02

Abri meus olhos e percebi que eu estava dentro de uma cabana. Olhei para os lados e vi Kagome preparando algo junto com uma senhora.

Tentei me levantar, mas isso só provocou uma dor de cabeça horrível.

– Ah, não se esforce. – Kagome disse ao meu lado, me ajudando a deitar de novo.

– Kagome-chan, você não se lembra de mim? – perguntei uma coisa que era impossível.

Ela franziu as sobrancelhas parecendo confusa. É eu sabia, ela não se lembra...

– Azumi-chan! – ela gritou de repente e me deu um forte abraço.

– Kagome. Não. Respiro.

– Como está minha mãe, vovô e Souta? – ela perguntou depois que me soltou.

– Estão bem. Aliás, Souta está um rapaz muito meigo agora. – eu disse e ri.

Ela riu e depois parou. Ela ficou me encarando e olhou para a senhora.

– Velha Kaede, ela conseguiu. – Kagome disse com tristeza e confusão na sua voz.

– Isso quer dizer que algo a trouxe pra cá. – Kaede respondeu.

Fiquei mais confusa do que eu já estava, então me lembrei de algo.

– Vocês tiraram a pérola que estava dentro no monstro? – perguntei.

Elas me olharam ainda mais confusas.

– Pérola? – Kaede disse confusa.

– Que pérola, Azumi-chan? Não vi nenhuma pérola. – Kagome disse indignada.

Mas eu me lembro, tinha uma pérola dentro do corpo do monstro. Levantei-me de novo, agora lentamente, e fiquei de pé.

– Venha. Eu posso senti-la aqui por perto.

Tirei a cortina da minha frente e olhei para trás. Elas se prepararam e me seguiram.

Andamos até onde o monstro foi morto e senti uma grande presença pura no lugar. Vasculhei o chão e então senti alguém a segurando.

– Estão procurando isso? – essa voz me pegou em cheio. Foi como se eu já tivesse conhecido aquele garoto...

Olhei para o garoto, ele tinha orelhas de um cachorro e um cabelo prateado. Fiquei encarando o garoto que estava segurando a pequena pérola rosa.

– Ah, sim. – respondi.

Ele me olhou com diferença e segurou a pérola e colocou o nariz pra me cheirar. Fiquei meio nervosa e olhei para Kagome.

– Inuyasha, pare. – Kagome pediu.

– Ela pode ser um youkai disfarçado. Sinto um cheiro de hanyou nela. – ele disse.

– Mas ela é humana. Dê a pérola a ela para ela voltar. – Kagome insistiu.

– Ah, Kagome! Não, eu sinto um cheiro estranho nela. Eu não confio nessa garota! – ele forçou.

– Inuyasha... – Kagome disse numa voz baixa e estressada. Inuyasha olhou para ela assustado e então ela disse: - Osuwari!

Então ele foi direto pro chão e percebi que ele soltou a pérola. A pérola caiu na minha mão graciosamente.

– Por que você fez isso, Kagome! – ele disse estressado.

– Você é totalmente irritante Inuyasha. – disse um guaxinim.

– Você é um guaxinim? – perguntei.

– Eu sou uma raposa! Meu nome é Shippou! Sou um youkai raposa! – ele disse irritado.

– Acho que você fica irritado quando te chamam de guaxinim, né? – falei graciosamente.

Antes que ele explodisse, Shippou meu olhou normalmente e assentiu. Inuyasha se apoiou nele para se levantar e se limpou.

– Inuyasha! – Shippou gritou.

– Ah, não estressa, pirralho! – ele disse arrogantemente.

Shippou não se estressou e olhou para mim. Parecia que eu transmitia algum tipo de tranqüilidade.

– Azumi-chan, você está bem? – vi Miroku correndo até nós. – Pude sentir a Kagome mandando Inuyasha sentar. – disse achando graça da situação.

– Como está Sango? – Kagome perguntou.

– Está bem, aliás, nossos filhos estão bem. – ele disse rindo meio sem graça.

Pisquei várias vezes e olhei para Inuyasha. Ele me encarava com diferença e então comecei meu jogo. Fiquei o encarando com a mesma cara que ele olhava para mim.

Ele não recuava. O estranho é que todos recuam com esse meu olhar, mas ele... Ele nem estava com medo.

Ah, Inuyasha, senta! Pensei e...

Inuyasha caiu de cara no chão com muita força. Ele olhou para Kagome e ficou irritado.

– O que eu fiz? Por que me mandou sentar?! – gritou.

– Não fui eu Inuyasha. – Kagome disse confusa.

– O quêeee? Então quem foi?! – ele se levantou e olhou mais uma vez pra mim antes de pular e ir pra floresta, aborrecido.

– Quem será que o mandou sentar? – Kaede perguntou olhando pra mim.

Eu não sabia o que essa mulher pensava de mim, mas ela estava desconfiada... Sua cara mudou de expressão depois que ela olhou nos meus olhos. Ela veio até mim.

– Se abaixe um pouco, Azumi. – ela ordenou.

Abaixei-me e ela segurou meu rosto. Ela me olhava nos olhos e me analisava. Seu olhar era de desconfiança e percebi uma energia vinda de mim.

– Era como eu esperava. – Kaede disse.

– O quê, Kaede-sama? – Kagome perguntou.

– Sinto uma energia de miko nela. O estranho é isso. E tem uma força vinda de sua cintura e o olhar dela parece da Kikyou. – ela respondeu.

– Miko? – Miroku perguntou.

– Sim, Houshi-sama, miko.

– Então quer dizer que ela é outro tipo de encarnação da Kikyou? – Kagome perguntou preocupada.

Kaede-sama discordou da pergunta de Kagome e me olhou mais abertamente.

– Não, Kagome-sama. Ela é a reencarnação de outra pessoa que teve muito valor na vida passada. Pelo o que eu me lembre, não teve uma miko mais poderosa quanto à criadora da Jóia de Quatro Almas. – Kaede explicou.

– Então ela pode ser alguma sacerdotisa encarnada? – Shippou perguntou inocentemente.

– Sim. – todos responderam.

– Não, minha mãe ela me contaria a história da minha família. – eu disse achando graça disso. – Mas se bem que o primeiro monstro falou um nome... Não me recordo qual foi, mas vou tentar. – sussurrei.

– O que? – Miroku disse.

– Ahn, nada. Vou voltar ao futuro é melhor. Até mais Kagome-chan. – me despedi e corri pra floresta.

Eu não entendi o que eles queriam dizer, mas eu tinha certeza que eu não deveria estar ali. Continuei correndo até encontrar a Árvore Sagrada. Encostei-me a ela e me sentei em um de seus troncos.

Inuichi. Esse era o nome.

O que isso significa? Parece que esse nome tocou – literalmente – meu coração. Descansei minha cabeça no troco e olhei para as folhas pela segunda vez.

O que isso significa? Perguntei-me de novo. Como eu posso ser a reencarnação de uma sacerdotisa sendo que ela tinha as três primeiras letras do nome de Inuyasha.

Inuichi, Inuyasha... O que isso quer dizer?

Será que eles eram da mesma família? Não impossível. Eu nem conhecia Inuyasha, mas sua voz parecia bem familiar.

Franzi as sobrancelhas e me levantei. Olhei para o outro lado da floresta e resfoleguei. Só eram alguns metros depois estaria em casa e ficaria falando que eu bati a cabeça.

Suspirei e tomei coragem de atravessar aquela pequena parte da floresta. Comecei a andar, mas senti uma presença estranha. Olhei para os lados e me encolhi. Comecei a me preocupar com o que seria agora.

– Tá já chega. Apareça seu youkai maldito! – gritei.

Eu me arrependi de ter falado aquilo. Ele saiu de trás de mim e me atacou.

Continua...