Eu e Vee saímos da sala de aula tão aliviadas, como se estivéssemos numa prisão. Eu levaria ela para casa, já que seu carro estava em concerto. Passamos pelo pátio, e um cara com um boné vermelho com listras brancas e camisa da mesma cor, estava entregando papeis á todos os alunos, ao cruzarmos com ele, pude notar que era jovem, tinha no maximo 14 anos, tinha espinhas por todo o rosto e tinha orelhas enormes. Ele nos entregou um dos papeis e Vee o tomou de minha mão antes mesmo que eu pudesse ver do que se tratava.

- A meu Deus! Lembra aquele parque de diversões que íamos quando éramos crianças? – Ela perguntou cheia de entusiasmo.

- Hm... aquele que eu nunca acertava o nome?

- É, o Delphic parque. Ele vai reabrir, e... – Vee fez uma pausa dramática e apontou para o papel. Tinha o desenho de uma montanha russa, embaixo estava escrito:

              E o parque também voltara com sua grande atração!

                                          O arcanjo!

Empurrei de novo o papel para Vee e ela ainda estava com um sorriso enorme no rosto.

- Definitivamente, nós temos que ir! Eu sempre quis andar nesse brinquedo, mas sempre éramos baixinhas demais.

- Bom, Dorothea não vai estar em casa até semana que vem, e minha mãe provavelmente vai inventar algum “compromisso” de ultima hora para não ir para casa... Acho que tudo bem, então.

Entramos em meu carro e eu comecei a dirigir. Vee ainda tagarelava sobre o parque e a roupa que ela iria vestir, e que tínhamos que chegar lá cedo para comprar os ingressos da montanha russa. Chegamos á casa dela, com um beijo rápido na bochecha ela se despediu.

- Ás 21:00 nós já temos que estar lá! – Sem responder, eu segui até minha casa. Ao chegar, entrei e tranquei a porta atrás de mim.

É, parece que ficar sozinha tinha suas vantagens, eu poderia sair e voltar a hora que eu bem entendesse, não que eu fosse fazer qualquer besteira... Entrei em meu quarto e me sentei á mesa do computador, ligando meu nootbook, talvez eu me distraísse com algum jogo bobo. Coloquei Sweet Dreams, do Marilyn Manson para que a casa não ficasse naquele silêncio total. Ouvi em quanto jogava Mário, é, um jogo bobo, mas eu não precisava de horas e horas para me arrumar. Estava preste a ganhar a primeira fase, quando meu celular tocou em meu bolso, com o susto, acabei perdendo.

- Espero que seja importante. – Disse um tanto grossa. Sabia pelo número quem era.

- Claro que é. – A voz rouca e sexy de Patch soou calma do outro lado do telefone. – Acho que você já sabe do parque...

- Sim, eu sei. – Continuei sendo grossa. Aquele garoto pensava que eu era uma espécie de Marcie Millar?

- Ah, ótimo. Te pego ás 21:00.

- O que? Eu disse que queria ir com você? Sinceramente, você tem que deixar de ser convencido.

- Eu sei que você quer ir, Anjo. Te encontro lá então. Até mais, Nora.

E desligou. Notei que já eram quase 20:30, eu fiquei jogando esse tempo todo? Levantei-me e fui para o banheiro. Quando consegui sair de debaixo da água quente, coloquei um short jeans e sapatilhas azuis. Revirei meu armário atrás de alguma roupa descente e acabei uma blusa decotada e de mangas curtas, preta. Coloquei algumas coisas que poderiam ser necessárias, não me esquecendo do remédio de enjôo, Vee provavelmente passaria mal com a altura e a velocidade. Eu nem entraria nele, para começar.

Talvez eu conseguisse distrair Vee e ela esquecesse daquele brinquedo velho caindo aos pedaços. Eu pensava quando parei em frente a casa dela, ela entrou no carro com sapatos de salto, calças apertadas e uma blusa laranja com um decote em V, que aumentava ainda mais seus seios. Eu não ia contar para ela sobre a ligação de Patch, já era ruim a desconfiança dela sobre o que eu fazia com ele num dos cantos da sala. Imagina quando soubesse que ele sabia meu número?

Ao chegarmos em frente ao parque, Vee ainda passava batom e arrumava sua maquiagem. Quando saímos, ela literalmente me puxou em direção a entrada do parque. Desviando de tantos corpos, quando paramos, a montanha russa estava bem a nossa frente.

Ela deu um gritinho, e eu olhei toda a extensão do brinquedo, engoli em seco e apertei a mão de Vee.

- É, agora eu tenho certeza de que eu tenho medo de altura.