Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 18
Sabotage




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Emily Sanders

 

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntei assim que entrei no quarto.

— Não, não, ele só se atrasou um pouco – Ela riu enquanto mudava a sandália. Depois de olhar no espelho com uma cara de insatisfação arrancou e voltou a colocar a que tinha antes.

— Essa blusa está bonita? – Me olhei no espelho. Julia se aproximou de mim, puxou uma madeixa loira da lateral do meu cabelo e prendeu para trás com um grampo.

— Sim, você está linda. – Ela me respondeu sorrindo – Eu tenho que ir. A gente se encontra no parque, vê se não demora.

— Aproveita enquanto estão sozinhos. – Eu dei uma piscadinha para ela.

— Cala a boca! – Ela riu e foi pegar a bolsa em cima da cama. – Eu te vejo lá.

Julia saiu do quarto e eu acabei de me maquiar. Olhei-me no espelho gigante pregado na parede do quarto por alguns segundos. Eu estava com uma roupa simples e casual, calça jeans, blusa preta e um tênis qualquer. E até mesmo a maquiagem estava bem leve, quase não dava para notar. A verdade é que eu não estava com muita paciência para me arrumar, para sair, para fazer qualquer coisa. O barulho da porta se fechando me deu calafrio, eu estava sozinha dentro de casa com ele.

Desci as escadas correndo, já estava mais do que atrasada.

— Ricardo, você viu meu celular? Não consigo encontrar! Tem como você ligar para ele? – Disse quase desesperada, mas o idiota me ignorou – Ricardo! – Gritei e ele fez uma careta

— Estava em cima da mesa na cozinha – Eu corri até a mesa, mas não tinha nada lá além do cesto de frutas. Eu não conseguia pensar onde foi a última vez que estava com ele na mão, talvez porque estava começando a ficar nervosa por sair com Jason, ou porque parte de mim sabia o quão perigoso era estar dentro de quatro paredes só com Ricardo, eu observei os cabelos castanhos repousados no encosto do sofá por alguns segundos.

— Não está aqui

— Eu disse que estava, não que ainda está – Como assim estava? Eu fui até ele e entrei na frente da televisão fazendo ele reclamar

— Estava? – Disse irritada – Onde está o meu telefone? – Ele só riu, um sorriso de quem ganhou alguma coisa, e gradualmente eu atingi o plano idiota dele – Você acha que roubar meu telefone vai estragar a minha noite? – Eu ri tentando esconder a raiva, peguei a bolsa e fui em direção a porta sentindo ele me acompanhar com o olhar, mas ele não disse uma palavra sequer. Eu ia esperar lá fora, sem telefone ou com telefone Jason ia aparecer e eu ia sair. E como se não pudesse ficar pior, eu puxei a porta e ela pura e simplesmente não abriu, como se estivesse… trancada. Eu forcei meu corpo contra ela mais duas vezes, tentando dizer a mim mesma que só tinha emperrado, mas a calma dele era mais que culpa.

— Cretino, eu vou te matar, o que você está fazendo? – Eu voltei gritando e joguei a bolsa em cima dele que se defendeu desviando com as mãos ele riu suavemente sem tirar os olhos da televisão – Abre a porta agora! Você não pode me prender aqui dentro!

— Dá para você gritar um pouquinho mais para o lado? – Ele pediu completamente indiferente a minha revolta  

— O que? – Eu sentia meu rosto arder de raiva

— Você está tapando a TV – De indiferente para impaciente e foi a última gota de agua.

— Você… – Eu fui para cima dele na tentativa de revistar os bolsos, mas ele se defendeu rápido me afastando e desviando dos meus golpes. Parte de mim se sentia mais aliviada por ele ter parado com o teatro de indiferença e estar gargalhando das minhas tentativas inúteis de bater nele. Era completamente inútil e eu decidi apelar para algo bem mais simples, agarrei um dos braços dele com as duas mãos e mordi vendo ele reclamar de dor pela primeira vez, mas não deixou de sorrir, rapidamente tirou as minhas mãos e me afastou no meio dos empurrões. – Eu vou te matar! – Eu disse, mas ele num gesto rápido me puxou pelo braço para cima dele me empurrando em seguida para o sofá, eu caí ao seu lado e antes que pudesse perceber ele já estava em cima de mim, me prendendo com o seu corpo, com a única mão livre que me restava eu tentei empurrar, mas ele nem se mexia, e foi então que eu cometi o maior erro da minha vida. Tive a brilhante ideia de fazer cocegas o que de facto fez ele largar o outro braço, e por dois meros segundos eu tinha os dois braços livres para tentar fugir. No terceiro segundo eu já tinha os dois presos e um olhar perverso sobre mim.

— Você não fez isso – Ele disse num sussurro, e eu me arrependi, me arrependi muito. Sem muito esforço ele juntou os dois braços e segurou só com uma mão, eu me debati tentando soltar sentindo minha respiração se alterar à medida que ele aproximou o rosto de mim, ele encostou a lateral do rosto no meu de forma a ficar com os lábios muito próximos do meu ouvido, numa posição que limitava ainda mais os meus movimentos – Você vai se arrepender tanto.

Eu não tive muito tempo para processar o arrepio que as palavras causaram porque a mão livre dele deslizou para as minhas costelas… e lá estava eu, gargalhando, me debatendo e implorando para ele parar.

— Por favor – Eu implorei com dificuldade, minha respiração estava totalmente descontrolada – Por favor para… Rick… eu não aguento mais – Ele deu um sorriso de canto que me entorpeceu por alguns segundos, me chamando também a atenção para o quão perto ele estava – Para – Eu me debati mais uma vez e ele já parecia satisfeito.

Ricardo soltou as minhas mãos, se afastou sentando no sofá ao mesmo tempo que tirava as minhas pernas para que não sentasse em cima delas. Por um momento achei que ele ia empurra-las para o chão de modo a que eu me sentasse também, mas ele colocou as minhas pernas por cima das dele de forma que eu continuasse deitada. Meu peito subia e descia num ritmo apressado, e eu fiquei ali encarando o teto por alguns segundos até voltar ao meu ritmo cardíaco normal

— Ai meu Deus, o Jason! – Eu levantei as costas num impulso assustado, com isso tudo eu tinha me esquecido dele. Ricardo segurou as minhas pernas com uma mão e com a outra me empurrou pelos ombros, me obrigando a voltar a deitar

— A porta está fechada, você não vai sair daqui – Ele disse e apesar de não estar olhando diretamente para ele sentia o seu olhar sobre mim

— Ele está me esperando Ricardo, eu tenho que ir! Ou pelo menos avisar! – Eu tentei inutilmente levantar de novo, mas dessa vez ele não me empurrou, segurou uma das minhas pernas apertando freneticamente num ponto pouco acima do meu joelho, provocando mais uma sensação agoniante de cocegas. Eu neguei rapidamente contraria-lo voltando a deitar no sofá e ele manteve a mão parada nesse ponto, me deixando num estado de alta tensão

— Acha que ele ia ficar esse tempo todo te esperando? – Ele riu e apertou uma única vez me fazendo mexer bruscamente a perna e levar as minhas mãos as deles, numa tentativa inútil de o impedir – De qualquer forma, eu mandei uma mensagem avisando que você estava com outra pessoa mais interessante que ele

— Você o que? – Eu gritei e tirei as pernas de cima das pernas dele me sentando ligeiramente afastada. O sorriso dele aumentou. – Mentiroso! – Eu disse lembrando que o meu telefone era bloqueado – Não dá para você mandar mensagem – Eu disse isso e o imbecil gargalhou – Qual é o teu problema?

Cruzei os braços emburrada encarando o moreno a minha frente e ele desenhou no ar o que eu acabei por perceber que era o meu código

— Eu achei por bem decorar, podia ser útil

— Ele nunca vai me perdoar! Isso é horrível, ninguém faz isso com as pessoas – Eu levantei andando pela sala, se isso se espalhasse eu ia ser conhecida como uma pessoa sem coração, se queria ir com outro não teria aceitado o convite – Porque você fez isso?

— Porque você arruinou o meu encontro! Mas relaxa, “você” disse que estava se sentindo mal – Ele pareceu perceber um pouco da preocupação e magoa nos meus olhos porque disse a verdade com um tom de consolo – E já tem tempo que eu mandei, ele nem devia ter se arrumado sequer

— Você é um idiota – Eu fui em direção a cozinha e ele levantou repentinamente

— Onde você pensa que vai? – Disse com uma das sobrancelhas arqueadas

— Pegar água! – Retruquei – Vai me tratar como tua prisioneira agora?

— Para de reclamar e vamos jogar – Eu olhei de relance para ele depois de encher o meu copo com água, ele estava ligando a PS3 no jogo irritante de carros de sempre.

Não é como se eu pudesse fazer alguma coisa mais interessante do que jogar com ele presa ali dentro, também não é como se eu não pudesse tentar pular a janela, mas com certeza ele não ia deixar isso acontecer. Jogar com ele definitivamente era a melhor opção.   


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Notas finais do capítulo

Olá florzinhas, alguém ainda vivo por ai?
Faz tempo que não posto, decidi ressurgir das cinzas esses ultimos dias ahah
Gostaram do capitulo? :D



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