Two Way Road escrita por Jules


Capítulo 2
Call Me When You're Sober


Notas iniciais do capítulo

Demorou mais chegou! Espero que gostem ^^



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Assim que a porta do avião se abriu, meus olhos quase se fecharam com a luz, mas quando se acostumaram, surpresa foi a expressão que inundou minha face.

Eu estava diante do maior paraíso tropical de todos os tempos. Ouvi alguns gritos de felicidade e estudantes empurrando outros correndo em direção à areia, Mercy parou ao meu lado um pouco surpresa observando o lugar com a mesma expressão que eu. O lugar era maravilhoso. Logo a nossa frente, havia uma enorme praia de areia branca e fina, que abria espaço para um gigante oceano azul cristalino, virando à direita havia uma floresta de coqueiros e diversas árvores esverdeadas de todas as espécies. Logo ao longe podíamos ver uma enorme montanha que provavelmente fecharia o fim da ilha e descendo, cortando um pedaço das matas havia um hotel. Um enorme prédio branco com um letreiro cercado de pequenas cabanas no mesmo estilo tropical, cada uma delas ficava erguida sobre a água, onde pontes de madeira davam acesso às construções. Sr. Smith passou na frente de toda a turma e usou uma revista amassada para usar como megafone e chamar a atenção.

-Turma! Todos comigo!

Chamou. Todos que corriam de um lado para o outro caminharam em direção ao professor, inclusive eu, o cercando e ficando parados, o professor assentiu satisfeito e descartou a revista.

-Bom, será o seguinte. Vamos caminhar para o hotel e fazer o check in. Depois vocês terão um tempo para organizarem suas coisas em seus chalés. –Alguns alunos vibraram. –As 15:30 em ponto, vamos nos encontrar na praia na frente do hall para começarmos com o tour. Tudo certo?

Alguns alunos gemeram desanimados, mas eu não! Eu estava muito animada! Mercy sorriu para mim da mesma forma que eu estava, íamos fazer um tour pela ilha! Imagina as diversas espécies que estávamos prestes a encontrar?! Seria... Perfeito. Caminhamos junto do professor em direção ao hotel, o saguão era enorme, tinha altas paredes brancas e uma escada circular chiquérrima, pela enorme janela o mar se estendia ao horizonte. Sofás de cor vermelha e móveis chiques inundavam o lugar, mas de certa forma com um ar completamente exótico e tropical. Atrás do balcão havia uma mulher sorridente com uma flor atrás da orelha, ela estava parada e assim que o grupo se aproximou pude ouvir:

-Bem vindos ao nosso paraíso de verão!

Abri um sorrisinho, mas meus olhos corriam ainda pelo saguão, era tudo tão diferente do que eu costumava ver, meu coração estava batendo forte, eu estava tão animada! Parado logo no andar de cima, apoiado perto a uma mesa de bilhar, um garoto olhava em nossa direção. Estreitei os olhos tentando ver melhor, ele usava uma camisa verde debaixo de uma jaqueta de couro e tinha cabelos loiros atrapalhados. Seus olhos eram sérios e analisavam tudo a sua volta, até que pararam em mim. Recuei um passo, mas continuei a observa-lo, ele me encarava de uma forma surpresa como se já me conhecesse, desviei os olhos rapidamente, que pararam em Mercy, que me olhava de braços cruzados.

-O que você tanto olha?

Dei um pulo com o susto repentino, mas dei uma risadinha em seguida balançando a cabeça.

-Nada... Só...

Voltei a olhar pra cima e franzi a testa. O garoto não estava mais lá. Mercy me olhou de forma confusa, balancei a cabeça mais uma vez... Será que estava acontecendo de novo? Suspirei.

-Nada não... –Abri um sorriso. –Só estou muito animada com tudo isso e...

-Turma!

Professor salvou chamando nossa atenção logo após conversar com a recepcionista. Caminhou até onde estávamos com vários envelopes na mão. Senti meu coração acelerar, era agora que descobriríamos as colegas de quarto, Mercy e eu viemos rezando para estarmos juntas, mas infelizmente não havia nada que garantisse. Trocamos olhares e fizemos figas ambas. O professor agarrou o primeiro envelope e olhou para todos nós.

-Bom, aqui comigo estão às chaves. Os dormitórios serão segurados por alas, ou seja, a cada seis quartos, haverá um dos professores de responsável. Qualquer dor, ou sintoma ou qualquer outra coisa que apareça, aqui está o número do quarto do professor da sua ala... –Falou apontando para números no envelope. –E por favor, passem lá. Entendido?

-Sim.

Todos responderam de volta, o professor balançou a cabeça satisfeito.

-Muito bem. Sarah, Jessica, Clair e Stephanie. –Chamou entregando o envelope às garotas. –Logan, Craig, Sean e Zack. –Fez o mesmo com os garotos. –Laura, Christina, Jessica e Barbara. –Entregou às garotas. –Dylan, Arthur, Michel e Drake. –Chamou mais os quatro. –Mercy, Chelsea, Krista e Judith.

Troquei olhares com Mercy. Estávamos juntas, mas...

-Chelsea e Krista?

Mercy perguntou indignada, eu sei, eu sei. Com todas as pessoas no mundo tínhamos que cair justo com as mais problemáticas do colégio. A loira que chamávamos de Chelsea caminhou com suas botas de salto até o professor agarrando o envelope e caminhando com Krista até onde estávamos. Nos abriu um sorriso alegre e cínico.

-Olá colegas! Demos sorte que são vocês!

-Estávamos com medo de cair com uma daquelas nerds esquisitas que tem por aqui.

Falaram com um sorriso, Mercy e eu trocamos olhares.

-Muito bem, turma! –Sr. Smith chamou assim que acabou a estrega. –Podem ir para seus quartos, nos encontramos no horário marcado! Não se atrasem!

 As garotas sorriram para nós antes de saírem em direção aos quartos na nossa frente, Mercy me olhou de forma raivosa e olhou em volta algo para chutar, abri um sorrisinho desanimado.

-Vamos amiga... Pode não ser tão ruim assim.

-Não, não! –Ela falou me observando de canto. –Elas são uns amores... E maconheiras!

Revirei os olhos puxando o braço de minha amiga para fora do saguão.

-Pode não ser dramática? Veja só onde estamos! –Falei apontando animada em volta. –Não tem nada que possa dar errado!

Mercy me observou com os olhos estreitos e suspirou.

-Não sei de onde você tira tanto otimismo, amiga.

Abri um sorriso dando de ombros, na verdade essa sempre fora uma característica minha, sempre pensando o melhor de tudo... Pois é.

-Vamos!

Falei enquanto a puxava. Logo a nossa frente um deque apareceu com inúmeras estreitas e longas pontes de madeira que levavam para dezenas de chalés erguidos sobre a água, abri um sorriso disparando com Mercy em direção à nossa ala, olhando os números nos chalés de madeira e vidro consegui achar o nosso e abri a porta com toda animação do mundo. O que vi dentro com certeza não me desapontou. As paredes eram todas em madeira e vidro decoradas de uma forma completamente tropical. Haviam duas camas de casal, cabeceiras, um tapete, armário... Só não via uma televisão, mas quem liga?! Corri até a porta que levava para uma pequena varanda, Mercy corria junto comigo como uma idiota animada. Arregalei os olhos quando vi, logo debaixo dos nossos pés na varanda, era vidro, permitindo uma visão do mar cristalino sob nossos pés. Olhei para Mercy com os olhos brilhantes.

-Olha isso!

Falei, Mercy estava voando os olhares por outros lados.

-Olha isso!

Foi ela quem falou dessa, vez sentando na cama, assim que seu corpo tocou o colchão ele afundou a engolindo em um confortável e macio mundo de plumas, arregalei os olhos correndo até ela e pulando na cama dando risada. Afundei, eu nunca havia deitado em um colchão tão bom assim!

Para estragar nossa alegria um pouquinho a porta se abriu, Krista e Chelsea entraram jogando suas malas no canto do quarto e sorrindo olhando para mim e para Mercy.

-Que bom que já se instalaram no quarto. Krista e eu ficamos nessa cama, ok?

Chelsea falou apontando para a outra em que não estávamos, Mercy e eu demos de ombros concordando, ela sorriu.

-O professor disse para nós o encontrarmos as 15:20 na praia em frente ao...

Comecei a falar, mas fui interrompida pela aguda e irritante voz de Krista.

-Vocês vão? Hm... Tudo bem, Chelsea e eu vamos dar uma fugidinha para...

-Se nós vamos? –Mercy a interrompeu. –Não sabia que ir era opcional.

Falou seca, Chelsea deu uma risadinha.

-Ah sim, não é. Mas Krista e eu temos alguns amigos que chegaram antes e alugaram alguns jet ski e coisas do tipo... Vamos ficar meio clandestinamente e você não vai nos dedurar.

Sorriu. Abri um sorriso mais cínico ainda do que o dela e assenti.

-Claro que não, colega! –Falei de forma aguda e chata como Krista. –Nós te contamos o que perderam depois.

As duas sorriram.

-Ah obrigada! –Então trocaram olhares. –Se o professor perguntar diga que estamos passando mal, ok?

-Pode deixar. –Falei suspirando enquanto me levantava da cama. –Vamos, Mercy?

-Sim. –Mercy grunhiu olhando feio para as duas enquanto deixávamos o quarto. Minha amiga puxou meu braço assim que saímos do campo de visão das meninas e sussurrou. –Vai mesmo cobrir elas?

-Não.

Mercy riu e balançou a cabeça.

-Só você.

Revirei os olhos dando um risadinha, olhei em meu relógio, ainda tínhamos quarenta minutos para o encontro, Mercy e eu trocamos olhares como se tivéssemos pensado na mesma coisa, mas antes que pudéssemos sair correndo uma mão nos parou, nos viramos um pouco surpresas.

-Ah sério? Estamos na mesma ala?

Greg falou em um tom desanimado até demais, Mercy e eu demos risada.

-Que azar!

Minha amiga exclamou, sorri.

-Acho que deram foi sorte.

Pisquei, Jimmy revirou os olhos dando uma risadinha em seguida olhando para Greg e Mercy.

-Sabe que o amor é levado as brigas, certo Jude?

Brincou, Mercy e Greg o fuzilaram com os olhos, dei risada.

-Certíssimo.

Concordei, Greg olhou para mim com um sorriso sarcástico e revirou os olhos.

-Reformulando, o amor é levado aos lerdos. Por favor vocês dois, deixem de ser lerdos!

Revirei os olhos. Ok, Mercy e Greg viviam botando pilha para Jimmy e eu ficarmos juntos há... Uns quatro meses, então sim, éramos lerdos se estivéssemos realmente pretendendo ficar. Jimmy revirou os olhos de forma sincronizada à minha e balançou a cabeça.

-Devia cuidar dos seus problemas, Greg.

Sorriu, Greg suspirou balançando a cabeça. Antes que qualquer conversa pudesse virar uma discussão, entrei no meio dos dois e sorri.

-Mercy e eu estávamos indo dar uma volta para conhecer o lugar, vamos?

Os dois trocaram olhares e deram de ombros logo em seguida.

-Pode ser.

Falaram em uni som, Mercy e eu sorrimos dando cada uma um tapa em um deles e saindo correndo. Eu sei, eu sei, bem infantil, mas o que?! Estávamos felizes! Não era sempre que isso acontecia! Olhei para trás e vi os dois correndo atrás de nós rindo, porém nos alcançando. Olhei para Mercy gargalhando e comecei a correr o mais rápido que podia logo alcançando a areia da praia.

Posso dizer a vocês que quem pensa em viajar para uma área do Caribe ou coisa assim, desista! Vá conhecer a ilha onde eu estava! Posso garantir que lá é quinze vezes melhor, com areia branca e água cristalina, cercada de uma mata intocada e maravilhosa, com canoas boiando na água, sem navios, sem carros, sem barulho de cidade, sem todas as coisas que nos poluem de certa forma.

Meus pés estavam afundando na areia, coisa que me fazia correr como uma idiota e diminuir meu ritmo, um sorriso estampava o meu rosto, tudo aconteceu muito rápido. Meus olhos bateram na mata, atravessando por perto dela, em um ritmo calmo e distraído, havia um garoto com cabelos negros e olhos incrivelmente azuis, meu corpo paralisou e parei de correr, só fiquei olhando como uma idiota. O garoto olhou para o lado, mas logo desviou o olhar, mas seu corpo se tornou rígido e virou o rosto de novo como se tentasse ver se o que havia acabado de ver era realmente verdade. Seus olhos grudaram em mim e por um momento trocamos olhares. Meu corpo estava trêmulo e gelado. Aquele era o garoto que eu via em meus sonhos... Eu tinha... Eu tinha certeza. Sem sequer perceber eu estava sendo erguida do chão e sendo girada pelos braços de Jimmy. Dei um gritinho de surpresa com o movimento, coisa que o fez rir. Logo Jimmy me colocou no chão e disse alguma coisa, mas eu não ouvi. A expressão do garoto se tornou fria para meu amigo, mas logo ele voltou a me observar, meu coração estava a mil, ele me abriu um sorriso e então adentrou a mata. Tudo começou a girar, eu via bolinhas a minha volta e assim, heroicamente, desmaiei.

***

-Muito bem turma, estamos todos prontos?

-Jude, tem certeza de que está bem?

Mercy me olhava com uma expressão preocupada, ok, talvez eu tivesse desmaiado há alguns minutos antes, e mesmo me sentindo tonta eu não ligava pois eu nunca ficaria com Chelsea e sua capanga do mal e muito menos  perder a excursão pela ilha! Nem que me pagassem! Balancei a cabeça negativamente para Mercy, Jimmy me observou também.

-Sério mesmo, Jude? Quer dizer...

-Vamos comigo.

O professor chamou me livrando de uma discussão a minha saúda. Eu estava bem, droga! Só um pouco... Atordoada. Comecei a andar sem dar atenção para Jimmy que foi ficando para trás, Mercy correu até o meu lado para me acompanhar, mas poucos metros que já havia corrido tinha as bochechas rosadas e a respiração alta.

-O que é? Está fugindo de um leopardo?

-Não.

Respondi dando de ombros, minha amiga me observou erguendo uma sobrancelha.

-O que houve?

-Está acontecendo de novo, Mercy.

Suspirei, minha amiga me observou por um momento com expressão preocupada e olhares delicados, quase piedosos. Desviei os olhares para qualquer outro lugar a não ser minha amiga.

-As alucinações?

Ela sussurrou, assenti a olhando de canto de hoje, senti meu coração falhar uma batida. Há uns três anos atrás eu era tratada de possível esquizofrenia. Sim. Wow. Mercy e eu somos amigas desde aquela época, eu era medicada, mas mesmo assim, eu costumava ouvir vozes e ver coisas. Sintomas da doença. Arrepiei-me só de me lembrar do rosto vermelho de olhos negros que eu vira ano retrasado parado logo atrás de Mercy, minha reação foi gritar e jogar um vaso logo atrás da garota... Se eu tivesse a acertado... Minha mente voltou a realidade. Eu havia parado com os medicamentos, no último ano eu não vinha tendo mais problemas com alucinações ou coisas do tipo, mas hoje, ali na praia eu havia desmaiado por causa de mais uma, e ainda mais, estava desesperada, pois esquizofrenia não era catapora nem algo do caso, era uma doença que poderia machucar alguém.

-Jude... Não se preocupe... Pode não ter sido nada... Trouxe o seu remédio?

Balancei a cabeça positivamente, eu sempre trazia comigo, mesmo depois de um ano sem usa-lo. Mercy suspirou aliviada e tocou meu ombro.

-Então não temos com o que nos preocupar, está tudo bem.

Ela parecia preocupada. Suspirei e assenti ao que ela disse caminhando com o grupo. Logo a praia ficou para trás e a floresta se abriu a nossa volta, quando fui me dar conta disso já havíamos andado para caramba. Arvores das mais diversas cores enfeitavam o lugar, pássaros cantavam sem parar, era como uma linda cena daquele filme “Rio”. Porém estávamos em uma ilha no meio do nada. O professor estava preocupado em apontar para um pequeno inseto no chão e nos explicar o que era. Observei intrigada, tinha certeza que não veríamos coisas assim de onde viemos. Aquele lugar era um verdadeiro paraíso tropical. Isso sim. Mercy me deu uma cotoveladinha e apontou para longe. Franzi a testa apalpando minha costela que agora ardia e soltei um suspiro em protesto.

-O que foi?

-Olhe.

Acompanhei seu gesto para o longe da mata, franzi os olhos para conseguir enxergar melhor, então eu vi. Lá longe, tipo muito longe mesmo, havia uma pequena casinha sobre uma árvore. Uma gracinha, porém parecia abandonada. Franzi a testa, era quase um ponto de onde víamos, estávamos extremamente longe. O professor nem havia notado a sua existência... E pelo modo como ela estava, acho que nem mesmo os moradores da ilha haviam notado sua existência... Ou se houvessem, se mantinham longe de lá. Mercy me olhou de uma forma intrigada e animada, coisa que me passou um grande “ferrou” pela mente. O professor se levantou limpando as mãos nos jeans e sorriu para nós.

-Agora vamos ao ponto leste da ilha para eu poder mostrar o lago de água doce e salgada.

Mercy e eu demos uma última olhada curiosa ao longe e em seguida prosseguimos ao grupo. Franzi a testa enquanto observava a pequena casa. Uma sombra se ergueu vinda do nada sobre a moradia, quase a apagando da minha visão, pude ouvir um pequeno sussurro em meus ouvidos e em seguida um calafrio, sem esperar mais que isso corri para acompanhar as pessoas que andavam seguindo o professor. Ali parecia especialmente seguro.

***

-Quer saber o que eu acho?

Mercy falou olhando para mim e em seguida para o seu reflexo no espelho.

-O azul é melhor.

Falei, ela me fitou de forma séria e suspirou.

-Certo.

Naquele momento, Mercy escolhia a sua roupa. Menos o meu ânimo sendo um número abaixo de zero, estávamos indo para o luau,  minha amiga havia acabado de vestir sua blusa azul e finalmente estava pronta. Não havia sinal de Chelsea ou Krista e francamente, eu esperava que elas tenham morrido em um acidente de jet ski, mas conhecendo bem a minha sorte, sabia que isso não tinha acontecido.

Meus olhos se viraram a porta assim que ouvi as batidas, Mercy se virou para a porta e suspirou apontando para o local.

-Abra por favor?

Assenti me colocando de pé e caminhando até lá e a abrindo dando de cara com Jimmy e Greg que tinham um sorriso enorme no rosto, abri um sorrisinho também deixando os dois entrarem no quarto.

-E aí? Prontas?

Perguntou Jimmy, Mercy deu de ombros.

-Uma de nós está.

Falei com um sorriso, Mercy me olhou feio e revirou os olhos com um sorriso.

-A outra está quase.

Falou enquanto agarrava sua jaqueta preta e a levava no braço, sorriu.

-Agora estamos todas prontas.

Anunciou, Jimmy e Greg assentiram olhando para o lado e erguendo cada um, um braço para nós. Com uma leve risada dei o braço para Jimmy e juntos mergulhamos noite adentro.

A fogueira estava linda, uma enorme bola de fogo que subia aos céus com milhões de estrelas... Suspirei, nunca havia o visto daquela forma antes, as ondas batiam calmamente na beira da praia e alunos riam e conversavam, alguns se pegavam no canto afastado dos professores e eu podia sentir o cheiro do álcool. Alguns garotos tocavam violão e cantavam, outros apenas conversavam e riam, a música soava alto, aquela era uma festa bem agradável. Jimmy, Mercy e Greg abriram um sorriso coletivo assim que chegaram, Greg ergueu os braços para nós e com seu sorriso contornado de covinhas, exclamou:

-Bem vindos ao paraíso! Primeiro passo, uma bela de uma festa para acordar legal.

Dei uma risadinha, Greg e Mercy costumavam ser o ânimo do grupo... Eu era a chata avulsa por ali, Jimmy era o fofinho que dava vontade de morder. Mercy pulou para o lado de Greg, lhe dando uma bundada o desequilibrando e dando risada.

-Vamos então Lockhood, temos que pegar nossos drinks para ficar ainda melhor!

-Sem álcool...

Falei com um sorrisinho, Mercy assentiu e sorriu.

-Com certeza.

Em seguida saindo pulando com Greg, eu sabia muito bem que Mercy não precisava de álcool para ficar feliz... A garota já era doidinha o bastante no seu estado normal. Jimmy abriu um sorriso para mim me erguendo a mão.

-Vem, vamos nos sentar com o pessoal.

Retribuí o sorriso sentindo um aperto na boca do estômago.

-Tudo bem...

***

-Jude?

-Hein?

Eu me sentia um pouco tonta quando Jimmy deu falta de mim. Eu já havia bebido mais do que o suficiente, porém conhecia o meu limite... Duvidava um pouco disso quando se tratava de Jimmy. Ele estava andando cambaleante quando se aproximou de mim próximo às palmeiras, abri um sorriso para ele e lhe ergui o braço, não seria legal se ele desmaiasse agora.

-Obrigado por isso.

Falou enquanto se equilibrava em meus braços, não dei importância.

-Tudo bem... Você está legal? Posso te levar de volta...

Sugeri, Jimmy abriu um sorriso e levou a mão ao coração como se se sentisse tocado por meu gesto, em seguida me deu um abraço apertado.

-Você é tão boa pra mim! As vezes gostaria de retribuir isso um pouco!

Exclamou, abri um sorrisinho sem graça e dei de ombros, tentava disfarçar ao máximo como aquela situação se encontrava de forma tão desconfortável para mim.

-Não se preocupe com isso, vamos...

Tentei leva-lo, mas ele não se moveu, sequer me soltou. Franzi a testa dando uma risadinha nervosa e tentando me soltar, eu podia sentir o seu hálito forte de álcool.

-Deixa eu te recompensar, vai? –Falou com um sorriso um tanto idiota e levou seus lábios até perto de minha orelha lhe dando uma mordida, recuei, mas logo pude ouvir o seu sussurro. –Eu tenho camisinha.

Foi o cúmulo. Empurrei Jimmy tentando me soltar com todas as minhas forças e surpreso o garoto caiu de costas na areia, saí correndo em passos pesados enquanto o ouvia gritar meu nome e sua voz ficando cada vez mais próxima de mim. Ele estava me seguindo, mas eu não queria ve-lo! Adentrei a floresta às pressas me jogando em meio às árvores tentando sumir nas sombras, até que não conseguisse mais ouvir os gritos de Jimmy.

Parei por um momento apoiando em meus joelhos respirando alto, eu podia ouvir meu coração à mil, minhas pernas estavam bambas de fatiga e eu nem sabia onde eu estava. Olhei em volta, eu não me lembrava dessa parte da floresta em nosso tour. Tentei caminhar meus passos de volta, mas fiquei em dúvida do caminho que havia feito até ali. Suspirei. Ótimo!

Pude sentir o frio bater em minha pele e me arrepiar, meu queixo tremia devido à baixa temperatura, mordi o lábio olhando para os lados, minha mente parou assim que ouvi um barulho não muito longe. Passos. Recuei um passo olhando em volta.

-Jimmy?

Nada, nenhuma resposta. Senti o medo começar a subir minha garganta, eu poderia estar presa na floresta com um louco estuprador ou coisa assim. Engoli em seco, mas minha garganta estava fechada devido ao pânico.

Me virei em trezentos e sessenta graus atrás dos passos, mas nada aparecia, até que eu vi. Olhos azuis e macabros saindo das sombras, os lábios grossos com tom sanguinário, o corpo malhado iluminado apenas pela penumbra. Arregalei os olhos, a figura avançou em minha direção, mas meu reflexo foi sair correndo. Corri com toda a minha velocidade entrando cada vez mais e mais na mata desconhecida. Olhei para trás sem parar para ver se estava seguida, ele não estava ali. Assim que virei o rosto pronta para parar, me surpreendi com o galho que bateu contra o meu rosto. Caí no chão coberto de folhas enquanto minha cabeça girava e a dor ardia em todos os cantos. Soltei um suspiro perdendo meus olhares nos céus cobertos pelas folhas das altas árvores e essa foi minha imagem antes de apagar.


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Notas finais do capítulo

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