O que é pior: Morrer ou perder uma viajem para Cancun?

Hoje de manhã Beck me disse que não iríamos mais para o casamento de seus tios, pois eles descobriram que eu viria. Por minha culpa! Minha culpa! Nos não vamos mais... Beck passou a manhã inteira me dizendo que seus tios eram estúpidos, e que a culpa não era minha,ele também disse que nem queria ir a Cancun. Era mentira, eu já sabia... Mas de qualquer forma, ele me fez sentir bem.

De tarde, parece que o jogo havia virado novamente. Eu iria junto com o Beck (e meus “amigos”) para um lugar chamado Yerba, muito parecido com Cancun, variamos um show lá para pagarmos tudo. Isso seria incrível.

- Não Jade, eu não acho que você deveria usar isso... – Beck pediu, olhando para um super mini short jeans preto que eu tinha em minhas mãos. Eu estava fazendo as malas para irmos a Yerba, enquanto isso Beck estava no site do País, e me falava o quão é parecido com Cancun. Isso me deixava tão feliz.

- Mas por que não? – Eu perguntei piscando os olhos inocentemente. – Eu acho que combinaria muito bem como meu novo biquíni, você já o viu?

- Por favor, Jade,não faça isso comigo. – Ele pediu inclinando a cabeça.

Eu fiz biquinho e os meus melhores olhos de cachorrinho pidão.Beck não resistia a eles, de modo em que eu tinha tudo o que quisesse. Ele suspirou. – Tudo bem, mas não use esse short na rua. Entendeu?

- Mas Beck!! – Eu gritei como uma criançinha. Hoje eu estava agindo como uma. – Você não é meu pai! É meu namorado... Deixe-me usar o que eu quero!

- Por isso mesmo. Jade, você está agindo como minha filha. Então, é certo que você vai ser tratada assim. Baby, só use esse short dentro do quarto... – Ele pediu novamente. Eu revirei os olhos.

- E o que vai ter de especial dentro do quarto para me ver usando isso? – Eu perguntei, levantando o short no ar.

- Eu. – Ele falou sorrindo. Eu troquei um sorriso malicioso, e me sentei no colo dele. Pronta para beijá-lo.

-  Ei Jadey e Becky! – Cat apareceu do nada na tela do notebook do Beck. – Ooh momento Bade! Uhh...

A reação dela nos fez ficar constrangidos. Não era para ninguém nos ver fazendo... Isso. Muito menos a Cat...

- Cat! O que você quer? – Eu gritei com ela, ainda em cima do Beck.

- Uh, conversar! – Ela respondeu sorrindo.

- Por que? – Eu resmunguei.

- Ah, eu estava pensando em que roupas levar para Yerba, e bom, talvez você possa me ajudar a escolher e... – Ela começou.

- Cat! Eu não vou te ajudar com uma montanha de roupas cor de rosa!– Eu gritei. Ela iria começar a chorar a qualquer momento.

- Oh perdão... – Os olhos dela se fecharam,sua voz saiu como um murmuro fraco. Eu me arrependi instantaneamente.

- Olha, me desculpa Cat... Mas eu estou arrumando as minhas coisas agora. – Eu falei, passando a mão na testa.

- Bom, não foi isso que pareceu quando eu liguei o chat. – Ela disse me fazendo corar, pelo canto do olho pude ver Beck segurando uma risada.

Suspirei. – Cat, por que não pede o Robbie para te ajudar? Ele mora perto de você, e é bom com roupas... – Eu falei esperando a reação dela.

- Oh! Boa idéia Jade! Haha, você é tão esperta! – Ela sorriu acenando, enquanto desligava o chat rapidamente.

Respirei fundo. – Beck, nunca mais deixe seu chat ligado enquanto estamos fazendo isso!

Ele sorriu. – Tudo bem.

Sai do colo dele e fui em direção a minha grande mala preta. Olhei novamente para aquele short, é eu só o usaria para alguém muito especial ver...

--Quebra de Linha.

O vôo foi tranqüilo, uma parte eu passei bebendo café, enquanto segurava a mão de Beck, e a outra eu passei dormindo no colo dele. Cat tirou uma foto e ficou mostrando para todo mundo, até eu descobri e tirar o celular da mão dela.

Havíamos chegado a Yerba, e não era como o site mostrava... Não falamos nada até chegarmos ao hotel... E foi ai que começamos a reclamar.

O hotel era assustador e nojento. Era um lixo! Suspirei... Por que diabos Tori nos mandou para uma viajem no pior país do mundo!?

Yerba era um lixo, destruído e em guerra. Suspirei, Tori vai me pagar por isso... E ela vai se arrepender muito de ter nascido!

Soldados invadiram o hotel horrível e levaram embora um dos atendentes! Que lugar horrível é esse?

Eu percebi que Beck havia passado protetoramente os braços ao meu redor, me protegendo desses soldados mal-assalariados. Agradeci a ele. Meu herói.

Pelo menos eu teria Beck aqui comigo, e era só fazer esse show estúpido e iríamos para casa.

Peguei as chaves dos nossos quartos, e fomos escolher. Como eram apenas dois quartos grandes para nós, as meninas ficaram em um, e no outro apenas os meninos.

- Ainda acho injusto ter que dormir ao lado do André e não de você. – Beck reclamou pela terceira vez sobre isso. Nos estávamos sentados no sofá da recepção, enquanto os outros ainda brigavam com o gerente.

Eu sorri. – Vou ter que aturar a Cat e seus sonhos bizarros sobre cupcakes durante toda a noite, Beck. Pare de reclamar.

- É claro que não! Você dorme igual uma pedra... Nem vai perceber que esta dormindo no pior país do mundo, no meio de uma guerra e num hotel nojento.

- Ah por favor, não me lembre disso. – Eu reclamei. – Ei! Eu não durmo igual uma pedra.

- Jade, hoje de manhã eu só consegui te acordar apenas te puxando pelo pé, mas você caiu no chão frio  e mesmo assim voltou a dormir. – Ele me fez rir.

- Pare com isso... – Pedi brincalhona, ele me deu um beijo na bochecha.

Continuamos a conversar, até que já era tarde da noite... E então, cada um foi para o seu quarto.

POV Beck.

A noite foi horrível. Eu senti muita saudade de dormir em conchinha com a Jade... Odiei o fato de estar acontecendo explosões do lado de fora... Não conseguíamos dormir. Todos apareceram na sala de estar com medo, Tori disse que soldados yerbianos haviam entrado em  seu quarto e levado um inimigo que também havia invadido.

Me perguntei onde estaria Jade, pois até agora ela não havia aparecido.

- Ei,eu estava dormindo e olhe só o que eu encontrei sentado em meu peito. – Ela disse chegando, seu cabelo estava uma bagunça e ela segurava uma lagartixa em sua mão.

- E ele estava morto? – Cat perguntou.

- Agora está. – Jade respondeu maleficamente, enquanto limpava o canto da boca. Sikowtiz estremeceu, Tori olhou com medo. Eu sorri, Jade não era uma garota comum, e era isso que eu mais gostava nela.

E claro que ela estava mentido sobre ter “mordido” a lagartixa, mas o que me perturbava era por que a maldita lagartixa teve que deitar no peito dela ... Por que eu estou com ciúmes da minha namorada com um bicho morto!?

Havíamos passado o resto da noite conversando na sala, até que as meninas voltaram para o quarto.Depois de um tempo o sol havia aparecido novamente, hoje seria o show e poderíamos ir para a casa.

Encontrei a Jade andando pelo corredor, já com suas roupas normais e seu cabelo arrumando.

- Ei... – A chamei, ela se virou para mim.

- Huh?

A puxei suavemente pela cintura, com um sorriso, a beijei. Senti tanta falta dela nessa última noite, e devo confessar que também tive medo de algo ruim pudesse acontecer a ela. Nunca me perdoaria se ela saísse daqui machucada, ela é minha responsabilidade. Eu preciso protegê-la por um amor louco.

- O que você quer? – Ela perguntou, ainda próxima de mim.

- Você. – Eu respondi, ela sorriu mais ainda e voltou a me beijar. Nos não sabíamos que esse seria nosso último momento livre.

--Quebra de Linha.

POV Jade.

O show ia até bem, mas parece que o sapato da Tori não gostava do pé dela, e sim do olho do governador de Yerba. Eu odeio essa garota!

Eu e Sikowitz tentamos até fugir, afinal, eu era a única jovem da família a não ser presa ainda. Só que me capturaram, me capturaram! Sikowtiz havia desaparecido...

Agora nos estamos vestidos em horríveis macacões alaranjados, dentro de um presídio imundo de Yerba, sendo que o Beck está do outro lado da grade. Eu não posso beijá-lo quando tem vigas de ferro impedindo nossos lábios de se encostarem.

Ficamos sentados no chão o dia inteiro, suas costas nas minhas, e os nossos dedinhos mindinhos ligados.

- Beck, diga-me o quanto a Tori é estúpida! – Eu comecei, regulando meu tom de voz apenas para ele ouvir.

- Jade, não comece com isso... – Ele iria proteger a Tori novamente. Ugh!

- Como assim? Beck, ela nos leva para o país mais horrível do mundo, e depois nos deixa presos! Nem eu consegui fazer isso! Como que você pode estar protegendo ela assim? – Eu me queixei.

- Jade, eu não estou protegendo ela. Você acha isso... Mas eu estou apenas indo para o lado certo... – Ele disse.

- Ah! Então o lado certo sempre é aquele da Miss. Sue que você tanto ama, e o lado errado é eternamente o de sua namorada, a pessoa que você deve sempre apoiar! – Eu gritei com ele, razoavelmente, ninguém ouviria nossa discussão.

- Baby, por favor... Não seja dura assim... Estamos presos! – Ele tentou mudar o assunto.

- É claro, Beck! Tudo isso por causa dela. – Eu o respondi, friamente. Segurando as lágrimas. Eu odiava tanto aquilo! Eu preferiria ficar mil vezes em casa, e não ter nada para fazer no verão ao invés de vim para cá e passar por tudo isso.

- Não aja imatura, Jade... – Ele pediu.

- Imatura, Beck? Como assim? Desde que ela chegou você nem liga mais para o jeito de como estou agindo, você nem se importa mais! É sempre protegendo ela, falando dela, defendendo ela. Você nunca mais me defendeu quando eu precisava! – Eu segurei meus soluços e minhas lágrimas, a cada segundo isso se tornava mais impossível.

Senti ele sorrindo. – Jade, você não precisa disso... – Ele começou, seu tom de voz embargado pelo sorriso. – Você sempre foi forte o suficiente para ser protegida, você nunca precisou ser defendida, pois você sempre conseguia isso sozinha. Você nunca precisou de apoio, pois você já havia montado sua base há muito tempo, Jade. Entende? É por isso que às vezes eu fico do lado da Tori, ela é fraca e insegura, diferente de você. Ela tem problemas e não consegue se lidar com eles sozinha, ela sempre precisa de alguém para defendê-la, pois ela não conseguiria... Viu Jade? É por isso que eu não estou sempre ao seu lado, pois você é forte o suficiente.

Eu deixei algumas lágrimas caírem. Era tão estranho ele achar isso... Sendo que eu achava o contrário. Sempre achei Tori suficientemente forte para ter tudo, sem ao menos tentar. Desde peças há melhores opções, ela sempre foi a favorita do meu professor favorito. Ela sempre teve tudo. Era por isso que eu não gostava de ver o Beck a protegendo, pois, eu tinha medo, que com o tempo, ele pudesse me trocar por ela. E ai sim, Tori Vega levaria tudo que um dia foi meu e também levaria como um bônus o que havia me restado, o único amor da minha vida.

- E-eu não acho isso ... – Disse, tentando esconder meu choro.

- Eu acho. – Beck respondeu. – Na verdade, eu tenho certeza.

- Diga que me ama e que não vai me trocar por ela, Beck. – Pedi, olhando para o céu azul.

- Palavra mágica? – Ele pareceu surpreso, mas por fim pediu.

- Pare com essa estupidez! – Eu gritei de volta.

- Jade. – Ele me restringiu.

Suspirei. – Por favor?

- Eu amo você, minha linda. E nunca vou trocar você por ninguém.

- Eu sei. – Menti, contente.

- Então porque me pediu para te dizer?

- Eu gosto de ouvir você dizendo isso. – Falei enquanto enxugava minhas lágrimas com meu braço.

Ele riu.

- Vamos, Sikowtiz está solto e escondido em algum lugar. Vamos procurar ele e montar um plano de fuga. – Eu disse, me levantando do chão. – Não conte para ninguém, quanto menos pessoas souberem, melhor...