Esposo De Mentirinha escrita por JoyceSantana


Capítulo 15
"Yes."


Notas iniciais do capítulo

EU DEMOREI E TÔ FUDIDA DAQUI PRA FRENTE



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– Eu sabia que ia dar merda. - Chaz murmurou correndo para a região dos quartos. Já no corredor, avistou Connor com uma expressão confusa em frente à porta do amigo, porém estava ocupado demais para se importar.

– E aí, Connor. - cumprimentou-o rapidamente girando a maçaneta - O Derek tá aqui? - seu ato de entrar no cômodo foi interrompido ao ouvir a voz do menino, ainda confusa:

– Acho que ele está com problemas, Chaz?

Chaz não conseguiu prosseguir. Problemas? Bom, ele sabia que Derek tinha muitos, na verdade, a vida sempre foi um por cento mais cruel com ele, era o que Chaz acreditava. Mas aquela voz de Connor fazia parecer... Que as coisas estavam mesmo críticas.

Que Derek estava prestes a cometer uma loucura permanente.

– Eu vou ver o que está acontecendo. - disse antes de finalmente entrar no quarto e deparar-se com uma cena triste - Derek, o que raios está fazendo?

Perguntou ao ver o amigo praticamente travar uma guerra contra suas roupas, jogando-as de qualquer jeito dentro de sua mala enquanto fungava como uma criancinha. Quando encontrou seus olhos, viu que estavam marejados, que Derek havia chorado. E aquilo o fez arrepiar.

Derek não chorava. Só quando algo estava terrivelmente errado.

– Dude, o que foi?

– Eu vou embora daqui. - viu o amigo arregalar os olhos - Eu não consigo mais, Chaz. Se continuar aqui, vou sofrer ainda mais, eu não quero essa tortura, chega. Eu... Vou acabar morrendo, meu Deus. - sentou-se na cama com a mão esquerda sobre o peito, praticamente hiperventilando - Eu devo ter matado alguém enquanto dormia, não é possível. Ninguém merece tanto castigo assim. Ninguém.

– Velho, olha... - Chaz começou coçando a cabeça, porém foi interrompido.

– Fica tranquilo, ok? - Derek adiantou como se a situação já estivesse resolvida - Eu vou, mas você pode ficar aqui. Eu pago sua passagem e... - foi interrompido por um Chaz bravo.

– Olha, seu idiota, se você não fosse meu melhor amigo eu te daria um belo soco nessa cara lisa aí que seu nariz ia sair pela nuca. - Derek se assustou enquanto tentava entender o que diabos o amigo queria dizer - Eu não estou aqui por causa do seu dinheiro, dude! Estou aqui por que quero te fazer companhia e não quero apanhar! - lembrou do incidente do homem enorme procurando-o. Onde será que ele estaria agora? - Estamos juntos nessa, relaxa, ok?

Derek riu fraco e continuou a fazer as malas de uma forma mais calma. Enquanto dobrava suas blusas e calças, só pensava em como Jessica estava, onde estaria, o que estaria fazendo e como reagiria ao saber que ele iria embora. Com certeza iria enlouquecer. Falar um monte de porcaria possessiva e obrigá-lo a ficar. Mas desta vez, ele não ficaria. Aquilo já era demais para ele.

– Ela vai enlouquecer. - concluiu interrompendo a arrumação mais uma vez ao imaginar a reação de Jessica - Meu Deus.

– Não quer pensar um pouco mais? Quer dizer... - Chaz começou tentando reverter a situação crítica do amigo - Nossa estadia acaba amanhã a noite. Tente aproveitar um pouco até lá e depois vamos para casa.

Derek sabia que, se ficasse, sofreria cada vez mais ao ver Jessica agarrada a Connor, ainda mais sabendo de suas intenões com ela. Mas Chaz tinha razão. Não faria sentido ir embora tendo tão pouco tempo restante naquele hotel. Por mais ferrado que estivesse naquele momento, não poderia ser tão burro a ponto de desperdiçar um dia todo ali.

– Tudo bem, eu fico. - cessou de vez a arrumação empurrando a mala. Chaz respirou aliviado, sabe-se lá Deus o que Derek faria num avião, sozinho, claustrofóbico e completamente perturbado - Mas eu vou beber. Vou beber até cair e você vai cuidar de mim. É a minha única condição.

Chaz apenas revirou os olhos antes de assentir sem vontade alguma. Cuidar de Derek bêbado era algo que ele achava que tinha deixado nos tempos de colegial, mas o azar do amigo era algo simplesmente incrível. Afetava qualquer um num raio de trezentos metros. Ou anos.

– Então, já que está tudo resolvido... Vou ajudar o moleque. - disse levantando e seguindo até a porta. Porém, foi interrompido por um Chaz confuso.

– Ajudar? No quê?

– Connor me pediu ajuda para escolher um bom anel de noivado. - o suspiro no final expressou o quão doloroso aquilo era.

Chaz arregalou os olhos.

– Anel de noivado? Peraí... - sentiu o cérebro virar-se bruscamente para o lado, fazendo Derek rir pela reação - Jessica vai se casar? Como assim? É brincadeira, né?

– Não, não é brincadeira. Jessica será mesmo pedida em casamento. Só não sei se irá aceitar... - Derek ainda tinha uma única gota de esperança, mesmo com toda a situação - Acho que não vai. Ela gosta das coisas mais devagares.

Chaz revirou os olhos mais uma vez ao ver um sorriso perigoso dançando nos lábios do amigo, que torcia para que Jessica não aceitasse.

– Então você vai ferrar com tudo nos anéis, ou... - perguntou já imaginando Connor chorando por não achar um anel bom o bastante para mostrar à Jessica por pura maldade de Derek.

– Não, bom, sei lá. - confessou rindo fraco - Eu vou acompanhá-lo. Não garanto nada.

– Derek, sério, não faça nada de má fé, tudo bem? Ele pode desconfiar e... É uma puta maldade com o menino que gosta dela.

Derek suspirou enquanto apertava os olhos. Chaz podia ser um retardado, idiota e o mais tarado de todos os seres humanos existentes, aquilo era fato. Mas, quando queria, era a pessoa mais sensata do mundo. Igualitário como ninguém. Talvez por isso que a amizade deles durava tanto. Chaz era uma boa pessoa, apesar de tudo.

– Você devia me apoiar, idiota. - murmurou com má vontade recolocando sua mala e suas roupas nos lugares originais. Chaz riu fraco enquanto se direcionava para a porta - Devia estar dizendo "Mano, empurra ela pra um quarto e faz o que você sabe fazer muito bem!" - imitou muito falsamente a voz de Chaz, que apenas fez uma careta encostado no vão da porta - Não me olha com essa cara não, o amigo desnaturado aqui é você.

– O amigo adúltero aqui é você, então cala a boca e vai logo. - finalizou saindo do quarto, induzindo o amigo a fazer o mesmo para acompanhar Connor. Derek respirou fundo e prosseguiu, imaginando o que Jessica estaria fazendo naquela hora. E qual anel ficaria perfeito em sua mão delicada.

***

– Chaz, por que todos estão me evitando? Cadê todo mundo, afinal?! - Jessica perguntou ao perceber que nem Connor e muito menos Derek estavam presentes, e que Chaz parecia evitá-la a cada olhada.

– Hã... Sei lá, ué, eu não vivo grudado ao Derek. - desconversou nervoso com medo de deixar escapar qualquer coisa - Eu, hein. Dá licença. - tentou sair mas foi impedido.

– Você mente tão bem quanto sua masculinidade. - ironizou maldosa rindo ao ver a reação do amigo - Qual é, me conta! Se você não está com ele, está tramando algo à distância. Vamos, o que é?

– Eu não posso falar, me desculpe. - consolou-a triste por não poder dizer algo tão importante - Mas você vai saber logo.

– Ai meu Deus, o Derek vai se declarar para mim? - perguntou com os olhos brilhando. Chaz arregalou os olhos sentindo alguns dos sintomas de um ataque epilético - Ai meu Deus, é isso mesmo, olha para a sua cara de retardado que entrega tudo!

"Garota, se você não estivesse tão errada, eu te daria um belo soco na cara agora."

– Não, não, para com isso... - pediu complemente perturbado - Hey, Jessica, onde vai? Hey, garota, onde vai?

Perguntou ao ver Jessica também um tanto perturbada enquanto se afastava com um sorriso estranho no rosto, como se quisesse acreditar que aquilo era a coisa certa, sabendo que era a coisa mais errada do mundo naquele momento. E então, quando virou-se, encontrou algo, ou melhor, alguém. E segurava algo brilhante. E não era Derek.

***

– Então, do que Jessica gosta? - Connor perguntou analisando a bancada de jóias brilhantes e salgadas no preço. Derek parecia distante, triste - Hey, tudo bem?

– Hã? - finalmente acordou de seus devaneios enquanto via um colar de diamantes - Ahn, você falou comigo?

– Na verdade, falei sim. - disse o menino sem graça - Olha, se estiver desconfortável com isso, tudo bem. Eu chamarei o Chaz, ok?

– O quê?! - Derek o impediu de sair da loja, pegando-o pelo braço - Está louco? Eu estou bem, só estou meio chateado por não ter visto muito as minhas filhas hoje! - e mais uma vez Jazmyn e Julie serviam de desculpas para Derek - Então, deve estar se perguntando do que Jessica gosta.

Connor assentiu receoso e permitiu que Derek informasse-lhe os gostos de Jessica. Mesmo com a desculpa, o "motivo" dado pela completa alienação, ele ainda tinha um pé atrás. Derek estava muito estranho desde o começo da semana.

– Olha, Jessica não gosta de nada grande demais, muito escandaloso. Não gosta de chamar atenção. O que é uma puta ironia, porque... - interrompeu sua fala abruptamente ao perceber que tinha falado demais. Connor tinha uma expressão confusa - Quer dizer... Hã... Ela gosta de diamantes.

– Hã, ok... Diamantes então. - Connor disse receoso aproximando-se das jóias enfeitadas com a pedra - Você acha que é melhor eu pedi-la com um colar ou uma aliança?

– Tradicional, por favor! - Derek começava a questionar os gostos de Jessica. Quem diabos pede alguém em casamento com um colar? Vai querer dar brincos de bijouteria também? - Uma aliança perfeita é o que ela merece.

Derek temeu ter falado mais do que deveria outra vez, mas relaxou ao ver que Connor passava a concordar com suas palavras ao invés de olhá-lo com desconfiança. Aquilo era bom, certo? Ele estava escondendo seus sentimentos inconstantes muito bem.

– Tem razão. Meu Deus, eu estaria perdido sem você!

"E sem namorada também", completou Derek em pensamento enquanto sorria politicamente, sem dentes para Connor. Logo induziu-o a continuar procurando por qualquer outra jóia, alianças, de preferência. Ainda não acreditava que o moleque considerava qualquer ideia de dar algo abaixo de um anel para um casamento.

Logo percebendo que não tinha nada para fazer ali, resolveu analisar também algumas jóias. Entre esmeraldas, rubis e os próprios diamantes, tudo passava um tanto despercebido para Derek. Até que algo igualmente brilhante prendeu sua atenção como algo... Complemente desconhecido e maravilhoso. Algo que ficaria perfeitamente perfeito na mão delicada e perfeita de Jessica.

Ele havia achado.

– Connor, achei. - murmurou fitando a aliança que poderia ser considerada normal, mas não para Derek, que estava começando a entrar no estado de hipnose com o tímido brilho - É essa.

– Tem certeza? - o menino se aproximou e, assim como o esperado, não viu algo tão hipnotizante e perfeito - Eu não sei não, a pedra é muito pequena. Acho que tem que ser maior, sabe? Pra impor poder.

"Impor poder"? - repetiu indignado - Tá querendo dominar alguma terra, moleque? Não responda. - interrompeu a tempo ao ver um sorriso malicioso nos lábos de Connor - Não é o tamanho da pedra que importa. É o que ela representa. Como Chandler Bing diria... - limpou a garganta fazendo o amigo rir - É quando você olha para a pedra e a vê recebendo-a, emocionada. - disse aproximando significativamente a pedra no olho esquerdo, assim como o personagem de Friends. Logo não conseguiu pensar ou dizer mais nada.

Pois ele tinha visto Jessica recebendo o anel, emocionada...Dele.

"Controle-se, McCann. Controle-se."

– Derek? Derek! - ouviu a voz distante e logo presente de Connor, tirando-o de seus devaneios conturbados - Olha, é muito bonita, mas eu vou escolher outra, ok? Olha só essa! - mostrou uma outra igualmente diamantizada, porém com uma pedra imposta trinta vezes maior. Chegava a ser rude o tamanho da peça - Eu amei e vai ser essa mesmo. Jessica vai amar.

Derek deu de ombros e se direcionou para o caixa, esperando que tudo aquilo acabasse logo. Foi então que percebeu que não foi tão ruim quanto percebeu. Havia ajudado Connor a escolher a aliança e, além da dor permanente, tal qual já se passava despercebida pelo tempo, foi tudo... Aceitável. Normal. Porém, o pior viria depois.

O pedido.

– Cara, ela vai amar. Estou até vendo. - Connor começou a imaginar as reações da namorada mediante ao pedido - Eu vou acabar desmaiando na hora.

Derek até pensou em tomar o lugar do menino e pedir por ele, mas ainda não era a hora de gracinhas e indiretas.

– Relaxe! - pediu despreocupado, supostamente - Apenas... Mostre a caixinha e ela já vai fazer tudo valer a pena. Acredite, foi assim comigo. - acrescentou a última parte ao perceber que tinha tornado tudo pessoal demais - Então, quando fará o pedido?

"Bem longe de mim, por favor.", pediu mentalmente já imaginando uma desmaio instantâneo se visse o pedido de um raio de infinitos metros.

Porém, Derek nunca foi tão sortudo. Você sabe bem disso.

– Quer saber? Vou pedir agora.

Ao ouvir a fala um tanto impressionante de Connor, só desejou que sua expressão não fosse retardada demais. Já até sentia uma tonturas discretas.

– Ahn, tudo bem, então... - disse cambaleando enquanto se direcionavam ao salão principal. Logo viu Chaz e uma mulher o acompanhava, parada de costas. Aquilo parecia um filme muito filho da puta de terror - Ai meu Deus.

– O que foi? - perguntou Connor rindo fraco, Derek parecia querer ir ao banheiro - Está tudo bem?

– Está tudo ótimo, está tudo ótimo... - repetiu mais para si mesmo do que para o menino, que decidiu não discutir mais. Sabia como aquele homem era problemático.

– Oh meu Deus, ali está ela. É agora. - disse animado numa distância segura de Jessica. Chaz já havia percebido-os e encarava-os com receio e preocupação, inclusive com Derek que parecia apagar a qualquer minuto - Eu vou. Obrigado Derek, você é demais.

– Não por isso. - balbuciou limpando a primeira gota de suor de sua testa."Sério mesmo, não por isso."– Vai lá. Anda,

E então ele o empurrou levemente, fazendo o momento tão pouco esperado, tão doído chegar cada vez mais perto. Era como se ele estivesse permitindo que aquilo acontecesse. Como se aceitasse que Jessica, a petir daquele momento, estaria mais do que indisponível. Estaria... Casada. E não era com ele.

E o pior de tudo, ele havia ajudado para que aquilo acontecesse. Não estava muito orgulhoso, tinha que admitir. Sentia-se... Vazio. Morto. Apenas respirando. Era uma bosta.

E então Jessica percebeu a distância do namorado. E também a sua. Antes que pudesse sequer perceber, estava sorrindo para si, como se o bendito homem que fosse pedir sua mão fosse ele. Para falar a verdade, todas as reações de Jessica estavam um tanto invertidas, já que ela sorria para Derek, que só segurava sua dor e Connor, que segurava um puta anel de brilhantes com todo aquele amor jovem parecia... Apenas um jovem cheio de amor para dar.

– Meu Deus, Jessica. - pediu suplicante ao vê-la desfalecer a expressão ao finalmente ver o anel e não desviar o olhar do amigo - Meu Deus, não ferre tudo. Não ferre tudo, garota.

Ele não conseguia ouvir droga nenhuma do discurso de Connor, mas conseguia imaginar as palavras pelas reações de Jessica, que entregavam como se o menino tivesse segurando um baita megafone. Enquanto a parte mais interessante não chegava - Connor falava como uma maritaca sob pressão - Derek ainda esperava que uma reviravolta acontecesse. Connor e sua pureza que se dane-se, o que ele queria mesmo é que Jessica saísse dalí e pulasse em seu colo, desclarando seu amor incondicional e eterno. Aquilo seria perfeito.

Porém, no minuto seguinte, todas as suas esperanças, toda a sua felicidade, toda a sua vida foi ceifada pelos lábios de Jessica que, claramente contra, desenharam, fazendo Derek entender e, posteriormente, desabar em algum lugar:

"Sim."


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Notas finais do capítulo

DEPOIS EU FALO COM VOCÊS, SÉRIO, EU TE AMO