Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 2
Capitulo 1 - Dor e Teimosia


Notas iniciais do capítulo

Capitulo editado

Musicas do Capítulo
Someone to stay - Sleep Clinic



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Inacreditável. É a única palavra que pode definir o que acaba de acontecer.

— Inacreditável!!! Como você ousa? – fiquei paralisada por alguns segundos, até a conciencia do que acabará de acontecer me atingir em cheio, dei alguns passos em direção a ele, o corpo fervendo de ódio. – Jacob Black, você é nojento, estúpido e irritante! – praguejava tentando esquecer o que ele acabou de fazer. 

O garoto insuportável teve a ousadia de me beijar.

— Você não vai esquecer Leah, eu também não. – ele cruzava os braços fortes e perfeitos na muleta.

Minha mente reproduziu o momento que ele segurou meu braço e me puxou fazendo nossos corpos colidirem, e ele conseguir pressionar seus lábios contra os meus. Minha mente seguia repetindo o beijo.

O que diabos está acontecendo?

— Droga, droga! – meu lábio superior começa a ficar ferido com a força com a qual estou esfregando. – Maldita hora em que me ofereci para ficar e te ajudar Black fedelho.

O imbecil sorriu malicioso.

— Primeiro, você está aqui pois, estou todo quebrado graças a sua teimosia, não se esqueça. Segundo sua mãe te obrigou. E sejamos sinceros, a culpa é totalmente sua Clearwater, por não seguir orientações. – Jacob se ajeitou nas muletas  há alguns metros de distância. – E você provocou, está a fim de ganhar um beijinho assim há tempos, admita! – ele sorriu vitorioso. 

Trinquei os dentes, e me aproximei tão rápido que não consegui controlar minha reação. 

Bati as duas mãos com força no peito dele, arremessando-o longe. A sensação de vê-lo voar alguns metros de distância, foi deliciosa. Mesmo que por poucos instantes, quando consciência dos meus atos me alcançou… Merda.

— Leah!!! — ele permaneceu deitado e estendeu a mão em minha direção. – Se continuar me arremessando, vamos passar mais dias juntinhos, se é isso que você quer… continue, meu pai vai amar. – a mão permaneceu estendida enquanto ele me provoca.

Bufei irritada. Caminhei até ele e o ergui.

— Black, eu não arranco todos os seus dentes, pois prometi ao seu pai e minha Mãe, que vou mantê-los intactos até você se recuperar totalmente!! – minha vontade é arremessá-lo nos penhascos e correr daqui. Porém, tem essa promessa estúpida que eu fiz ao Billy, de ajudar o fedelho com as muletas.

Sentei derrotada, mantendo uma distância considerável do garoto abusado.

— Desculpe, foi uma provocação exagerada. – ele me encarou sério. – Mas admita, posso ser irritante e infantil como disse antes, porém você fica feliz em não fazer rondas. Ficar de babá , é melhor do que aturar Sam, o tempo todo. – as palavras saíram  naturalmente, enquanto ele se ajeitava nas muletas.

Revirei os olhos, e permaneci em silêncio e irritada. O Black insuportável tem razão, eu não suporto mais conviver com Sam, ser obrigada a compartilhar meus pensamentos, e ver a felicidade nauseante dele e Emily.

E tenho que admitir, antes, babá do que torturada! Enfim o Black tem lá suas qualidades enquanto estiver com essas muletas. Elas apenas são muito difíceis de enxergar!

Embora, ele vá me torturar, por amar a Swan, sonsa, que prefere  sacrificar a própria vida por um cadáver, a admitir que Jacob, seria uma escolha mais saudável… ainda sim, prefiro a função de babá!

— Me responda sinceramente Black. – ele me encarou sério, desviei o olhar e fiquei mexendo nos meus pés. – Como você, um rapaz aparentemente com o mínimo de inteligência, pôde se apaixonar por alguém que perdeu o cérebro, como a Swan? – nem me dei o trabalho de levantar a cabeça para olhar a expressão raivosa dele, escutei seus dentes trincando.

— Poderia dizer: da mesma forma, que você se apaixonou por alguém destinado a outra, mas prefiro deixar para lá. – nem levantei a cabeça para encará-lo, sorri despreocupada, sabendo que ele aguarda uma reação nervosa, contudo, Jacob tem usado tanto essas palavras para me provocar, que já não me causam dor alguma. Deveria agradecê-lo por isso, na verdade.

— Arruma uma melhor Jacob, você é capaz, essa provocação está batida! – apoiei meu rosto sobre os cotovelos, a luz do Sol aquecendo  minha pele, e iluminando meus olhos, causam uma sensação gostosa de paz. 

Fechei meus olhos, por alguns minutos, absorvendo o calor e o sentimento de tranquilidade, que o sol e o silêncio na minha cabeça sem milhões de vozes, trazem.

Abri os olhos e fui surpreendida com Jacob, me observando de um jeito estranho.

— O que é Black? – perguntei ainda me sentindo aquecida com os raios de sol.

— Sabe, Leah você é um porre, insuportável! – ri com a irritação visível em sua voz.  – Mas é muito bonita.

O espanto com aquelas palavras devem ter me causado uma careta engraçada, já que Jacob sorriu vitorioso.

Levantei num rompante. Há muito não ouço esse tipo de coisa, ou qualquer forma de elogio.

— Argh Jacob, você é muito irritante, sabia? – tentava clarear minha mente, Jacob acabou de me deixar desconcertada. Mas não posso transparecer!

— Porque eu disse a verdade? E daí, você é muito bonita, Leah! – ele me olhava especulativo. – Chata você é, mas se eu disser feia, estou mentindo, Clearwater!

— Pare de falar Black! – uma sensação estranha causou um imenso incômodo enquanto Jacob me encara. Senti meu estômago ferver, e um calor insuportável me dominar. Droga. Não quero corar mas, caso ele continue me olhando dessa forma, isso vai acontecer. 

E bingo o irritante entendeu, o porquê de tanta irritação. Sua expressão provou isso.

— Ah entendi! – o ar vitorioso de volta, irritante. – Você tem um papel a manter. A amargurada que ninguém suporta! – o insuportável me encarava sério.

— Fala sério. Vamos embora Black, a hora do Sol acabou, e tenho uma vida para cuidar. – caminhei alguns passos à frente, contudo ele me alcançou. Jacob segurou meu braço. O encarei sem humor algum nos olhos, no entanto, o calor em suas mãos em contato com a minha pele me deixou impaciente e estranhamente paralisada. 

— Leah não passe a vida afastando pessoas, aquelas que só querem seu bem e te amam! – não consegui desviar meus olhos dos dele, e para a minha surpresa, ele não tem o olhar piedoso como os demais ao meu redor, família, anciões, lobos. 

Jacob me olha de uma forma tranquila, sem aquele ar piedoso pela delicada situação de ser a única loba que se tem notícia, e o julgamento pelo caos nos pensamentos referentes a minha relação com Sam….é simplesmente normal! E isso já é algo diferente.

— Afastando quem garoto? Solte meu braço. – pedi incapaz de realizar esse movimento, a muito ninguém me toca, me abraça, ou  me dirigi qualquer tipo de elogio. – Vamos Jake, o sol afetou seus neurônios.

A gargalhada dele foi tão contagiante que sorri junto, Jacob soltou meu braço e ajeitou os braços nas muletas.

— Tenho uma ideia. – o encarei sem humor. – Façamos um trato. Vamos tentar conviver em paz enquanto é minha Babá, ao menos nesse período, depois e caso seja a sua vontade, podemos voltar a nos odiar, mas por enquanto vamos nos comportar e viver em paz, pode ser?  – Jacob estendeu a mão, apoiado o braço na muleta.

— Bom, não preciso fingir gostar de você durante esse período, que desejo de coração seja o mais curto possível, só preciso não te dar ouvidos para sobreviver, certo?! – Jacob, sorriu com meu tom irônico. – Então só preciso tentar não te achar tão irritante, e vamos ter paz. Se é só isso… temos um acordo!

— Exatamente! Acho que você está acostumada a fingir que não gosta das pessoas, certo? – ele provocou.

— Na verdade não. – ele me encarou sério. – Sou péssima em mentir ou esconder minhas emoções, realmente não gosto da maioria das pessoas. – Jacob gargalhou.

Parei para observar enquanto ele se divertia com as minhas palavras, e não pude deixar de me perguntar; Como o Black, consegue sorrir desta maneira natural e contagiante, estando com o coração partido?! Eu jamais consegui fazer isso novamente. Sorrir de maneira espontânea.

— Vamos Black, já está quase na hora dos seus remédios.

— Certo, Leah! – Jacob parou tossindo teatralmente para chamar a minha atenção. – Leah, agora precisamos selar nossos acordo. – ele estendeu a mão. O encarei sério por alguns instantes. Ele não se moveu.

Estendi a mão para um aperto, e selamos nosso acordo. Antes de soltar, puxei a mão dele repentinamente ficando a centímetros do seu rosto.

— Escute Black, se me beijar novamente mando esse acordo para o inferno junto com as suas muletas, e arranco seus dentes. – ameacei sorrindo, não querendo realmente esse tipo de brincadeira ou intimidades. 

— Certo, nada de beijos. – antes de soltar sua mão, foi a vez dele me puxar para perto, seu hálito se misturando o meu. – Você também tenta se controlar, nada de tentar agarrar o lobo indefeso aqui, te denuncio por abuso de incapaz. – gargalhamos em uníssono, para a minha surpresa.

Me afastei sem demonstrar a pequena emoção que senti por sorrir assim novamente. 

O restante da caminhada foi silenciosa, e com isso pude refletir sobre as palavras de Jacob.

Minha convivência com os demais membros da matilha, me deixa tão pesada, que não tenho a menor vontade de sorrir ou ter uma conversa agradável. E penso o tempo todo sobre minha vida estar entrelaçada a deles para sempre…

Próximo a casa dos Black avistamos Jared, Quill e Sam, estavam na varanda da casa vermelha. Eles riam e se divertiam ao lado de Billy.

— Bem você está entregue Black! – colocava a camiseta sobre os ombros dele, ia acenar para um dos meninos vir buscar Jacob, ele impediu.

— Quero agradecer. Sei que não serão dias fáceis, e nem sempre conseguirei facilitar a sua vida, mas sabe. – ele respirou fundo, um olhar intenso que jamais havia notado. – Acredito que ninguém aqui, pode entender minha situação como você. 

Assenti, observando os olhos dele.

— Infelizmente é verdade, mesmo desejando que não fosse, do fundo do meu coração. –  admiti de uma forma tão natural que me surpreendi. 

Ouvi passos se aproximando de nós e mesmo sem olhar já sabia quem era… Sam. 

— Vá. – ele notou meu desconforto com a aproximação de Sam.

— Até amanhã Black. – dei dois passos em direção a entrada da mata. – Se mantenha longe de confusões até amanhã. – um sorriso largo se espalhou por seus lábios. 

— Vou esperar você, para participar das confusões, fique tranquila. – foi minha vez de sorrir. – Até amanhã Clearwater. Espero sinceramente que não desista! – ele disse sério.

— Não vou. – respondi sincera.

Quando Sam alcançou Jacob, parti rapidamente. 

Preciso de algumas horas de sono e não estou com humor para aguentar Sam. Ou o interrogatório diário com perguntas sobre Jacob.

Corri pela mata sem me transformar. Aproveitar todos meus momentos de tranquilidade sem inúmeros lobos invadindo meus pensamentos, que hoje estão causando um turbilhão na minha mente.

Entrei em casa distraidamente, passei pela sala sem perceber se havia qualquer pessoa ali.

Subi diretamente para o segundo andar, peguei a toalha de banho no armário próximo ao banheiro no corredor, me tranquei no banheiro. Me livrei das roupas sujas, liguei o chuveiro deixando a água morna relaxar meu corpo. 

 

          https://www.youtube.com/watch?v=XefsmnqeqHU

 

“Você é muito bonita, Leah”

A voz de Jacob, ecoando essas palavras repetidas vezes na minha mente.

Encostei a testa na parede. Tentando afastar a confortável sensação que o toque dele causou no meu corpo naquele momento.

Saí do banho, e parei em frente ao espelho coberto pelo vapor, que a água quente de chuveiro provocou. Respirei fundo, fechei os olhos e limpei o vidro. 

— Coragem Leah.

“Você é muito bonita, Leah”

Novamente, a voz dele ecoou em minha mente.

Abri os olhos, e após meses, encarei meu reflexo no espelho.

Desde o dia que cortei os cabelos o mais curto que pude, não encarava meu reflexo no espelho. 

Sorri para o reflexo diante os meus olhos.

Sai do banheiro e caminhei até meu quarto, onde o enorme espelho permanece coberto com um lençol, segurei uma das pontas, e o descobri. 

Deixei minha toalha cair, e me observei.

Meu corpo agora com curvas mais definidas e musculosas, conferindo a aparência de alguém praticante de esportes, nada exagerado. Quer dizer nada de mais, apenas eu. Meus traços corporais prediletos, que jurava ter perdido com a transformação, ainda estão aqui. 

Sorri vitoriosa. Peguei qualquer roupa no armário, e novamente recordei as palavras ditas pelo Black.

“Você é muito bonita, Leah”

— Obrigada, Jacob. Você grudou como uma música irritante na minha mente hoje, mas no final a letra é bonita.

A verdade é que de alguma forma estranha, ele me fez sorrir hoje o que não sorri em meses para ser mais exata. 

Não quero perder isso novamente. A habilidade de sorrir, de forma espontânea. Ser amarga o tempo todo é muito cansativo, e todos os dias sinto falta de sorrir. 

Me deitei, e ajeitei o travesseiro. 

Por meses desejo acordar e não ser mais uma criatura sobrenatural, e por meses me revolto quando acordo nesse estilo de vida indesejado.

Hoje resolvi desejar algo mais simples e dentro da minha realidade. Notei esta tarde não ser impossível… Só o tempo dirá se em algum momento, vou recuperar partes de quem eu fui um dia e perdi, contudo hoje desejo recuperar a habilidade de sorrir naturalmente.

Suspirei me sentindo mais leve. A distância da matilha é uma espécie de folga necessária para entender que ainda sou uma pessoa, além de ser uma loba.

Fechei meus olhos e pela primeira vez em meses, não senti a dor no peito, o vazio e a solidão que viraram meus companheiros fiéis, nesses últimos meses! 

Antes da inconsciência total do sono me abraçar, a imagem de Jacob me beijando dominou minha mente, senti um sorriso leve nos lábios, antes de adormecer.


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Notas finais do capítulo

Capitulo editado em Dezembro de 2021