Changes escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 7
Courage


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, faz anos que eu não atualizo. Sem explicações. Só sou uma preguiçosa.

Mas aqui está, um capítulo sem muitos acontecimentos, mas mesmo assim importante para a história.



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Acordei com a luz do sol em meu rosto. Demorei um pouco para processar o clima. Estava bem mais quente do que no dia em que cheguei à cidade. Quase sorri. Me levantei e peguei o celular na mesa de cabeceira, percebendo que acordei cinco minutos antes do despertador. Me espreguicei, aproveitando a luz e a temperatura.

Ouvi uma batida na porta, e virei minha atenção em direção ao som. Eu estava prestes a convidar quem fosse que seja para entrar, mas vi o diário de Alice no chão a centímetros da entrada. Me levantei num pulo, peguei o diário colocando-o atrás de minhas costas, e abri a porta.

– Bom dia – Sophie falou, erguendo uma sobrancelha. – Posso entrar?

– Humm... Na verdade eu estava prestes a ir ao banheiro, mas fique a vontade – falei, hesitante.

Ela passou por mim, sentando na cama. Coloquei o diário dentro da minha bolsa do colégio, e fiz meu caminho para o banheiro. Eu achava que não havia nenhum problema com Sophie, eu gostava de sua amizade, mas agora eu estava começando a me sentir um pouco incomodada. Ela quase não desgrudava. A não ser no colégio, onde ela era repleta de amigos, ela não saía do meu pé.

Tá, eu entendia que ela não tinha irmãos, mas ela deveria ser acostumada com isso, não é? Por que eu era. Ninguém podia ocupar o lugar do meu irmão, então eu não sentia falta de ter um irmão. Eu sentia falta de ter meu irmão.

Mas eu não iria falar isso na cara da pobre garota. Eu mal cheguei aqui. Talvez ela se entedie comigo, com o passar do tempo.

Me troquei, colocando uma blusa fina qualquer, jeans, e fiz uma trança rápida nos cabelos. Entrei no quarto e me deparei com Sophie segurando o diário nas mãos e me desesperei.

– Não... Leia isso – tentei ao máximo controlar meu tom de voz e minha expressão facial, puxando o livrinho de suas mãos o mais delicadamente que pude.

– É o seu diário? – ela perguntou, assustada.

– A-ham – dividi meu murmúrio em duas sílabas, sem saber ao certo se ela tinha entendido ou não. Limpei a garganta e falei num tom mais pronunciado:

– Sim, é – o que estava havendo comigo? Eu era uma ótima mentirosa. Bom, antigamente.

– Desculpe – ela abaixou a cabeça.

– Tudo bem. Você não leu, leu? – perguntei tentando soar indiferente, mas um pequeno sentimento de pânico tomava conta de meus nervos.

– Não... Só estava vendo a capa... Bonita – ela parecia estar sendo sincera.

– Obrigada – parecia ser o certo a dizer se eu fosse a verdadeira dona do diário. – Vamos descer?

– Na verdade eu queria falar com você – assenti e esperei.

Ela continuou:

– Acho que Jacob gosta de você – ela disse, e vi uma pequena sombra de mágoa em seus olhos azuis.

– Mas ele mal me conhece – retruquei.

– Bom, ele só fala de você quando estou lá, e me pede toda hora para que te convide para praia... Nós meio que brigamos por causa disso.

– Por causa disso? Que besteira, Sophie. Diga a ele que pare – franzi o cenho. Isso podia ser interpretado como antipatia. Eu não podia me dar o luxo de ser considerada chata por ninguém. Eu mal havia chegado naquela cidadezinha. Eu tinha que me aproximar das pessoas e não afastá-las como eu sempre fiz e sou acostumada a fazer. Reformulei a frase que eu estava prestes a colocar para fora, tentando ser mais delicada:

– Se ele precisa brigar com os amigos por mim, ele já começou errado – assim estava melhor. Acho.

– A briga não foi culpa dele. Foi minha – ela disse, me surpreendendo. Ao encarar sua expressão de frustração e culpa, finalmente comecei a entender tudo.

– Você gosta muito dele, não é? – falei e ela assentiu timidamente. – Não se preocupe. Vou ficar fora do caminho dele.

– Não é isso que eu quero. Quero que ele seja seu amigo. O problema é que ele quer mais do que isso... E não posso culpá-lo. Você é toda rica e perfeita, e-

Uma gargalhada escapou de meus lábios, interrompendo sua frase. Rica e perfeita! Ri mais ainda, sem conseguir me controlar. Os minutos passavam e eu começava a ficar sem ar. Dei outra risadinha até que me vi capaz de falar sem explodir de rir novamente. Coloquei as mãos na barriga, que estava doendo.

Ah... Ai, ai... Foi engraçado – falei, e expirei.

– O quê? Você é – Dessa vez eu não ri, por que o seu tom de voz foi extremamente sério. Coloquei minha mão esquerda em seu ombro.

– Não sou. É por que você não me conhece direito. Mas olhe, essa não é a questão aqui – suspirei. – A questão é que: Ele não sabe. Ele não sabe como você se sente. Então, ele percebe as outras garotas... Mas se você disser à ele, aí as coisas vão mudar. Por que ele vai perceber você de um jeito diferente. E gostar de você de um jeito diferente.

– Não vai. E, além disso, eu não tenho coragem – ela disse, tristonha.

– Tem sim. E se não tem, procure ela dentro de você. Todos nascemos com a mesma quantidade de coragem, mas às vezes ela se perde dentro da gente. Você só precisa parar de ter medo de usá-la; Então ela aparece.

Sophie sorriu.

– Vamos. Se não a gente vai se atrasar – falei, me levantando da cama, e recolocando o diário dentro da minha mochila.

Eu queria saber usar meus próprios conselhos.


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Notas finais do capítulo

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