Lost In The Shadow escrita por LaraMagchep


Capítulo 3
Um Estranho no Cabeça de Javali.


Notas iniciais do capítulo

Bogus: Uma palavra do inglês, significa: Inexistente, Imaginário, Falso.



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dia da primeira visita a Hogsmead chegara salpicado por uma fina camada de neve, os raios da manhã entravam vagarosamente pelas janelas do dormitório feminino da grifinória, uma garota sentada a uma poltrona a frente da janela, com os pés calçados em meias apoiados no peitoral, olhava distraidamente pelo vidro fosco, o livro esquecido em seu colo. Hermione estava acordada a horas, verdade seja dita, não conseguira dormir direito, sua mente trabalhava rapidamente após o segundo ataque da noite anterior. O garoto, um segundista da Sonserina, tivera sua varinha encontrada por Pirraça próxima ao banheiro feminino da Murta-Que-Geme, os monitores foram novamente acordados e encarregados de recolher os retardatários dos lugares mais improváveis, depois de tirar o ultimo casal de uma sala desocupada, Hermione rumou cansada para o Salão Comunal quando entreouvira a conversa que a manteve desperta até agora.
- Dumbledore! Não acha isso realmente provável! - O tom da professora McGonagall era sinistramente choroso.
- Sinto dizer, Minerva, mas é como lhe disse há quase quatro anos, se recorda?. O fato de algum monstro habitar as paredes de Hogwarts, não é absurdo, pelo contrario é insuportavelmente provável. Vimos isso com a Câmara Secreta.
- Mas… Mas foi diferente! - O tom da mestra era quase histérico - Dumbledore havia alguém por trás de todos aqueles ataques! O… O herdeiro de Slytherin… Bem, Você-Sabe-Quem usando a pobre da srta.Weasley! Mas, Alvo, o que você insinua… É ridículo!
- Minerva, minha cara, eu aprendi e tenho a esperança que você um dia também aprenda que Hogwarts é um lugar mágico, com poderes inimagináveis para o homem, e que você nunca deve subestimar essa escola. Não é porque não há uma matéria por trás do mistério que deve ser menosprezado, em absoluto contrário. O sobrenatural surpreende aquele que o vê, e quem o vê o nega porque não há como explica-lo. No entanto eu como mero mortal, aceito a existência deste que está assombrando Hogwarts.
- E o que vamos fazer? - O tom de minerva era baixo, mas ríspido - Chamamos um exorcista?
- Não, eu não acredito que seja necessário - Comentou o diretor, sem dar sinais que entendeu a ironia da professora - Precisamos descobrir como ir até ele e apanha-lo.
- Mas enquanto isso alunos morrerão. - A voz era baixa e quase sibilante, Hermione reconheceu a entrada de Snape na conversa.
- Se essa criatura for mesmo o gênio que acredito, ela não os matará. Não a curto prazo, mas até lá já teremos encontrado o mal que habita Hogwarts.
- E como você supõe que vamos encontra-lo? - Snape perguntou - Sugere que todos peguem exemplares de Hogwarts: uma história e estudemos o livro como um aluno do primeiro ano excitado com a vinda a Hogwarts?
- Exatamente - A resposta do diretor calma.
     Hermione já se afastava da porta quando Minerva quebrou o silêncio.
- Devo cancelar a visita a Hogsmead?
- Não, não… Essas crianças precisam se distrair. Temo… - A voz do diretor era triste - Temo que estejam mais seguras fora do castelo.

      Hermione abriu os olhos e percebeu que estavam embaçados, não queria deixar Hogwarts, nada como Harry que não tinha família para recorrer se a escola fechasse, a garota apenas sentia que algo se romperia dentro de si se acaso fosse forçada a deixar o castelo. Não era apenas pelo colégio, tinha certeza que colégios bruxos não faltariam implorando por ela, não tinha ela mesma recebido cartas de três diretores diferentes este verão? Hermione apenas sentia uma dor que chegava a ser física, amava a escola, amava seus colegas, amava-os inteiramente. Ela suponha então que era isto que a machucava, a perspectiva de abandoá-los, mas por que quando saia para encontrar seus amigos e ir até Hogsmead, ao pensar em sua dor, veio a mente o sorriso insolente de Malfoy?

         Três Vassouras estava abarrotado, era dezembro, o inverno de tempo inconstante trouxe consigo na parte da tarde uma nevasca que lambia todos os visitantes de Hogsmead para lugares quentes e aconchegantes, e com, talvez, exceção de casais apaixonados, o topo de lista de qualquer um que ansiava por um lugar assim, era sem duvidas o Três Vassouras. Depois da quinta tentativa frustrada de Rony, de levar três cervejas amanteigadas para a mesa escolhida sem ser acotovelado, ele urrou e se rendeu.
- Vamos ao Cabeça-de-Javali, é imundo mas pelo menos a bebida chega inteira na mesa.
Harry e Hermione concordaram, esperaram meio segundo na soleira para criar coragem de enfrentar o vento lá fora e saíram. Já batiam as portas do bar empoeirado atrás de si quando Rony voltou a falar.
- Sabem? Eu ainda acho que eles me serviriam Uísque de Fogo, sou quase maior de idade.
- Ronald!
- Pelo amor de Deus, Mione - O garoto virou-se para ela girando os olhos - Você não é minha mãe.
- Sim, eu não sou, mas posso acidentalmente deixar escapar que você pediu Uisque de Fogo no Cabeça-de-Javali na primeira oportunidade que teve. - Hermione olhava a sua volta procurando uma mesa limpa, Rony parecia incrédulo.
- Você se corresponde com a minha mãe?
- Regularmente.
            O garoto bufou e foi direto para o balcão, enquanto Harry e Hermione sentavam-se em uma mesa ao lado da de um homem encapuzado. O bar estava relativamente vazio, alguns bruxos com barba por fazer estavam adormecidos no balcão, uma bruxa realmente feia jogava cartas a esmo na mesa e, claro, o encapuzado unia os dedos finos com uma garrafa de hidromel a frente. Rony voltou a sentar-se com três garrafas de cervejas amanteigadas bem sujas.
- O que houve com o Uísque de Fogo? - Perguntou Hermione sorrindo.
- O barman não quis me vender - Confessou de má vontade - Disse que conhecia meus pais e que minha mãe não precisava ser presa por assassinar um filho insolente.
Hermione e Harry gargalharam.
E ainda riam quando a porta voltou a se abrir e um garoto muito alto sacudiu a neve dos cabelos loiros e retirou a capa pesada dos ombros. Draco Malfoy acertou os cabelos e o fraque e começou a andar na direção da mesa dos três amigos, Mione sentiu o movimento dos garotos a procura das varinhas e os imitou, mas Draco somente lançou um olhar demorado de desprezo para Hermione, arrastou uma cadeira em frente ao encapuzado e sentou-se de má vontade.
- Que companhia em cara, meus pêsames! - Comentou Rony olhando em direção do encapuzado, Harry riu.
- Ao menos ele - A voz que veio de baixo do capuz era fria e rouca como se nunca fosse usada, apanhou a garrafa de hidromel e deixou escorrer para dentro de um copo vazio - Pode tomar o que quiser…
Empurrou o copo para Malfoy que sorriu e ergueu um brinde a um Rony de orelhas vermelhas.
- Você já acabou, Hermione? - Perguntou Rony batendo a garrafa de cerveja amanteigada pela metade na mesa - O ar aqui ficou insuportável.
Mas Hermione olhava fixamente para a tampa da mesa lascada e movia os lábios furiosamente, unindo as sobrancelhas finas refletindo. Harry e Rony trocaram olhares curiosos, sabiam que em minutos ela correria na frente de todos eles para a biblioteca e…
- Harry. - Chamou baixinho e educadamente levantando-se – Eu esqueci meus galeões. Você poderia pagar minha bebida?
- O q… Claro, Hermione - Harry respondeu olhando Rony e ambos se levantaram.
- Obrigada, você é tão gentil.
E abraçou-o.
Os segundos se passaram em que Draco parara o copo quase vazio a caminho da boca fuzilando os dois com o olhar, e Rony tinha a boca frouxa e o olhar indagador, Harry deu umas palmadinhas na costa de Hermione e ela o soltou apertando o casaco que carregava no braço em seu peito.
- Hum… Não há de que… Eu acho.
Harry pagou e os três saíram, quase chegaram a virar o quarteirão do bar quando Hermione os barrou respirando profundamente.
- Preciso voltar para lá.
- O que? - Perguntou Rony arcando as sobrancelhas - Você deve estar ficando louca. Para que precisa voltar lá?
- Preciso ver Draco. 
- É, você está ficando louca. - Resmungou Rony.
- Fique quieto… - A garota colocou o dedão entre os lábios refletindo - Escute, Harry… Eu acho que sei com quem Draco estava falando.
- Certo. E com quem? - Foi a vez de Harry perguntar, ela apenas balançou a cabeça.
- Preciso confirmar uma coisa… Se eu pudesse entrar lá e os ouvir, mas claro que devem ter lançado o abaffiato sobre eles, mas se você… Não é nenhuma certeza…
- O que não é nenhuma certeza, Hermione? - O tom de Harry era impaciente, ela o fitou como se escolhendo as palavras para a próxima frase.
- Eu… Eu acho que você tinha razão, Harry.
O garoto pareceu ligeiramente confuso, mas uma compreensão chocada o fez arregalar os olhos.
- Você… Você não pode estar querendo dizer… Ele… Voldemort estava por baixo daquela capa?

- Você-Sabe-Quem? – Repetiu Rony pálido – Mas… O Harry teria sentido se Você-Sabe-Quem estivesse lá dentro, não teria, Harry?

- Querem parar vocês dois? – Hermione falou alto – O que eu quis dizer, Harry, é que você pode ter razão quanto ao Malfoy estar envolvido com os desaparecimentos. Eu tenho uma vaga idéia de quem está com ele, claro não é 100% de certeza, eu nunca ouvi aquela voz, mas o tom me lembrou… Bem, vocês terão de confiar em mim.

- Se é só entrar lá e ouvir a conversa eu ou Harry podemos fazer isso, você não precisa ir Hermione.

- Tudo bem, eu fico! Claro, isso se vocês puderem repetir com clareza tudo que foi dito lá dentro, assim como eu poderia fazer.

- Ela ganhou, Rony – Harry sorriu, mas o amigo fechou a cara – O que vamos fazer, Hermione?

- Eu tenho um plano, mas vou precisar da sua capa da invisibilidade, Harry.

O garoto assentiu e começou a apalpar o casaco com um olhar desapontado.

- Hermione, me desculpe, mas eu acho que esqueci no castelo…

- Ah, quase me esqueci! Quando te abracei, eu...

Ela abriu o casaco e dele uma volumosa capa escorregou caindo suavemente na neve espessa. Os garotos sorriram Rony a apanhou do chão admirado.

- Você deveria ensinar uns truquezinhos para Mundungo.

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A porta do Cabeça-de-Javali foi aberta pela quarta vez naquela tarde, o que irritou profundamente os embriagados ocupantes que xingaram quando os dois grifinorianos voltaram para lá, Draco desviou os olhos de ambos desconfiado e tentou prestar atenção na ladainha do encapuzado a sua frente.

- … Me forçava a vir aqui todo fim de semana, dizia que gostava do lugar. Completamente louca.

Detesto interromper – comentou Draco que não parecia realmente detestar cortar o estranho – Mas não vimos aqui para contar história. – Olhou para ambos os lados e se inclinou sussurrando – Vocês estão a par do que está havendo em Hogwarts? O Profeta não publicou sobre os ataques. E se essa coisa estiver usando a…

- Draco, Draco, Draco… – Riu o estranho apoiando-se nas pernas traseiras da cadeira – Nós Comensais temos outras maneiras de descobrir os fatos sem precisar necessariamente de ler aquele jornaleco, ou esqueceu-se dele? Além do mais, se trata de exatamente isso: História.

- O que você quer dizer com isso? – O tom de Draco era quase exigente por respostas – Sabem o que está em Hogwarts?

- Não, mas o Lord das Trevas tem sua teoria que, obviamente não compartilhou com todos nós – A amargura era quase palpável em sua voz, um grito ao lado e uma discussão havia começado – Mas eu também formulei a minha.

- O que está atacando os estudantes?

- Uma coisinha chamada Bogus*.

Malfoy não riu.

Não riu porque rir não qualifica o que o rapaz fez. Draco quase gritou, apertou o estomago e se debruçou sobre a mesa ofegante.

- Bogus! – Exclamou quando conseguiu respirar – Você não deve estar falando sério. Azkaban te deixou pirado!

Uma mão morena e retaliada, com as unhas compridas e negras saiu de baixo da capa e agarrou as vestes de Malfoy trazendo o rosto do garoto a centímetros de seu capuz. A gritaria ao lado recomeçou.

- Escute aqui, Draco. Estou aqui lhe fazendo um favor pelo estimo que ainda tenho a Lucio, o que não anda muito grande depois das falhas patéticas dele que atingiram a mim. Agora, ou você cala essa sua maldita boca e me deixa falar, ou eu vou embora e deixo você se virar, moleque. Nem deveria estar lhe ajudando, Draco, eu não sou um cãozinho do Lucio.

Draco acomodou-se branco na cadeira, os cabelos despenteados, achatou-os na cabeça e por um momento cogitou ir embora e deixar toda aquela droga para trás, mas… Olhou para o encapuzado, ele poderia ajudá-lo, não precisa fazer tudo sozinho, Draco… Snape, é claro, dele não quer ajuda, se estivesse lá com seu pai teria… Draco engoliu seco e suspirou entediado.

- O que é um Bogus?

- Você acreditaria meu caro rapaz, se eu lhe dissesse que existe uma criatura extremamente perigosa dentro de Hogwarts? O que diria se eu lhe contasse que aquele colégio guarda os mais sombrios segredos? – sussurrou teatralmente, Draco inclinou-se mais para ouvir.

- Pior que a Câmara Secreta? – Draco perguntou também sussurrando.

- Muito pior, porque você não precisa saber língua nenhuma para abrir nada. A coisa tem vontade própria e de tempos em tempos ela acorda para se alimentar.

- Essa coisa é esse Bogus?

- Bogus é um ser raro e obscuro, deve restar menos de cem em todo o mundo. Dez ou quinze na Europa. O Lord das Trevas nunca pode apanhar um e ele tentou muito, todo o tempo que esteve na Albânia, até desistir e possuir o idiota do Quirrel.

- Mas, o que ele é?

- Bogus, pequeno Malfoy é um...

A briga que ameaçava começar dos ocupantes da mesa ao lado estourou, uma caneca do tamanho de um jarro de flor voou na direção de Draco, mas antes de atingir a Draco, ou a mesa, ou a qualquer coisa visível, se chocou contra uma parede invisível praticamente colada a mesa. Um gritinho abafado veio do completo nada e os dois se levantaram. O encapuzado girou nos calcanhares arrastando a capa e desaparatou. Malfoy tinha um olhar alucinado, empurrou a mesa e começou a caminhar a esmo com as mãos esticadas xingando, pela quinta vez a porta foi aberta, Rony e Harry saíram e por uma fração de segundo cabelos volumosos e castanhos com cheiro, Malfoy sabia bem, de morango puderam ser vistos contra a neve que caia lá fora.


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