaças e ria. Zac também se divertia com tudo aquilo, e sempre apoiava as loucuras delas (às vezes ele até participava). Quando chegamos ao refeitório ele já estava quase lotado, mas nosso lugar de sempre estava vazio.

Nos dirigimos à mesa e eu vi que a garota nova, quer dizer Taylor, estava na mesa ao lado da nossa, sozinha. Eu pensei em chamá-la para ficar com a gente, mas antes que pudesse fazer isso, alguém chegou à nossa mesa. Alguém chamado Josh.

P.O.V. Hayley

Eu mal tinha acabado de sentar na mesa e quando ele chegou. Josh. Acho que não existia ninguém naquele lugar do qual eu tinha mais raiva. E ele sabia disso. Sabia melhor do que ninguém, mas mesmo assim continuava a me importunar. Ele não me perturbava com zuações como os outros garotos, mas com a sua simples presença ali. Mas ele era irmão do Zac e eu tinha de agüentá-lo querendo ou não. Não conseguia sequer olhar para ele, aqueles olhos penetrantes me traziam lembranças nada agradáveis...

...

P.O.V. Hayley

-E aí pessoal! Bom dia! – aquela voz, aqueles olhos, aquele sorriso, ah que raiva!

-Bom dia Josh! – disseram todos, menos eu é claro.

-Bom dia pra você também Hay – ele disse meio sem graça por eu nem sequer ter olhado para ele.

-Quantas vezes eu já pedi para não me chamar assim?

-Me desculpe, eu tinha me esquecido d...

-Se esquecido do que? – agora eu olhava fixamente para ele – Se esqueceu do meu nome ou da parte da minha vida em que eu disse que nunca mais queria falar com você?

Ele ficou sem resposta e se afastou da nossa mesa indo para uma onde seus amigos estavam.

-Por que você tem de ser sempre tão grossa com ele? – disse Demi, tentando defender Josh – Por que você simplesmente não esquece o passado?

-Porque o passado fica me perseguindo todos os dias. Olha Demi, eu não quero discutir por causa do Josh ok. Ele não merece minha atenção.

-Está bem, entendi.

Eles deixaram o assunto de lado e voltaram a falar sobre alguma coisa qualquer. Eu não prestei atenção. Só consegui pensar na cena que causou todo aquele tratamento ‘especial’ a Josh...

Eu era nova na escola e tinha poucos amigos (como ainda tenho). Nenhum menino lá, exceto Zac, gostava de mim ou demonstrava isso. Na verdade todos me viam como alvo de piada e etc. Mas Josh era diferente. Conheci ele através de Zac e gostei dele desde o primeiro instante em que nos vimos. Passamos a conversar bastante e com o tempo a amizade começou a virar amor (era o que eu achava pelo menos). Eu e ele começamos a namorar e eu estava totalmente apaixonada por ele, perdidamente apaixonada por ele. Eu nunca tinha me apaixonado por um garoto desse jeito e ele parecia corresponder ao meu amor. Só parecia. Era o dia do baile da escola e eu estava pronta esperando por Josh. Ele não apareceu. Eu resolvi ir ao baile mesmo assim, e foi a pior besteira que eu já fiz. Entrei e perguntei por Josh para um amigo dele. Para minha surpresa ele disse que Josh estava lá. Fui atrás dele e encontrei-o com outra garota no fundo do salão. Fiquei chocada. Fiquei quebrada. Era como se meu coração estivesse se partindo em milhões de pedacinhos, fazendo a dor ser ainda maior. Saí correndo dali e ele foi atrás de mim tentando explicar tudo. Lógico que eu não ouvi uma palavra do que ele disse. Depois que um tempo passou alguns meninos me explicaram o que havia acontecido, que foi uma aposta e como ele tinha perdido teve de fazer aquilo, e que não me contou para não me magoar. A essa altura, porém, já não tinha mais volta. Ele havia partido meu coração em tantos pedaços que parecia impossível juntá-los novamente. Agora eu achava já ter superado aquilo tudo, mas eu sabia que no fundo ainda sentia algo por ele. E eu realmente ODIAVA isso.

P.O.V. Zac

Como meu irmão era idiota. O maior de todos os idiotas. Não sei como ele ainda tinha a coragem de vir falar com a Hay. Ele ainda gostava dela, é verdade, mas isso não mudava o fato de que ela não queria vê-lo e que a cada vez que ele aparecia uma parte dela sentia a dor de tudo que aconteceu. Eu sabia que ela ainda sentia algo por ele, mas também sabia que ela lutava com todas as forças pra se livrar daquilo.

Depois que Josh saiu dali nós voltamos a conversar, mas Hay ficou em silêncio pelo resto do intervalo. Ela dizia que ele não merecia sua atenção, mas sempre ficava assim quando o via. Eu não a culpava por isso. Tudo que ela passou por conta da idiotice dele foi quase que imperdoável. Não as brincadeiras e os garotos tirando sarro dela por conta daquilo, mas o fato de ter de olhar pra ele todos os dias e saber que aqueles olhos a tinham enganado. Ter de vê-lo todos os dias e não poder fazer nada para mudar o passado. Eu a entendia. Era realmente difícil...

P.O.V. Demi

Eu não tentava proteger o Josh, muito menos aceitava tudo aquilo. Só não gostava de ver a Hay assim, só queria que ela parasse de uma vez de remoer aquilo tudo. Não era fácil, eu sei. Mas definitivamente aquele jeito sério e silencioso não combinava com ela.

O resto do dia foi da Hay no canto quieta, pensando e tentando se livrar daquelas lembranças. Daquele passado. Pode parecer uma coisa ridícula, algo banal para se deixar magoar, mas quando você é jovem tudo é pior. Tudo dói um pouco mais. Josh não fez algo assim tão imperdoável e tão extraordinário, mas depois de passar tudo que a Hay tinha passado aquilo se multiplicava em cem vezes mais. Ela não era uma garota que estava aberta a relacionamentos, principalmente amorosos. A separação de seus pais tinha feito isso com ela. Ela tinha prometido nunca se apaixonar por ninguém. Mas Josh apareceu e mudou tudo. Ela era tão feliz com ele, ela o amava de verdade e você podia ver isso em seus olhos toda vez que esses se encontravam com os dele. Mas esse brilho sumiu naquela noite. A Hay era muito forte, mas nem ela conseguia suportar aquilo sozinha. Ter seu coração partido é uma dor que ninguém pode explicar até sentir. E ninguém é forte o suficiente quando se trata disso. Agora ela estava mais forte em relação a isso, já conseguia administrar a situação. Mas no fundo ela ainda sentia uma pontada no peito quando o via. Minhas tentativas de fazê-la esquecer nunca funcionavam, e o jeito era esperar. Esperar que o tempo ajudasse a consertar seu coração...