POV JUSTIN

Ela se foi.

Ela me deixou. Me deixou aqui, cheio de raiva e cheio de amor ao mesmo tempo. Me deixou com saudade e vontade de abraçá-la também. Mas me magoou de um jeito que nunca fui magoado.

Por que o Chaz? Por que não... Não...

Por que não eu?

Eu queria ser o sortudo pra beijá-la. Eu queria poder tê-la pra mim. Eu.

Mas ela preferiu o Chaz a mim.

Agora ela se foi. E me deixou aqui sozinho sem olhar pra trás.

-Justin... - Kenny gritou.

-Não Kenny, por favor... Agora não - disse decepcionado.

Sentei no banco e deixei umas lágrimas virem. Não ia fazer diferença pra mim. Nem mesmo os malditos flashs.

-Você a ama dude. Eu consigo ver.

-Amo.

-Mais do que ama Selena, não é?

Encarei o vazio por alguns segundos.

-Sim.

-Então falei isso pra ela dude.

-Como? Ela foi embora Kenny... Acabou.

-Não, não acabou. Vai atrás dela.

Olhei para aquele homem que sempre foi meu grande amigo. Talvez ele tivesse razão.

-Talvez você tenha razão, grandão... Mas de qualquer jeito, ela escolheu o Chaz.

-Que isso garoto! Ela te ama! Todo mundo vê!

Encarei-o mais um pouco.

O voo 157 com destino a Los Angels, vai sair em um minuto.

-Vai atrás menino! - ele disse pela ultima vez.

Me levantei e encarei a passagem. A única coisa que nos separava.

-Eu vou - disse sorrindo.

Corri em direção ao túnel azul.

-Sinto muito senhor, o avião já vai partir. Você pode esperar o próximo voo.

-Não posso não.

Entrei no túnel azul as preces enquanto ouvia gritos me mandando voltar. Corri o mais rápido que pude, até ver o clarão branco.

-O avião, graças a deus - sorri.

Mas quanto mais próximo eu chegava, mais o clarão aumentava. Era o buraco vazio, sem o avião. Parei antes de cair a metros do chão e grunhi derrotado.

-Não! Por tão pouco! - gritei batendo na tela azul.

O avião não havia partido ainda. De repente ele parou na pista.

Era a minha chance.

POV CARY

- Tivemos um pequeno problema em relação aos pneus. Sairemos em breve - a voz soou da caixa de som e bufei irritada.

-Que droga - murmurei - Era o que faltava.

Apoiei a cabeça sobre a almofada acolchoada da poltrona e fechei os olhos. Tateei minha bolsa e tirei meus fones de lá. Coloquei na minha playlist o mais alto possível.

“Você podia ter vindo atrás de mim” pensei relembrando a imagem de Justin antes de entrar no avião.

-Mais não veio - murmurei e virei pro lado da janela, de olhos fechados.

POV JUSTIN

“Vamos, desçam o túnel”  uma voz distante gritou.

-Oh shit - murmurei antes de me agarrar as paredes azuis desesperadamente.

Logo tudo começou a se mover e torcia pra não cair. Eles estavam descendo o túnel de passagem e eu estava dentro dele. Fechei os olhos e me agarrei com mais força até que senti meus pés pousarem. Abri os olhos rapidamente e percebi que estava no chão.

-Hey, vá olhar o túnel, tem algo ali! - ouvia uma voz então saí rapidamente do túnel e encarei a enorme pista de pouso.

-Hey, garoto! - o funcionário assustado me chamou atenção - Espera, você é Justin Bieber?!

Ignorei-o. só pude correr quando vi o avião, ainda parado. Corri incessantemente em sua direção, perdendo até meu boné, arrastado pelo vento. A escada ia ser retirada do avião e os motores voltaram a ser ligados.

-Garoto! Volta aqui! - mais gritos atrás de mim ignorados.

Parei ao lado do avião, extremamente ofegante. Correr riscos eu corria sim. Provavelmente minha mãe vai me matar. Mas até lá as consequências valerão a pena... Eu espero.

Passei a olhar cada janela do avião. A cada pessoa ali. Uma por uma. Agora o avião já se movia mais e eu só me afastei um pouco. “Sem pânico”, pensei. Até que quando olhei para mais uma janela, vi aquela garota de olhos fechados apoiada sobre a poltrona. Aquela garota que tinha o sorriso mais lindo do mundo. A garota que fazia meu coração disparar.

-Cary! - gritei o mais alto que pude. Os demais passageiros olharam pela janela -Cary! - gritei mais alto ainda.

Nada.

-CARYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY - certo, minhas cordas vocais já eram.

Nada ainda.

Os outros passageiros já acenavam das suas poltronas e tiravam fotos, haviam me reconhecido. Mas ela sequer abriu seus olhos.

O avião pôs-se a mexer mais rapidamente.

Droga, eu vou perdê-la.

POV CARY

-I kissed a girl and I liked it, The taste of her cherry chapstick…- a musica entorpecia minha mente.

Cantarolava baixinho enquanto suspirava levemente. A musica estava alta, mas os ruídos ao meu redor começaram a me perturbar. Eram vozes, muitas vozes.

-Que merda é essa? - abri os olhos quando encontrei a maioria dos passageiros encarando a janela, acenando e com câmeras fotográficas.

-Senhores passageiros, o avião já vai partir. O piloto agradece sua paciência.

-Cary! - ouvi fraco - Cary! - se repetiu.

Segui os ruídos até a janela e a abri encarando a pista.

Não acredito.

O que Justin Drew Bieber esta fazendo aqui?!

Esse idiota, imbecil, cretino, infeliz, retardado, infantil.

-Cary! - ele gritou novamente enquanto corria um pouco atrás do avião, que se afastava aos poucos na pista.

-O que você pensa que esta fazendo aí?! - gritei nervosa.

-Eu estou vindo atrás de você! Você não pode ir! - sua voz ficava mais distante com o barulho da turbina.

-Você nem se despediu de mim! - gritei mais uma vez. Todos ouviam atentos, mas ignorei - E eu tenho que ir!

-Não, não tem! Eu tenho que te falar uma coisa! Desce!

-Eu não!

-Por favor!

-Sobe você se quiser!

-Mas... - ele encarou a parte frontal do avião com expressão cansada e voltou a me olhar - Tá!

-Justin, vai embora! - gritei antes dele desaparecer.

Silencio. Silencio terrível. Nenhum sinal de um possível Bieber - ou sendo bem pessimista - um possível cadáver de Bieber. Bati os pés inquietantemente na cadeira. O avião ia logo decolar.

-Vai atrás dele menina! - uma senhora sentada na poltrona a frente disse sorrindo - Você o ama?

-Sim - suspirei - E muito.

-Então vai criança, não perca isso! - ela lançou mais um sorriso.

Gemi desgostosa ainda na cadeira. Eu sabia o que fazer. Tinha que ir atrás desse idiota que eu amo. Nem que fosse pra dar patadas e mandá-lo pra casa. Só pra olhar em seus olhos vibrantes mais uma vez.

Levantei da poltrona e saí em direção a entrada do avião.

-Senhorita, o avião já vai decolar, sente-se por favor - a aeromoça na porta mandou.

-Eu não posso!

-Mas você precisa - ela disse -Alias, você é a Cary?

-Sim sou - disse rápida - É que meu amigo está lá fora e...

-Nossa, como eu sou sua fã! Pode me dar um autógrafo?!

-Mas é que... - pensei rapidamente - Tudo bem! Mas estou sem papel e caneta, pode ir pegar?

-Sim, um minuto - ela disse sorridente e saiu da porta, dirigindo-se aos fundos.

Encarei o corredor enquanto a aeromoça já desaparecia, e abri a porta do avião rapidamente quando levei um susto soltando um grito agudo por Justin estar praticamente na minha frente, subindo as escadas forjadas rapidamente.

-Me da... - ele respirou cansado - Cinco... Minutos... E depois pode ir... - suspirou.

-Ok Bieber - olhei o avião novamente e desci as escadas com ele.

-Senhorita!- a aeromoça havia voltado enquanto eu já terminava de descer o ultimo degrau.

-Cary...

-O que? Vai brigar comigo de novo? Vai me mandar parar de ser idiota e de ser manipulada? Como vai ser agora Justin? - eu ainda estava brava, admito.

-Não, eu...

-Você o que? Você só me trata como criança! Acha que sou sem responsabilidade nem nada, eu já cansei disso Justin! Não sou mais uma criança não, sou muito mais matura que você mesmo!

-Ca...

-Não! Minha vez de falar! Eu não entendo por que você sempre faz isso! Me odeia, me magoa, depois corre atrás de mim feito um idiota pra não falar nada! Você podia ter morrido aqui sabia?

-Mas C..

-Cala a boca Bieber! E você mesmo fazendo essas besteiras todas, quase morrendo, quase me matando do coração, sequer tem coragem de me dar um único motivo pra te ouvir, uma única razão pra não ficar com o Chaz, nada!

-Você pode calar a boca por um segundo? - ele disse rindo.

-Por que você ta rindo, seu idiota?! - bati em seu braço, revoltada.

-Por que você fica linda fazendo birra - ele se aproximou mexendo no meu cabelo.

-Para... - o afastei.

-Do que?

-De... de... - olhei pros lados - De mexer com meu psicológico, Bieber.

-E você acha que não meche com o meu não?

-Então simplesmente desiste de mim. Não me procura mais - recuei, caminhando em direção ao avião, onde ainda me esperavam.

-Eu não posso - ele disse alto.

-Por que? - virei rapidamente. Um vento frio bateu em meu rosto.

-Porque eu não conseguiria passar mais nenhum dia sem a garota que eu amo.

Uma batida descontrolada do meu coração começou ali.

-É, sei.

-Princesa... Por favor... Me ouve.

Suspirei pesadamente e virei rapidamente.

-Dois minutos.

Ele sorriu e assentiu.

-Cary, é difícil explicar. Talvez você fique com ódio de mim depois disso tudo, ou sei lá, não me veja mais do mesmo jeito, mas eu preciso falar agora - ele segurou minha mão e eu estremeci eternamente - Eu te amo. Amo de muitos jeitos. Amo como uma irmã que eu preciso proteger, como a melhor amiga que sempre esta ali comigo e agora... Descobri que te amo como a garota que eu quero pra mim. A que eu quero acordar todo dia ao lado, que eu quero poder segurar sua mão e protegê-la pra sempre. Que eu quero poder chamar de minha.

-Jus...

-Não, espera. Só mais um pouco - ele sussurrou - Eu preciso de você comigo, nem que seja como minha melhor amiga, minha princesa. Mesmo que seja magoado vendo você e o Somers. Mais eu preciso de você. E eu não me importo com toda essa gente nos olhando, esses seguranças querendo nos matar, quanta gente eu tenha que enfrentar depois disso e quantos voos eu atrase - rimos juntos ali - eu precisava dizer isso antes que seja tarde demais.

Eu só consegui ficar em silencio. Cada palavra que ele disse foi como borboletas no estômago. Estranhas, surpreendentes, mas aquela sensação boa, de quem sempre precisou daquilo. Ele me ama, eu o amo. Oh God, eu ainda não acredito.

Seus olhos cor de mel me encaravam impacientes esperando alguma resposta, mas eu não a tinha. Era difícil dizer algo agora. Afinal, ele havia dito tudo o que eu queria dizer! E agora é como estar incerta de tudo.

-Mas antes de você ir, quero fazer uma coisa senão, vou me arrepender.- ele disse.

Quando pude perceber, a mão de Justin se arrastou a minha cintura e a outra segurou levemente minha nuca. Eu estava entorpecida por ele. Seu cheiro, seu toque, sua pele. Eu precisava dele comigo todo dia da minha vida. Eu queria seu carinho, seu beijo, seu toque, exclusivos pra mim.

Ele me puxou contra si chocando nossos corpos e agarrei sua nuca e alguns fios de cabelo puxando-o a mim num selinho. Seus lábios estavam quentes então dei passagem a sua língua que não ficou tímida e logo tomou conta de minha boca. O gosto dos seus lábios eram muitos bons. Eram doces naturalmente e sua boca estava quente. Sua boca explorou cada canto da minha, e vice versa. Briga por domínio, por quem ia ter mais, na medida do possível. Agarrei sua nuca e o puxei mais pra mim, aprofundando mais o beijo. Era tão bom. Como algo que havia esperado a muito tempo. Seus lábios pareciam se encaixar perfeitamente aos meus. O ar maldito como sempre, faltou e tivemos que nos separar. Colamos as testas, ambos ofegantes.

-Eu te amo Cary. E preciso de você - ele sussurrou.

-Eu também preciso de você Jus - ergui o rosto, encarando-o rapidamente.

Ele sorriu, eu sorri.

E nada mais importava ali alem de Justin e eu.