Lost In The Shadow escrita por LaraMagchep


Capítulo 4
Males Que Vem Para o Bem.


Notas iniciais do capítulo

Para vocÊs, com muuuito carinho ♥



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Draco quase arrebentou a porta do bar e ficou parado a dois metros do estabelecimento, sem capa, com a neve nos calcanhares e o frio cortando suas bochechas, gritando enfurecido para o vilarejo a sua frente. Algumas pessoas pararam para vê-lo e um grupo de garotinhas do terceiro ano correu o mais rápido e dignamente possível ao passar por eles.

Ele chutou a neve para cima e estava entrando no bar, mas foi atirado por um feitiço escudo a quase dez metros, colidindo de costas contra uma enorme arvore, o dono do bar o olhava carrancudo.

- Você... – Ele berrou erguendo-se – Você sabe quem acabou de enfeitiçar?

- Traga todos eles aqui – Respondeu o homem do outro lado – Traga-os todos aqui, garoto e eu os expulso da mesma forma.

Algo nos olhos azuis furiosos do homem, ou em sua postura ou em deixar claro que sabia dos contatos dele com Comensais fez Draco hesitar. Caminhou alguns metros para não precisar gritar e estendeu a mão.

- Pelo menos devolva a minha capa. Era do meu...

- Não me interessa. – Respondeu atirando-a contra Draco.

Ele a apanhou e a vestiu, virando-se recomeçou a caminhada para o castelo, apanhando os comparsas na loja de doces.

- Estávamos muito bem lá – resmungou Crabbe.

- Que bom – Respondeu sem realmente prestar atenção – eu preciso da ajuda de vocês. A sangue-ruim andou me espionando enquanto eu me encontrava com meu... Com meu amigo. Ela pode ter ouvido uma conversa que não deveria. Eu quero que vocês...

- Ahnn, Draco, já tentamos pega-la esse ano, não foi? – Lembrou Goyle.

- E não deu muito certo – Concluiu Crabbe.

- Eu não quero que vocês a atirem da Torre de Astronomia ou qualquer coisa do gênero – parou quando se aproximavam dos portões e segurou os ombros dos amigos – Mesmo que isso seja uma ótima idéia. Eu preciso que vocês a sigam quando ela não estiver em aula. Se ela escutar a conversa pela metade não ira se satisfazer, talvez alguns passeios pela biblioteca sejam suficientes.

- Draco, nós já dissemos, não somos babás... – Começou a protestar o mais forte dos dois.

- Eu estou dizendo, Crabbe. Eu só quero que me avisem onde ela anda indo nessa ultima semana, assim que descobrirem vocês irão me informar e ai o resto é por minha conta.

- Você anda muito interessado nessa sangue-ruim, Draco – Comentou Goyle malicioso. – Será que você não estaria...?

Os dedos de Malfoy apertaram o ombro do rapaz, que mesmo tendo três vezes o peso de Draco cedeu um pouco para o lado de sua mão. Os olhos do garoto estavam apertados e misteriosos.

- Se você ousar pensar nisso uma vez sequer, Goyle... – Ameaçou, Goyle concordou e Draco o liberou do aperto. – Acho melhor começarem, andem logo!

Draco empurrou os dois para frente e eles partiram rápido para Filch que os esperava no portão, Draco olhou para a silhueta do castelo enquanto os amigos andavam e pensou que tudo estaria perdido se fechassem o colégio. Abotoou a capa até o queixo e avançou silenciosamente. Seu plano se perderia, a liberdade de seu pai se perderia e a Granger...

- Pode ir abrindo essa capa Malfoy – Filch chamou-o a realidade nos portões, balançou o sensor nos olhos do garoto – Tenho que revistar todos vocês. Dumbledore finalmente se convenceu dos demônios que vocês são quando...

- Presumo que seja desnecessário fazer isso em todos os alunos, Filch – chamou uma voz fria e impassível atrás de Malfoy, o garoto se virou e Snape o empurrava para longe de Filch.

- Ordens de Dumbledore – o aborto resmungou.

- Mas isso não é necessário quando se trata de um Malfoy, não é? Eu sei bem que quando entrou, Lucio estava saindo, mas se tornou seu favorito bem depressa.

Filch deu uma ultima olhada do sensor para o menino como se seu apresso por Lucio fosse insignificante perante a perspectiva de apanhar alguém do flagra. O aborto suspirou fracamente e concordou, virando-se para o grupo de garotinhas que fugira de Draco mais cedo. Snape segurava nos ombros largos do rapaz, guiando-o para dentro do castelo, Draco tinha a cara fechada, os lábios retorcidos como se tivesse um gosto ruim na boca.

- Você é muito imprudente deixando-se apanhar assim – Comentou Snape quando entraram, Draco sacudiu o ombro e virou-se irado para Snape.

- Eu não pedi sua opinião, Snape.

- Professor Snape, Draco – corrigiu o professor.

- Eu pensei que depois das ultimas reuniões o termo professor fosse dispensável. Agora que graças a sua covardia todos nós estamos...

Snape agarrou o pescoço de Draco com uma mão e o empurrou contra a parede, batendo sua nuca pela segunda vez no dia. Draco gelou sob os dedos grossos de Snape, engoliu em seco, suando muito imediatamente. O professor aproximou seus rostos, Malfoy via seu olhar apavorado nos olhos negros do professor, o medo batendo o coração descompassado.

- Eu estou perdendo a paciência com você, garoto. Eu prometi ajuda-lo se você...

- Me solta. – Malfoy gemeu agarrando a mão do professor.

- Você promete ser bonzinho?

- Me solta – exigiu Malfoy outra vez.

Snape o largou, Draco massageou o pescoço, ainda tremendo.

- Então, Draco, como eu estava dizendo.

- Eu não quero saber – respondeu malcriado – Eu não preciso da sua ajuda Snape. Você achou que meu pai... Meu pai não precisaria então eu também não.

Draco gritou as ultimas palavras e correu para dentro do castelo, desceu para o salão comunal nas masmorras e entrou em seu quarto escorregando e ofegando muito, seus olhos ardiam e um peso morto parecia ter se instalado em seu peito. Chutou a pilha de livros, agarrou os pôsteres de quadribol das paredes e os arrancou com os dedos, rasgando o papel em movimento, os membros do time correndo para fora das bordas. Cortando a ponta dos dedos na pedra das masmorras, Draco jogou-se na cama respirando fundo, olhou para a ponta dos dedos, o sangue escorrendo entre seus dedos, por cima do anel de sua família em direção ao braço. Estava fervendo de ódio e pretendia descarrega-lo em alguém... Não, pretendia descarrega-lo na Granger assim que descobrisse o que ela sabia.

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- Sai da minha frente!

Um grito ecoou na parte mais escura da câmara. Não havia luzes e o breu era absoluto, a escuridão era parcialmente sólida e parecia se arrastar pelas paredes perseguindo o grupo de garotos sexanistas que corriam desabalados as cegas. O mais magro deles ao invés de executar a curva como os amigos chocou-se contra a parede, o tornozelo batendo violentamente em algo extremamente duro, ele o ouviu estalar e xingou alto.

- Por aqui – Ouviu-se uma voz onde ele deveria ter virado – Temos que sair daqui.

O garoto a seguiu mancando muito, forçando a perna machucada no chão.

- Goyle – Malfoy chamou com a voz afetada – Goyle onde você está?

- Aqui! Draco, eu e Crabbe...

Mas Malfoy nunca soube o que tinha Crabbe, nesse momento um grito foi escutado e congelou o garoto no lugar, agarrado ao tornozelo como se dele dependesse a vida.

- Crabbe! Crabbe! Ai meu... Draco! – Goyle gritou – Draco, venha de uma vez.

O garoto despertou e continuou correndo, sentia o osso rasgar a carne e mal podia ficar em pé, mas correu para salvar sua vida, empareou com o colega e estavam próximos da porta quando Goyle agarrou sua camisa por trás e berrou.

- Eu fui apanhado! Eu fui pego Draco!

Draco virou-se e segurou a mão do amigo com ambas, então sentiu uma respiração ao lado de seu rosto, quente e úmida, ela sussurrou em seu ouvido coisas que o fez tremer. Empurrou a mão do amigo e voltou a correr o mais rápido possível para fora para a liberdade, as palavras sussurradas ecoando em sua mente e... Seus dedos alcançaram a maçaneta e ele abriu a porta, caindo de bruços no meio do Salão Principal. Todos os estudantes que estavam a caminho de suas aulas pararam para observar a figura aturdida e aterrorizada de Malfoy petrificada no chão. Malfoy tentou levantar-se e talvez tivesse conseguido se nesse momento uma aluna da corvinal do primeiro ano, tivesse gritado e apontado para o teto.

A escuridão sólida tomara espaço na ornamentada construção, avolumava-se e se fazia bolhas, dela se desprendeu lentamente duas gotas do tamanho das pernas de um gigante e então caíram em cima de Malfoy. Meio segundo de silencio, em que a escuridão impregnada escorria pelas costas do menino e ele absorvia a dor do impacto, até que alguém gritou.

- É ela! É a Cátia Bell!

Então uma confusão de vestes avançou para Draco, amontoando-se em cima dele, ignorando que ele estava furioso e machucado. Tentou levantar-se, mas alguém pisou em sua perna ferida, fazendo com que o garoto caísse outra vez no chão. Estendeu a mão a esmo ao que pensou ser por cima das cabeças esperando alguma ajuda e depois de minutos recebeu.

Uma mão do tamanho de uma pá apanhou seu braço todo e o içou derrubando a maioria dos alunos a sua volta, Draco fora suspenso pelo mestiço Hagrid que o jogara de qualquer jeito no chão, ele agarrou a perna.

- Santo Deus, o que você fez ai, Malfoy? – Perguntou Hagrid, Draco fechou a cara. – Ora, não seja ridículo. Eu não mordo.

Draco continuou encolhido em seu orgulho, o mestiço perdeu a paciência.

- Escute aqui, Malfoy, eu sou professor aqui, ouviu bem? Tenho o dever de cuidar de alunos, mesmo que seja você. Não pense que isso me agrada, você não gosta de mim, mas eu também não lhe mando flores no natal, mando?

Seja pela dor, ou pelo discurso, ele cedeu. O guarda caça rasgou a barra de sua calça até o joelho, a perna de Draco parecia ter se tornado uma berinjela gigante.

- O que aconteceu lá dentro, Malfoy? Você saiu das masmorras, não foi?

Draco observou o meio gigante com desprezo, choramingar com mestiços era coisa que o Potter gostava de fazer, não ele. Mas estava tão cansado e dolorido que despejou tudo que acontecera.

- Estávamos no salão comunal, as luzes começaram a piscar, então saímos para ver e tudo se apagou. Gritamos a senha, mas se a parede se abriu, nós não vimos. Crabbe, Goyle e eu tentamos sair, Crabbe foi apanhado então... Então Goyle e...

Malfoy se calou, pensando em como teria sido a expressão do amigo ao perceber que Draco o abandonara. Hagrid entendera o silencio como dor da perca, deu uma pancadinha no ombro de Malfoy.

- Por Merlin, Dumbledore terá muito com que se preocupar. E eu achando que agora que os primeiros voltaram tudo estaria bem novamente. Mas, vamos indo – Hagrid pegou Draco no colo.

- O-O-O que está fazendo? E-E-Eu não pedi sua ajuda.

- Ora, Malfoy, aceite isso por todas as flores não enviadas nos natais – riu-se Hagrid contrafeito – A propósito, você poderia retribuir sendo mais legal com seus colegas da grifinoria. Ou pelo menos, menos arrogante e desprezível. Alias, deve sua vida a Hermione Granger, suponho que saiba de quem estou falando. A maioria não estava nem vendo você ali, ou talvez estivesse, sinto que vi duas ou três pessoas decepcionadas quando eu te tirei e...

Mas já havia perdido Draco que encontrara o olhar de Hermione no pé da escada. A garoto estava muito pálida, apertava as mãos apreensiva e, Malfoy trocaria todas suas miniaturas de Quadribol, todo seu sobrenome se estivesse errado, mas ele tem certeza que ela apertava as mãos e sorriu quando o viu bem.

Hermione repetiu para si mesma que aquilo era pura pesquisa cheia de interesse e segundas intenções acadêmicas. Mas então, porque ela trouxera uma bandeja de tortinhas de caldeirão?

Eu trouxe porque ele esta debilitado.

Ora, vamos Hermione, desde quando você dá doces ao Malfoy?

É diferente, ele está...

Aliás, desde quando você se interessa pelo bem estar de Malfoy?

Cale a boca! Eu estou aqui para saber sobre o tal Bogus.

Não podia enfeitiça-lo ou usar Veritasserum?

Podia, mas...

Mas não conseguiria, porque você está...

Ora, não ouse...

Seja franca consigo mesma.

Cale a boca!

Você está totalmente a....

-... Adiantada?

Hermione parou e olhou ao redor. De alguma forma entrara e se encaminhara até a mesa de Madame Pomfrey, a encarava debilmente como se tivesse sido confundida, ainda segurando a bandeja de doces.

- Querida, você está bem? – perguntou a enfermeira.

- Estou ótima. – Respondeu a garota enfim.

- Sinto muito, mas Cátia Bell ainda está desacordada – Informou prontamente – Pode deixar as coisas na cabeceira da cama junto com os outros presentes...

- Ah, não. Eu vim visitar Draco Malfoy. O professor Snape quem mandou esses caldeirões de tortinhas... Não, tortinhas de caldeirão, foi ele não eu.

- Draco Mal... Mas ele não é um sonserino... Será que?

A enfermeira olhava de Hermione para Draco desconfiada, Hermione apressou-se a negar, muito corada o que Madame Pomfrey imaginava. A menina já esperava o habitual aviso de cinco minutos após isso, mas a enfermeira olhou penalizada.

- Pobre garoto. Passou a noite em claro, não quis dormir nem quando uni seus ossos, ficou olhando para a janela até sua mãe chegar, ela ficou um bom tempo com ele, pareceu um pouco melhor depois que ela se foi, mas só. Repetiu a historia de como os amigos foram levados, deve ser doloroso para ele, as duas vezes mal conseguiu acabar... E pensar que tudo parecia resolvido – Olhou esperançosa para as duas macas mais distantes, cobertas por biombos – Bem querida, peço que não exceda dez minutos, talvez ele durma depois desses docinhos.

Hermione se aproximou lentamente, na maca encostada na grande vidraça da enfermaria. A noite estava bonita para variar das nevascas tediantes, podia se ver a lua através de algumas nuvens e seus raios na neve davam uma sensação de paz quase absoluta. Draco estava sentado aconchegado em uma montanha de travesseiros, o olhar perdido pela janela, Hermione entendeu o que a enfermeira queria dizer com melhorar um pouco. Mas pouco era ínfimo perto da mudança. Ele parecia menos pálido, talvez com a coloração habitual, suas recém adquiridas olheiras se destacavam funda na pele, mas não parecia tão mais doentia, eram um pouco, e a garota odiou-se por pensar nisso, charmosas. Os cabelos estavam penteados como nunca e limpos. Ela não tinha noção da influencia que a presença da mãe de Malfoy tinha com ele. Encostou a bandeja na mesinha e sentou-se na banqueta olhando para Draco, ele desviou lentamente o olhar da janela e olhou nos olhos castanhos de Hermione.

-O que você quer? – Ele perguntou, forçando a voz a ficar rude, mas só conseguindo soar cansado.

- Eu vim trazer isso que o professor lhe mandou – Hermione apontou para a bandeja, Draco ergueu uma sobrancelha contemplando as tortinhas e voltou a olhar para ela. – Eu queria lhe perguntar...

- O que você estava fazendo no fim de semana? – Malfoy perguntou bruscamente.

- Onde?

- No Cabeça-de-Javali.

- Ora, Malfoy, eu fui tomar algo para me esquentar. Não sou como você que tem o interior gelado – retrucou.

- Você sabe do que eu estou falando. Eu vi você sob a capa de Potter quando correu depois de ser atingida no meio daquela briga.

Os dois se encararam por um longo tempo, que mais pareceu a ambos o infinito. A garota achou melhor não negar.

- Eu ouvi. E daí?

- E daí que você correu para a biblioteca nos últimos três dias. Crabbe e Goyle me contaram. Eu quero saber o que descobriu. – Exigiu Malfoy ainda calmo.

- Como se eu fosse te contar – resmungou Hermione cruzando os braços, Draco sorriu enviesado.

- Ora, vamos, Granger. Você esta sedenta por saber o que aconteceu comigo e o que mais eu posso lhe oferecer. Não negue – completou quando ela fez menção de falar – Mas confesso que me interesso pelo que descobriu.

Os dois voltaram a se encarar. O silencio da ala hospitalar fazendo com que o momento em que seus olhos se encontravam fosse o mais constrangedor possível. Ela desviou o olhar para fora, corada.

- O que você quer?

Quando voltou a fita-lo, Draco fixava os olhos em seu colo com ferocidade, as mãos fechadas com tanta força sobre os lençóis que os nós de seus dedos estavam brancos. Quando ergueu a cabeça e falou, sua voz era quase de uma dor física e seu rosto todo contraído pelo que diria a seguir.

- Uma tégua.


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Notas finais do capítulo

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