P.O.V. Nia

Por que meu pai sempre tem que se atrasar tanto para me levar? Era o primeiro dia de aula e eu já estava chegando atrasada. Meu pai era músico e na verdade nem precisava trabalhar naquela loja que ele tinha montado há pouco tempo, por isso ele demorava muuuuito pra sair e ficava enrolando até o último minuto. Ele só não entendia que ele podia chegar a hora que quisesse, mas eu não. O jeito era começar a ir com as garotas pra escola, até Demi era mais rápida que meu pai. Precisava falar com elas sobre isso.

Cheguei correndo aos tropeções na entrada da escola e tive de correr para não ficar pra fora e ter de entrar na segunda aula. Na verdade chegar na segunda aula era quase meu segundo nome, alguns professores colocavam falta pra mim na primeira aula quase que automaticamente. Passei voando pelos corredores (e quase derrubei dois garotos do primeiro ano... mas dane-se, era o 1º ano) e enfim cheguei à sala. Para minha sorte a professora daquela aula era a de matemática e ela sempre se atrasava para entrar. Entrei também correndo na sala já quase sem ar e logo vi as garotas sentadas perto de uma garota loira que eu não fazia idéia de quem era. Andei devagar até minha mesa atrás de Demi e tentei respirar um pouco.

-E aí corredora! – disse Hay rindo da minha cara – desse jeito você vai ganhar as Olimpíadas! Acho que dessa vez bateu o recorde! Não matou ninguém atropelado dessa vez!?

-Hayley, sorte sua que eu estou muito cansada para te dar um soco! – eu disse, ainda tentando me recuperar.

-Nossa! Quanto amor vocês duas já há essa hora! Bom dia pra vocês também. – Demi disse sem sequer se virar na carteira.

P.O.V. Demi

Todo dia era quase a mesma coisa. Aquelas duas tinham um amor uma pela outra que era uma coisa impressionante. Eu sabia que elas eram muito duronas e nunca diriam uma a outra o quanto se amavam, por isso viam essas brincadeiras como forma de demonstrar isso. É lógico que quem visse isso sem conhecer as duas ia achar que elas se odiavam, mas no fim era tudo amor. Era meio assim que funcionava nosso círculo de amizade: Hayley e Nia brigavam e se zuavam o dia inteiro como forma de demonstrar seu amor, foi assim, por causa desse temperamento parecido que elas se aproximaram. Eu e Hayley estávamos unidas não só pelos gostos parecidos, mas também porque Hay era meio que minha protetora. Eu e Nia tínhamos nos unido por conta da música, mas ao longo do tempo ela também se tornou uma irmã pra mim (com as brigas e demonstrações de carinho normais entre irmãos). Já o Zac era próximo de todas nós pelo mesmo motivo: era o nosso fofinho favorito, um irmão para todas nós.

As duas já tinham resolvido começar cedo, eu ainda nem tinha acordado direito. Eu nem me preocupei em me virar para assistir dessa vez, sabia que logo o showzinho ia acabar porque a professora já estava vindo e sabia que aquilo continuaria mais tarde (como sempre).

-Bom dia Demi... e ah, bom dia senhorita dos cabelos vermelhos! – a essa altura Nia já havia recuperado um pouco o fôlego e com ele, o senso de humor típico.

-Bom dia também senhorita dos cabelos vermelhos! – disse Hay voltando a rir.

-Acho que assim está melhor, vocês duas realmente não tem jeito... –eu dizia isso como se elas se importassem. No fundo eu até gostava dessas demonstrações ‘carinhosas’ de amizade.

P.O.V. Nia

Não houve tempo para mais conversa ou brincadeira. A professora entrou na sala com aquela careta de sempre e começou as apresentações rotineiras. No fim, depois de falar como se não houvesse amanhã, ela se virou ficando de frente para a garota nova e pediu para que ela se apresentasse. Estava curiosa pra saber quem era ela, parecia diferente daqueles idiotas de sempre.

P.O.V. Taylor

Era meu primeiro dia em uma escola nova e isso não era nem um pouco agradável. Sentia todos os olhares ao redor se voltarem até mim toda vez que passava por alguém. Desde o momento que coloquei os pés aqui só pensei em me sentar e ficar imóvel pelo resto do dia. Mas obviamente isso não foi possível.

As garotas que sentaram ao meu lado pareciam ser legais (mais legais pelo menos do que os olhares que tinha recebido mais cedo) e duas delas tinham o cabelo avermelhado (era demais!). A que sentou ao meu lado pareceu nem notar minha presença, mas eu não dei importância, estava mais preocupada com o momento que teria de me apresentar para a sala. A professora entrou, com uma cara não muito agradável, e deu avisos aos quais eu nem prestei atenção. Logo a seguir, senti que ela olhava para mim e percebi que teria de falar agora.

-Então, temos uma aluna nova esse ano... Poderia nos dizer seu nome? – soou um pouco mais gentil do que eu esperava pelo menos.

-Érr... meu nome é... é Taylor. Taylor Swift.

-Ok senhorita Swift, seja muito bem vinda.

Ufa, já tinha passado. Eu ainda sentia olhares dirigidos a mim, mas resolvi ignorar e prestar atenção na aula, seja lá o que aquela professora estivesse falando. Nada mal, nada mal mesmo. Sabia que era só o começo, mas se eu fosse ignorada pelo resto do ano eu agradeceria muito. Ser invisível significava não estar na mira de ninguém, que significava sem pessoas me enchendo insultos e outras coisas nem um pouco agradáveis. Era tudo o que eu pedia. Um pouco de paz, pelo menos uma vez.