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- Vamos Keka levanta, levanta, já está na hora! - Emma gritava eufórica ao lado da cama.

- Terremoto, alguém me acuda. - Zoava Érika rindo para a meia irmã.

- Sem graça. - Fez biquinho e cruzou os braços.

- Minha pirralhinha não fica assim. - Diz se levantando e apertando as bochechas de Emma.

- Poxa vida Keka, quando deixarei de ser pirralhinha pra você?

Érika fica pensando um pouco, com uma das das mãos em seu rosto sorri para Emma e diz:

- Acho que nunca já que sempre serei a mais velha. - Fala em tom de brincadeira

- Isso é injusto Keka, muito injusto.

Érika ri do comentário da meia irmã e segue para o banheiro para fazer sua rotina matinal, olha para sua imagem refletida e respira fundo, para ela mesma não era preciso enganar sua tenção de ir para o novo colégio e todos os seus medos e sentimentos, deixa uma lágrima discreta escorrer, lembrando de como sua mãe estaria sem ela, e que alguns meses atrás ela estaria se arrumando para ir ao encontro de seus amigos e agora ela estava indo ao encontro do desconhecido.

Quando saí do banheiro vê sua cama arrumada, um uniforme na cama e uma pequena mala que não era a dela, olha em volta vê uma mulher desfazendo suas malas. Érika não entende nada, vai até a mulher e pergunta.

- Desculpas, mas o que você pensa que está fazendo?

- Bom dia Senhorita Érika, eu sou uma das empregadas do seu pai, estou arrumando suas malas, para quando voltar no final de semana, tudo esteja em perfeita ordem. - Diz a moça com um sorriso.

- Ah! Tá bom então. - Diz sem graça e vai se arrumar.

“Acho que será mais difícil do que imaginei me acostumar com essa nova vida, sempre tive que fazer tudo e agora uma empregada faz, meu Deus já posso voltar? Já aprendi a lição”

Érika sorri dos seus pensamentos, termina de arrumar quando ela estava indo em direção à porta para sair do quarto ouve batidas na mesma ao abri-la vê um homem de terno sorridente.

- Bom dia Senhorita, posso levar sua mala?

- Minha mala? - Olha fazendo careta.

- Sim, a Lígia já havia me informando que estava pronta para levá-la.

- Lígia? Faz outra careta.

- Está pronta sim Tomás pode entrar. - Diz a mulher que estava desfazendo suas malas.

Érika olha para os dois sem entender. Observa a moça entregar a mala que ela tinha visto ao sair do banheiro a qual ela sabia que não era dela, pelo menos achava que não.

- É.. alguém pode me explicar, não estou entendendo nada.

Lígia sorri e fala calmamente.

- Senhorita o que não está entendendo?

- Tudo. Você no meu quarto, minha cama arrumada, uma mala que não é minha, um moço que não sei o que veio fazer. Tudo.

- Bom como disse, sou uma das empregada do seu pai, meu nome é Lígia, eu arrumo todas as camas assim que cada um acorda, faço e desfaço malas, deixo tudo em ordem, estou aqui para isso. Esse é Tomás o motorista, ele veio retirar a mala que você levará para o colégio, seu pai pediu para que eu deixasse tudo pronto. Mais alguma dúvida Senhorita?

- Sim. Tem como não me chamar de Senhorita, só de Érika?

- Ah! Como a Senho... desejar. - Sorriu sem graça.

- Obrigada. - Falou e saiu do quarto respirando fundo.

“Calma Keka, você tendo sorte, até o final do ano acaba”

Érika desce as escadas e vai para cozinha tomar café, mas não encontra ninguém.

- Esqueci que todas as refeições são na sala de jantar, mesmo o nome dizendo “sala de jantar” - Falou rindo

Ao chegar na mesa é recebida por sorrisos tanto do seu pai como de Alice.

- Bom dia minha filha dormiu bem?

- Sim pai, obrigada. - Falou sorridente

- Ansiosa para o novo colégio? - Pergunta Alice

- É um pouco. - Fala sem jeito.

- Lá é muito legal Keka, tenho certeza que fará um montão de amigos. - Diz Emma colocando um pedaço de bolo em sua boca.

- Assim espero. - Suspira.

Ethan sorri para filha e começa a ler seu jornal, Alice sempre amável oferece tudo que estava na mesa para Érika tentando deixá-la o mais a vontade possível, Emma toma seu café sempre falando algo com Érika. Ela por sua vez estava se sentindo sufocada, sabia que eles só queriam seu bem, que estavam se esforçando para ela se sentir bem, mas ela preferia sua antiga vida, onde podia fazer tudo do jeito que queria e como queria, no fim seria bom ficar a semana inteira longe de todos, quem sabe assim mesmo estando presa se sentisse menos sufocada.

Eles terminam o café, Ethan segue para o serviço e as meninas para o colégio. Assim que Tomás pará o carro Érika sente um gelo percorrer por toda extensão do seu corpo se concentrando depois na barriga.

- Puxa. - Falou sozinha.

Emma sorri para Érika e incentiva a sair do carro, ela corresponde com um sorriso, agradece a Tomás e sai olhando por toda volta.

- Bom Keka, nos despedimos aqui, minha turma fica no outro lado da escola, mas nos vemos nos intervalos. - Falou sorrindo.

- Primeiro terei que me achar para depois te ver nos intervalos. - Falou ainda olhando o colégio. que era enorme.

- Você vai se achar rapidinho, mas acredito que primeiro tenha que ir na sala do diretor para pegar uma autorização para entrar nas aulas e lá você saberá quais salas devem ir, enfim saberá tudo. Bejinho Keka. - Falou sorrindo e saindo correndo em seguida.

- Ótimo, mas aonde é sala do diretor?

O colégio era simplesmente lindo e muito maior do que Érika podia imaginar, ela começa a andar sem direção, até que acha um caminho com pedrinhas em meio a um jardim.

- Bom acho que esse caminho leva para a sala do diretor, porque em nenhum outro lugar achei pedrinhas, indicando um caminho. Ela suspira e segue o caminho, mas sempre olhando para trás para ver se não estava se perdendo ainda mais, até que sem saber como é jogada no chão.

- Ei garota, presta mais atenção. - Fala um menino lindo, loiro com os olhos azuis, que na verdade lembrava os de alguém.

“Eu conheço esses olhos, mas de quem?”

Érika fica olhando por um tempo imerse aos seus pensamentos o menino loiro de olhos azuis se levantando sacodindo a poeira e fala.

- Vai ficar caída aí por muito tempo? Você não acha mesmo que vou te ajudar a levantar depois de entrar no meu caminho, porque se for vai ficar aí o dia todo. - Falou sério.

Érika se dá conta que ainda estava no chão e por ele tê-la derrubado.

- Ei, você me derruba e diz que eu estava no seu caminho? - Érika diz brava e levantando.

- Mas é claro que você estava no caminho, estava olhando para trás como poderia te ver?

- Bom eu também estava olhando para trás então também não tinha como te ver. Falou séria e vermelha.

O menino lindo apenas a observava, cruzou os braços, a medi-o da cabeças aos pés.

- Eu nunca te vi, é nova aqui?

- E porque mesmo lhe devo satisfações? - Falou levantando uma das sobrancelhas.

- Verdade, não me deve. Agora saía do meu caminho que preciso passar.

- Não te ensinaram a pedir licença? - Falou sarcástica.

O menino sorri se aproxima e diz ao seu ouvido.

- Assim como não me deve satisfação eu não lhe devo educação. - Sorriu bem próximo dela a empurrou para o lado e saiu andando.

- Mas .. mas .. que … sem educação. - Falou olhando ele sair e sumindo aos poucos

- Comecei bem. - Voltou seu olhar ao caminho até que achou o que tanto procurava. A sala do diretor.

Ao entrar surpreendeu como era bonito o lugar, então uma senhora se aproximou e perguntou um pouco grossa.

- Não deveria estar na sala de aula mocinha?

- Deveria, mas antes preciso saber em qual sala entrar. - Falou sarcástica.

“Parece que todos nesse lugar são grossos, aff.”

A mulher cruza os braços e fica encarando Érika, que faz a mesma coisa, elas ficam alguns segundos assim, que para Érika parecia uma eternidade, até que ela ouve uma voz masculina.

- Posso saber o que acontece aqui?

As duas se viram no mesmo instante para o autor da voz masculina, um homem com cerca de 40 anos, de terno, bonito e aparentemente muito sério.

- Sr. Hooper essa menina não está na sala de aula e quando eu perguntei ela foi mal educada.

- Ah! Eu fui mal educada? Que coisa não? Achei que a Sra. Também foi.

- Quietas as duas, qual o seu nome menina?

- Érika. - respondeu seca.

- Érika? Qual o sobrenome?

- Albuquerque.

- Umm, tem mais algum?

- Stalteri – Respondeu bufando ao homem.

- Srta. Stalteri me desculpe pelo inconveniente com a minha assistente, venha a minha sala, precisamos conversar.

Érika não entendeu nada. Olhou para a mulher que à olhava com fúria, sorri e segue o diretor, mesmo não entendo o que aconteceu só o fato de vencer a mulher para ela já foi suficiente. Como ela mesma prometera, já que não teve alternativa e teve que mudar de vida do dia para a noite, aproveitaria para deixar de ser a boba que sempre foi, agora era olho por olho, dente por dente.

Ela entra na sala senta aonde o diretor indica e observa o nome na placa em cima a mesa. “Aadhi Hooper” e logo ele senta na frente dela a fazendo desviar a atenção da placa.

- Bom, como pode ver meu nome é Aadhi Hooper, mas conhecido como diretor Hooper, sou um antigo amigo do seu pai, ele me disse que começaria hoje, mas esquecemos de combinar os detalhes e avisar a minha assistente, novamente peço desculpas pelo ocorrido e espero que não comente esse pequeno engano ao seu pai. - Sorriu tentando ser simpático.

- Ah agora entendi. - Falou alto colocando suas mãos nas bocas

- Desculpas não entendi.

- Nada não, mas pode deixar não irei falar nada ao meu pai, agora o Sr. Pode me passar as aulas e para onde devo ir? Estou totalmente perdida.

- Claro.

Érika olha atentamente para o diretor, agora ela sabia o motivo da mudança dramática no lado de fora da sala, junto a sua assistente, ele conhecia e temia seu pai, ela não sabia se isso era bom ou ruim, mas isso ela descobriria com o tempo. O diretor passa para Érika todas as regras do colégio., as aulas, o mapa para as salas de aula de cada matéria, as aulas que ela poderia fazer complementares e a chave do seu quarto.

- Quarto? Ai meu Deus, a minha mala ficou no carro. - Érika falou levantando da cadeira lembrando que quando saiu do carro não pegou sua mala.

- Calma Senhorita Stalteri. O motorista do seu pai sempre que deixa a sua irmã já leva a mala para o quarto dela, com certeza ele fez o mesmo com a sua.

- Mas como se nem eu sabia do quarto.

O diretor riu do comentário que ouviu, respirou fundo e disse:

- Parece que você não sabe muito coisas ainda, mas com o tempo você saberá.

- Não entendi.

- É melhor você ir logo para a sala de aula, pois eu mando na escola, mas sala quem manda é o professor e se chegar atrasada eles não te deixar entrar eu não poderei fazer nada sobre isso.

- Ok, eu vou, até mas Sr. Aadhi.

- Sr. Hooper, senhorita.

Érika sorri e sai da sala.

- Bom, pelo menos agora eu tenho um mapa. - Disse olhando para qual sala ir.

- Aqui não tem aulas de literatura, não sei porque mas sentirei tanta falta dessa matéria aqui. - Falou rindo e indo em direção a sala.

Ela passa pelos grandes corredores sempre com um olhar em sua direção, mas ela não se incomoda, até porque ela já conheceu todos os olhares possíveis na outra escola, mas alguns não era nada.

Ela chega na sala e o professor já estava nela, ela pede licença lhe entrega um papel assinado pelo diretor, ele á olha e aponta para uma cadeira, volta para o que estava fazendo.

Ela vira-se para sala e vai se sentar na cadeira indicada pelo professor, sem olhar para ninguém, em pouco tempo o professor levanta, fecha a porta e começa a dar sua aula de matemática. Érika fica perdida na aula, primeiro ela não gostava de matemática., segundo ela nunca tinha visto aquela matéria na vida, terceiro seu inglês era bom, mas não o suficiente para entender o que o professor falava ao mesmo tempo que aprendia uma matéria totalmente nova, por um segundo ela teve vontade de sair correndo daquela aula, daquele lugar e sumir, mas ela apenas respirou fundo e esforçou ao máximo para conseguir entender a matéria, até que finalmente a aula acaba. Ela vê todos levando e saindo, estranha, até lembrar que lá eram eles que mudavam de sala e não os professores como ela estava acostumada. Ela pega novamente o mapa que estava em seu bolso para ver para onde deveria ir, sai sala ainda olhando o mapa, até que alguém bloqueia a sua passagem.

- Viu como é nova por aqui. Precisa de mapa para se achar. - Falou o mesmo menino que antes havia lhe derrubado.

Érika fecha a cara, não entendia qual era daquele garoto, que primeiro a derruba, depois a acusa, a emburra para não pedir licença e agora barra sua saída fazendo gracinha. Em seus pensamentos isso só poderia ser castigo.

Érika respira fundo e fala calmamente.

- Por favor, você poderia me dar licença?

- E se eu não quiser, o que vai fazer? - Falou próximo do seu rosto sorrindo sarcasticamente.

- Isso. Érika pisa com tudo no pé do menino fazendo ele gritar no mesmo instante ela aproveita e o emburra, fazendo todos os meninos que estavam com eles rirem da situação, ela sai rindo também indo em direção ao outro corredor.

Ela chega na sala que estava marcando em seu horário e para a sua surpresa a porta estava fechada, ela bate na porta e olha pela janelinha para ver se o professor ia abrir, mas ele não o fez, apenas olhou no relógio e continuou a falar com a classe.

- Mas que saco, não acredito que por causa daquele otário vou perder aula. - Bufou e olhou em volta, o corredor parecia abandonado, todos estavam em suas salas de aulas, então de longe ela vê a mesma mulher que antes tinha sido grossa com ela, era a assistente do diretor.

- Fora da sala de novo senhorita Stalteri?

- Meu nome é Érika e acho mais interessante a sala de aula do lado de fora, onde tem ar fresco. - Falou sorrindo.

- Ah! Sua malcriada, da outra vez o diretor te safou, mas desta ninguém vai te safar, já para a sala de detenção. - A mulher disse autoritária.

- Tá bom eu vou, mas antes a Senhora precisa me dizer aonde é.

- Toda engraçadinha não é verdade? Quero só ver depois da detenção, te vejo em cinco minutos. Após terminar virou e saiu como um furacão.

- Mas eu não sei onde é mesmo, meu Deus eu sabia que iria ser difícil, mas assim não vai dar certo, que coisa. - Falou pegando o mapa e vendo onde ficava a sala de detenção, após analisar um pouco viu que que a mesma ficava na outra extremidade do colégio, olhou para o relógio em sua mão e começou a correr.

- Mas que droga.

Ela correu sem parar nenhum momento até que conseguiu chegar na sala de detenção a tempo, nela existia algumas pessoas e uma mulher sentada em uma mesa e a assistente do diretor em pé olhando no relógio e apontando para ela se sentar em uma cadeira, ela respira fundo e opta por sentar no fundo da sala, bom agora era só esperar as aulas acabarem para achar seu quarto e tentar esquecer aquele dia horroroso, para ela nada mais poderia acontecer, até ela ver o menino loiro de olhos azuis entrar na sala entregar um papel para a mulher sentada e no momento que ele vira-se seus olhares se cruzam, ele sorri para Érika que fecha a cara no mesmo momento, tentando impedir em um olhar a sua aproximação, mas foi inútil, ele se senta ao seu lado.

- Logo no primeiro dia de detenção, mas que menina malvada. - Falou em tom de brincadeira

Érika o olha seriamente e não diz nada, apenas sorri debochadamente e volta a sua atenção para frente, encosta a cabeça na parede e fecha os olhos, mas uma bolinha de papel a atinge, ela olha para o menino ao seu lado querendo matá-lo, mas antes de dizer alguma coisa a mulher que estava sentada. Grita.

- Nicholas quieto se não aumento sua detenção para a semana inteira.

Érika sorri vencedora para Nicholas, agora ela sabia o nome dele e sem precisar dizer ou fazer nada fez o ficar quieto, colocou a bolinha de papel na mesa e voltou para sua posição anterior, os segundos pareciam horas e as horas eternidades naquela sala, até que finalmente a mulher anuncia o fim da detenção e sai da sala, Érika mais que depressa pega o bolinha de papel e joga em Nicholas, ele já estava levando quando é atacado, ele olha para a bolinha e depois olha para Érika.

- Mais uma qualidade sua que eu descobri, você é vingativa.

- É digamos que aprendi a tratar as pessoas como elas me tratam, isso não é vingança é apenas um espelho. Érika sorri, pisca para Nicholas e sai da sala, ela não conhecia esse seu lado, mas agora tudo estava valendo, porque alguma coisa naquele menino há incomodava, mas ela não sabia o que era, então a melhor forma era se defender de todas as formas. Pensou enquanto ia a procura do seu quarto.

Foto Nicholas - http://www.4shared.com/photo/eCC8HF5G/Nicholas.html