-Coma alguma coisa, Dominique, a aula vai começar em vinte minutos! – Erik disse desesperado.

Suspirei e mordi um pedaço da maça que pousava em meu prato.

-Erik, os meninos já estão nos esperando na sala. – Nate disse passando por nós dois e saindo do lugar.

O garoto assentiu e me dando um beijo na testa saiu do salão principal, me dando apenas mais cinco minutos. Concordei com a cabeça e logo que ele desapareceu do salão, sai em direção as escadas que me levavam ao segundo andar. Me tranquei em uma das cabines e coloquei o dedo na garganta, sentindo minhas unhas macucaram a mesma. Ignorando a dor, me levantei e como sempre, retoquei a maquiagem borrada e sai do banheiro, como se nada tivesse acontecido.

Arrumei a barra da minha saia e caminhei até a sala de DCAT que eu teria naquela manhã.

-Dominique, me espere. – escutei Alvo pedir e franzi o cenho, olhando para trás.

-Hum, Alvo, eu tenho aula com a Sonserina agora. – disse calma, tentando entender ele.

O garoto riu.

-Você se esqueceu? – perguntou retoricamente. – Os aurores vieram para nos ensinar e supervisionar os duelos. – disse calmo.

Droga! Berrei em minha mente. Aquele era o fatídico dia em que os quintos, sextos e sétimos anos se juntavam para ter aulas de duelos com os aurores. Aquele era o fatídico dia que acontecia duas vezes ao ano, desde a última guerra.

E eu havia me esquecido completamente daquilo.

Bufando, dei de costas para meu primo e entrei na sala, irritadiça e me preparando para receber meus dois tios na mesma.

James estava conversando com o pai enquanto Rose ria de algo que Ron havia dito. Erik e Nate estavam conversando com Teddy Lupin e Dafne quase quicava no chão de felicidade. Aquela eram as aulas preferidas dela.

Me aproximei de Erik e o abracei pela cintura, cumprimentando meu cunhado com um aceno.

-Ei baixinha... – ele disse bagunçando meus cabelos.

Revirei meus olhos com a atitude dele e arrumei meus fios ruivos com a mão.

Senti meus tios se aproximando de mim e tentei forçar um sorriso.

-Tios, tudo bem? – perguntei quase que naturalmente.

Tio Harry assentiu e o Tio Rony bagunçou meus cabelos novamente. Soltei um gritinho irritado e arrumei-os novamente, dando uma desculpa qualquer para me afastar daquele momento família.

Corri para o lado de Dafne, que conversava com Scorpius formalmente e sorri para os dois.

-Por que não me avisou, Dafne? – perguntei irritada.

Ela deu de ombros.

-Não sua agenda, Dominique. – disse calma e Scorpius riu.

Cruzei meus braços me arrependendo no mesmo momento. Eu ainda sentia os hematomas que minha unha havia causado no banho anterior doerem e me incomodarem a cada toque novo. Tentando disfarçar, descruzei os braços.

Já haviam se passado alguns minutos quando tio Harry subiu em um pequeno palco, colocado na sala ampliada magicamente para aquele dia.

-Pessoal, quero a atenção de vocês por alguns minutos. – ele pediu e todos no mesmo segundo ficaram quietos. – Em primeiro lugar, quero agradecer vocês por terem nos recebido mais um ano aqui em Hogwarts. Em segundo, gostaria de pedir que vocês fizessem o favor de vestirem essas roupas que estão aqui ao meu lado, não queremos nenhum acidente com o uniforme de vocês. – disse apontando para uma pilha de roupas ao seu lado. – Estão etiquetados com os nomes de cada um, então, não se preocupem com os tamanhos. – completou percebendo que algumas meninas já começavam a questionar isso. – Dez minutos.

Suspirei e peguei minha roupa etiquetada, correndo para o vestiário montado magicamente feminino, me vesti.

Não tive coragem de olhar como a roupa era ou como eu estava, não podia entrar em uma crise com meus tios por perto. Com passos leves sai do vestiário e me aproximei de Alvo e Rose, já que não estava avistando meus amigos.

-Dominique, o que são esses arranhões em sua pele? – tio Harry perguntou preocupado e meu sangue congelou. Rapidamente olhei para meus braços e parcialmente minhas costas descobertas, graças a maldita regata branca com o símbolo da minha casa no peito e percebi que por toda a extensão podia-se enxergar os hematomas e arranhões.

Senti o olhar de várias pessoas olhando para mim e vi de esquela Erik me fitando confuso, assim como meus primos, Nate e Dafne. Olhei novamente para o meu tio e me obriguei a pensar em algo rápido.

-Eu tive uma alergia ao novo creme da L’occitane. – disse rapidamente, agradecendo a Deus por sempre ter sido uma boa atriz.

Tio Harry passou o dedo por um dos arranhões do meu pulso e suspirou.

-Você deveria ter ido na enfermaria, Dominique. – disse calmo.

Eu assenti.

-Eu deveria, mas estava tão ocupada que acabei me esquecendo de ir. Mas já está melhorando, não há razões para se preocupar. – garanti sorrindo.

Tio Ron sorriu de volta e começou a explicar como os duelos funcionariam. Rapidamente eu me afastei dos meus tios e me juntei ao pessoal de minha casa, que conversava baixinho animado.

Erik me olhou preocupado, mas recebendo meu olhar calmo, se acalmou e voltou a sua conversa com Nate, enquanto meus tios sorteavam os pares dos duelos.

Em questão de minutos os alunos já estavam emparelhados com seus respectivos pares. Nate havia ficado com James, Erik com uma garota do sétimo ano da corvinal, Dafne com Scorpius e eu com uma aluna do sexto ano da Sonserina que se chamava Alícia  e parecia não ter muito mais cérebro que uma mosca.

Os duelos começaram e eu rapidamente venci a garota. Eu só precisei usar, muito mal feito por sinal, o meu expelliarmus e ela já estava no chão, me olhando feio.

Sorri com meu feito e esperei na fila dos outros alunos que haviam ganhado o duelo para duelar entre si.

*_*

A lufa-lufa inteira comemorava. Ana tinha colocado  uma música trouxa bem animada para nós dançarmos e todos louvavam o “nosso rei”. Erik havia ganhado de todos no duelo, derrubando por fim Scorpius Malfoy e seus feitiços não verbais que assustavam qualquer um.

Eu havia saído na quinta rodada de duelos, e eu não sabia como tinha conseguido ir tão longe. Eu era péssima em feitiços e não poderia azarar todos os duelistas para resolver meus problemas. Eu mal sabia desarmar alguém, meu Protego era uma negação e o meu Estupefaça era pior ainda. Provavelmente tive uma ajuda divina para conseguir derrubar Alvo e estuporar Nate.

Mas aquilo naquela hora não importava. Todos nós estávamos felizes com o grande feito do nosso amigo, e meu namorado, que havia ganhado de todos.

Quem era o perdedor agora?

Senti Erik me puxar cuidadosamente para não tocar nos meus arranhões e começar a dançar comigo, tentando em vão me ensinar alguns passos daquela música estranha e animada ao mesmo tempo.

-Onde você aprendeu a dançar assim? – perguntei curiosa. Geralmente sangues-puros como nós tínhamos algumas dificuldades para assimilar a cultura trouxa.

Ele sorriu e deu de ombros, seus olhos claros brilhando com diversão.

-A Ana me ensinou. – disse com simplicidade.

Eu sorri e voltei a dançar com ele, ao meu modo, rindo e me divertindo com meus amigos eufóricos.

Já estava próximo da meia-noite quando a diretora ameaçou tirar 200 pontos da nossa casa caso nós continuássemos com a festa.

Obviamente todo mundo se retirou, nenhum querendo pagar o próximo mico e dançar Single Ladies.

Rindo, eu subi para o meu quarto e entrei no banheiro antes de Dafne e Ana. Rapidamente tirei minha roupa e liguei o chuveiro, tentado não me machucar desta vez.

Foi então que eu vi ao lado do meu shampoo um frasco transparente com uma poção azul nele. Com cuidado eu a paguei na mão e percebendo que havia um bilhete ao lado dela, o segurei com a outra mão.

OBS: Para curar seus arranhões.

Encarei a letra incrédula, constatando que era a mesma, que há dois dias atrás, se encontrava na minha prova.

Não podia ser... Aquilo ia começar a me perseguir a troco de que?

Teaser...

-40 pontos a menos para a Lufa-Lufa!

...

-Eu deveria acabar com a sua cara, Jorge! – berrei tentando tirar aquela maldita magia que se impregnava pelo meu rosto.

...

Quando a música terminou eu desci da mesa e tudo ficou escuro.