Two More Lonely People escrita por darthvanner


Capítulo 3
Capítulo 3 - Walk Away


Notas iniciais do capítulo

Esse episódio é no ponto de vista da Katy e acontece no Coachella desse ano. Ele tem mais de uma parte.
Eu estou um pouco viciada em uma cantora em particular e achei uma música dela que combina bastante com esse capítulo. Deêm play na música Walk Away da Dia Frampton: http://www.youtube.com/watch?v=Uo7M1MXb0Xo
Boa leitura!



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Katy's POV:

Hoje eu me sentia bem.

Um dos meus festivais preferidos em todo o mundo havia começado essa semana, e eu não ia perdê-lo por nada. Shannon havia comprado ingressos antecipados para três dias de shows e eu me sentia uma garotinha de 12 anos indo à Disneylândia. O Coachella tinha o seu lado Disney. A Disney dos baseados, bebidas, hipsters, indies, pessoas ricas se fantasiando de hippies, bandas extraordinariamente boas tocando no mesmo lugar, e rapazes deslumbrantes perambulando sem suas namoradas. E adivinha quem estava solteira? Coachella Valley Music and Arts Festival, mais conhecido como "vou ficar bêbada e agir feito uma babaca em meio a milhares de pessoas".

Me sentia em Beyond the Valley of the Dolls usando flores no cabelo, botas e vestidos com tecidos coloridos, e arranjei até mesmo um par de dentes de vampiro para usar com a roupa de hoje. A verdade é que eu me encaixava perfeitamente na categoria "pessoas ricas se fantasiando de hippies", a quem eu queria enganar? Há apenas algumas semanas atrás eu era paparicada por estilistas, que produziam peças estupidamente caras para pessoas estupidamente consumistas. Mas hoje eu não era a bonequinha de luxo de Paris. Hoje eu era uma ninfa hippie, procurando por diversão.

Em meus anos de Coachella eu e meus companheiros fazíamos um ritual de nos embebedar antes das cinco da tarde, e permanecer assim até a manhã do outro dia. Obviamente nunca falhei no ritual e não ia ser esse ano que alguma coisa iria me impedir. Por mais que depois de alguns copos eu já agisse como uma completa idiota, eu não queria chamar a atenção. Posso afirmar que não existe diversão alguma em ter vários flashes aos eu redor, enquanto você está bêbada feito um gambá. E por incrível que pareça, este ano poucas pessoas realmente me reconheciam, afinal, quem iria prestar atenção em uma mulher de cabelo roxo bêbada, em meio a tantos figurinos exagerados e exuberantes?

Meus amigos tinham a regra de não ficarem parados no mesmo lugar por mais de duas horas, e por motivos óbvios, eu não podia ficar sozinha, então os seguia feito um filhotinho.

No segundo dia de festival todos seguíamos com nossos rituais, tradições e piadinhas internas que nos faziam rir por meia hora sem parar. Haviam várias pessoas que eu tinha a mais absoluta certeza que iria encontrar naquele dia e Florence era uma delas. Florence Welch. Todos que me conhecem bem, sabem que tenho uma pequena obsessão por ela e seu jeito britânico angelical. Confesso que fiquei surpresa quando ela me reconheceu em meio à multidão.

– Katy! - Ouvi uma voz fina e calma carregada de sotaque me chamar em meio à alguma música da dupla Save The Robot - Ei docinho. - Uma mão particularmente branca acenava á sete pessoas de distância. Eu definitivamente amo britânicos.

.Entrei no meio da multidão, driblando algumas pessoas e dando cotoveladas em outras que me lançavam olhares insatisfeitos até reconhecer os cabelos ruivos.

– Flo! Não sabia que bonecas de porcelana iam á festivais! - Falei rindo enquanto a abraçava, envolvendo seu corpo alto e esquio contra o meu.

– Um pássaro me contou que você conhece os melhores drinks desse deserto, estou errada? - Disse Florence sorrindo com seus dentes perfeitamente brancos, enquanto olhava para meu copo praticamente vazio. - Seus dentes vampirescos são lindos.

– Pássaro? Eu achei que a pessoa mais chapada daqui fosse Shan. Vamos, vou te mostrar uma coisa que realmente vai te fazer ver e conversar com quantos pássaros você quiser! - Abri um sorriso grande para que ela pudesse ver meus dentes mais de perto - Obrigada!

Entrelaçamos nossos braços, e Florence sinalizou para que o grupo que estava com ela a seguisse enquanto eu assoviei para Ferras, que tratou de reunir nosso grupo e fazer o mesmo. Enquanto atravessávamos a multidão, algumas poucas pessoas nos reconheciam e faziam piadinhas do tipo: "ela vai beijar uma garota e então seus dias de cachorro vão acabar". Minha língua estava começando a formigar, minhas pernas começaram a ficar mais leves e eu ria de qualquer pessoa que mencionasse o meu nome. O ritual estava fazendo efeito.

A barraca de bebidas mais próxima abrigava, sete filas quilométricas, e todos se dividiram para poupar um pouco do tempo. Me separei de Flo, mas conseguia ver seu cabelo ruivo em uma das últimas filas. Eu estava entretida roendo o esmalte de minha unha, quando senti uma mão cutucar o meu ombro

- Erm... Você tem alguma ideia de onde a Florence está? - Uma figura alta e um tanto atraente me perguntou, esfregando os olhos repetidamente, parecendo um pouco incomodado com o sol. Definitivamente britânico.

Logo reconheci que o rapaz era do grupo de Florence, e após analisá-lo um pouco, percebi que ele também fazia parte de sua banda.

– Na penúltima fila... Viu? - Estendi o braço apontando para ela - O cabelo é inconfundível!

– Sim! É que... Esqueci meus óculos de sol e não estou enxergando muito bem com toda essa claridade. E o seu cabelo é mais inconfundível que o dela, então você foi a única que reconheci... - Ele riu coçando a nunca - A propósito, sou Robert. - E então ele parou de tampar os olhos por alguns instantes e me estendeu a mão sorrindo.

– Katy. - Logo apertei sua mão, e retribui o sorriso da melhor forma possível. Ou ele era tão bonito quanto eu achava que era, ou o meu terceiro copo de blue hawaiian estava me fazendo ver coisas. - Eu tenho um par extra que posso te emprestar, mas eles são femininos. Não sei se você é um desses garotos que não usam rosa por ser cor de mulherzinha...

– Um par extra de óculos? Vocês mulheres são geniais! Eu não me importo se a armação do óculos for o presidente Obama pelado, eu só preciso cobrir meus olhos, ou as pessoas vão acabar descobrindo que sou o Conde Drácula. - Ele riu e fez uma careta engraçada - Mas obviamente, a vampira dos melhores dentes é você.

– Eles são afiados! - Dei um sorriso de lado e projeitei meus dentes para frente - Ok, Conde Drácula machine, aqui estão. - Abri minha bolsa e retirei o meu par extra de óculos da caixa - Uma pena a armação não ser o presidente Obama pelado, ficaria elegante em você! - Entreguei os óculos na mão de Robert, que os colocou rapidamente.

– Obrigado, mas quem não ficaria elegante com o Obama sem roupas no rosto? Posso te devolver no final do dia?

Afirmei que sim com a cabeça, e então, minha vez na fila finalmente chegou. Conversei por mais algum tempo com Flo após pegarmos nossas bebidas, mas logo tivemos que nos despedir. No final do dia eu estava extremamente bêbada, suada e fingindo morder pessoas que eu nem sequer conhecia. Depois de me encontrar e farrear com a minha garota Rihanna, em uma de suas participações no show de Calvin Harris, finalmente me encontrei com Robert, que parecia estar tão bêbado quanto eu.

Eu estava elétrica, mesmo depois de mais de oito horas fazendo o possível e o impossível no festival, eu ainda poderia aguentar muitas outras. Nós estávamos no meio do show do Weezer quando encontrei Robert. Ele estava com os óculos pendurados em sua camisa, e suas bochechas estavam coradas de um jeito fofo. O cutuquei meio sem jeito e então ele se virou dando um sorriso que imediatamente me fez sorrir junto.

– Eu achei que não ia mais te ver! – Disse ele se aproximando para que eu pudesse ouvir. – Muito obrigado pelos óculos, você salvou o meu dia. – Robert retirou o par de óculos da gola de sua camisa e os colocou em meu rosto.

– Ei acho que não preciso mais deles, são três da manhã. – Falei um pouco alto, enquanto tentava guardá-los em minha bolsa.

– Verdade. Além do mais, os seus olhos são bonitos demais para ficarem cobertos.

– O quê? – Eu não havia entendido uma palavra devido ao barulho imenso que vinha do palco.

Então ele se aproximou de mim e eu senti um frio engraçado na barriga. Ele era bem mais alto do que eu e teve que se curvar para falar comigo.

– Eu disse... – Senti sua respiração quente bater em minhas têmporas e o jeito grave e lento com ele pronunciou as palavras, me fez sentir um leve calafrio – Que seus olhos são bonitos demais para ficarem cobertos.

Pisquei algumas vezes, até me tocar que ele ainda estava com seus lábios próximos ao meu rosto. Fiquei na ponta dos pés e aproximei minha boca perto de seu ouvido desastradamente e sem nenhuma coordenação. Ensaiei em minha mente alguma coisa sexy para dizer, mas só conseguir emitir uma palavra.

– Obrigada. – Aquilo soou de um jeito embriagado e me senti envergonhada, visto que logo após, ele soltou uma pequena risada.

– Posso te oferecer uma garrafa d’água? – Robert disse um pouco alto dessa vez, afastando uma das mechas do meu cabelo recém-pintado de meu rosto.

– Água? – Dei uma risada escandalosa – Eu prefiro uma garrafa de cerveja. Ou talvez duas.

– Então você pode me oferecer uma garrafa d’água? – Ele me disse mordendo o canto do lábio inferior, parecendo um pouco nervoso.

– Posso te oferecer uma garrafa d’água? – Falei com uma voz exageradamente manhosa, e ele pareceu apreciar.

Nós estávamos flertando. E eu gostei disso.

Depois de todo o flerte, nós tratamos de dar um jeito de sair dali. Shannon e Johnny nos acompanharam. Compramos as devidas bebidas e sentamos em um lugar bem iluminado na grama. Começamos a conversar os quatro, mas depois de um tempo, Johnny percebeu o que estava acontecendo e tratou de nos deixar sozinhos. Conversamos sobre coisas aleatórias, de vez em quando eu fazia alguma piada sobre o fato de ele ser britânico e ele retribuía com uma piada sobre "onde eu deveria colocar meus dentes de vampiro". Nós passamos duas horas e meia conversando, e quando ficávamos em silêncio, eu o olhava de um jeito que o fazia corar. Por mais que eu quisesse desesperadamente beijá-lo, ele apenas segurou minha mão como um cavalheiro, e aquilo só aumentou a minha vontade de agarrá-lo.

Estava começando a amanhecer quando Markus e o resto do pessoal nos encontraram. Obviamente, eu pedi o número dele e ele tratou de pegar o meu. Na hora de nos despedirmos ficamos um pouco para trás antes de ir.

– Você vai voltar em mais algum dia de apresentações por aqui? – Ele me perguntou de um jeito esperançoso que me cortou o coração.

– Não. Eu queria, mas vou estar tão ocupada nos próximos dias que não sei nem se vou conseguir ir ao banheiro... Você vai voltar?

– Sim. Como Flo se apresentou ontem, nós temos free pass em todos os dias do festival.

– Bem... Se eu voltar você vai saber. – Pisquei com o olho direito arrancando um sorriso torto de seus lábios.

– Eu quero mesmo saber. – Ele disse segurando minhas duas mãos me deixando um pouco sem jeito.

– Tenho que ir. – E então me aproximei para dar um beijo em sua bochecha mas sorrateiramente encostei em seus lábios, o que o surpreendeu.

Depois do pequeno acidente proposital, Robert tentou dizer algo, ele parecia intrigado e surpreso. Eu não saberia dizer naquela hora se ele havia gostado. Mas após três horas, uma SMS interessante com o seu número havia chegado.



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Notas finais do capítulo

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