Quando consegui tirar Vee da frente da montanha russa, ela me puxou para comprarmos os ingressos.

A fila estava até pequena, um casal de namorados, uma idosa, e um menino com um enorme saco de pipoca á nossa frente. Compramos o ingresso e subimos uma pequena escada, até os carrinhos. Vee correu para o ultimo carrinho e já arrumou seu cinto de segurança, daqueles que depois que se trava só se abrem na hora que o brinquedo parar. Parei hesitando no meio plataforma, o garoto gordinho que estava na nossa frente na fila esbarrou em mim ao passar e foi se sentar ao lado de Vee. Bom, minha chance, eu pensei.

- Ah, não. Acho melhor eu descer e esperar você sair...

Ela mostrou a língua para mim, e depois tentou se livrar de seu cinto, sem sucesso.

- Nada disso! Você vai se sentar lá na frente!

Eu já teria que superar meu “pequeno” medo de altura, e ainda tinha que me sentar no primeiro carrinho?!

- Vai, vai!

Dei um longo suspiro e fui me sentar, travei o cinto e puxei um elástico para cabelo do bolso, puxando meus cabelos para um rabo de cavalo meio alto.

Alguém se sentou ao meu lado, e eu me virei para ver. Ah, que ótimo. Muito bom...

Patch estava se sentando ao meu lado com um sorriso pilantra no rosto, lutei contra meu cinto que não abriu de jeito nenhum, ele se sentou e passou o braço esquerdo por trás de meu pescoço.

- Me solta! Não acredito nisso... – Puxei o braço de Patch, e o empurrei pelo ombro o mais longe que eu conseguia. – Não me toca.

- Você que sabe...

- Hunf, o que você está fazendo aqui?

- Eu disse que viria. E ai, tem medo de altura? – E quando ele terminou de falar, os carrinhos deram ré se prepararam para serem lançados para frente. Quando ele acelerou, os ventos passavam uivando pelos meus ouvidos, e eu queria gritar, mas simplesmente não conseguia. Segurei a primeira coisa que vi na frente, que infelizmente era a mão de Patch. Sem ligar, e me concentrando em fechar os olhos, apertei mais e mais a mão dele, e ele correspondeu o aperto. Com um baque, senti o vento parar e os carrinhos foram diminuindo a velocidade até estacionar no ponto mais alto da montanha russa.

Soltei a mão de Patch, e assim como os outros comecei a olhar para os lados para saber o que tinha acontecido, os alto-falantes estremeceram e uma voz grossa começou:

– Desculpem o inconveniente, senhoras e senhores. Mas como sabem o Arcanjo é um dos brinquedos mais velhos, mas já estamos dando jeito nisso!

- Eu devo ter atirado pedra na cruz...

- Bom, pelo menos temos um tempo só nosso. – Ele sussurrou e me olhou como se só eu estivesse ali. Um olhar penetrante, devo dizer, mas eu desviei o olhar e como não podia olhar para fora do carrinho sem ter um infarto, olhei para minhas mãos que estavam caídas em meu colo.

Ele voltou a passar o braço por trás de meu pescoço e quando eu me virei para reclamar, Patch encostou sua testa na minha, sem reação, fiquei parada. Meu coração acelerou e em vez de protestar eu deixei ele avançar mais um pouco, agora seu nariz encostou-se ao meu. Nossos lábios se roçaram de leve, e quando Patch ia se aproximar mais. Alguém soltou um grito. Me livrei de Patch e virei-me, Vee estava vermelha como um pimentão e com as mãos na boca.

- VOCÊS IAM SE BEIJAR, QUE LINDO! – Ela gritou do ultimo carrinho, e o resto das pessoas riram dela.

Voltei a olhar para Patch e logo naquele momento os carrinhos começaram a andar. Rapidamente voltamos a plataforma, tirei o cinto de segurança e sem olhar para Patch, eu fui falar com Vee.

- Vou ao banheiro, me espera no carro. – Joguei minha chave parar ela, que sem entender ainda me olhava boquiaberta.

Quando cheguei ao banheiro, que estava deserto, fechei a porta atrás de mim e me olhei no espelho.

O que diabos tinha acontecido lá atrás? Eu não podia ficar com o Patch, ele era um idiota, arrogante e... por mais que eu odiasse negar, lindo e sexy. Joguei água em meu rosto, e quando me levantei, vi Patch pelo reflexo do espelho e me virei assustada.

- Você não sabe ler? É o banheiro femi... – Não terminei de falar, ele deu um passo a frente e me amassou contra a pia. Seus lábios colaram no meu, rudes e apressados, como se esperasse aquilo por anos. Abri um pouco minha boca e dei caminho parar sua língua, e a o beijo ficou ainda mais profundo, seus lábios quase violentavam os meus.

Suas mãos apertavam minha cintura e eu coloquei as minhas na nuca dele o puxando mais e mais.

Ele finalmente me soltou, respirei fundo algumas vezes tentando recuperar o fôlego. Patch logo passou a beijar meu pescoço, descendo e subindo com beijos leves.

A porta se abriu e Vee entrou distraída mexendo na chaves do carro.

- Nora? Por que você está demorando tan... – Ela parou de falar quando me viu com Patch. Ele tinha virado a cabeça, para lhe lançar um olhar feio, e se voltou para mim.

- Nos vemos mais tarde. – Disse quase num sussurro, tirando as mechas de minha franja que escaparam do rabo de cavalo. E me deu um beijinho na testa, já se virando e passando reto por Vee, que continuava parada com a boca a aberta e me encarando.

- Pode me contar tudo. – Ela deu meia volta e trancou a porta do banheiro, cruzando os braços e esperando alguma explicação.