Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 3
Capítulo 2 - Estranha Empatia.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo editado em dezembro de 2021.

Musica do capitulo:

Kris Allen - I need to know



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Dias estranhos, e noites mal dormidas. Assim tenho passado a última semana. 

Dias estranhos, pois, tenho me identificado muito mais com Jacob, do que o planejado. As coisas estão fluindo de forma mais leve entre nós. Não sei os motivos exatamente, se tem a ver com o acordo que firmamos dias atrás, ou se é nossa convivência,  e com isso o costume um com a presença do outro. Sei que não temos discutido muito. E estamos nos provocando menos.

As noites andam ainda mais estranhas que os meus dias que andam repletos de paz. Ando dormindo bem, me sentindo menos infeliz, e refletindo demais sobre minhas conversas com Jacob, que anda invadindo os meus sonhos, para o meu total desgosto! Ao menos é isso que eu quero acreditar… 

Esse excesso de pensamentos com Jacob, tem me deixado tensa. Tento conter a leveza que a presença dele me causa, porém, não ando tendo muito sucesso. Essas derrotas em me sentir leve, menos amarga, e estar dormindo facilmente sem chorar, é o que também faz minha tensão aumentar.  

Ele é realmente diferente de todos os garotos Lobos. Eu digo isso com a certeza, de uma mulher que vê quase tudo o que se passa na mente de cada um deles. 

Jamais direi isso, mas tenho gostado muito de ficar ao lado do Black. Esses dias têm sido ótimos. 

Claro, não admito esses pensamentos nem sob tortura e faço questão de escondê-los, quando estou transformada. Penso em carros o tempo todo, o disfarce perfeito. Difícil, porém possível.

Presa em pensamentos, escuto a voz estridente de Seth, avisando o que meus sentidos já tinham constatado.

Jacob está chegando. 

— Leah, Jake chegou! Está esperando por você! – Seth gritava, como se eu não tivesse a audição tão ou mais privilegiada que a dele. 

— Não me diga bebê. – sei o quanto meu irmão odeia quando  o chamo assim. – Eu não senti o cheiro irritante dele, afinal não sou Loba. – Seth bufou. 

Podia ouvir as muletas de Jacob, batendo contra o chão, e sentir o aroma amadeirado, vindo da pele do Lobo à distância.

Esse cheiro me irrita, argh. 

— Bom dia para você também, irmãzinha. – Seth e sua cara de cachorrinho sem dono.  – Só achei que você estava dormindo, credo Leah. Péssimo humor, logo cedo. 

— Ela é essa doçura todos os dias, pela manhã? – a voz levemente rouca e grave de Jacob me sobressaltou. 

— Geralmente sou mais parecida com uma maria mole, mas como você resolveu me atormentar, uma hora antes do combinado, não me deixou feliz. – ironizei. 

A gargalhada que Jacob soltou, fez um sorriso involuntário e enxerido, brotar nos meus lábios. 

Seth, ficou paralizado por alguns instantes, sem que Jacob percebesse. Essa reação do meu irmão, fez o sorriso nos meus lábios desaparecer!

— Claro, claro. – Jacob, se diverte às minhas custas sempre. – Agora vamos senhora Clearwater Mole, ver o doutor caninos no Hospital. 

Revirei os olhos irritada. Já que eu sou a única que discorda dessa porcaria de tratar Jacob com um sanguessuga para não levantar suspeitas. Todos acharam melhor o Dr. Caninos cuidar dele, para um tratamento mais rápido e sem chamar atenção. Que nojo.

Passei por Seth, ignorando sua expressão pensativa.

Quando coloquei os pés na varanda, fiquei incrédula, não acreditando no que estava ali, diante dos meus olhos.

— De jeito nenhum Black! – sibilei. – Não vamos subir nesta moto.

— Vamos sim! E adivinha quem vai pilotar?! – ele arremessou as chaves em minha direção, e por um reflexo a peguei sem maiores problemas. – E se está me olhando espantada, por preocupação fique tranquila, eu não sou uma maria mole como você, vou saber me segurar, e se tiver medo, te abraço bem apertado durante o trajeto. – Ele piscou em minha direção. 

Minha respiração acelerou involuntariamente. Mas que droga, Leah. Sacudi a cabeça, incrédula. 

— Não ouse Black, ou eu arremesso você para longe, aí sim teremos mais ossos colados de forma errada neste corpo que você tanto ama!!!

— Claro, claro. – ele sorriu despreocupado, subiu com dificuldades na moto, e bateu no banco do motorista. – Vamos mulher, mostra quem manda nesta relação.

Bufei irritada, com a risada de Seth, e com Jacob que sempre tem esse sorriso lindo, e irritante no rosto!!! E dificilmente me irrita realmente.

— Não me toque até chegar ao hospital Black. – ameacei com meu olhar mais perigoso. Ele riu.

Subi na moto tensa com a proximidade excessiva, conseguia sentir o calor dele a poucos centímetros de distância.

Tentei me ajeitar, e manter a concentração.

— Acalme-se Leah, não vou te agarrar, sou muito difícil. – Jacob gargalhou, e me segurei para não sorrir com a ousadia dele, já que Seth, estava com os olhos vidrados na cena.

— Calado Black, reze para que eu ainda saiba pilotar uma moto! – dei a partida.

Partimos em direção ao hospital. Durante o caminho estava tensa, sem saber ao certo o motivo. Ou sem querer pensar sobre o motivo! 

— Você parece tensa. Está acontecendo algo? – Jacob questionou.

— Só estava preocupada sem saber ao certo se me lembrava como pilotar uma moto. Mas já passou. – menti.

— Claro, claro. Bom que me enganei. – ele soltou as palavras.

Ficamos alguns segundos em silêncio.

— Achou que era por qual motivo? – minha curiosidade me traindo.

— Nossa proximidade, aqui na moto. – senti minha mão tremer levemente, e uma vergonha feroz me dominar. – As vezes percebo uma tensão quando me aproximo. 

— Pare de imaginar coisas Black. Eu sou assim, acostume-se! 

—Claro, claro. Hey, ainda temos um tempinho, encoste ali. – Jacob apontou uma parte da estrada com vista para o mar, bem próxima aos penhascos. 

Parei a moto como ele pediu. Jacob está pensativo.

— Sabe Leah, quando você tem planos durante quase toda a vida, e de repente tudo vira uma bagunça tão grande, que você não consegue sequer lembrar quais eram seus sonhos? – ele observava o mar.

— Acho que sim. – respirei fundo. 

— Observar o mar relaxa a minha mente, me faz tentar acreditar, que tudo tem um propósito e mesmo que eu não esteja enxergando neste momento, vou entender algum dia. – ele suspirou desanimado.

— É um pensamento otimista. Mostra que seus sonhos estão adormecidos apenas, esquecidos não. – parei ao lado dele. Realmente observar as ondas, é relaxante.

Senti seu olhar sobre mim.

 

Play na música

— Leah, quando olho você sabendo tudo que passou sozinha, e o que ainda enfrenta diariamente, me sinto envergonhado com a forma infantil que reajo diante os meus problemas. Acredito em situações inevitáveis em nossas histórias… nossas transformações, a magia que envolve o imprinting, são a constatação disso. Também reconheço as falhas de todos que te cercam, as minhas que são bobas e infantis mas na soma de todas as demais se tornam um fardo. Posso ser errado, e hipócrita nas minhas palavras agora, mas vou arriscar. Não concordo com algumas atitudes de Sam, elas são egoístas muitas vezes, só acredito não ter o direito de me intrometer, e sinto muito por isso. Eu te admiro, por ter permanecido em pé, sem ajuda de ninguém e pior sem empatia. Às vezes, falo coisas da boca pra fora mas acredite, não é o que realmente penso. – Jacob me encara com os olhos intensos. 

— Jake… – minha voz saiu, pouco mais alta que um sussurro.

Senti uma emoção inexplicável ouvindo essas palavras. Fiquei ali, paralisada, sem saber o que responder.

— Espero não ter me intrometido, em uma situação que não é da minha conta, só estou falando tudo isso, pois, noto essa tensão em você, algumas vezes quando me aproximo. É justificável após esse último ano. Você aprendeu a estar sozinha e ter um amigo pode ser estranho. Contudo, saiba que estou por perto caso precise.. – ele se desculpou. – apenas assenti ainda sem conseguir sequer tecer uma única palavra. – Vamos?! – Jacob caminhou lentamente com as muletas em direção a moto. 

O segui, ainda sem palavras.

Durante o caminho Jacob tagarelou algumas coisas, e sinceramente não faço a menor ideia do que. Minha mente está vagando por tudo que aconteceu na minha vida, desde o dia em que Sam desapareceu. 

Um misto de pensamentos. Sempre os impeço de virem à tona, pois são dolorosos, e me causam uma tristeza imensa. Mas hoje, eles estão aqui, como um filme sendo reprisado em câmera lenta na minha cabeça!

Para a minha sorte, chegamos ao hospital e o Dr. Caninos, já nos aguardava na porta, me obrigando a encerrar qualquer outro assunto. 

Estacionei a moto, e ajudei Jacob com as muletas que penduramos na lateral. A expressão de infelicidade nos dominando igualmente, tanto Jacob quanto eu. Carlisle sorriu com a nossa aproximação.

— Só estou aqui, para me curar o mais rápido possível! – Jacob, foi direto com o Sanguessuga de jaleco.

— Eu sei Jacob, agradeço por me deixar ajudá-lo. O que você fez por nós, não tem preço e estamos em dívida eterna. – o olhar de agradecimento do Dr. Caninos, me convenceria que ele é um bom homem, se não fosse pelo cheiro nauseante de morte que ele exala. Isso com certeza acabava com qualquer vestígio de simpatia que eu pudesse nutrir por ele.

— Não fiz nada por vocês, fiz pela Bella. – a voz rouca de Jacob, falhou ao pronunciar o nome da lesma. – E também por não querer mais inocentes prejudicados, pela raça de vocês.

Senti um embrulho no estômago, indigesto e repentino.

— Ainda sim agradeço. – a postura hostil de Jacob, não abalou em nada a postura calma e simpática do Dr. enquanto coloca as luvas. – Vamos ver como estão esses ossos!

— Claro, claro. – Jacob me olhava debochado.

Passamos um tempo no hospital. Jacob realizou diversos exames de raio x, e ficamos aguardando os resultados. 

Dr. Sanguessuga examinou todos os resultados e deu o diagnóstico.

 – Jacob todas as costelas, quebradas, e sua perna, estão normais. Porém, e talvez a rapidez com que seus ossos se regeneram, alguns calcificam de forma errada e por isso a demora na recuperação. E temos esse quadro com seu braço esquerdo e seu pé esquerdo. Ambos estão fora do lugar. – Jacob trincou os dentes e bufou irritado. Me aproximei. 

— Calma Jake, isso acontece com todos nós. – tentei tranqüilizá-lo.

— Claro , claro. – Jacob, não conseguiu prestar atenção nas minhas palavras. – O que vamos fazer? – ele olhava raivoso em direção ao Sanguessuga.

— A única maneira é quebrar e engessar novamente. E assim sua recuperação será rápida. – Carlisle informou calma e cautelosamente. 

A palavra quebrar, engessar novamente causaram uma espécie de revolta sem explicação em mim. A culpa lambeu meu corpo todo, por saber a dor que Jacob irá enfrentar novamente.

O Dr. Caninos tinha uma postura cautelosa, com o olhar assassino que eu direcionava a Ele.

Jacob percebeu. E tratou de se adiantar.

— Leah, você pode ir lá fora, não precisa ficar aqui. – Black, conhecia meu temperamento, e ver o Sanguessuga quebrando seus ossos, sem reagir, seria algo difícil de controlar.

— Preciso. Disse que ficaria, e não vou correr. E você pode até chorar como uma garotinha, prometo não contar a ninguém. – tentei descontrair o clima pesado naquele consultório com cheiro nauseante de Sanguessuga. Jacob gargalhou.

— Claro que vou chorar, mas você vai me ajudar, me dando um beijinho. – Ele fechou os olhos, teatralmente, fazendo um biquinho.

Trinquei os dentes, mas a sensação desta vez não era raiva, senti meu corpo formigando com aquelas palavras. Lutei para disfarçar.

— Quebre tudo, Doutor!!! Até os ossos que não estão com problemas. E não dê morfina, ele merece sofrer. – disse entre dentes.

Jacob e o Sanguessuga de jaleco riram juntos.

— Acalmem-se é melhor fazer isso na reserva, onde não há ninguém por perto ouvindo gritos, e barulhos de ossos sendo quebrados.

— Claro, claro! Tudo pelo disfarce certo doutor? – o sarcasmo e a irritação dominaram a voz de Jacob.

— Vamos Black, se comporte e eu pago um sorvete para você. – ironizei, para tentar amenizar o humor do garoto.

Jacob sorriu falsamente e assentiu.

Antes de sair, ele parou na porta, senti sua relutância em soltar as palavras.

— Ela está bem, certo? – Jacob, não se virou para olhar o Doutor, enquanto perguntava sobre ela.

— Está, Jacob! Está feliz. – o coração do Black, disparou.

Mexi nos cabelos irritada, por ter a capacidade de ouvir tão claramente isso.

— Claro. Claro. – ele respondeu enquanto deixava o consultório.

— Leah. – Carlisle, se aproximou cauteloso. – Sei que existe um limite que não posso cruzar na reserva, então ficarei grato, se deixasse todos cientes dos motivos que vão me levar até lá.

Assenti sem prestar atenção ao certo. Estava observando Jacob, e sua expressão de dor, certamente remoendo as palavras do Sanguessuga.

— Eu não disse a verdade para torturá-lo. – me surpreendi com o olhar de preocupação do Sanguessuga em direção a Jacob. – Ele merece ser feliz, e a felicidade dele está em outro lugar. – os olhos dele fixaram nos meus.

Senti meu corpo formigar, com as palavras. Engoli a seco.

— Dispenso sua preocupação. Ela chegou tarde demais. – dei as costas. – Avisarei na reserva, sobre sua visita. Cure o que vocês causaram, ao menos fisicamente!

Caminhei em direção a Jacob, ignorando por completo, o que o Dr. Caninos  acabou de me falar.

Ficamos em silêncio durante o trajeto até a moto, Jacob estava pensativo, isso me preocupou, afinal o Black jamais cala a boca.

Permanecemos em silêncio durante boa parte do nosso retorno, a reserva. Quando nos aproximamos da vista para os penhascos na estrada, Jacob me pediu para parar.

Concordei e entrei com a moto, em uma estradinha que usamos de trilha para ir ao topo das pedras.

— Preciso ficar um momento sozinho Leah, quero pensar. – o ajudei a descer da moto.

— Não posso deixá-lo sozinho aqui Jake, sou a sua sombra, lembra? A babá quase perfeita. – disse em um tom de voz leve, ele sorriu falsamente.

Detesto quando ele sorri dessa forma. E infelizmente já consigo identificar!

Jacob parece querer explodir algo. Conheço bem essa sensação. Querer soltar os pensamentos que nos adoecem. Respirei fundo, e pedi;

— Vamos lá Black, solte. – a respiração dele acelerou. – Diga, de uma vez, o que quer dizer. Vai se sentir melhor, acredite!

Ele parecia desconfiado inicialmente, então, seu olhar foi se transformando em algo similar a alívio. Como se finalmente pudesse admitir o que anda sentindo. Ele me encarou por um segundo analisando, querendo confirmar se realmente pode confiar em mim.

Jacob tentou não dizer nada, tentou continuar guardando, entretanto, existe um momento quando palavras resolvem não se esconder mais e ganham vida. A partir daí não conseguimos mais contê-las, e aconteceu agora! Todas as frases que ele guardou explodiram.

— E não consegui salvá-la Leah. – a dor em suas palavras é intensa. Não consegui poupar a vida dela, nem fazer Bella admitir o erro que está prestes a cometer. Tudo isso foi por nada. – ele levantou os braços, mostrando o gesso, demonstrando a frustração. 

— Jacob, se salvar foi uma decisão, uma escolha dela! Nada que fizesse mudaria essa decisão! – vontade de gritar, amante de Sanguessuga, porém, controlaria minha língua, Jacob está desabafando. Contudo, uma estranha irritação está ameaçando  me dominar.

— Será Leah? Eu consegui fazer a teimosa admitir o amor por mim, pude sentir quando a beijei como seríamos felizes. Por que desistir agora? Ela vai se casar com ele, tenho que lutar para manter o coração dela batendo! – a agonia na voz dele me irritou de uma forma totalmente nova e inexplicável. 

— Ela não quer o coração batendo Jacob. Acorda. – estou tentando moderar o tom de voz, manter a calma e ignorar a agonia em vê-lo  se culpando, por não lutar mais por uma pessoa que simplesmente não quer viver. – Ela é burra e não viu o cara incrível diante dela, e se viu não preferiu ignorar, que podia ser feliz sem o sanguessuga. Ignorou isso completamente, já que aquele sanguessuga, pode dar a  Bella, algo que você jamais poderá Jacob. Vida Eterna. – soltei as palavras.

Jacob trincou os dentes, e seu olhar em minha direção mostrava sua insatisfação com as minhas palavras. Dane-se.

— Você não a conhece, não sabe o que diz. – Jacob sibilou. 

Não me intimidei.

— Se você a conhecesse realmente já saberia os motivos dela. Não preciso conhecê-la, para ver as razões de uma menina, tão jovem estar disposta a morrer por um Sanguessuga. Vida eterna. Eu não minto Black! – meu tom de voz, soou mais sarcástico e frio do que eu pretendia usar, entretanto continuei – Apenas enxergo as coisas como elas são.

— Vá embora e me deixe sozinho Leah. Você já me encheu hoje, o equivalente a sua cota do mês. – as palavras dele, me atingiram de uma forma intensa – Vá com sua amargura para longe de mim. Foi um erro confiar em você para desabafar. 

Minha vontade de arremessá-lo daquele penhasco é enorme.

Senti meu estômago revirar inquieto com essas palavras.

Black estúpido. Não percebe o quão sempre foi demais para a tonta da Swan.

— Dane-se Jacob, você diz gostar de ouvir verdades, mas não consegue arcar com elas, no momento em que são ditas. Fica ai sofrendo pela Bella, inocente e maravilhada com a vida eterna. – dei as costas e antes de iniciar a corrida, arremessei as chaves da moto estúpida dele em seu corpo. – Tome, vá para casa sozinho, boa sorte com as muletas.

Apressei meus passos, irritada. Vê-lo sofrendo me machucou de uma forma estranha e inesperada. Suas duras palavras, e seu desprezo por mim estão me causando um estranho incômodo, contudo, o sentimento de preocupação é maior. 

Alcancei o início da trilha, e parei indecisa, refletindo se realmente o deixo para trás. Respirei fundo. Decidi voltar, aguardar em silêncio, não posso deixá-lo aqui. Antes de me virar para subir a trilha novamente. Fui surpreendida. 

— Me desculpe, Leah. – palavras simples, porem eu nunca escuto de ninguém. – Estou sendo um idiota, estupido, mais uma vez. Desculpe -me.

Droga meu coração disparou. E ele continuou.

— Você não precisa mais ficar de babá, eu falo com Sam, assim que chegarmos à reserva. Obrigado, por me aguentar esse tempo todo. – senti um aperto no peito. Respirei fundo.

Dei um passo à frente, porém, não conseguia deixá-lo ali, e quanto mais tempo longe de Sam, melhor para mim. É por esse motivo, eu iria aturar o Black mais uns dias. Certo?

— Me desculpe Jake. Você precisava desabafar, e eu não tenho o direito de dizer o que penso sobre algo que definitivamente não é da minha conta! – me virei para encará-lo. Mas desisti. Jacob tem uma intensidade nos olhos, que às vezes não consigo lidar!

Caminhei de volta, em direção a moto, e fiz a minha melhor careta de convencida.

— Parabéns! Finalmente você admitiu, o que ambos sabemos há muito tempo. Você é um idiota Jacob. – parei ao seu lado e me encostei na moto. Ele sorriu tímido. 

— Mereci essa. – seu olhar, é de desculpas sinceras, algo incomum por aqui.

— Mereceu mesmo. – suspirei, ainda chateada. – Façamos um novo acordo, não falaremos mais sobre a Swan, e bem menos sobre essa ridícula discussão que só prova que estamos passando tempo demais juntos, que horror!! – fiz minha melhor expressão de nojo. – Vamos continuar apenas nos suportando por aqui, está bem?

— Claro, claro! – ele assentiu concordando.

— Agora vamos embora, antes que o Dr. Caninos, chegue mais cedo na reserva, e seja destroçado pela matilha, pois, ficamos aqui discutindo feito dois imbecis. – parei pensativa por um instante. – Embora eu vá me divertir demais com isso. Você precisa abandonar as muletas! – rimos em uníssono com a possibilidade desta situação.

— Leah você é engraçada, às vezes! – ajeitava a perna dele na moto, mais ossos colados incorretamente, não seria nada bom.

— Acontece, uma vez ao ano, e sem testemunhas! Afinal, tenho uma reputação de amarga e infeliz, a zelar! –brinquei. 

— Mereci essa também. – Jacob suspirou parecendo culpado. – Posso pedir desculpas novamente, não penso que você é assim. – ele me olhou de uma forma diferente, senti minhas pernas bambearem.

— Não pode! Temos um novo acordo, onde fingimos que essa briga não aconteceu, lembra? – subi na moto. Ignorando a felicidade por ouvir Jacob, dizer que não me acha amarga.

— O combinado não era esse, não! – ele disse divertido.

— Agora é!!! – encerrei o assunto.

Partimos em direção a reserva, sem dizer mais nada durante todo o caminho.

Deixei Jacob em sua casa e fui avisar os garotos sobre a ida do Doutor, porém, no momento que retirei minha blusa para a transformação, a voz grave de Sam me sobressaltou.

Céus como eu ando distraída. Preciso ficar mais atenta.

— Que inferno Sam, odeio quando você me assusta assim. – estava de costas para ele, sem a blusa, as costas nuas.

— D-Desculpe, eu... Eu. – ele não finalizou a frase.

Coloquei a blusa rapidamente, sabia o porquê da súbita gagueira de Sam. Droga isso dará muito trabalho, para esconder dos garotos.

Antes de ficar desconcertada com o olhar de Sam, para meus seios na blusa, fui logo me adiantando.

— Carlisle, virá em alguns minutos até a reserva, Jacob teve alguns ossos calcificados de maneira errada, e o Sanguessuga, vai quebrar novamente. Avise os garotos, por favor. – tentei sair rapidamente, porém…

— Espera. – Sam se aproximou tanto que senti seu hálito em minha nuca, um arrepio involuntário fez os pelos do meu braço se eriçarem. – Você está bem, Leah? Não nos falamos há dias.

— Estou. Agora preciso ir. – tentei encurtar o assunto.

— Não parece. Ando preocupado com você, por isso permiti que passasse esses dias distante. – ele seguiu me irritando.

— Sério Sam? Desde quando você se preocupa comigo? – o encarei confusa e irritada. – Bom recado dado, vou voltar, Billy não está em casa e o Black, está sozinho com as muletas. – Sam, segurou meu braço, e a irritação dominou meu corpo no momento que nossas peles se tocaram.

O olhei incrédula. 

— Eu sinto sua falta, das nossas conversas e amizade, não quero te ver sofrer para sempre Lee Lee. – trinquei os dentes, com a ousadia, de me chamar como fazia, quando estávamos juntos. – Da minha Leah. Aquela garota feliz. Com planos. Estou aqui, ainda sou seu amigo como antes de tudo. – meu coração não disparou como acontecia quando Sam me dizia esse tipo de coisa. Eu só consigo pensar no que o Black, estaria aprontando neste exato momento, e o idiota do Sam me segurando aqui com essa conversa irritante e sem sentido.

— Solte meu braço, e não encoste novamente em mim. Por Favor. – sibilei. Sam, soltou meu braço, o olhar sofrido que enfrento todos os dias, como se o maior prejudicado nessa história fosse ele.

— Eu só… – ele tentou dizer algo, o interrompi. 

— Você sempre faz isso, usa quem eu fui um dia, para me fazer sentir uma porcaria. Faz isso quando todos estão criticando alguma atitude minha, e o resultado é eu jamais conseguir fazer todos entenderem algo muito importante, inclusive você. Aquela Leah, morreu há muito tempo, Sam. Assim como meu namorado, morreu no momento em que seu olhar cruzou o da mulher destinada a ele, e essa mulher não era eu. Qual a razão de me chamar de Lee Lee, novamente? Você vem me ignorando há meses, nunca se importou como eu resolvi lidar com o seu abandono. Fingiu que minha dor não existia, e foi cumprir o chamado do seu destino!!! – as palavras ganharam vida de uma forma intensa. – Eu sei, não é possível lutar contra essa magia nojenta que é o Imprinting, e até poderia entender, mas, não fazer questão de me poupar da sua felicidade, mesmo sabendo como eu também não tive a chance de lutar contra o seu Imprinting, ou tudo que veio depois, já não tem desculpas. – cuspi as palavras.

— Me perdoe… – sua voz é apenas um sussurro derrotado.

— Jamais, tentou me poupar de nada, mesmo antes do Imprinting. Quando me transformei me obrigou a assistir sua felicidade de camarote, nunca pensou em trocar nossas rondas no mínimo. Um grande egoísta. Eu era uma tola até me transformar, julgava ser alguma espécie de castigo ver tudo aquilo, sentir sua alegria e continuar sofrendo, por uma felicidade que um dia eu acreditei ter sido roubada de mim. – as lágrimas escorreram sem permissão dos meus olhos. 

— Leah, eu… – o interrompi.

— Você jamais tentou me fazer entender, você quis me obrigar a aceitar, deixar todos julgarem a situação de forma humilhante para uma única pessoa…eu!! E você conseguiu, segui o roteiro, óbvio. Abracei sua criação, me tornei um monstro. Assim você seguiu sendo o mocinho, sem ter que lidar com a pessoa que ficou para trás! E essa atitude foi a única coisa que recebi de você, desde a noite do seu desaparecimento logo após a sua transformação. Por isso, nunca mais se refira a mim, no passado. Nunca mais!! Você não tem esse direito. Eu não sou mais aquela Leah. Pare de trazer as lembranças de alguém que você ajudou a enterrar! Posso não ser minha melhor versão ainda, contudo sou muito mais forte, e não vou desistir, terei novos sonhos que felizmente não dependam ou incluam você!! – passei as mãos no rosto, enxugando as lágrimas, as últimas que Sam vai tomar de mim. 

Senti um alívio imenso, e sem explicação.

— Eu sinto muito Lee… – ele pigarreou, corrigindo imediatamente as palavras. – Leah. Sinto muito de verdade. Eu te amei, enquanto pude. – Sam estava com os ombros baixos, parecendo ser menor que seu próprio tamanho.

— Não faz a menor diferença agora Sam, realmente. – respirei aliviada por dizer tudo a ele. – Agora, por favor, vamos ao que realmente importa. Avise a matilha sobre a vinda do Dr, Caninos.

Me virei e deixei Sam, ali. Corri em direção a casa dos Black, me sentindo livre novamente, como se a cada centímetro de toda dor, que esteve no meu peito no último ano, estivesse voando para longe! Um sorriso tomou conta dos meus lábios. Naturalmente. 

Parei alisando a corrida, e toquei meus lábios. Eu consegui. A habilidade de sorrir naturalmente voltou para minha vida.

Senti como se desse adeus a Leah que eu fui antes de me transformar, e deixei a culpa por não conseguir mais pensar como ela, seguir seu caminho para longe. Entendi agora, que esses sonhos não cabem mais em quem me tornei, e ficar presa a eles por medo me fará triste para sempre, e não aceito essa realidade.

Suspirei aliviada. Feliz. Leve.

Então a imagem de Jacob, dominou minha mente. Seu sorriso, sua voz, sua calma, a leveza com que ele leva a vida até nos momentos mais angustiantes, preencheram meu coração, de uma forma tão intensa, que aqueceu meu corpo todo. Me abraçou. Estou aprendendo muito com o Jacob, e ele não se dá conta do quanto me ajuda.

Quase na porta da casinha vermelha dos Black, me dei conta do que acabara de acontecer. Após conseguir encerrar minha história com Sam, dizendo tudo que estava preso no meu peito e no meu coração, entendi meus sentimentos. O buraco vazio, a agonia e a culpa em meu peito, não me deixavam sequer sentir a leveza, que a simples lembrança da presença de Jacob, traz… Mas agora que estou livre essa sensação dominou meu corpo.

Cravei os pés no chão. Paralisada.

— Não Leah, você não seria estúpida dessa maneira. – Automaticamente minhas mãos foram ao meu peito, onde meu coração batia descompassado.

Droga, droga, eu não posso acreditar nas minhas atitudes.

— Não, não, não! – uma piada de mau gosto novamente é claro, se não, essa seria a vida de outra garota, não a minha. – Impossível!

Discutia comigo mesma, ali na frente daquela casa. Não pode ser de forma alguma. Afinal eu não suporto o Black.

— Agora você fala e briga sozinha. Interessante! – Jacob me olhava curioso. – Calma, Leah o Dr. Caninos, ainda não chegou. Porém, você pode entrar e se divertir discutindo comigo. É mais interessante e bem menos esquisito. – um sorriso lindo brotou no rosto moreno de Jacob, fazendo meu coração disparar.

Droga!!! Mas que porcaria. Meu maior medo ganhando forma.

Quero sair correndo, e desaparecer. Entretanto, o Sanguessuga quebrará alguns ossos do garoto, e prometi não deixá-lo sozinho.

— Você quer um convite formal, para entrar Madame? – Jacob disse divertido.

— Não me irrite Black, ou ao invés de ajudar você, ajudo o Sanguessuga a te causar dor! Será muito mais divertido, tenha certeza. – empurrei as palavras.

Jacob gargalhou

— Claro, claro. – ele me olhou divertido.

Entramos na casinha vermelha, e tenho uma certeza... Vou esquecer essa besteira de mulher carente, e voltar a ver o Black, como sempre vi.

Um moleque, irritante e insuportável.

Não posso deixar Jacob, perceber nenhum tipo de sentimento jamais.

Não posso admitir me sentir assim, por alguém que ama outra pessoa. Acabei de liberar toda a dor causada por Sam, e não posso correr atrás de uma ruína definitiva. Ser rejeitada mais uma vez, é inconcebível. Não vou aceitar, ou me sujeitar a sofrer novamente.

Sou uma piada para o destino? Não sei. Mas vou lutar.

Sofrer agora não é uma opção, quero viver sem me sentir pesada.

Jacob me observa atento. 

— Você está estranha, Clearwater! – ele mastigou um pedaço de maçã.

— Cuida da sua vida. – disse, tentando ignorar a voz na minha mente gritando:

Leah Clearwater, sua estúpida, você se apaixonou por Jacob Black!




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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em dezembro de 2021