03

- Me dê a Pérola, Inuichi! – o monstro do poço reapareceu.

Comecei a correr pro poço, mas eu sabia que ele ia me perseguir, então eu tomei outro caminho e tentei achar um riacho. Mas tudo que eu encontrei foi uma clareira e nada pra me proteger.

– Não tem escapatória, Inuichi! Morra! – ele me atacou de novo.

Caí no chão de bunda e olhei para cima. Na hora que ele foi me atacar, concentrei minhas forças de “sacerdotisa” pra criar alguma coisa pra me proteger, e então apareceu um kekkai (escudo) puro na minha frente.

Eu fiz aquele kekkai poderoso? Perguntei a mim mesma.

– Malditaaaa! – ele ficou batendo no kekkai até ele quebrar.

Conseguir me levantar e correr.

– Inuichi! – gritou mais uma vez.

– Meu nome é Azumi Hoshui! Não Inuichi! – gritei e algo o atingiu.

Era uma espada, mas não parecia com uma espada normal. Ela era grande, parecia que eu já tinha visto aquela espada antes.

Algo pulsou em mim e levantei minha mão. A espada veio até ela e senti que era pesada. Ela foi direta pro chão. Não conseguir levantá-la de novo. Tentei com todas minhas forças, mas nada.

O que tem de errado com essa espada que parece mais um canino?

– Morra! – o youkai disse numa voz estridente.

Conseguir me esquivar rapidamente com uma habilidade que já mais podia imaginar. Pousei no chão graciosamente e tentei atacá-lo com a espada.

– Não será eu que vai morrer! – ataquei-o com muita força.

Ele levantou aquela mão grande e me mandou para uma árvore. Bati com muita força na árvore, o que fez a espada cair e eu quebrar meus ossos.

– Agora, Inuichi... MORRA! – ele gritou, mas seu golpe foi impedido por...

Olhei para Inuyasha e ele estava com a mesma espada que eu segurava. Eu pensava que era a mesma, mas quando olhei para o lado... Ela estava lá.

– Seu hanyou inútil! Você vai morrer também!

– Não me chame de hanyou! E vai ser você que vai morrer! FERIDA DO VENTO! – quando ele disse isso, a espada ganhou força e matou o youkai.

Olhei para ele e então a espada se tornou numa espada velha e enferrujada. Olhei para minha e ela voltou ao normal, mas ela não estava enferrujada e sim novinha em folha.

Segurei-a e ela parecia mais leve de costume. Franzi as sobrancelhas, pois não entendi nada. Olhei para Inuyasha ainda confusa.

– Eu não sei de nada. Só senti um cheiro de youkai e encontrei você. – ele disse com arrogância. – Nem...

– Você salvou minha vida.

Ele me olhou sério e depois pra espada.

– De nada. Eu tenho que fazer isso. Salvar a vida dos humanos. – sua voz estava suave.

Eu ainda estava confusa em relação à espada, a mesma coisa com Inuyasha. Ele me olhava confuso e querendo explicações.

– Seu cheiro mudou de humana pra de youkai. – comentou.

– Ahn... Eu não percebi.

– Na verdade, ainda está.

Olhei para ele e soltei a espada com nojo. Fiquei fitando ela por longos minutos.

– Kagome tá vindo. Deixe-me levar essa espada pra algum lugar. É melhor. – Inuyasha foi pegando a espada, mas ela o repeliu. – Parece que ela é sua. – disse.

– Como assim? Eu nunca a vi na vida.

– Eu sei que ela pulsou quando chegou ao seu dono. – Inuyasha não era de ser convencer tão fácil.

Era difícil saber o que aquela espada significa pra mim, eu não entendia!

Senti alguma coisa chupando meu sangue e então bati no meu pescoço e olhei pra minha mão. Uma pulga youkai planava até a palma de minha mão.

– Myouga. – Inuyasha disse com desprezo.

Myouga se recuperou e olhou para mim confuso.

– Pude imaginar que o sangue era da Inuichi-sama. – disse.

– Quem é essa Inuichi, hein, Myouga? – Inuyasha perguntou.

– Ér, bem... Ahn... Quero contar isso de uma maneira delicada. – ele disse.

– Quem é. – Inuyasha disse irritado.

Myouga se encolheu e olhou para mim, me analisando.

– Bem, ela era sua irmã. Adeus! – ele disse pulando da minha mão, mas Inuyasha o pegou rapidamente.

– Como é?

– Ela é sua irmã mais velha, mas mais nova que Sesshoumaru. Digamos, ela é sua irmã legitima. – ele disse com medo.

– Minha mãe teve uma filha antes de mim com meu pai? – Inuyasha perguntou ainda mais confuso que eu.

– Ér... Sim, ela é sua irmã, o que isso quer dizer, ela também é uma hanyou como você Inuyasha. – explicou.

– Por que ninguém me contou isso? Sesshoumaru sabe disso? – Inuyasha parecia mais interessado do que eu.

– Bem... – Myouga hesitou. – Sabe.

Inuyasha, com raiva, esmagou a pobre pulga sem dó e sem “mas”. Ele soltou Myouga. Olhei para Inuyasha com medo e então olhei para Myouga, que estava inconsciente no chão.

– Pegue-o e o amarre a alguma coisa, quero um relatório completo disso quando Kagome estiver dormindo e você no seu mundo. – Inuyasha disse com uma voz fria e seca.

Assenti e peguei a pobre pulga inconsciente.

***

– Como assim, minha irmã Myouga?! – Inuyasha gritou com a pobre pulsa indefesa.

Myouga se recusava a falar. Olhei para Inuyasha e então ele me devolveu com um olhar mais frio ainda. Insistir para Inuyasha não me levar para meu mundo, pois eu queria saber que diabo estava acontecendo naquele lugar.

– Bem, ela nasceu um ano antes de você. Seu pai, o Grande Cão, tirou de sua mãe quando você ainda era bebê e então foi “morar” junto com ele. Inuichi era forte e bem gentil. – e então murmurou algo parecido como: Diferente de você, Inuyasha-sama. – Bem, seu pai fez a Tasseiga para ela com resto do canino, pois ele sabia que ela ia ser especial. A Tasseiga é interessante, porque junta a Tessaiga e a Tenseiga, o que isso quer dizer, ela tanto mata como ressuscita. Após seu pai morrer, Inuichi ficou nas mãos de Sesshoumaru até ela se tornar independente e foi muito difícil pra ela. – ele terminou de falar e então resfolegou.

– O que houve com ela? – perguntei.

– Até aí que eu sei a história dela. Depois que ela se separou de Sesshoumaru eu não tive mais noticias dela. Dizem que ela foi uma miko-youkai na época e morreu há muito tempo atrás antes de Inuyasha-sama ser lacrado. – Myouga terminou e olhou para Inuyasha.

Inuyasha estava pensativo e então olhou para mim.

– Como ela morreu Myouga? – Inuyasha perguntou triste.

– Bem, dizem que ela estava sendo perseguida por um youkai e então uma sacerdotisa a lacrou. Não se sabe se foi sua mestra ou outra que ela tinha uma rixa. – respondeu rapidamente.

– E ela morreu junto com as Pérolas? – perguntei.

Myouga se despertou e olhou para minha cintura, quase onde estava minha cicatriz.

– Bem, sim, mas as Pérolas foram divididas e a sua mestra as deu para corações generosos que Inuichi conheceu ao longo dos anos. Uma delas foi lacrada com ela e teve outra que foi roubada.

– Que é essa. – peguei a pérola do bolso e mostrei.

– Sim. Essas Pérolas têm um significado, mas só a mestra e a própria Inuichi sabem. – Myouga implementou.

– Quer dizer que essas Pérolas têm um significado especial e...

– Essa que conseguimos é Força e a que eu tenho é Vida. – nem percebi que tinha sido eu que disse isso.

– Como você sabe Azumi? – Myouga perguntou desconfiado.

– Saiu. – só consegui essa explicação.

Eles me olharam desconfiados e então me levantei segurando a pequena pérola em minhas mãos.

Como eu sei o significado dessas Pérolas? E como a Vida pode estar comigo? O que aconteceu com a alma da Inuichi?

Essa pergunta pulsou em mim e então eu tive uma possível resposta para isso. Lembrei-me do que a Kaede-sama disse: Ela é a reencarnação de outra pessoa que teve muito valor na vida passada.

Será que eu sou a Inuichi? Mas como ela encarnou em mim? Não é possível que seja isso.

Coloquei a pérola de volta no bolso e fui andando em direção do poço.

– Espere Azumi. É perigoso. – Inuyasha disse.

– Então vem comigo. Vai ser melhor. Assim nenhum youkai pode me comer. – brinquei com desgosto.

Ele sorriu e então me seguiu.

Eu sabia que estávamos mudando o curso para podermos conversar. De repente, Inuyasha parou com uma cara séria e ficou me analisando.

– Que é? – perguntei com vergonha.

– Como você passou por aquele poço? – ele perguntou.

– Ahn... O primeiro youkai me puxou, então eu vim parar aqui. – eu disse.

Ele ficou me olhando e então se aproximou de mim e começou a me cheirar. O estranho que eu me acostumei com essas coisas do Inuyasha.

– Humana, mas eu acho que as Pérolas dão impressão de outra coisa. – comentou rapidamente.

– Eu não sei. Não sou eu que sou um cachorro que tem um faro muito apurado. – brinquei.

– Foi você que falou... Aquela palavra maldita naquela hora, né?

– Eu não disse... Eu pensei. – respondi.

Ele me olhou mortalmente e então virou a cara. Uma brisa passou por nós e isso trouxe lembranças pra mim...

Continua...