Believe escrita por emeci


Capítulo 9
7. Quando eu estou com você, tudo desaparece


Notas iniciais do capítulo

7 CAPÍTULO FINALIZADO! Finalmente hein? Até eu estava farta dele. Mas okay, podem me xingar, em mereço pela demora. Mas para compensar, já olharam quantas palavras tem? DEZ MIL E QUINHENTAS! É O MEU RECOOOOORDE! Okay, um capítulo muito grande para vocês lindinhas fofas. E, obrigada por não me abandonarem. Vocês são o meu sorriso *-*



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7º Capítulo


“Cause when I'm with you (…)Everything has disappeared”

Porque quando eu estou com você, tudo desaparece.

Justin tinha acabado de entrar no carro. Meus dentes ainda batiam, mas dentro do automóvel estava quentinho e acolhedor. Os bancos eram revestidos com um tecido macio de cor preta e os vidros opacos, fazendo com que dificilmente, alguém que nos visse lá de fora, reconhecesse Biebs. Ele olhou para mim, avaliando meu estado e, após um momento, se esticou para trás, pegando a jaqueta branca com que eu o vira. Ele sorriu e estendeu-ma, pondo-a em cima dos meus ombros.

--Assim a…a sua jaqueta vai … ficar to..to…da molha…da…da. – eu disse, com os meus dentes batendo.

Biebs sorriu para mim e se aproximou, me dando um beijo na testa. Esse pequeno gesto fez com que um sorriso simples surgisse em meu rosto. Biebs também afirmou que a minha saúde era mais importante que uma simples jaqueta. Eu sorri, envergonhada, olhando para o chão e ele riu com minha atitude. Vesti a jaqueta branca e logo deixei de ter frio. Mal a percebi em meu corpo, encolhi-me mais contra ela, tentando envolver todo o meu tronco. Ela era confortável e me aquecia, para além de ter o cheiro maravilhoso dele. Aquele cheiro de verão. De morango com caramelo que eu só encontrava nele. Enquanto eu estava perdida em pensamentos senti Biebs colocar a mão em meu queixo, me obrigando a olha-lo. Ele estava sério e o sorriso que eu tanto gostava, dessas vez, não frequentava os seus lábios.

--Porque você não me ligou? – ele perguntou, com uma voz um pouco triste, e um tanto dececionada.

Eu ri, encarando-o. Como poderia ter ligado para ele? E porque ele parecia estar triste comigo? Essas perguntas invadiam minha mente. Teria eu feito algo de errado? Algo que ele não tivesse gostado? Não estava percebendo aonde ele queria chegar com aquela pergunta.

--Biebs, o seu número de celular não se encontra na internet, sabia? – perguntei brincando, com um sorriso nos meus lábios, com o objetivo de esquecer meus pensamentos. Queria que ele se risse também para aquele olhar melancólico desaparecer, uma vez que causava um aperto em meu coração.

Porém ele continuava sério, me fitando com aqueles olhos castanhos onde a deceção continuava presente. Esfreguei as mãos uma na outra, me sentindo incomodada. Revivia os meus últimos atos e tentava encontrar a razão do porquê ele estar triste.

--Mas estava naquele papel que eu coloquei no bolso da sua calça, antes de você sair, na noite do show. – ele disse, calmo, me fitando agora com um brilho no olhar.

Eu ergui meu sobrolho. Que papel? Depois me lembrei. Antes de eu ter ido embora do apartamento de Biebs, na noite do show, Justin me tinha puxado e dado um selinho, colocando um papel no bolso da minha calça. A imagem passava nitidamente pela minha cabeça. Automaticamente, levei as mãos aos bolsos procurando a porra do papel, mas depois recordei. As calças daquela noite tinham ido para a lavandaria. E era suposto eu ir busca-las amanhã. E eu me tinha esquecido que elas continham um papel! O papel que Biebs me tinha dado! Meus olhos se esbugalharam e o coração batia forte. Como me podia ter esquecido disso? Desse detalhe tão pequeno mas tão grande?

Então era por isso que ele tinha agido como tinha agido. Ele tinha esperado meu telefonema, e eu não lhe tinha ligado. E depois tinha aparecido sem mais nem menos e … e…

Olhei para as minhas mãos envergonhada, esquivando-me do olhar dele. Ele merecia um pedido de desculpas.

--Desculpa… - pronunciei sincera, ainda sem ser capaz de olhar em seus olhos -  É que eu levei as calças para a lavandaria do hotel e me esqueci que você tinha posto o papel no meu bolso. Não me lembrei mais dele. Desculpa. – repeti.

Todas as atitudes que eu tinha considerado erradas da parte dele, afinal tinham uma razão. Tinham um motivo. E as minhas ações tinham sido o motivo das ações dele. Tudo culpa minha. E o discurso! Eu, que gritei com ele, dizendo coisas horríveis, quando quem se tinha esquecido do papel tinha sido eu? Quando o deixei pensar que eu não queria saber dele, e que toda aquela noite para mim não tinha tido significado?

Suspirei.

--Eu também te devia pedir desculpas pela forma como te tratei. Não foi delicado da minha parte.

Eu suspirei. A culpa não tinha sido dele. Olhei para Biebs que estava próximo de mim, fitando meus olhos. Tudo tinha sido culpa minha. Uma parte de mim, dizia para aquela confusão acabar ali, que tudo aquilo era uma loucura. O que quer que fosse que acontecesse dali para a frente nunca acabaria como eu esperava. Teria um fim. Um fim que me faria chorar, me despedaçaria. E, diante de mim estava uma oportunidade para por um final em tudo aquilo. Podia me ir embora agora e esquecer a última semana. Esquecer os beijos, os toques, os sorrisos. Seria mais fácil agora do que depois. Senti a agonia se instalar em meu peito. Tudo voltaria ao normal. Eu seria apenas fã dele e ele apenas o meu ídolo. Não precisávamos de continuar com isto. Com essas sensações, com esses sentimentos. Bastava eu me ir embora daquela porta neste preciso momento. Olhei para Justin, examinando-o. No entanto, ao observar aqueles olhos cor de mel e ao lembrar a noite em que nos conhecemos, soube que não podia. Que não conseguiria afastar-me dele. Pelo menos não agora. Não quando a possibilidade de aproveitar cada momento na sua companhia era tão irrealmente real. Já estava demasiado envolvida, quer quisesse quer não.

Não queria que ele ficasse triste ou aborrecido comigo. Era pior que tudo saber que o tinha desiludido. Porque ele continuava sendo o meu ídolo, aquela pessoa que me incentivou a continuar. Aquela pessoa que, de uma maneira invulgar eu sempre apoiaria, e de uma maneira mais invulgar ainda eu sabia que me apoiaria. Tínhamos aquela ligação entre fã-ídolo que só nós compreendíamos. Aquela ligação que fez com que conseguíssemos contar coisas, memórias, vivências que nunca tínhamos contado a ninguém. Após mais alguns segundos perdida em pensamentos, perguntei, olhando em seus olhos.

--Estamos bem?

Ele abriu um sorriso rasgado e deu um beijinho no meu nariz que me fez sorrir que nem uma boba, enquanto a agonia que se tinha apoderado do meu peito desaparecia. Era por estas pequenas coisas, pequenos gestos que eu me sentia tão completa quando estava com ele. Estas atitudes me faziam melhor. Me faziam sentir melhor do que alguma me tinha sentido.

--Porque não haveríamos de estar?

Ele me deu outro selinho me arrepiando, enquanto eu continuava sorrindo. Era incrível a facilidade com que ele me fazia sorrir. Com coisas tão bobas, mas tão fofas. O meu coração estava aquecido pelo carinho dele. Já nem cogitava a ideia de me ir embora. Se pudesse ficava ali com ele para sempre. Recebendo aqueles carinhos e retribuindo. Sendo feliz, sendo eu.

Ficámos falando besteira e rindo, enquanto contávamos o que tínhamos feito nesses dias. Nada importava sem ser nós. Estávamos fechados naquela bolha onde mais ninguém conseguia entrar. Eu, ele e nossas conversas bobas e selinhos repentinos. Nossas risadas altas e figuras bobas.

--Para onde você quer ir? – Biebs me perguntou, após um tempo que nos tinha parecido pouco dentro daquele carro.

Olhei para o meu estado. Estava toda molhada. A minha t-shirt estava colada ao meu corpo, delineando o formato do sutiã. As calças também estavam encharcadas e a minha pele fria. De meus cabelos escorriam grossas gotas da chuva onde eu estivera em baixo durante horas, deixando os cachos mais largos e lisos. Antes de fazer qualquer coisa, precisava de mudar de roupa. E comer qualquer coisa, pois estava com fome. Talvez a lasanha congelada que papai tinha comprado ontem. Era uma boa hipótese.

--Tenho que ir ao hotel me trocar e depois vemos. – avisei.

Ele concordou com a cabeça, ligando o carro. Eu examinava cada gesto dele. A forma como suas mãos se agarravam no volante, a forma como seus olhos piscavam, a forma como seus lábios se moviam.

--Às suas ordens, madame. – ele disse, piscando o olho para mim.

Eu ri dele, e um sorriso meigo permaneceu em meu rosto. Justin fez marcha a traz e depois seguiu aquela pequena rua até chegar a estrada principal. À medida que ele conduzia eu lhe dava as indicações de onde devia ir, para onde devia ir. Justin era um bobo e um idiota lindinho. Cantava as músicas que passavam na rádio desafinado só para me fazer rir, tentava perceber o que os espanhóis diziam, tirava as mãos do volante para me assustar, entre outras babuzeiras. As minhas gargalhadas eram acompanhadas por risos e gargalhadas dele. O encolher de ombros dele e caretas era acompanhado por revirares de olhos da minha parte.

--Justin olha para a estrada. – eu reclamei, quando ele estava me encarando. – Ainda vamos ter um acidente. –  falei séria, olhando para ele em forma de desafio. E eu não queria nada que isso acontecesse. Logo com ele. Imagens de Justin ferido passaram pela minha cabeça e um aperto se formou no meu coração. Se algum dia algo lhe acontecesse eu ia ficar de rastos, totalmente. Choraria por meses e uma parte de mim morreria.

-- Fica difícil quando você tá do meu lado. – ele falou, com a voz serena e um sorriso galanteador, continuando a me fitar com a estrada à frente, fazendo com que meus últimos pensamentos que eram os meus maiores medos, desaparecessem.

Eu rolei os olhos, com um sorriso bobo, e me virei para a janela, sentindo minhas bochechas corarem. Não conseguia evitar. Nunca reagira bem a elogios. E ainda por cima, ele gostava quando eu ficava toda vermelha! Que garoto idiota! A chuva continuava do lado de fora e os prédios grandes corriam no sentido contrário ao nosso. Nas ruas alagadas viam-se pessoas com guarda-chuvas, gabardines, ou até mesmo uns com menos sorte tão ou mais molhados que eu. 

--Para com isso Justin. – pedi manhosa.

 Não que eu não gostasse dos elogios dele, mas me deixavam pouco a vontade. Com as bochechas vermelhas e um sorriso sem graça. Completamente sem jeito. Continuei fitando as diferentes pessoas que corriam ou passeavam na calçada. Cada uma com seu jeito. Cada uma com sua vida, suas preocupações. Será que todas elas também tinham uma família querida como a minha? Comida em casa? Eu esperava que sim, no entanto nunca poderia ter a certeza. A chuva se tinha tornado mais contante e o céu totalmente escuro. Me perguntei quando papai chegaria em casa. Só espera que ele estivesse agasalhado.

Ouvi Biebs rir e esperei que agora ele estivesse fitando a estrada. Aos poucos, a avenida em que nos encontrávamos começou a tornar-se conhecida. Devíamos estar perto do hotel. Estávamos numa rua estreita, relativamente perto do centro da cidade. Havia alguns restaurantes, umas poucas lojas de roupa, uma gelataria e um hotel grande de quatro estrelas. Era uma avenida bem frequentada, em que passavam vários tipos de pessoas.

--É aquele, o hotel?

Examinei o hotel grande e olhei para o nome. Sim, era aquele em que eu estava hospedada. Com uma porta giratória e janelas que permitiam ver a entrada. Em tons de bege, com umas plantas na entrada, era aquele o hotel onde eu estava instalada. Parecia até bem chique.

--É, esse mesmo. – falei, acenando com a cabeça.

Justin, fez um desvio com o carro, estacionando-o numa vaga bem perto da entrada. Eu estava reticente em sair do calor que estava dentro do carro dele e trocar toda aquela atmosfera quente pelo frio e chuva que nos esperavam até alcançarmos a porta giratória. Justin, abriu o porta-luvas e de lá retirou uns óculos de sol pretos, colocando-os.  Depois me olhou e sorriu. Eu retribuí, não esquecendo de salientar em minha mente o quanto ele ficava sexy com uns óculos de sol.

Sem mais demoras, Biebs tirou a chave da ignição, saindo do carro e contornando-o para me abrir a porta. Nem que vivesse mil anos eu iria ficar habituada ao cavalheirismo dele. Por fim, deixei o carro acolhedor e o troquei pela chuva fria, onde Justin também estava. Ele fechou a porta e sorriu, para mim. Num gesto rápido que fez o meu coração acelerar, me deu a mão e entrelaçou os nossos dedos, sem deixar que os seus olhos cor-de-mel perdessem o contacto com os meus. Após essa breve troca de ternura, e ainda com as mãos dadas, corremos com risadas pela chuva até à porta giratória.

*****

Quando chegamos à entrada da porta do apartamento de hotel em que eu estava hospedada eu ainda tinha vontade de rir devido ao acidente que Biebs tinha tido. Aquele molengo tinha decidido entrar na porta giratória, o que não contava era de bater com a testa no vidro enquanto a empurrava. Sorri ao me lembrar.

--Ainda está rindo disso? – ele perguntou, bem atrás de mim, enquanto nos aproximámos da porta de madeira número 431. Estávamos de frente para ela, num corredor grande com as paredes beges, candeeiros e vários outras portas que correspondiam a outros quartos. O chão tinha uma carpete preta, alcatifada, macia.

Me virei para ele, e por um momento a minha respiração ficou presa. Não esperava que ele estivesse assim tão perto dele. Tão próxima. Conseguia sentir a respiração quente dele na minha face. Fitei aqueles olhos cor de mel durante uns momentos até um sorriso escapar de meus lábios. Ele estava com cara emburrada, como se estivesse chateado comigo. A verdade é que eu tinha rido muito quando o vi bater com a testa na porta de vidro. Muito mesmo.

--Você tem que admitir que foi muito engraçado. – eu falei, ainda sorrindo, olhando para ele, me acostumando a nossa proximidade e tentando fazer com que o meu coração voltasse a bater normalmente.

Ele rolou os olhos e encolheu os ombros, em sinal de protesto.

--Eu não achei piada nenhuma. – apontou para a testa – está doendo – ele disse fazendo bico.

Meu sorriso se alargou. Como ele conseguia ser assim, tão fofo? Eu só tinha vontade de apertar as bochechas dele e de o encher de beijinhos e abraços. Porém, ao invés disso, me aproximei dele e dei um beijinho na bochecha dele. Não me sentia preparada para mais, sendo eu quem tomava a iniciativa. Ele podia não querer ou algo do género. Após isso, olhei para ele, tentando observar a cor linda dos seus olhos através das lentes dos óculos de sol.

-- Lá dentro metemos gelo ou algo do género para a dor passar, pode ser? – perguntei, carinhosa.                

Um sorriso belo e contente aflorou nos lábios dele, enquanto acenava em sinal afirmativo com a cabeça. Eu suspirei, sem que ele notasse. O que ele fazia comigo? Apenas um sorriso e eu ficava derretida. Quando eu estava com ele, bastava um piscar de olhos e o meu coração acelerava. Coisas tão bobas, tão básicas, mas ao mesmo tempo tão importantes.

 Depois, Biebs encarou a porta e perguntou.

--Você tem a chave disso, não tem?

Afirmei, enquanto procurava o cartão na minha bolsa que agora parecia mais pesada. Talvez pelo facto de Justin e eu termos subido quatro lances de escadas porque ele era claustrofóbico e não andava de elevador. Ele realmente tinha que perder esse medo. Quando a encontrei, abri a porta de madeira.

--Vem. – disse, chamando Justin para o interior do apartamento.

Eu entrei primeiro para o compartimento que dizia respeito ao hall de entrada e acendi as luzes. Justin me seguia com os olhos. Após as luzes acesas, puxei Justin mais para dentro para que pudesse fechar a porta. Seguidamente, olhei para ele, que observava o teto e o espaço em nosso redor.

--Sempre quer gelo?

Ele me encarou com um sorriso envergonhado que eu achei uma gracinha. Conduzi-o até a sala de estar, onde estivera naquela mesma manhã, antes de descobrir onde ele estava. Ele se sentou no sofá, observando os móveis. Devia estar cansado. Porém, não era o único.

--Isso é bonito. – ele comentou, enquanto se colocava confortável.

Eu sorri para ele, ainda de pé. Ele estava em minha casa. Ou no meu quarto de hotel neste caso. Era quase impossível não enlouquecer. Carol respira fundo. Ele é o Biebs, ok? O Justin Bieber deve estar do outro lado do mundo dando um show qualquer. Esse é só o teu Biebs.

--Pois é. – pus uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Fica aí sentado enquanto eu vou buscar gelo. – comecei a me dirigir a cozinha, que ficava num outro compartimento. – Pode ligar a tv, se quiser. – comentei. Queria que ele se sentisse bem. Se sentisse em casa.

Quando cheguei ao local, abri a geladeira tirando dois cubos de gelo e enrolando-os com um pano. Enquanto o fazia não ouvi nada do outro lado da porta. Nenhum ruído, nenhum som. Sorri, ao pensar que o meu Biebs estava sentado no sofá do apartamento onde eu estava instalada. Era incrível. Tudo o que tinha pedido era um abraço e agora… Agora isso. Isso que é uma coisa maravilhosa, como um sonho. Já que estava na cozinha, abri a geladeira mais uma vez e reparei que tínhamos lasanha congelada. O meu estomago rugiu. Eu estava com fome. E precisava trocar de roupa. Mas primeiro, o Justin.

Voltei para a sala com o gelo. Justin continuava no sofá como eu tinha pedido. Que lindinho. Caminhei até lá, e ele se voltou ao ouvir os meus passos, sorrindo de seguida. Contornei o móvel até ficar de frente para ele, também com um sorriso. Antes que pudesse fazer algo, Justin me mostrou uma máquina fotográfica, que por acaso era a minha, e perguntou:

--Posso ver suas fotos?

Eu refleti durante um momento. Tinha fotos ali que não queria que ele visse. Fotos dos meus posters dele, das minhas pulseiras, fotos minhas beijando o meu poster. Fotos dele, de uma certa forma. E também tinha fotos minhas vergonhosas, fazendo careta, com olho fechado, entre outras besteiras. Fotos minhas. Aquela camara tinha um pouquinho de mim. Tanto da minha parte Belieber, quanto a eu verdadeira. Por outro lado, era justo. Eu tinha fotos dele de todas as maneiras. Rindo, chorando, com os amigos, fotos engraçadas, fotos em que ele fazia careta… Onde ele me mostrava um pouco de quem ele era. Então, o que me custava?

--Claro. – eu respondi com um sorriso. Ele me encarava de cima, então me baixei ficando de cócoras, do mesmo tamanho dele, podendo assim, encarar seus olhos. – Mas não zoe. Tem umas fotos aí que estão horríveis. – disse autoritária.

Ele rolou os olhos e sorriu. Eu sorri também. Depois coloquei o meu polegar por baixo do queixo dele, fazendo-o olhar para mim.

--Fecha os olhos – eu disse, calmamente – para por o gelo. – pedi.

Ele os fechou pausadamente. E vendo-o de onde eu estava, tão perto, ele parecia um anjo. As pestanas grandes, o cabelo loiro, dourado nas pontas, os lábios cheios. Meu sorriso se alargou mais sem razão aparente. A pele dele estava quente, assim como sua respiração. E eu estava deliciada.

--Onde dói? – eu perguntei, num sussurro. Nem tinha dado conta que me tinha aproximado dele. Os nossos narizes quase se roçavam num toque singelo.

Ele levou a mão à testa, no centro e eu a segui com os olhos. No meio dessa observação reparei que seu pulso ainda tinha o meu elástico. Algo no meu estômago se libertou e meu coração ficou acelerado. Algo naquele gesto, de ele não ter deixado em qualquer lugar um objeto que me pertencera me deixava realizada. Contente.

Levei cuidadosamente o gelo envolto no pano até à testa dele e o encostei, demasiado cautelosa no sítio onde lhe doía. Pela nossa proximidade, pude perceber que Justin estremecera quando o cubo frio lhe tocou na ferida. Passados segundos, tirei o gelo para depois voltar a encostá-lo na pele dele. Fiz esse processo várias vezes. Não queria que Biebs ficasse com uma marca negra na testa.

--Você está com o meu elástico – comentei, acabando de tirar o gelo mais uma vez da testa dele, com vos doce.

Um sorriso doce surgiu em seus lábios.

--Porque o havia de tirar? – Ambos sussurrávamos. Talvez por estarmos tão perto que não era necessários falarmos mais alto. Talvez porque o momento era tão simples, tão carinhoso, que se falássemos normalmente a magia dele se evaporaria.

--Não sei… - respondi simplesmente. E essa era a verdade. Não encontrava nem uma razão para Biebs ficar com ele ou para o tirar. Me levantei e fiquei encarando-o durante mais um momento. Tão belo. – Já pode abrir os olhos. Em princípio não vai ficar com nenhuma marca negra. – Ele fez como eu disse e me encarou de uma maneira intensa. Por momentos fiquei sem graça e, me vi obrigada a desviar o olhar do dele, pensando em algo para dizer. – Eu… humm… vou me trocar. – acabei por dizer, olhando um móvel qualquer sem o encarar. Porém, um segundo depois e eu ainda não me tinha movido. Não tinha vontade de sair dali.

Após ouvir o que eu tinha dito, Biebs fez um sorriso um tanto malicioso que fez com que minhas bochechas ficarem mais quentes. Vê-lo ali, sentado no sofá preto, com uma t-shirt que o deixava atraente, com os cotovelos apoiados nas pernas e com o queixo apoiado nas mãos, me fitando daquela forma tão… diferente, tão quente, fez com que eu me visse obrigada a prender a respiração enquanto nossos olhos se acorrentavam. E quando dei conta, os meus dentes mordiam levemente o meu lábio inferior. Minhas bochechas queimaram mais e o sorriso dele se alargou, fazendo as tais covinhas que eu adorava. Fiquei mais constrangida do que já estava.

--Eu… hum… vou lá – as minhas mãos mexiam tocando no meu cabelo enquanto o meu coração batia forte. Eu era tão ridícula! – e você vai ficar aí… quietinho – o sorriso de Justin continuava lá sem fraquejar, firme, como se estivesse vendo um filme de comédia. – e, então, eu vou indo… - Idiota, idiota, idiota! No entanto, para minha surpresa, Justin riu alto.

O olhei atónita. Do que é que ele estava rindo? Estava zoando da minha cara?

--Do que você está rindo? – perguntei com o sobrolho franzido. Os olhos dele não desgrudaram os meus por um momento.

O riso dele parou mas aquele sorriso querido e meigo que eu tanto amava continuava dançando em seus lábios.

--Nunca te disseram que você fica linda quando cora?

Um sorriso tímido escapou de meus lábios. Que poder mágico ele tinha de me fazer sentir assim, tão encantada por aquele jeito dele, por cada elogio que ele me mandava, por cada gesto dele, cada palavra? Como ele fazia aquilo comigo? Automaticamente, meus olhos se cruzaram com o chão enquanto escondia uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

--Deixa de ser bobo, Justin. – disse simplesmente.

No entanto mal o disse, ouvi um “clic” e me assustei. Olhei para ele que estava encarando com um sorriso idiota mas lindinho a minha camara. Espera, ele não tinha acabado de me tirar uma foto, tinha? Ia abrir a boca para argumentar ou me zangar com ele, mas não deu porque Justin perguntou, ainda sorrido para a foto.

--C, se você quer ir se trocar, a altura ideal é agora que eu estou ocupado observando o futuro fundo do meu celular. – ele me olhou, com aquele sorriso malicioso, novamente – E te aconselho a trancar a porta, não vá eu errar a porta do banheiro acidentalmente.

Eu procurei algo para dizer, mas, uma vez que ele voltou a fitar a foto na minha máquina, fui para o meu quarto, não esquecendo de trancar a porta. Justin era um bobo. Um bobo safado. Que me fazia delirar, mas ainda assim, um bobo. Lá dentro, escolhi a roupa mais confortável e quente que encontrei na minha mala: umas leggins e um moletom cinza com uns desenhos. O meu cabelo estava bem, dentro nos possíveis, então, respirei fundo antes de voltar a sair do quarto.

*****

Eu fitava Justin com atenção, com um sorriso no rosto. Ele olhava o seu baralho, escolhendo a carta que ia lançar, concentrado. Estávamos jogando UNO havia algum tempo. A ideia tinha sido dele, depois de ambos termos comido a lasanha congelada - para que conste aquele branquelo nem tinha fome, foi só mesmo por gulodice, e essa estava muito gostosa – uma vez que ambos estávamos cansados e queriamos fazer algo que exigisse pouco a nível físico. O jogo em si não era complicado. No inicio, sete cartas ou menos eram distribuidas por cada jogador. As cartas que sobravam depois dessa separação, eram juntadas num monte, e uma carta aleatória lançada na mesa. A vez de joagr era alternada por cada jogar e este tinha que ou colocar uma carta na mesa – tendo em conta, a cor ou o número da carta anterior (N/A: Por exemplo se está um três verde na mesa o jogador ou pode lançar outra carta verde ou um três de uma outra cor) ou, caso não tenha carta que responda aos requesitos, ir buscar ao monte, perdendo assim a vez de jogar. Quando o jogador só tiver uma carta na mão deve gritar “Uno!”. O jogo acaba quando um dos participantes fica sem cartas na mão sendo esse o vencedor.

Justin colocou um quatro verde por cima do seis da mesma cor que o seis. Enquanto o fazia pude notar que seu sobrolho estava erguido. Até concentrado ele ficava bonitinho. Estava absorta observando a forma como sua t-shirt condizia com a cor do sofá onde estávamos sentados na sala de estar do meu quarto de hotel, quando o molengo falou:

--Uno!

Me sobressaltei e olhei atónita para ele. Ué, como ele poderia estar ganhando? Eu jurava ter visto três cartas na mão dele e não duas, antes de ele colocar aquele quatro verde imbecil “na mesa”. Okay, eu estava ferrada. Se lançasse uma carta errada, ele poderia ganhar. E eu não queria que ele me ganhasse. Não que eu tivesse problemas em perder, ainda mais com ele, mas pô, aquele lindego me ganhava em tudo! Olhei meu baralho. Ah, não! Isso não podia estar acontecendo! Eu não tinha nenhuma carta que pudesse jogar. Olhei para Justin. Ele estava com aquele sorrisinho vitorioso, me encarando.

Derrotada, peguei um nova carta do monte. Mas que saco!

Justin sorriu mais e colocou a carta dele no molhe, lentamente. Okay, aquele branquelo tinha ganho. E isso não era justo.

--Ganhei! – ele disse sorrindo abertamente para mim.

Bufei, mostrando o meu desagrado perante a situação e atirei minhas cartas ao chão.

--Assim não vale! Você me ganha em tudo. – resmunguei.

Ele sorriu se aproximando de mim, ficando à minha frente. O sorriso perfeito continuava no rosto dele. Ah, vei, só ele, com ou sem sorriso, era perfeito. Não era só o cabelo alinhado, não eram só os olhos atrativos, ou a boca chamativa. Era mais que isso. Era o fato de ele estar jogando cartas comigo quando podia estar fazendo algo muito mais interessante. Era o fato de se rir quando se enganava, ao contrário dos outros garotos que ficavam irritados e agiam como idiotas chapados. Era o facto de sua mão ter ido de encontro aos meus cachos e começado a brincar com eles. Era o fato de ser simpático, querido e todos esses adjetivos bobos sempre que se dirigia a mim ou a outra pessoa.

--O que quer fazer agora? – ele perguntou, com um sorriso bobinho enquanto enrolava meus cabelos no dedo indicador para depois os soltar. Suspirei, libertando o ar preso em meus pulmões com a aproximação dele. Era o fato de ele querer fazer mais alguma coisa comigo enquanto podia simplesmente ir embora e nunca mais voltar.

Eu encolhi os ombros, começando a arrumar as cartas. Arrumei o último dois, depois o quatro verde, o seis azul… Espera, seis azul?

--Justin? – chamei. Ele continuou brincando com meu cachos e parecia totalmente divertido.

--Huh? – ele perguntou sem me olhar, ainda com aquele sorriso lindinho no rosto que fazia covinhas, completamente alheio. Parecia que nem estava prestando atenção no que eu dizia. Suspirei.

-- Porque é que tem aqui um seis um azul? – Olhei para ele com o sobrolho erguido e ligeiramente confusa. Eu não me lembrava de ele ou eu ter lançado um seis azul. Revivi novamente o jogo. Não, não me lembrava.

Ele me olhou surpreso. O seu olhar dançava entre minha face a carta que estava na minha mão.

--Ah…isso. – ele disse, simplesmente, levando a mão que estava brincando com meus cachos ao cabelo dele, coçando a nuca. Um sorriso travesso escapou de seus lábios e ele deixou de me encarar. Parecia aqueles garotinhos que aprontam, fazem uma asneira qualquer às escondidas e a mãe e ela descobre. Como se ele tivesse feito algo contra as regras do jogo. Espera aí…

--Você fez batota! – eu acusei, concluindo meu raciocínio, apontando o meu dedo para ele.

Bem me parecia que ele tinha três cartas na mão e não duas! Bem me parecia! Então eu podia ter ganho! Droga…

--É… é capaz. – ele admitiu e me olhou de seguida. Seu sorriso travesso aumentou ao olhar minha cara de brava. Eu não estava contente, quer dizer, poxa… Não gostava daquela situação. E ainda por cima eu tinha perdido por causa dele e da sua ideia brilhante de cabular no jogo.

--Poxa, Biebs! Que idiota! – eu falei com um olhar tristinho - E eu perdi, cacete! – disse, ficando ligeiramente irritada com ele.

Ele riu de mim e se aproximou mais, de frente, de joelhos. Como se achasse piada àquilo tudo.

--Não ri. – repreendi – ‘Tou de mal com você – falei virando costas e fazendo bico. Que droga, poxa! Eu podia ter ganho! Porque ele tinha feito isso? Eu gosto de jogar limpo e ele tinha feito batota.

--Vai ficar embirradinha, é? – ouvi a voz dele sussurrar, perto de meu ouvido. Bufei de novo mas fechei os olhos enquanto um arrepio percorria minha espinha. Droga, como ele tinha esse poder sobre mim? Mesmo que eu quisesse ficar irritada com ele, zangada ou qualquer coisa do género, não conseguia. Ele me fascinava. Me deixava encantada, hipnotizada por ele e por aqueles sussurros, aqueles olhares, aqueles carinhos e elogios que só ele sabia dar. Me impedi de sorrir, fingindo que era difícil.

--Vou. – disse numa vozinha de bebé o mais determinada que pude. Sentia a respiração dele batendo no meu pescoço e era simplesmente maravilhoso.

--Vai mesmo, pequena? – ele perguntou mais uma vez sussurrando, colocando as mãos sobre meus ombros e fazendo carinho.

Dessa vez, foi impossível conter um sorriso. Meus olhos continuavam fechados, mas sentia borboletas voando no meu estômago. Gostava tanto daquele apelido. Me deliciei com o carinho dele. Era tão gostoso. Eu poderia até adormecer ali.

--Sim, eu não gosto de você. – murmurei, abrindo mais o meu sorriso, sabendo que tal coisa não era verdade.

-- Ah C… Foi só uma vez. – ele falou com voz meiguinha e arrastada. Suas mãos desceram pelas minhas costas numa carícia leve e seus braços rodearam minha cintura, fazendo com que eu ficasse encostada a ele. – Anda princesa, não fica brava comigo não. – ele pediu, dando um beijo no meu pescoço. Cheguei a pensar que morreria ali sufocada de carinho e de carícias gostosas provenientes da parte dele. Meu coração batia rápido e minha respiração estava descontrolada. Os lábios dele em contacto com a minha pele faziam com que toda eu me arrepiasse. Era divino. Mais uma vez, senti as famosas borboletas e os desconcentrantes arrepios por ele estar tão perto.

--Oh bobinho, acha mesmo que eu ia ficar chateada com você? – abri os olhos e o olhei, encarando-o. Lindo, lindinho, lindego.

Ele riu e me deu um beijo estalado na bochecha. Eu sorri, abobalhada. Ficamos rindo e falando besteira, durante um bom tempo. Aquilo estava se tornando típico. Sempre que estava com ele parecia que só ele interessava. Que o mundo desaparecia. Tudo desaparecia. Como num feitiço. Eu estava enfeitiçada por ele, hipnotizada, encantada. Por cada gesto, por cada palavra. Pelas piadas que me faziam rir, pelas histórias fantásticas que envolviam fãs, paparazzis, e todo esse mundo que eu não conhecia. Biebs me fazia bem. Me fazia gargalhar quase sem motivo, me fazia querer dar pulinhos de alegria. Continuávamos falando de coisas aleatórias e nos rindo que nem na primeira noite em que estivemos juntos.

--C? – Justin perguntou, com voz manhosa, depois de tanta risada. Eu continuei fazendo cafune no cabelo dele. O cabelo loirinho era macio e dava gosto de passar a mão. Justin estava deitado, com a cabeça encostada nas minhas pernas que se encontravam cruzadas, apreciando meu carinho. Parecia um bebê.

--Huh? – perguntei, meia alheia ao mundo real, fitando-o com um sorriso bobinho.

--Me dá um beijo? – ele murmurou, abrindo os olhos e fazendo aparecer um sorriso meigo em seu rosto.

Eu ri. Ele era um bobo e um idiota.

--Um beijo? – continuava mexendo no cabelo dele, até que aquele branquelo se levantou e ficou sentado de frente para mim, com um sorriso enorme. Ele acenou com a cabeça, com cara fofa.

Sorri e aos poucos me ia aproximando dele, olhando no fundo de seus olhos castanhos. Com a nossa proximidade, a minha respiração ia ficando mais acelerada e o meu coração descompassado. Se ele soubesse o efeito que tinha em mim…

E quando vi Biebs fechando os olhos derreti. Totalmente. Borboletas se formavam no meu estômago. Não havia nada para pensar, nada para descrever. Ambos nos encontrávamos numa bolha que não podia ser quebrada. E finalmente, lhe dei um beijo. Um beijinho no nariz dele.

Me afastei, logo de seguida e Justin abriu os olhos, erguendo o sobrolho. Eu gargalhei da cara que ele fez.

--Tá me olhando desse jeito porquê? – eu perguntei, sabendo a resposta, com um sorriso aberto no rosto -Você pediu um beijo, eu dei.

Ele bufou e cruzou os braços, como se fosse um menininho de quatro aninhos. Escuso dizer que ficava uma gracinha daquele jeito.

--Ah, C, eu não estava falando desse beijo.

Me fingi desentendida. Simplesmente gostava de o ver assim, feito uma criança. Um garotinho fofinho que ficou emburrado. Metia piada.

--Então de que beijo você estava falando? – perguntei com um sorriso.

Ele rolou os olhos e sorriu em seguida, se aproximando. Me trouxe mais para ele e quando dei conta estávamos naquela posição que tanto gostávamos. Eu no colo dele, com as pernas envoltas na sua cintura. Sorri-mos um para o outro. Eu sabia o que viria dali. E estava ansiosa que viesse. Fomo-nos aproximando lentamente. Justin levou a mão ao meu pescoço onde fez uma carícia que me obrigou fechar os olhos e suspirar, deixando-a por lá, com seus carinhos delicados. A outra vagueou pela minha cintura, me apertando contra ele. Minhas mãos se espalmaram em seus ombros e subiram até seu cabelo, puxando-o. Seus lábios foram-se aproximando dos meus. Queria-o logo. Agora. Nos aproximámos mais fazendo nossos narizes chocarem. Nossas respirações estavam misturadas, nossos corações palpitavam. Não importava quantas vezes o beijasse, quantas vezes nossos corpos encostassem um no outro eu ia sempre ficar assim: descontrolada, carente por mais. Por mais dele e de tudo o que me podia oferecer. Estava cansada de esperar. Os segundos pareciam horas e a cada batimento a espera parecia mais dolorosa. Justin roçou os nossos narizes e arrastou-o pela minha bochecha, me fazendo libertar o ar que estava em meus pulmões com mais rapidez. Não precisei de ver para saber que ele estava sorrindo. Puxei seus cabelos com mais força do que o habitual, demostrando o meu protesto pela demora. Tentava assimilar tudo aquilo. A respiração quente dele batendo no meu pescoço, as carícias na cintura, aquelas sensações estranhas... tudo aquilo que ele me fazia sentir. Instintivamente, inclinei a minha cabeça para trás, lhe dando acesso à parte do corpo que ele queria beijar. Quando seus lábios quentes encostaram na parte inferior do meu queixo o apertei mais contra mim enquanto Justin fazia pressão na minha cintura. Minha respiração estava pesada enquanto Biebs distribuía beijos quentes pelo meu pescoço e ombro. Estávamos dentro daquela bolha que era o nosso mundo e só existíamos nós. Não conseguia pensar em nada sem ser o quanto aquilo era bom e o quanto eu gostava. O quanto eu queria mais. Parecia que meu sangue fervilhava e me sentia quente. Me sentia dele. Eu era dele e isso já não era novidade. Muito menos agora. Uma das mãos de Biebs que se encontrava na cintura subiu até minha nuca e conduziu meus lábios até aos dele, de uma maneira astuta. E quando cedi passagem para nossas línguas dançarem naquela harmonia divina, soube que não era a única que desejava ardentemente aquele momento. Justin me trouxe mais para perto e meus dedos se enterraram mais em seus fios dourados. O beijo era desesperado, ágil, intenso. E eu queria mais. Queria mais daquele gosto de caramelo e morango, queria mais daquele cheiro doce, queria mais de seus lábios, sua face, seu toque. Queria mais dele. E de nós juntos. Senti seus lábios se abrirem num sorriso e os meus logo lhe seguiram o exemplo. Justin Bieber beijava muito bem. Melhor do que eu alguma vez tinha imaginado. Melhor do que nos meus sonhos. Nossas línguas exploravam a boca um do outro como se fosse a primeira vez, mas, simultaneamente, como se fossem velhas conhecidas.

Mas no meio de toda aquela magia ouvi um barulho que não se encaixava naquele momento fabuloso. O pequeno “tick” que afirmava que a porta estava aberta. No único segundo que a minha mente demorou a absorver a informação, abri os olhos sobressaltada e, com as mãos nos ombros de Justin, empurrei-o para trás. Meus lábios formigaram, sentindo a falta dos dele e a mesma aconteceu com o resto do meu corpo, que, dum momento para o outro tinha esfriado. Justin me olhou surpreso, e ficou estático. Saí o mais rápido que consegui do colo dele, e soube que tudo aquilo, não demorara mais que simples segundos.

Então, a porta de madeira se abriu e meu pai entrou para dentro do apartamento.

--Filha, cheguei! – ele gritou em português, bem alto, como se esperasse que eu estivesse no quarto ou algo do género. Era uma hábito que ele tinha. Gritar ou assobiar para avisar que tinha chegado a casa.

Que bom pai. Eu nem tinha reparado. Dei uma olhadela rápida a Justin que encarava meu pai, ao meu lado no sofá, sem se mover. Os lábios dele estavam um pouco vermelhos e o cabelo desalinhado. Só esperava que papai não reparasse. Nossos olhares se cruzaram e notei que estava ligeiramente envergonhado. Lhe mostrei o meu mais agradável sorriso, mostrando que estava tudo bem.  Mas na verdade eu não sabia se estava tudo bem. Não contava que papai chegasse antes das dez da noite. Mas afinal, me tinha enganado. E como ele iria reagir sabendo que estava um garoto comigo, os dois sozinhos num apartamento? A maioria dos pais não deveria reagir muito bem.

Me levantei do sofá, devagar, enquanto pensava em várias maneiras de apresentar Justin a papai. O homem de fato, que tinha acabado de entrar no seu apartamento, arrumava as chaves do carro numa cómoda perto da porta, não notando a nossa presença.

--Oi pai. – eu disse em português, ligeiramente nervosa e com receio do que ele diria ou faria quando seus olhos caíssem sobre Biebs.

Ele se virou automaticamente para mim, vendo um talão de super- mercado. Vestia uma gravata roxa, juntamente com um fato. Pelos vistos tinha tido alguma reunião importante hoje. Os cabelos pretos, já com alguns fios grisalhos, também estavam devidamente penteados.

--Ah, oi querida, você está aí. – ele disse, ainda olhando para o talão, não me dando muita atenção – Trouxe frango para nós comermos ao jantar. – ele falava em português e só depois me encarou, guardado o talão no bolso. Eu continuei com meu sorriso confiante, tentando me acalmar. Nem queria saber o que Justin estava pensando naquele momento. – Passei pelo supermercado e por isso aproveitei e … - os olhos dele pararam em Justin – Oh!

Droga.

Não sabia de que género tinha sido aquele “Oh!”. Se de descontentamento, irritação, mas parecia um “Oh!” de surpresa. Não arrisquei a olhar para Biebs, pois tinha receio de o encarar numa hora como aquelas. Afinal, a entrada de meu pai no apartamento tinha sido uma total surpresa para ambos. Eu dei um passo à frente e me apressei a fazer as apresentações antes que alguém naquela sala tirasse conclusões precipitadas, que poderiam até nem ser assim tão mentira.

--Pai, esse é o Justin – apontei para ele que continuava estático, e isso me preocupou um pouco – e Justin esse é o meu pai. – continuei sorrindo, agora olhando diretamente para papai. – E nós temos que falar inglês, que nem eu estou fazendo agora, para ele nos perceber, tudo bem? – olhei esperançosa para meu pai.

Que ele não reaja mal, que ele não reaja mal.

Papai olhou para mim e para Justin duas vezes, com o sobrolho erguido.  Sentia o meu coração bater forte, devido a ansiedade. Minhas mãos brincavam uma com a outra, o meu vício quando estava nervosa. Como será que ele iria reagir? Será que faria um escândalo? Me colocaria de castigo? E o que faria a Justin? Seria simpático, ou daria uma de “frio”?

No entanto, todas estas preocupações foram esclarecidas e rejeitadas quando vi um sorriso gigante na cara de meu pai. Era bom sinal, não era? Permiti minhas mãos pararem a luta entre si e o meu corpo relaxar. No entanto, não me movi um centímetro. Não sabia o que poderia acontecer.

--Oh, olá garoto! Nem te tinha visto! – um pequeno sorriso surgiu em meus lábios ao perceber que meu pai estava falando inglês. Ele se foi aproximando de Justin, que se levantou também com um sorriso no rosto, ainda um pouco acanhado e apertaram as mãos em forma de comprimento – Você é aquele cantor que me filha gosta, não é mesmo? Aquele que ficou com ela depois do concerto?

Olhei para meu pai espantada e meu queixo quase caiu. Eu simplesmente não acreditava que ele tinha dito aquilo. Não, ele não tinha dito aquilo! Simplesmente não tinha dito! Senti minhas bochechas corarem e olhei para o outro lado da sala sem os encarar. Que vergonha. maneira…

Ouvi Justin rir.

Papai, eu vou matar você.

--Sim, senhor. Sou eu. – ele falou com aquela voz que eu tanto gostava e sabia que estava sorrindo.

Sem conseguir evitar, meus olhos fugiram de novo para Biebs que me encarava com aquele sorriso encantador que fazia covinhas. Sorri também, ainda um pouco envergonhada. Justin sabia que eu era fã dele, mas era estranho aquilo ser dito em voz alta, ainda por cima quando nós eramos… amigos?!

--Ah, pois. – meu pai sorriu para o garoto que vestia uma t-shirt preta - Então era por isso que eu conhecia sua cara de algum lugar. Sabe ela tem posters de você quarto e…

--Papai, não era melhor o senhor ir trocar de roupa, antes de jantarmos? – perguntei, fulminando-o com o olhar. Eu esperava que ele entendesse o recado. Agora ele para além de me ter deixado constrangida, me tinha deixado sem graça. Aquilo não era para ser dito! Muito menos para Justin! Ele podia pensar que eu era uma louca e nunca mais me querer ver à frente.

Meu pai me encarou, com o sobrolho erguido, como se não percebesse aonde eu queria chegar. Fiz cara de “tá falando sério?”

--Trocar de roupa? – fiz cara de poucos amigos e senti meus lábios se grudarem numa lina fina – Ah, sim. Pois, claro. Trocar de roupa. – Olhou para mim e para o Justin, com um sorriso. – Então com licença. – e se dirigiu à zona dos quartos, caminhando de uma forma descontraída.

Fiquei aonde estava com os braços cruzados, encarando o chão. Estava desconfortável. Era estranho. Agora ele sabia aquilo. O que ele ia pensar? Porque meu pai tinha de falar da minha vida de Belieber para ele? Logo para ele? Um assunto que, nas nossas conversas, nunca tinha vindo ao de cima, a não ser quando eu contava algo de extraordinário sobre Justin ou algo que ele tinha postado no twitter. De resto, e sem ser por causa do concerto, nunca tínhamos falado muito disso. Então, porque na frente do meu ídolo, falar dele? Aquilo era muito mau e o pior, é que eu sabia que papai não o tinha feito com intenção. Ouvi Justin se aproximar, mas continuei na mesma posição. Não queria olhar para ele. Me sentia demasiado envergonhada para isso.

--Então, quantos posters meus você tem no seu quarto? – ele perguntou.

Bufei. Não lhe ia responder àquilo. Não ia mesmo! Olhei para ele num misto de zangada e tristeza.

--Ah, Biebs. Para com isso vai. Nós não vamos falar sobre isso. Nem sobre quantas pulseiras eu tenho, ou se sei ou não as suas músicas de cor, ou as loucuras que eu já fiz por você. – Olhei para ele, que estava a minha frente, determinada. Aquele assunto era tabu. Eu não falava. Me deixava desconfortável, estúpida e me fazia sentir idiota. Com medo que ele se afastasse de mim.

Ele sorriu que nem um bobo encantado, e me puxou para perto dele, pondo as mãos na minha cintura. O encarei nos olhos. Por mais idiota que me sentisse, seu sorriso era lindo. E era ainda mais doce por ser dirigido a mim, uma mera fã que nunca pediu mais nada além de conseguir ver o seu ídolo durante um segundo. Estávamos relativamente próximos, mas não tanto quanto eu gostava. Biebs colocou a mão dele na minha bochecha e fez um carinho suave. Que o meu pai não saísse do quarto naquele momento.

--Não? – ele perguntou ainda com aquele sorriso fofo.

Eu suspirei, encantada. Era impossível ficar zangada ou aborrecida com ele. Que garoto idiota que me fazia sentir idiota por estar assim, tão idiota por ele.

--Não. – eu respondi, com um sorriso pequenino nos meus lábios, olhando aquelas duas íris acastanhadas me fitando.

Ele se aproximou devagar e me deu um beijinho no meu nariz. Fechei os olhos e ri, devido ao carinho dele. Só ele para num momento me fazer sorrir por tudo e por nada. Quando estava com ele, tudo desaparecia.

--Tudo bem. – ele falou, não deixando de sorrir e sua mão continuava fazendo carinho na minha bochecha direita. O toque dele era tão agradável, tão acolhedor. Meu sorriso se alargou enquanto eu derretia.

--Bobo. – eu disse, numa voz brincalhona.

O sorriso dele se abriu, mas nos afastamos porque ouvimos a porta do quarto do meu pai se abrir. Porque parecia que meu pai sempre estragava os melhores momentos? Ele trazia umas calças de ganga e um t-shirt. Parecia estar totalmente confortável. Sorria, enquanto se direcionava a nós. Parou à nossa frente e perguntou a Biebs.

--Justin, quer jantar cá? – meu pai perguntou.

Justin ficou um pouco constrangido, obviamente sendo apanhado de surpresa pelo convite. Até eu tinha sido apanhada de surpresa. Mas uma surpresa boa. Sorri, tentando demonstrar o meu agrado perante aquela situação toda.

--Ah… não se preocupe com isso – Justin coçou o cabelo e fez um sorriso tímido. Que gracinha - Eu, eu não quero incomodar. – ele falou, olhando diretamente para meu pai.

--Oh garoto, não incomoda nada! Deixe-se disso – papai sorriu calorosamente - Eu e a Carol íamos adorar sua companhia, não era?

Eu olhei para Justin fazendo o meu melhor sorriso. Anda Justin, deixa de ser bobo e aceita! Quanto mais tempo eu passava na companhia dele, mais feliz eu ficava. Cada segundo vendo o sorriso dele, era mágico. E o fato de ter sido meu pai a convidá-lo me deixava ainda mais feliz.

Justin me fitou, olhando nos meus olhos e depois cedeu.

--Então… sendo assim – ele falou, encarando o meu pai - Eu vou ligar a minha mãe. Tenho que ver se ela deixa.

Meu pai acenou com a cabeça e colocou a mão no meu ombro, sorrindo.

--Enquanto isso eu e a Carol vamos pondo a mesa. – Ele olhou para mim sorrindo. Eu retribuí o sorriso, olhando nos seus olhos castanhos escuros, por detrás dos óculos e nos dirigimos à cozinha que ficava em frente, na segunda porta à direita.

Eu estava mais que contente. Justin ia jantar no “meu” apartamento. Havia melhor que isso? Isso claro, se a mãe dele deixasse. Eu esperava bem que sim.

A nossa cozinha era pequena. As paredes eram de um amarelo agradável, concedendo ao espaço um ambiente tranquilizador. Os armários eram de um branco agradável e combinavam com os azulejos que revestiam o chão. Tínhamos um fogão, uma geladeira e tudo o que era preciso para que se cozinhasse sem ter que se comprar nada. Os talheres e copos encontravam-se devidamente arrumados, assim como os pratos. Havia uma mesa de madeira, aquela onde eu e Justin tínhamos almoçado, no centro, grande o bastante para seis pessoas se sentarem nela. Era um espaço simples, mas ao mesmo tempo acolhedor. Tinha duas janelas que davam para a rua, onde passavam os mais variados carros.

Eu e papai fomos pondo a mesa. Tirei os talhares e os guardanapos de pano, enquanto papai colocava os pratos. Justin entrou na cozinha na cozinha e disse. Não tínhamos nenhuma exuberância planeada. Muito pelo contrário, nunca fui muito boa ao colocar mesas e esse gênero de coisas. Colaborava, é claro, mas nunca ficava tão bom como quando era minha mãe que o fazia. Talvez por ela gostar e ter gosto em almoçar numa mesa bonita, com velas, flores e tudo mais. Para mim, havia coisas mais importantes, como a companhia. Obviamente, a minha opinião variava consoante as ocasiões. Se fosse um encontro a sério – não que eu tivesse ido a algum – gostava das coisas bonitas, perfeitas. Agora ali, era tudo bastante simples. Uma jarra de água, três pratos, talheres, guardanapos de pano, um apoio para a panela, ou o local onde a comida tivesse sido cozinhada. Eu encarava a mesa, procurando descobrir o que faltava, quando Justin entrou na cozinha com um grande sorriso.

--Minha mãe deixa eu jantar cá, mas com uma condição.

Eu e papai o encaramos, estranhando. Qual seria a condição? Ele voltar para casa cedo? O meu pai levá-lo ao hotel? Encarei a mesa alguns segundos e me lembrei do que faltava. Os copos! Claro! Andei para a estante onde estes se encontravam e tirei o primeiro copo. Tinha-o na mão, quando Justin falou.

--Só se a Carol almoçar connosco amanhã.

Quase que deixei cair o copo no chão. Olhei rapidamente para Justin, me já me encarava com aquele sorriso com covinhas. Eu retribui o sorriso e me controlei para não soltar um gritinho histérico. Eu almoçando com a mãe de Justin Bieber? Oh Meu Deus! O que teria que vestir? Era informal ou formal? Como havia de me portar?

Calma, Carol. Não precisa de entrar em pânico. Mesmo assim, continuei nervosa. Tirei os dois outros copos e estava-os metendo na mesa, quando meu pai disse com muita calma, já cozinhando algo para jantarmos.

--Por mim tudo bem – depois olhou para mim, com o sobrolho erguido e perguntou – Você quer?

Eu olhei para ele, com o meu maior sorriso. Aquilo era inexplicável. Por alguma razão, naõ me conseguia imaginar eu sentada com a mãe de Biebs na mesma mesa. Mas, olhando para a situação atual, se há dois meses me dissessem que eu estaria jantando com meu ídolo, eu riria muito. Porque, afinal, não era uma coisa normal de se pensar. Mas ia acontecer, não ia?

Acenei com a cabeça, ainda estupefacta e com a cabeça num remoinho. Só o meu sorriso se encontrava intacto.

--Então ela vai. – meu pai, falou, também sorrindo, para depois voltar a sua atenção para o que estava a cozinhar.

Eu e Justin trocámos um sorriso cúmplice. Enquanto papai cozinhava fomos para a sala e nos sentámos no sofá, conversando e jogando jogos bobos. No entanto ele notou que algo se estava passando comigo, e me perguntou o que passava. Eu admiti que estava nervosa com o almoço do dia seguinte e não me surpreendi quando ele riu. Passados alguns minutos, Biebs me acalmou. Disse que eu não precisava ficar nervosa, porque era um almoço super simples, com a mãe dele e o resto da equipe. E, para meu constrangimento, salientou que todos tinham gostado muito de mim na noite do show.

Depois do jantar estar feito e a mesa posta, nos sentamos na mesa de madeira quadrangular.  Eu ao lado de Biebs e papai em frente. O jantar foi tranquilo. Falámos de tudo e contámos piadas. Para mim, cada frase era nova e, simplesmente, não sabia o que esperar. Eu e papai tínhamos sempre sido diferentes em alguns aspetos, mas muito parecidos noutros. Papai era uma pessoa que, tal como eu, sempre lutou por aquilo que quis. Nunca lhe disse, mas o admiro muito. Talvez por saber que eu não aguentaria ter tido a vida que ele teve enquanto criança. Ele era uma pessoa reservada, mas tentava sempre causar uma boa impressão, e, se gostava da pessoa em causa, era capaz de passar horas falando com ela. Ao contrário de mim, era bastante competitivo e dizia as coisas sem pensar nelas. Já eu, sempre fui uma pessoa muito tranquila, que nunca gostou de confusões e, antes de dizer algo, pensa se as palavras que eu ia dizer, magoariam ou não o individuo que se encontrava à minha frente.

Enquanto refletia naquele dia em especial e da forma louca como este se tinha desenvolvido, observava Biebs e meu pai embrenhados numa conversa acerca de futebol, nomes de jogadores e equipas que eu não conhecia. Sorri. E eu que tinha estado preocupada com a reação dele ao ver Justin no nosso apartamento. Levei mais um pouco do arroz que se encontrava no meu prato à boca, enquanto papai ria de uma barbaridade qualquer que Justin tinha dito.

Acabámos de comer falando sobre filmes, realizadores importantes e quais as melhores sagas para se verem num sábado à tarde.

Com uma tranquilidade suprema e ainda falando sobre Harry Potter e Avatar, nos levantamos e colocámos a loiça para lavar. Enquanto papai lavava os dois últimos copos eu e Justin acabávamos de colocar a Coca-Cola da geladeira.

--Justin, você sabe jogar cartas? – meu pai perguntou, a determinada altura, quando estávamos já todos sentados no sofá, com preguiça.

--Sei sim, senhor.

Meu pai sorriu, se levantando. Passados alguns minutos, voltou com um baralho de cartas e nos encarou, com os olhos brilhando.

--E o que vocês me dizem de uma partida de Poker?

Biebs abriu a cara num sorriso enquanto eu amaldiçoava meu pai mentalmente. Odiava jogar Poker. Ainda mais sabendo que ia perder. Bufei, sem ter escolha, me juntando a eles.

*****

Eram onze da noite e Pattie tinha ligado para Biebs, avisando que estava na hora de ir para casa. Já tínhamos jogando duas rondas de poker e das duas eu tinha perdido com uma diferença muito grande. Perder estava-se tornando uma rotina para mim. Meu pai estava no computador, fazendo qualquer coisa, e eu e Justin estávamos apenas abraçados no sofá.

--Eu tenho que ir embora. – Justin disse, olhando para mim, com um olhar triste.

--Mas já? – eu perguntei, fazendo biquinho. Ainda agora parecia que tínhamos acabado de jantar. Justin estava ao meu lado, sentado no sofá. Tinha o braço apoiado sobre meus ombros e fazia uma carinho gostoso em meu cabelo. Minhas pálpebras estavam pesadas e meu corpo estava mole. Eu estava muito cansada. Minha cama chamava por mim há muito tempo, mas Justin era mais importante que o meu sono. Agora, ali, no quentinho, com ele fazendo carinho em meu cabelo e com a cabeça apoiada em seu ombro, eu estava prestes a adormecer.

--São onze da noite C. – ele falou, rindo de mim, me olhando com um sorriso bobinho – E além disso, você tá cheia de sono.

Olhei para ele, aborrecida.

--Não ‘tou nada. – No entanto mal o disse, bocejei. Ele riu. – Okay, só um pouquinho. – eu admiti.

Meu pai parou o que estava fazendo e se virou para Justin, com um sorriso.

--Quer que eu te leve a casa? – meu pai perguntou a ele, sorrindo.

--Ah, não, obrigado. Não precisa. – Justin sorriu e parou de fazer carinho no meu cabelo, se levantando. Minhas pálpebras pesaram de novo, mas o segui quando ele se levantou – Meu carro está estacionado na frente da porta do hotel. – ele falou para meu pai, fazendo o hair-flip. – E, eu acho mesmo que tenho que ir andando.

Justin andou até à porta com eu e meu pai no seu encalço.

--Ok, rapaz. – meu pai abriu a porta com um sorriso – Gostei de conhecer você. – meu falou, sincero. – Ah, e volte sempre que quiser.

O meu sorriso se alargou. Meu coração ficou aquecido ao ouvir as palavras dele. Não sei porque, mas eu adorava o fato de ele gostar de Justin. Era… importante para mim.

Justin apertou a mão de meu pai e disse, com um sorriso:

--O prazer foi todo meu.

Sorri ainda mais. Ele era perfeito. Não havia dúvida. Sabia exatamente o que dizer, quando dizer, a quem dizer. Não era a fama. Era ele. Ele e a sua maneira de estar. O seu à-vontade no jantar, a forma gostosa como fez carinho no meu cabelo, aquele aperto de mão com o meu pai. Qual outro garoto faria o que ele fez esta noite?

Justin se virou para mim e me deu um beijo na testa, colocando as mãos na minha face. Um beijo carinhoso e demorado. Eu sorria que nem uma boba. Apesar do sono, eu tinha vontade de prendê-lo ali e nunca mais o deixar ir. Tinha medo que ele nunca mais voltasse. Tinha medo de o perder. E, se já antes de o conhecer, esse era um dos meus maiores medos, então agora, que sabia que ele era ainda mais espetacular do que eu tinha imaginado, era quase uma tortura vê-lo se ir embora.

--Tchau C.  – ele falou com voz doce, fazendo uma carícia leve na minha bochecha - Te vejo amanhã.

Fiz um sorriso cansado e me aproximei dele, podendo apreciar o cheiro que eu tanto gostava. Quando estava próxima o suficiente, lhe dei um beijinho lento na bochecha.

--Tchau Biebs.

Justin olhou mais uma vez para nós os dois com um sorriso e saiu do apartamento, pondo os óculos de sol e entrando no elevador. Só quando o elevador se fechou, é que papai fechou a porta. Nos encarámos.

--Então? – eu perguntei, um tanto ansiosa, encarando papai.

Meu pai me olhou, se dirigiu ao sofá, se sentando. Notava que estava cansado. Não era o único. Me sentei ao lado dele, lutando contra o sono.

--Eu gostei dele. – ele falou, honestamente – E sei que você também. – sorriu abertamente.

Eu ri, e olhei para o chão, envergonhada. Papai me conhecia muito bem. Talvez melhor que a minha mãe. E com este pensamento, me lembrei de lhe pedir uma coisa.

--Papai?  - ele me encarou - Será que você podia não contar nada à mãe? Eu não quero que ela saiba. Pelo menos não agora. – eu disse.

Ele parecia não entender muito bem o meu pedido. A verdade é que eu nunca fui daquelas filhas que contam tudo às mães, que nem a minha irmã. Simplesmente, não achava relevante contar certas coisas como: “Ih, mãe! Eu gosto de um garoto.” O que isso iria acrescentar na vida dela? Eu penso que nada. E, com Justin era a mesma coisa. Nós não tínhamos nada e eu não queria que minha mãe ao minha irmã fizessem filmes. Daqui a três semanas eu ia voltar para Portugal e ele ia continuar com a Tour dele. Ninguém precisava de saber.

Para além do mais, eu e mamãe eramos muito diferentes. Ela tem uma grande autoestima, anda sempre maquiada, está sempre rindo e fala com todo o mundo. Eu não sou assim. Eu gosto de passar uma tarde inteira lendo um livro, sossegada no meu canto. Para mim, isso é divertido. Não preciso de ir todos os sábados a shoppings, ou sair com as minhas amigas todos os dias, quando estou de férias. E, às vezes, parecia que ela não compreendia isso.

As nossas conversas se baseavam em coisas fúteis, nunca entrando pelo lado pessoal. Só quando eu achava que era algo de importante. E vivíamos bem assim.

Mas por todas essas razões, eu não queria que ela soubesse. O jantar tinha sido algo de especial, sim. Mas nada em concreto. Só um jantar entre… entre… amigos? Não importa. Observei papai, que disse, numa voz calma:

--Tudo bem.

Eu sorri, bocejando de seguida. Estava exausta. A caminhada de manhã sobre a chuva tinha deixado os meus músculos das pernas doridos e me custava ao andar. O que mais queria naquele momento, sem ser ficar falando e rindo com Biebs, era a minha caminha confortável e um sono demorado.

--Então vou-me deitar.  – eu falei, me levantando - Boa noite pai. – Lhe dei um beijo na bochecha.

--Boa noite querida.  – me deu um beijo da testa.

Sem mais demoras, me dirigi ao meu quarto, enquanto via meu pai se dirigir à secretária e ligar o computador.

****

Estava quase adormecendo quando meu celular vibrou. Suspirei, perguntando quem seria, e tateei a minha escrivaninha, procurando-o. Não via nada e as luzes estavam apagadas.

Desbloqueei o aparelho por baixo dos lençóis que me cobriam. Recebera uma mensagem. Enquanto a lia, um sorriso gigante se formava em meu rosto.

“Te pego amanhã de manhã às dez para darmos um passeio antes de almoçarmos com a minha mãe, que tal? :D E espero não ter acordado você. Beijos, Justin (:”

Ainda pensei uns momentos antes de escrever. O sorriso continuava na minha face.

“Por mim tudo bem :D Aonde vamos? E, não, não me acordou.”

Esperei uns segundo até que ele respondeu:

“Não digo, ahah. É surpresa, amanhã você verá ;) Não precisa levar nada. Está tudo tratado.”

Suspirei. Ele era tão perfeito. E sabia como deixar uma garota derretida.

“Agora fiquei curiosa x) Ok, obrigada (: Boa noite Biebs, durma bem. Beijo!”

“Boa noite C. Sonha comigo ahahah :D Durma bem, princesa (:”

Sorri ao ler a última mensagem. Bloqueei o celular e voltei a coloca-lo na mesinha de cabeceira. Depois me cobri, ainda com as borboletas festejando no meu estomago.

Vou sonhar Biebs. Vou mesmo sonhar com você. E quando adormeci, ainda tinha um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Sejam sinceras fofas? Gostaram meeeesmo? Espero bem que sim. Ah, e só para vos avisar, vou tentar publicar o 8 capítulo na próxima semana sim? Já tenho mais ou menos uma ideia (brincadeira, não tenho nada O.o Alguma sugestão? KKKKK')
Vos amo lindegas.
MUITOOOOOOO
Beijos com sabor a Justin eheh
Carol :)