POV Jonh.

Desci as escadas,mesmo não sabendo mais o caminho para a cozinha, fui apenas me guiando com o cheiro forte do café.

Avistei a cafeteira, e ela ainda estava inteira. A Jade tem sorte dela ainda não ter explodido. Abri rapidamente a tampa da cafeteira deixando o vapor sair dela, enquanto tirei ela da tomada.

Me perguntei se deveria subir e encontrar a Jade, mais eu acho que tudo isso foi uma desculpa para ela colocar uma roupa...

- Jaade. A cafeteira está bem! – Gritei da cozinha, tentando fazer uma piada.

Não recebi qualquer resposta... Ela deveria ter fechado a porta do quarto e não ter me ouvido. Pelo menos teria um tempo sozinho para pensar.

Desde que acordei naquele sofá, toda vez que pensava na Jade, sentia um outro sentimento... Antigamente eu pensava nela, para usá-la, ter ela apenas para mim e torturar a vida dela... Mas, agora... É como uma nova garota que eu nunca conheci antes, eu adoro ficar perto dela, adoro sentir o cheiro do perfume dela... Adoro ouvir a voz de anjo dela... Será que eu estou...

NÃO! Eu não estou apaixonado pela Jade! Eu não estou! É tudo uma imaginação horrível da minha mente. Eu não estou apaixonado por ela... Eu realmente estou ficando louco... É claro que ela deve ter dado alguma poção do amor para mim!

Fui interrompido em meus pensamentos quando ouvi a voz doce  dela soar pelos ares.

- Jonh, é ... Legal. A cafeteira está bem. – Ela usou seu tom de voz frio, com um pequeno sorriso no final da frase.Eu sorri de volta, com um grande sorriso. Por mais que tentasse não conseguia parar de sorrir, senti um gelo na barriga.

- É esta! – Falei ainda sorrindo, e rapidamente. Senti minhas mãos soarem. – Bom, são oito horas... Acho que tá na hora de ir para casa...

Eu tentei dar uma desculpa, não queria passar a noite aqui... Ainda mais sozinho com ela, e se os pais dela chegarem...

- É verdade. Me troquei pensando nisso. – Ela disse, ai eu percebi a roupa que ela estava usando, era bem diferente de um pijama ou algo para ficar em casa.

Eu sorri mais uma vez.

- Vem! – Ela insistiu. – Eu te levo para casa! Não seja tímido. – Ela disse em seu tom normal de voz.

- Tudo bem.

Fomos andando em direção a saída da casa, ela parou de andar e foi rapidamente em direção a uma mesa de centro que estava na sala.

- Me esqueci! Aqui seu celular, eu desliguei ele... Então, provavelmente deve ter várias mensagens e ligações perdidas dos seus pais... Desculpe. – Ela disse meio envergonhada.

- Tudo bem, eu me viro com meus pais depois... – Eu sorri, já colocando meu celular no bolso.

- Ok. – Ela falou, abrindo a porta da frente.

Fomos andando em silencio até o carro, assim que estávamos dentro dele, ela pegou a bolsa e colocou no colo. Provavelmente para procurar a chave do carro.

Enquanto ela vasculhava a bolsa, eu pude ver que lá havia a caixa de chocolate e a caixinha de aliança. Hesitei em perguntar por que ela estava levando isso... mais no fim, não resisti :

- Jade... Por que você esta levando as coisas que o Beck trouxe?

- Ah... – Ela ficou tensa. – Bom... É... Eu vou passar na casa do Beck, depois que te deixar em casa.

Eu apenas assenti com a cabeça. Não estava acreditando que ela iria na casa dele... Depois disso tudo... Arrgh! Senti uma onda de fúria passando pelo meu corpo, eu cerrei os punhos, enquanto ela começava a dirigir.

Ainda com os punhos cerrados, e mordendo os lábios para não gritar, ela me perguntou onde eu morava. Eu respondi em um soluço o meu endereço e alguns pontos de referencia. Ela apenas assentiu e continuou dirigindo. Era impossível! Eu não estava com ciúmes... Com ciúmes do Beck... A Jade é minha ex. O tempo em que eu gostava dela, já passou. Uma vozinha na minha cabeça começou a retrucar : - Não Jonh. Você está perdidamente apaixonado pela Jade. Enfrente a verdade. Eu comecei a dizer “não” várias vezes na minha cabeça, até que ela interrompeu o rumo dos meus pensamentos.

- Ei... Está tudo bem? Parece nervoso... – Ela falou, enquanto olhava para mim e para o transito, repetidamente. – Olha... Se forem problemas com seus pais, fale para eles que encontrou no cemitério o seu professor de atuação, Sikowitz. E que ele quis que você ficasse na escola até tarde,junto com uns colegas da classe para... sei lá... Fazer uma peça ou algo do tipo para a próxima aula. – Ela terminou, sem dar a mínima. Continuando a olhar o trânsito.

Eu assenti com a cabeça. Primeiro porque não arranjaria desculpa melhor que essa. Segundo por que não queria que ela soubesse que eu estava debatendo com uma vozinha do meu subconsciente dizendo que eu estava apaixonado por ela.

Passei a mão pelo meu cabelo bagunçado, enquanto olhava as ruas familiares pela janela.Ela parou o carro, depois de uma 3 ou 4 quadras de lá.

Reconheci a paisagem como a frente da minha nova casa em Los Angeles.

- Bom, então... Tchau, Jade... Obrigado por ter cuidado de mim, e principalmente por não me ter levado no hospital, isso viraria um grande problemão.

- De nada. – Ela não conseguiu esconder o sorriso, quando ela sorria era tão lindo...

Eu fui abrindo a porta do carro, mais ai parei. Não estava certo.Não conseguiria dormir essa noite sem fazer isso... Me virei para ela o mais rápido, e empurrei meus lábios aos delas. Eu forçava o beijo, ela não agia, tentava apenas se livrar de mim... Então eu segurei as mãos dela, como fazia antigamente. O grito dela estava abafado por causa do beijo, depois de um longo tempo, já sem ar. Eu parei o beijo, sorri para ela, e ela me deu um tapa no rosto.

- AI! – Eu gritei, colocando a mão na minha bochecha.

- Idiota! Quem você pensa que é? Para vim chegando assim e do nada ficar me beijando! Jonh eu não sinto nada por você, e nunca senti! Não faz sentindo me atacar com um beijo direto!

Aquilo me doeu, até na alma. Eu senti um aperto enorme no coração.

- Desculpa! – Falei rapidamente num fiasco de voz, enquanto me levantava e fechava a porta do carro, sem dar um tchau direito apenas fui para dentro de casa, vi o carro dela dar partida e ir embora.

- Era sua namorada filho? – Minha mãe me perguntou, me assustando.

- AH mãe! – Eu gritei.

- Acho que nos deve uma explicação! – Meu pai falou sério, sentado no sofá da sala, ao lado da minha mãe.

Seria uma longa noite...

POV Jade.

Aquele garoto era louco? Ou o que? Isso não ficaria assim... Eu daria o troco... Disse isso, estacionando algumas ruas perto da casa do Beck, não queria que ele me visse de carro.

Peguei minha bolsa, e a coloquei no ombro, tranquei meu carro, e coloquei as chaves dentro de minha bolsa, fui andando calmamente, no caminho para casa do Beck.

Em uma das ruas, vi um espaço grande, cheio de crianças estúpidas brincando e correndo para um lado e para o outro... Em um canto estava um casal  de namorados em cima de uma árvore, se beijando ternamente... Me lembro, que eu e o Beck, passávamos várias tardes de domingos juntos nesse tronco de árvore...

Suspirei, agora eu preciso seguir em frente, passado é passado, e por mais que lá esteja guardado as melhores lembranças da sua vida, você tem que seguir em frente...

Cheguei em frente a casa do Beck, fui passando pela garagem e vi que apenas o carro do Beck estava estacionado, sinal que os pais dele não estava em casa. Passei pelo pequeno beco que usava, quando queria entrar escondida no quintal dos fundos, onde estava o RV dele.

Vi que as luzes estavam acessas, sorri... Ele estava lá então. Fui andando silenciosamente, até chegar perto demais do trailer, ouvi uma voz de garota, não consegui identificar quem era, estranho... teria alguma menina no RV do Beck... Há eu vou descobrir...

Coloquei a minha cabeça contra o RV, podendo ouvir a conversa lá dentro.

- Não acho uma boa... – Ouvi a voz do Beck. Ele parecia frustrado.

- Mais tem que esquecê-la. – Ouvi a voz da Vega. VEGA!? Que diabos a Vega estaria fazendo na casa do MEU namorado... AAH! Eu não acredito... Senti uma dor aumentando no meu coração,e se ele estivesse... afim da Vega?

A afinal, esquecer quem? Eu tinha que ouvir mais da conversa, mais queria entrar agora e acabar com ela. Meu pensamento inteligente venceu do pensamento furioso. Fiquei escutando pelo RV.

- Eu não se quero fazer isso... Tori... – Ouvi o Beck dizer, decepcionado. Argh!! O que ela fez agora?

- Você vai ter que fazer! Para o seu bem! – Ouvi a voz irritante dela ecoar pelos cantos. Fazer o que para que bem?

- Eu não quero esquecê-la! – Ele praticamente gritou, numa voz tremula... Ele estava chorando? Seria eu o motivo do choro?

- Você não a ama. Viu o que ela fez com você!? – Vega gritou. Fazendo meu ouvido doer. Então ela estava tentando fazer o Beck me esquecer para ela dar em cima dele? Agora fiquei furiosa. Não bastava flertar com ele no primeiro dia de aula, e no segundo beijá-lo... Agora depois de três anos, em paz, ela vem e tenta fazer ele me esquecer?

- Beijar o ex dela... Que horror... Isso não se faz! – Vega continuou gritando.Como ela sabia disso? O Beck foi pedir a opinião dela para que?

- É realmente horrível... – Ele concordou, em uma voz tão baixa que mal consegui ouvir.

- Então me beija!E eu lhe faço esquecer dela! – Vega falou um pouco mais baixo, e sedutoramente. Agora eu tinha que entrar naquele RV e acabar com esse objetivo ridículo da Vega. Nem conseguia imaginar essa cena.

Fui em direção a porta, vi que ela estava aberta, então entrei rapidamente.

- Você acha que vai fazer ele se esquecer de mim, o beijando? – Eu falei firmemente, enquanto colocava uma mão no quadril, os encarando. A Vega deu um gritinho e um pulo para trás, o Beck se encolheu no sofá.

Os dois se entreolharam, vi que não iriam me falar nada.

- As coisas vão ficar bastante tensas aqui... Pode me falar que plano é esse para ficar com o Beck? – Eu perguntei a ela, enquanto chegava mais perto lentamente.