Já era sexta- feira e estávamos há literalmente 4 dias do Halloween.

A escola estava totalmente decorada com aboboras magicas que mudavam suas expressões, com estatuas que se mexiam e armaduras risonhas. Existiam teias de aranha por todos os lados e aranhas de mentira se moviam entre as mesmas, causando fascínio nos primeiros anistas.

Claro que os mais velhos, pelo menos os lufanos, estavam mais animados com a festa, que o comitê que eu e Dafne havíamos escolhidos, estavam planejando.

Eu queria estar no comitê das festas do ano, mas havia recebido uma intimação do meu querido professor de Poções para melhorar minhas notas, ou voltar para as aulas do primeiro ano. E ele estava falando sério! Nem o meu tio Harry teria o poder de me salvar daquilo. Ou era eu melhorar as minhas notas, ou ter aulas com crianças de menos de 1,20 de altura.

Não precisa nem me perguntar o que eu estava então fazendo naquele momento. Estava desde as seis horas da manhã estudando, ou melhor, tentando.

Minha mente estava animada com a festa que ocorreria no sábado e com o que Erik, Nate, Dafne, Ana e mais alguns alunos estavam aprontando. E pelo que eu sabia, o que eles aprontavam prometia ser maravilhoso. Aconteceria na Sala precisa, e estaria regada de músicas animadas, luzes psicodélicas e muita gente. Apenas os lufanos e os amigos de lufanos. Super exclusiva, com convites dourados para convidados Vips e prata para os normais.

Mas eu tinha que manter o foco!

Suspirei e voltei a ler a página que explicava sobre uma poção calmante. Eu já a estava lendo a mais de quatro vezes, mas aquilo não fazia sentido para mim. Como se eu fosse morrer se não soubesse como me acalmar...

-Dominique! – escutei alguém me chamar e me tirar da sacrificada concentração.

Bufei e fechei meu livro, me virando em direção a voz.

-Que foi? – perguntei levemente irritada, sem muita paciência para alguma outra coisa que não fosse Poções.

-O que faz aqui? – a voz fria perguntou e finalmente meu cérebro raciocinou corretamente. Na minha frente estava Scorpius, sentado em uma das mesas da biblioteca, me olhando com aqueles olhos prateados e um sorriso frio no rosto.

Revirei meus olhos e levantei meu livro de poções.

-Tentando estudar... – respondi sorrindo.

O garoto loiro riu.

-No primeiro período? – perguntou confuso. – Até onde eu sei o primeiro período é livre para Sonserinos e Corvinais de sexta.

Arregalei meus olhos e rapidamente olhei para o relógio dourado do meu pulso.

AH não, estava vinte minutos atrasada para História da Magia.

Com um salto me levantei e sem dizer nada ao loiro a minha frente, disparei pelo corredor com o material de poções na mão e a vontade de me matar na cabeça. Acabei caindo em um dos corredores, mas graças a Merlin ninguém viu, pois todos estavam nas aulas. E eu não!

Cheguei na sala e abri a porta devagar, na esperança do professor Binns não me ver.

Como sempre, a sorte não estava do meu lado.

No momento em que abri a porta, todos viraram a cabeça em minha direção e o professor franziu o cenho.

Não acreditei naquilo. Todos dormiam em todas as aulas de Historia da Magia. Por que justo hoje todos estavam acordados então?

Com um sorriso amarelo e envergonhado, passei pelas carteiras e sentei na primeira, ao lado do professor. A figura fantasma suspirou e me olhou profundamente.

-Weasley, não é? – perguntou monotamente.

Assenti sem nenhuma palavra.

-Já o seu terceiro atraso na semana, fora as duas aulas em que você matou e fingiu estar com cólica! – disse exaltado.

Me encolhi na carteira e suspirei tentando formular alguma desculpa. Infelizmente, antes da desculpa vir, ele disse:

-40 pontos a menos para a Lufa-Lufa!

O encarei incrédula, mas ele ignorou os murmúrios indignados dos meus amigos e meus protestos, e voltou a dar a sua aula, chata e tediosa.

*_*

-Aquele maldito fantasma safado tem que morrer! – berrei no salão comunal vazio, com exceção de Erik que me acompanhava para buscar o material da próxima aula.

-O que aconteceu? – perguntou se aproximando do painel dos perdedores e começando a ler os dois nomes que estavam lá.

Olhei novamente para a minha foto lindamente postada no painel, como uma das loosers da semana.

-Eu só perdi 40 pontos, isso não é possível... – murmurei incrédula.

Erik suspirou.

-Bem, todo mundo está com medo de dançar alguma coisa em cima da mesa do salão Principal. E estamos em segundo lugar na taça das casas, a coisa está funcionando.

Gemi.

-Não está ajudando Erik. Eu vou ter que pagar o mico hoje, caramba! – disse desesperada. – E quando eles souberem que eu sou uma das loosers, o sétimo ano vai fazer eu dançar algo absurdo.

Ele me abraçou delicadamente e beijou o topo da minha cabeça.

-Eu juro que vou azarar quem tentar zuar você, Domi. – me assegurou calmo. – Mas vamos para a aula logo, antes que percamos mais pontos. – disse me apressando a pegar o meu material.

Assenti e corri até o meu quarto. Pelo visto o dia ia ser longo hoje.

*_*

-Eu deveria acabar com a sua cara, Jorge! – berrei tentando tirar aquela maldita magia que se impregnava pelo meu rosto.

Ele riu e começou a fazer o mesmo feitiço no rosto do garoto do sexto ano ao meu lado.

-Eu sei que minha ideia foi genial, melhor até que a do Stephen. – disse fazendo alguma transfiguração para o olho do garoto parecer esbugalhado. – O mico tinha que ser de acordo com a temática da semana e Thriller do Michel Jackson é perfeito para o momento.

Suspirei e me olhei no espelho com vontade de chorar. Meu rosto estava transfigurado em uma mascara de zumbi bem convincente e parecia que meu cérebro estava exposto. Era nojento e eu não tinha a mínima ideia de como tirar aquilo depois de mim.

Além disso, eu começava a me sentir envergonhada pelo que eu teria que fazer em cima da mesa. EU teria que dançar a coreografia que eu tinha acabado de aprender daquele cantor maluco que morreu.

E o pior de tudo era que eu era uma péssima dançarina. Tentara fazer balé quando mais nova, mas era gorda e desastrada demais para isso. Ainda me lembro da professora de Balé me dizendo que acabaria me machucando se ousasse subir um dia na ponta.

Agora eu teria que dançar, horrivelmente, na frente do colégio inteiro. Literalmente.

Jorge olhou em seu relógio e sorriu.

-Hora do show, pessoal. – disse animado, pegando o rádio enfeitiçado e abrindo a porta do salão.

Ainda não acreditando que não houve uma maldita terceira pessoa para perder pontos e dançar conosco, eu o segui tentando não usar pela primeira vez na vida um feitiço não perdoável.

A música começou a tocar e engolindo o meu orgulho e minha reputação, eu subi em cima da maldita mesa, repetindo os passos aprendidos junto com o garoto.

Não demorou muito para todos estarem rindo e dançando junto, todos animados e pouco se importando com a minha aparência ou com a coreografia ridícula que eu estava tentando reproduzir.

Vi Alvo e James dançando em cima da mesa da Grifinória com Fred e pelo canto do olho vi Scorpius fazendo um passo estranho, junto com o filho do Nott.

Ao meu lado, Erik começou a fazer o famoso Moon Walk, copiando mais alguns passos do Jorge, enquanto ria e zuava as tentativas frustradas de Nate fazer o mesmo.

Eu me esqueci do mico que estava pagando, e tentei me divertir com meus amigos, gargalhando e me esquecendo dos problemas durante alguns minutos.

Mas só por alguns minutos.

Quando a música terminou eu desci da mesa e tudo ficou escuro.

Eu tinha certeza que a falta de comida daquele dia iria me causar isso.