Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 4
Capítulo 3 - Previsões.


Notas iniciais do capítulo

Capitulo editado em dezembro de 2021.

Musica presente no capitulo?

Sia - Bird Set Free



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Dormia tranqüila e feliz, sonhando com Jacob, que nos meus sonhos, correspondia meus sentimentos por ele, quando senti meu corpo ser sacudido por Seth.

— Pelos Céus Leah você está morta? – a voz irritante do meu irmão,  sempre me desperta nas melhores partes dos meus sonhos.

— Quando te arremessar lá fora, verá quem está morta, aqui moleque. – o mau humor, tomaria conta do meu dia por ser despertada dessa forma. Odeio.

— Vamos, Billy precisa de você, aconteceu algo com Jacob. – dei um salto da cama.

Sentindo meu coração acelerar de preocupação por ouvir isso.

— O que houve? – já vestia uma bermuda e colocava a primeira blusa encontrada pela frente.

Um nó na garganta estava dificultando minha respiração. Meus pensamentos estão voltados a ele. Jacob.

Droga de sentimentos sempre atrapalham meu raciocínio.

— Não sei ao certo Leah, vá até lá e fale com Billy, ele pediu para chamá-la. – Olhei desconfiada para o meu irmão, contudo não há tempo para investigar.

Abri a janela do meu quarto, e saltei.

— Leah, vai saltar a janela... – não fiquei para ver a expressão de Seth, corri, e mesmo na forma humana conseguia ser veloz. Alcancei a casa dos Black, em poucos minutos.

Quando me aproximei vi Paul e Jared se afastarem.

O que aconteceu, pelos céus?! Deixo Jacob sozinho algumas horas e ele faz a maior bagunça.

— Black insuportável. – resmunguei.

Ao entrar na casinha vermelha, o aroma da pele de Jacob, estava mais fraco, do que costuma ficar quando o Lobo está por perto, mas assim mesmo impregnava todo o ambiente. 

Meu coração acelerou.

Droga, isso está acontecendo sempre, quando eu sinto o cheiro do Fedelho.

Billy estava sentado em frente à janela na sala, a expressão preocupada. Senti meu coração apertar.

— O que aconteceu Billy? – um ar de alívio tomou conta de seu rosto ao me ver.

— Olhe... – Billy, estendeu um envelope em minha direção, o cheiro enjoativo denunciava de onde vinha. 

Ao abrir o envelope senti meu sangue ferver. Incrédula com a capacidade dessa mulher de destruir Jacob, sempre que possível.

— Malditos sanguessugas, maldita Swan. – amassei o envelope tentando controlar minha raiva. – Ela não se cansa de pisar nele, não é?

— Leah, Bella não tem culpa. – Billy ponderou.

— Besteira, ela não teve a decência de vir trazer, e ainda por cima deixou o Sanguessuga fazer isso, sabendo que Jacob sentiria o fedor, daquela raça nesse papel. Devia ter dito a eles que isso… – sacudi o convite amassado – é  totalmente desnecessário. – a raiva nublava minha visão.

Porém a preocupação com Jacob, começava a dominar meus pensamentos.

— Pode ser Leah, não achei uma atitude correta, mas, agora  meu foco não é a Bella, é meu filho Jacob. Ele saiu daqui transtornado.

Eu podia sentir a dor dele, no momento em que abriu o envelope. Mesmo sem estar presente.

— Ele se transformou? Mas não podia. – pronto mais uma preocupação, onde ele estava, como estava?

— Mas ele o fez assim mesmo, e por isso eu a chamei. – algo me dizia... ele vai me pedir algo proibido.

Minha expressão de confusão fez Billy soltar um sorriso amarelo engraçado.

— Bom Quill, estava transformado no momento em que Jacob recebeu o convite e alertou Sam, e ele proibiu qualquer dos meninos a ir atrás de Jacob. – sabia, haverá um pedido.

— Billy, Jacob quer ficar sozinho. – tentei argumentar antes dele formalizar o pedido. Pois, já imagino qual será,  e também sei a minha resposta a ele.

— Leah, ele diz isso a meses, no entanto deixou e precisou muito de você, ao lado dele. Não sei, explicar isso sem ser da forma mais direta possível. – fiquei paralisada, e senti um inquietante frio na barriga, antes mesmo dele pronunciar as palavras. – Você, está mais próxima do meu filho, nessas últimas semanas do que Bella Swan, esteve em meses. – O nome dela sempre me causa uma raiva absurda. Contudo, ouvir essas palavras… Eu não esperava. 

Não consegui conter as malditas borboletas no meu estômago.

— Billy... – tentei conter a alegria que ameaça me dominar, já que Jacob estava sofrendo neste exato momento. – Ele só permitiu minha aproximação, pois, causei seus ferimentos. Nada mais justo, do que cuidar do garoto. – me esforcei para deixar cada palavra convincente.

Céus como seria mais fácil se eu acreditasse nessas palavras, entretanto, sei a inverdade em cada letra que acabei de dizer.

— Você sabe melhor do que nós dois Leah, isso nunca foi verdade. Foi uma desculpa, tanto para Jacob, quanto para você. – corei com o olhar dele.

Billy sabe sobre meus sentimentos por Jacob?! Maravilha.

Tentei reorganizar meus pensamentos.

    – Billy, Sam proibiu todos os outros, vai proibir a mim também. – argumentei.

 – Você é a única que pode ir contra uma ordem de Sam, Leah. Ninguém mais tem o poder de fazer isso. Por esse motivo, a chamei aqui. – meu coração  apertou, e senti minha garganta secar, ele faria o pedido. – Preciso que vá atrás de Jacob, Leah. Por favor!!!

Respirei fundo e apertei minhas mãos em meus olhos. Embora soubesse da verdade em tudo dito aqui, seria desgastante confrontar Sam.

Entretanto, meu maior medo, é ter que ajudar Jacob, vê-lo sofrer pela Swan, otária, e ao mesmo tempo, ter me esforçar em esconder meus pensamentos e sentimentos. Dele, e de todos.

— Billy… – tentaria argumentar uma última vez… – Neste momento Jacob, não quer ninguém por perto. Provavelmente por este motivo Sam, proibiu os garotos de irem atrás dele. Seu filho está sofrendo. – minha voz falhou involuntariamente simplesmente em imaginá-lo neste exato momento.

Billy capturou meu olhar neste exato momento, Se aproximou, segurou minhas mãos e me olhou fixa e calmamente.

— Leah, sei o quanto é injusto com você, o que estou pedindo. Mas, agora Jacob, precisa de pessoas que o amem de verdade e o apóiem. – Droga, ele acertou meu ponto fraco. – E nós dois sabemos muito bem, quem aqui pode e anda fazendo isso melhor do que ninguém.

Eu não precisava verbalizar ou tentar desmentir, me fazer de desentendida também não ajudaria.

Billy sabe. Diferente dos meninos, que ignoravam meus pensamentos. O pai de Jacob não precisava estar na minha mente para enxergar meus sentimentos. Senti um alívio em não precisar mentir o tempo todo. Alguém sabe dos meus sentimentos. Me senti mais leve. A verdade, machuca muitas vezes, mas, também nos traz um sentimento de liberdade incrível.

Resolvi não me debater mais. Por um minuto, preciso verbalizar.

— Eu tentei Billy, eu juro. Não sei exatamente o que sinto, mas preciso por favor, manter isso em segredo. – de repente, minhas palavras soaram como uma súplica. – Jacob não pode saber de maneira alguma, ele se sentiria desconfortável, e Eu mais ainda. – tentava disfarçar meu embaraço, meus sentimentos, minha vontade de chorar.

— Será, que ele se sentiria assim? Será que não é de um sentimento como o seu que ele esteja precisando. – Billy apertou minhas mãos levemente. – Penso diferente. Enxergo outra coisa, entre vocês. – meu coração disparou. – Porém, quem sabe o momento de contar a ele, é você. Quem o fará parar de idealizar um amor, e viver um de verdade, é você tenho certeza!

Não consegui mais conter a lágrima presa. 

Billy me abraçou.

 – A vida tem sido dura com você Leah, sabe por quê? – Billy me apertou em seus braços.

Não consegui soltar uma única palavra, só sacudir a cabeça negativamente.

 – A vida não testa os fracos. Traz dificuldades aos grandiosos, e se orgulha quando eles vencem os desafios. Você venceu batalhas mais importantes que esta, Leah. Muitas mulheres não aguentariam, metade do que você aguentou. Jacob, não é burro, só está confundindo um amor de adolescente, pois, sabe que ele jamais foi possivel. Eu entendo. É mais fácil viver uma mentira, do que encarar a grandiosidade de algo verdadeiro. – respirei fundo absorvendo cada palavra dele.

Há mais de um ano, só consigui me sentir como uma aberração. Abandonada, sozinha, amargurada. Ouvir essas palavras depois de tentar me convencer que estava no mundo errado, durante um ano todo, traz um alívio imenso. Não me sinto mais sozinha neste mundo, e talvez, só não estive enxergando a forma como as pessoas me vêem. A dor, tem o poder de cegar as pessoas.

  – Obrigada Billy. – ele me lançou um olhar carinhoso e de gratidão.

  – Jacob precisa de você. E eu também, só me sentirei aliviado e em paz, sabendo que você está ao lado dele neste momento. Me perdoe Leah, talvez seja um pedido injusto, mas nem sempre conseguimos agir de forma correta!

— Tudo bem, Billy! Eu vou. – talvez, antes dele verbalizar o pedido, eu teria feito exatamente isso. Sair correndo atrás de Jacob.

— Obrigado. – Billy me deu um abraço antes da minha partida.

Coloquei meus pés fora de casa hoje, sabendo que havia algo errado com Jacob, e que eu iria atrás!

Negar essa decisão, foi a maneira que a vida encontrou de me fazer  escutar, algo tão importante sobre mim! E permitindo, mesmo por apenas alguns minutos a chance de admitir que estou apaixonada pelo Black.

Quando sai da casinha vermelha dos Black, respirei de uma forma leve, mesmo sabendo as consequências da minha decisão! Sam, não vai facilitar a minha vida.

Dane-se. Mais do que ele já dificultou, é impossível.

Caminhei até a entrada da Floresta. Sei exatamente quem entrará para as rondas agora. Samuel Uley.

Amarrei minhas roupas nos tornozelos e me transformei, escondi e disfarcei na minha mente a conversa com Billy, me concentrar e fazer isso, esta se tornando cada dia mais fácil. Venho praticando a semanas.

Ao me transformar pude ver na mente de Jared a imagem de Jacob correndo pela mata sem rumo.

Meu coração se comprimiu dolorosamente com a imagem.

Tenho que encontrar Jacob. Porque ele não está transformado?

Ele quer ficar sozinho Leah.”— Jared invadiu minha mente. Irritante.

Já estava desacostumada com isso. Inferno.

“Não me lembro de ter pedido conselhos ou a sua opinião, Jared.” — não estou com tempo e nem paciência para ele.

“Leah ele quer ficar sozinho, você precisa parar de atormentá-lo, ao menos neste momento, dê uma trégua a ele.”— mais um intrometido invadindo minha mente. Agora é a vez de Quill.

Pelos Céus. Não senti a menor falta disso.

“Leah não somos intrometidos, também não gostamos de ouvir seus “doces pensamentos”.— Jared resmungava.

“Estou ferindo a sua sensibilidade, Jared?! Desculpas, mas eu não tô nem aí!!Não se intrometa, e pare de me encher okay!” — alcancei meu destino. Parei na porta de Sam e uivei.

Ele saiu na porta com Emily logo atrás. Fez um sinal, me pedindo para aguardar.

Neste momento, Embry se transformou.

Maravilha e o dia só melhora. Mais um para dar conselhos, aos quais não darei a mínima.

Não demorou muito para Embry entender o que está acontecendo. Já que parecemos mercadores de peixes.

“Você está enganada, Leah! Concordo com você, Jacob não deve ficar sozinho neste momento. E você tem estado ao lado dele todos esses dias, ajudado. E outra ninguém melhor que você para não deixá-lo fazer besteira!!” – me surpreendi com as palavras de Embry. – Eu sei, sou uma caixinha de surpresas. – ele ironizou.

“Não exagere. Agora me dê licença. – dei um salto no ar e quando toquei no chão, já estava sobre duas pernas. 

Me vesti rapidamente e caminhei na direção de Sam.

Ele me olhava curioso.

— Aconteceu alguma coisa? – Sam estava visivelmente preocupado. – Você está bem? – sua preocupação comigo, é um pouco irritante.

Revirei os olhos.

 – Estou ótima. – respirei fundo. – Vim avisar… Vou atrás do fedelho. – Infelizmente ainda preciso me dirigir a você para tomar minhas decisões.

— Leah. Não interfiro em suas decisões, desde que elas não envolvam a matilha. – sua falsa calma me fez revirar os olhos novamente. 

— Essa não é uma decisão envolvendo ninguém além de mim. è uma decisão pessoal. – dei as costas a ele, adentrando a mata, antes de dar a chance  dele responder ou argumentar.

Me preparei para iniciar a corrida, entretanto, antes de conseguir dar o primeiro passo, meus pés cravaram no chão, me paralisando por completo.

— Espere. – a voz de Sam, no maldito tom alfa, impediram minha partida. 

— Não posso esperar muito, Jacob deve estar muito longe agora. – não olhava em seus olhos. – avisei, cada parte do meu corpo paralisada.

— Entendo a proximidade de vocês nessas últimas semanas, mas ele quer ficar sozinho. Você fica. – o tom de comando dele me irritou.

— Não é sua decisão, eu vou. – sibilei, ainda paralisada. – Sam, você acabou de falar sobre as minhas decisões pessoais. Então, infelizmente, você tem o controle sobre mim quando estamos na matilha, como Alfa. Porém, a decisão de ir atrás de Jacob é pessoal. E nas minhas decisões pessoais, você não tem o direito de intervir, e opinar, quanto mais mandar!! – uma raiva sem explicação começou a dominar meu corpo. 

Tentaria não voltar a conversas sobre nosso passado. Não havia tempo para elas, mas o olhar dele, era de completo desdém com as minhas palavras.

— Ele quer ficar sozinho. Precisa desse tempo, Leah. Acredito na sua preocupação, entendo ela e acredite, também estou preocupado, e por isso não autorizo sua busca por ele. Você não vai. – senti meu corpo queimar de ódio. Um discurso falso, eu o conheço bem para saber disso. 

— Você não tem esse direito Samuel Uley, não você!!! Não fora da matilha. – tentei partir novamente.

Porém Sam, jogou pesado, como eu desconfiei que faria, mas não quis realmente acreditar

— Leah, essa é uma questão que envolve a matilha, você fica, sem discussão. – O tom alfa me paralisou novamente. 

Merda.

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— Como você ousa usar o tom alfa para intervir em uma decisão pessoal? Você não tem esse direito, principalmente você, após tudo que me fez sofrer, no mínimo me deve liberdade de decidir o que fazer com a minha vida. Jacob, precisa de ajuda, e tenho mais certeza disso a cada minuto. – ele me encarava incrédulo, o coração frenético.

Sam, se aproximou, e pela primeira vez, vi algo em seus olhos, talvez esse sentimento sempre estivera ali, mas nunca após o Imprinting, nos aproximamos o bastante para que eu identificasse… Havia dor em seu olhar.

— Eu não pude controlar, ou evitar, Leah!! Não queria machucá-la. – seu tom de voz embargado. – Não escolhi te fazer sofrer. E me tornei um covarde por sequer conseguir lidar com você.

— Eu também não pedi nada do que aconteceu, no entanto o sofrimento veio. Da mesma forma como você não controlou a magia, eu não consegui controlar a minha dor. A diferença entre nós foi imensa. Você teve apoio, eu não. Fiquei sozinha, e ainda sai como culpada por não sofrer em silêncio! Sendo taxada de insuportável, por odiar o que era obrigada a vivenciar!! – desabafei.

Meu corpo foi relaxando e consegui me sentar.

— Eu não tenho culpa Leah, eu... – não o deixei continuar.

 – Eu também não Sam, e você precisa entender isso de uma vez por todas! Fui obrigada a ficar aqui. Assistindo de camarote o homem que eu julgava ser meu companheiro para o resto da vida se encantar por outra. Fazer planos, ser feliz, enquanto eu não conseguia sequer me mover sem sofrer.  – Sam, sentou-se ao meu lado, sua expressão de dor, agora é visível.

 – Eu te amei de verdade Lee Lee. – bufei irritada com a lembrança do apelido carinhoso. – Desculpa, não vai se repetir.

Assenti enquanto ficava em pé. Neste momento Jacob, precisa de ajuda!

— Já conversamos sobre isso. O passado ficou para trás, nossos sentimentos não foram o suficiente, eu não era a mulher destinada para sua vida. E nossa relação não teve o menor valor diante o destino. O amor que sentimos, não conseguiu impedir a magia, quando seus olhos cruzaram os de Emily. – a lembrança do momento que descobri o Imprinting de Sam, ainda é marcante na minha vida. Minhas mãos automaticamente se apertaram em meu peito.

Sam levantou e segurou minhas mãos. Me afastei.

— Não. Nenhum gesto pode reparar o que senti naquele momento, como disse antes, eu estive sozinha com a minha dor durante muito tempo, fui obrigada aprender a conviver com ela! – senti uma força imensa por admitir como fui forte. – Durante todo esse ano, ninguém me poupou. Ninguém me acolheu ou tentou entender. E me tornei uma pessoa amarga, solitária e rude. Teria continuado vestindo essa capa, se Jacob Black, não tivesse parado e entendido que essa foi a única maneira que encontrei como autodefesa para não desmoronar. – minha voz era firme, meus pensamentos trazendo vários momentos com Jacob. 

A cautela para não deixar meus sentimentos visíveis, presente durante toda conversa!

— Eu sinto muito por ser fraco e não conseguir lutar por Nós, ou não ser um covarde e te deixar sozinha. – novamente palavras que não mudam em nada o que aconteceu.  

— Não sinta, não mais. Agora entendi como cresci, depois de atravessar tudo sozinha. – o encarei pela primeira vez em mais de um ano. – Agora não tente me prender ou proteger, é tarde para esse tipo de atitude. Vou atrás de Jacob, pois, sei o quanto sofrer sozinho é triste. Eu sofri sem ninguém para segurar minha mão, enxugar minhas lágrimas, e você não sabe como isso é destruidor Sam, você não faz idéia como isso altera quem somos, e não nos deixa enxergar quem podemos ser. Não vou deixar Jacob, se afundar em amargura como eu fiz Sam. – minhas palavras foram tão sinceras que o atingiram em cheio.

— Vá, não vou impedir. – Sam, me liberou, aparentemente derrotado.  

Dei as costas a ele, porém, antes de alcançar a floresta, suas palavras me fizeram congelar por alguns segundos.

— Jacob ama Bella, Leah. Não se magoe novamente, não busque um sofrimento certo. Ele pode voltar com você, mas morrerá, junto com a Swan no momento em que o coração dela parar de bater. Não aguentaria ver seu sofrimento mais uma vez. 

Respirei fundo e não respondi ou olhei para trás.

Ignorei a dor, que as palavras dele me trouxeram, pois, sei a verdade nelas.

Corri pela mata e quando me distanciei tirei as roupas, as amarrei nos tornozelos e um segundo depois, era uma Loba.

No exato momento que isso ocorreu eu o vi. Jacob corria sem rumo, porém consegui ter um vislumbre, quando ele atravessou a fronteira do Canadá. Jacob estava longe.

Droga, perdi muito tempo, com conversas sobre coisas que não tem mais, a mínima importância.

“Jacob deixe-me ajudá-lo”.— a preocupação nos meus pensamentos era dominante. E não consegui conter. 

O silêncio dele me  causou uma imensa angústia. 

E num piscar de olhos sua mente se desconectou da minha.

— Black insuportável! – acelerei a corrida.

Minha velocidade era indescritível. Porém, Jacob estava horas de distância à minha frente. Preciso dar o meu melhor.

Ao anoitecer já havia perdido a noção de onde estava, porém minha velocidade estava inabalável. 

De repente, senti o cheiro dele. Impregnando tudo ao meu redor.

Meu coração acelerou de uma maneira descontrolada. 

Diminui meu ritmo. Ele estava perto e eu podia sentir sua presença quase palpável. 

Foi então que o vi. 

Pelos céus, mil vidas eu daria, para não vê-lo assim. 

Parecia um quadro impressionantemente triste e solitário. 

Jacob estava deitado em meio às árvores, nu. Abraçando as próprias pernas. Como se pudesse se juntar de alguma maneira.

Voltei a minha forma humana no mesmo momento. Vê-lo daquela maneira, era simplesmente horrível. Destruidor. 

Coloquei minhas roupas rapidamente. E me aproximei.

Jacob, não fez movimento algum parecia alheio a minha presença.

— Pelos Céus Jake! – o corpo dele estava mais frio que o normal.

— Me deixe sozinho. – sua voz falhou, e a expressão de dor em seu rosto, fez minha respiração falhar por um segundo.

Senti uma dor no peito como se um buraco fosse aberto dentro do meu peito. Contudo, não fraquejei.

— Não! Você queria que eu o encontrasse aqui Black. Mostrou onde estava e esperou. – sentei-me ao seu lado.

De repente Jacob se virou e deitou a cabeça no meu colo. Abraçando minhas pernas.

Meu coração disparou, parecia querer saltar do meu peito.

— Eu não consegui lutar mais Leah. Não podia. E agora, como será a minha vida? – o desespero na voz dele me comoveu e sem poder controlar, as lágrimas rolaram livres pelo meu rosto.

É insuportável vê-lo nesse estado, sofrendo dessa maneira por quem não o merece, mas, sei exatamente o que ele está sentindo.

— Jake eu sei como isso é difícil. A momentos em que a dor é insuportável, parece não ter fim. Existirão dias que vão parecer infinitos, e outros que vão parecer rápidos demais, e vou te falar algo e não fará a menor diferença agora, mas é a mais pura verdade. – ele sentou e me encarou, o olhar perdido e desnorteado. – Vai passar, você vai conseguir. Um dia vai levantar e se dar conta, que sorriu, ou não se lembrou o tempo todo e o dia passará. Até chegarem os dias onde você viverá cada segundo, e não estará simplesmente lutando contra o relógio! – tentava fazê-lo enxergar que a vida dele não se resume a Swan.

Assim como ele me fez entender que não era a Leah, amargurada pelo Sam!

— Me ajuda, Leah! – Jacob envolveu as mãos em minha cintura e afundou o rosto nas minhas pernas.

 – Jake acalme- se, por favor, você está me deixando preocupada. – gostaria de dizer como esse abraço realmente estava me deixando. E preocupada, é o último dos sentimentos que o toque do corpo nu dele me causa.

Jacob ficou assim por alguns minutos.

Depois levantou a cabeça lentamente para me encarar.

— Obrigado. – ele sentou-se enxugando as lágrimas.

Olhou para o próprio corpo e por um único segundo, sentiu desconforto, ao perceber que estava sem roupas.

Em seguida, gargalhou.

Meu coração disparou, ao escutar o som da gargalhada dele. Uma música linda para os meus ouvidos.

— Se aproveitando do meu momento frágil e desfrutando deste corpo, não é Leah? – ele tentava cobrir o corpo com algumas folhas, de bananeira que estavam no chão, o tom de voz debochado presente ali.

— Se toca Black. – levantei num salto e fiquei de costas para ele. – Você precisa comer muita carne, para me impressionar.

— Claro, claro. – ele procurava algo. Podia ouvir.

— O que você está aprontando Jacob? – a movimentação dele era sutil – Vamos logo, estou com fome, e odeio comer coisas cruas. – tentava disfarçar o nervosismo, por saber que ele continuava nu, logo atrás de mim.

— Leah, não voltarei agora. Não posso, e se você quer saber nem consigo fazer isso. – a voz rouca e firme do Lobo falhou. E sabia exatamente por que!

— Jacob eu não vou deixar você sozinho e... – ele me interrompeu.

 – Vou me arrepender disso um dia eu sei, porém, agora não estou medindo muito as palavras, então vou falar. – Jacob fechou os olhos, e respirou fundo, ao abrir um brilho diferente surgiu ali. – Quero você ao meu lado Leah. Se puder é claro, é estranho e jamais imaginei dizer isso em voz alta, mas a vida tem dessas coisas, então lá vai. – ele suspirou mais uma vez. – Me sinto bem ao seu lado Leah. Sua presença me acalma, tranquiliza. Não preciso fingir ou tentar esconder a minha dor. Você simplesmente entende. Assim como tive a chance de entender você.

Meu coração disparou de forma descontrolada. Droga. definitivamente não esperava por essas palavras.

Porque Jacob sempre me diz essas coisas? Sempre me faz sentir importante, e única. Porque?

Tento controlar e ser o mais distante possível. Porém, esse comportamento de “ursinho carinhoso” dele me desconcerta e atrapalha, me fazendo perder o foco. Sempre.

Queria dizer algo rude, ou usar minha melhor piada. Mas falhei miseravelmente.

— Certo. Eu fico. – foram as únicas palavras que consegui verbalizar. Sem que ele percebesse, como me atingiu dizendo todas essas coisas.

— Obrigado. – era bom ouvir essa palavra. Tão pequena e tão confortável.

Nos transformamos, e começamos a correr.

Jacob não sabia ao certo aonde ir. Eu não sabia o que dizer então as únicas imagens na minha mente eram de um dia de chuva em La Push, eu sentada ali na ponta das pedras sozinha, olhando o mar.

Senti Jacob relaxar com a imagem, e isso me relaxou junto. 

Precisava, afinal o silêncio nunca dura muito tempo nesta forma. Corremos até alcançarmos um vilarejo, eu não fazia a menor noção de onde estávamos.

Só sabia que estava faminta.

“Vá comer algo Leah, eu prefiro ficar assim espero você aqui. – a desconfiança tingiu meus pensamentos. – Não vou a lugar algum, e se fosse, você me alcançaria rapidamente.”

Sorri com a constatação da verdade. Sempre fui a mais veloz de todos na matilha.

Desci a colina e fiquei na forma humana.

Sentia um cansaço imenso em mentir o tempo todo.

Por sorte havia algumas moedas no bolso da bermuda e agradeci por não perdê-las. Encontrei um lugar simples, e o cheiro de comida vindo de lá é maravilhoso. Comprei comida e devorei em segundos.

Não comi o suficiente para me satisfazer, mas enganei a fome por algumas horas.

No banheiro do local onde eu comi, fui me olhar no espelho e minha aparência estava horrível.

Ajeitei meus cabelos e consegui melhorar minimamente.

Céus, deveria ter continuado a ignorar meu reflexo no espelho, seria mais feliz fazendo isso, após passar horas correndo pela mata.

Sai do banheiro resmungando, e trombei em uma mulher mais velha de estatura mediana, os cabelos vermelhos brilhavam no sol, e eu quase a lancei longe. Segurei seu braço.

Essa distração infernal, que ando tendo.

— Me desculpe, por favor. – a ajudei a se recuperar do susto. – Estava distraída, me desculpe. – os olhos verdes dela se arregalaram quando fixaram nos meus. Minha aparência deveria estar mesmo horrível. A mulher parecia ter acabado de ver um fantasma.

Ela segurou minhas mãos. Não desviou o olhar do meu.

— Não se culpe. – ela apertou forte minha mão. – Nada acontece por acaso minha jovem guerreira. – senti um calafrio percorrer minha espinha.

— Ando distraída. – não conseguia desviar meus olhos dos dela.

— Eu vi. Você está amando. – soltei a minha mão, rapidamente, mas que droga, tem um letreiro piscando na minha testa?

 – Quem é você? – dei um passo para trás, de onde essa mulher me conhece? Olhei ao redor.

— Ama este, como jamais amou antes. Ou amará qualquer outro! – ela disse tranquila.

— De onde me conhece? – não me lembrava de ter visto essa mulher em nenhum lugar antes, porém, a reserva é cheia de pessoas maldosas. – tento me lembrar se já a vi, mesmo que rapidamente. 

— Eu disse que nada acontece por acaso. Nunca a vi antes, mas acabei de ver toda a sua vida. – ela encurtou a distância entre nós. 

Meus instintos me mandam correr, contudo, estou presa no olhar dela. A misteriosa mulher segurou minha mão novamente.

— Não acredito em previsões. – soltei as palavras.

— Claro, claro! – meus olhos arregalaram. – E eu não acredito em Lobos, mas isso não significa que eles não existam, certo minha jovem? – perdi o ar por alguns segundos. – Preste atenção. Ele está no seu destino, entrelaçado em cada parte. Tanto no melhor como no pior. Porém, a vida tem um longo percurso destinado a vocês, onde nada será fácil, como nada foi em sua vida até aqui. Porém, tudo precisa ser vivido. – meu coração disparou. – Ele vai deixá-la, e você vai sofrer. Isso vai mudar quem você é, ou foi. – a voz dela é encantadora.

— A senhora chegou atrasada. – tentei ironizar. – Ele já me deixou e já mudei com isso. Sua bola de cristal está na reprise.

Antes de soltar a minha mão ela deu um leve aperto.

— Ele não vai partir por se encantar, minha cara. Esse é o outro, o que você não amou de verdade. – minha expressão irônica, desapareceu, quem diabos era essa mulher? – E eu disse que ele partira,mas não que haverá perda, e sim ausência. Ele já é seu. Só não sabe disso. Mas saberá.

— Olha, não sei quem a enviou… – ela não me deixou finalizar a frase.

— Ele vai partir e perder tempo. Quase perderá você, buscando respostas, quando todas as soluções estão exatamente nas próprias origens. – meu coração acelerou, ela estava falando de Jacob, tenho certeza.

— Me perder? Ele sequer me nota! – as palavras saíram naturalmente em tom de desabafo. 

Puxei minha mão. A mulher me encarou calma. Com uma serenidade no olhar, incrivel!!

— Ele já nota, mas reluta como você vinha fazendo. – a mulher segurou minha mão novamente. – Tem outro homem, aquele perfeito para você. O silêncio dele fará você se encantar. Ele a fará feliz. Te dará a vida que você precisa viver para entender onde é realmente o seu lugar. E mesmo assim não será o bastante, não depois de amar com a alma, não só com o coração. Você vai aprender que perfeito não significa certo. Vejo duas estradas e um único caminho. Dois amores, uma única escolha. E um sacrifício. Os dois a amam, porém só um deles vai se sacrificar por você. – a mulher soltou a minha mão.

Fiquei ali congelada. Ela estava falando de Sam? Quem era o outro homem. O silêncio dele?

A mulher se afastou.

Fiquei paralisada por alguns segundos, tentando entender o que havia acabado de acontecer.

— Espere, me explique, quem é o homem? Silêncio? – a confusão tingia minha mente.

— Você saberá. Está no seu destino. É claro que há coisas mutáveis. Mas lembre-se, cada escolha feita aqui ou no futuro, vai ecoar pela eternidade. – ela deu as costas e partiu. 

Pretendia ir atrás, porém, minhas pernas estavam pesadas.

Caminhei lentamente até a floresta. Avistei Jacob deitado na relva, em sua forma de Lobo. Ele me olhava impaciente e sabia que havia algo errado. Percebi sua intenção em se transformar, mas o impedi.

— Calma, estou bem! – tentava acalmá-lo, pois o toque de suas mãos em meu corpo me fará perder o foco, e esconder todo o conteúdo da conversa com a mulher seria impossível. – Só preciso ficar quieta por um momento.

Encostei as costas e a cabeça, em uma pedra e fechei os olhos.

O que havia acabado de acontecer, pelos céus?!

Preciso me acalmar, afinal uma senhora desequilibrada estava claramente tirando sarro da otária aqui!

O incômodo com aquelas palavras me deixaram com uma estranha sensação de perda.

Continuei com os olhos fechados, precisava descansar.

Minha respiração foi lentamente se acalmando.

Senti os passos de Jacob em minha direção, as batidas cadenciadas em seu coração são como uma canção de ninar, o aroma amadeirado que ele exala e o calor da sua pele, em contato com a minha relaxaram completamente meu corpo. Adormeci, sem tentar montar um quebra cabeças, com as palavras de uma desconhecida.

Esta noite não tentarei lutar contra mais nada, já tenho tudo que preciso aqui.

Senti Jacob me envolver em seus braços, e o sono profundo me abraçou.  Jacob esta ao meu lado esta noite, e isso me basta.





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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em dezembro de 2021.