Os dois se entreolharam, vi que não iriam me falar nada.

– As coisas vão ficar bastante tensas aqui... Pode me falar que plano é esse para ficar com o Beck? – Eu perguntei a ela, enquanto chegava mais perto lentamente.

        - E... – Tori estava pensando em alguma desculpa estúpida. - ... Jade você estava ouvindo atrás da porta?

           Isso me pegou de surpresa, afinal... Era para ela estar assustada demais para reparar que eu estava ouvindo atrás da porta... Precisava de uma desculpa de gênio...

E eis que vem a minha cabeça :

     - Não! É por que você é tão escandalosa que toda rua está ouvindo essa conversa. – Depois que falei isso tentei esconder minha preocupação para que ela acreditasse na minha palavra.      - Ei! Jade... – Ela coçou a cabeça. – Porque foi beijar o Jonh?

Ela havia mudado de assunto, e me pegado de surpresa de novo.

       - Não mude de assunto Vega. Isso é problema meu e não seu. – Falei firme.

      - Ei! Ei, Jade... – Beck tentava encerrar nossa discussão.

      - O que ela tá fazendo aqui afinal, Beck? – Eu perguntei.

      - Jade, olha... – Ele parou e suspirou. - ... O que o Jonh estava fazendo lá na sua casa?

      - É Jade, responde! – Tori me interrompeu, eu olhei para ela com um olhar mal. Senti ela se encolher, então sorri e voltei a olhar o Beck.

      - Me lembro de você ter falado para eu ser boa com as pessoas, Beck. Então o Jonh estava desmaiado lá, e eu não queria o levar para o hospital, pois isso levaria a delegacia, e logo depois nos dois estaríamos ferrados.  Então eu o levei para minha casa, eu cuidei dele durante a tarde inteira. E então do nada, ele aparece escondido no meu quarto, tentando me ver nua. Prendendo-me do nada e me beijando– Parei por um tempinho. É claro que eu não iria falar nada sobre a ligação, e sobre a mentira que ele ameaçou contar, e principalmente falar isso na frente de Tori. – E agora... Você ainda quer que eu continue sendo boa para... Essas pessoas?

         Ele passou as mãos pelo cabelo, olhando para o chão. Nesse exato momento eu desejaria que a Vega virasse pó, para eu conseguir ficar sozinha com ele de novo.

        Depois de um breve silencio constrangedor, eu me virei para encarar a Tori.  

    - Por que em vez, de tentar me ferrar, e parar de dar encima do meu... namorado. Não vai falar o que sente de verdade pelo André, vocês vivem se paquerando com olhares, e é chato todos ficarem sabendo que gostam um do outro.E ambos não tem coragem de admitir isso. – Eu a deixei sem palavras. – Vai lá Tori. Se ele ficar sabendo da sua tentativa mal sucedida de ficar com o Beck, André realmente vai ficar muito chateado. Ele te ama.

Claro que eu não era desse tipo “romântica – cupido”, mais estava mais que obvio que eles gostavam um do outro, então eu só dei um empurrãozinho, e também seria uma boa deixa para  a Tori sair da minha e da vida do Beck.

Ela passou a mão pelo cabelo pela milésima vez desde que eu entrei no RV, e apenas assentiu lentamente com a cabeça. – É ... Estou tentando enganar a quem? – Ela suspirou e pegou a bolsa que estava jogada em uma mesa.

– É tão obvio assim, que eu gosto dele e ele de mim? – Ela se virou para nos encarar.

Eu balancei a cabeça, em sinal de “sim” lentamente, enquanto o Beck me imitava, concordando.

- Desculpa. – Ela murmurou, enquanto saia do RV. – E... acho que um obrigado, Jade. – Eu assenti com a cabeça sorrindo... Havia conseguido com que ela saísse do RV. Ela acenou e foi embora, eu me virei para o Beck.

- Acho que amanhã, vamos conhecer um novo casal em HA. – Ele sorriu, tentando me fazer rir, eu olhei para ele com uma cara feia, ele parou de rir.

Eu me sentei na cama dele, e coloquei minha bolsa do meu lado, tirei delicadamente as coisas que ele deixou cair no chão, e as coloquei no meu colo. Eu peguei a caixinha de aliança, e tirei de lá o anel.

- Quando você deixou cair, a caixinha se abriu, e o anel sumiu, passei minutos procurando e quando o achei... Me veio uma dúvida cruel, você me perdoou a ponto de comprar o mais lindo anel que já vi na minha vida?

Ele assentiu vagarosamente.

- E quando vem me entregar, me pega beijando o meu ex... –Terminei, fitando uma janela do RV.

Ele assentiu. – Jade, é verdade? Ele que te beijou assim, do nada?

Eu balancei a cabeça lentamente, ele se sentou do meu lado.

- Eu havia saído do banho, meu celular tocou era a Cat. Ela havia falado o que tinha acontecido com você... Que você estava chorando por mim... Eu comecei a chorar, e avistei o Jonh escondido atrás de uma estante,ele me chantageou, falando que iria falar mentiras e mal de mim direto, e eu sabia que não poderia ficar com a imagem mais manchada do que já estava... Então ele disse que manteria isso em segredo, se eu o beijasse. Então fui obrigada a beijá-lo, e ai você chegou e nos pegou...

- Me desculpa, eu deveria ter perguntado, antes de... Você sabe... – Ele passou as mãos pela nuca.

- Acho que consegui estragar esse momento... – Eu disse, me levantando.

- Não, Jade... Nos dois estragamos... – Ele me fitou.Eu dei a caixinha com o anel dentro. Ele pegou e ficou olhando.

- Acho que nesse momento, chocolates vão ser bem mais uteis do que um anel... – Eu disse olhando para a caixa de bombons. – Posso ficar com eles?

Eu perguntei sorrindo, ele assentiu também sorrindo.

- Então eu estou indo... – Falei depois de um momento em silencio.

Ele ficou lá pensativo, enquanto eu descia e fechava as portas do RV lentamente.

POV Beck.

Era isso, tudo voltou como era antes, apenas bons amigos... Igual a três anos atrás, quando eu a levei numa sala de luta de palco,numa noite de uma peça no teatro,  e falei para ela pela primeira vez que eu a amava.

Agora eu tinha que reconquistá-la, e o melhor jeito de fazer isso, não era deixar ela escapar assim tão fácil de mim.

POV Jade.

Havia caminhando em silencio, até chegar naquele parque, que havia passado umas ruas atrás. Fui em direção a ele, e me sentei em um balanço vazio, as crianças e os casais apaixonados haviam ido embora. Eu curvei minhas costas, e coloquei um braço sobre minha perna, enquanto minha mão segurava meu queixo.Usei minha pernas para me balançar lentamente, enquanto em cada movimento de trás para frente no balanço, fazia aquele barulho baixo de ferro enferrujado.

O vento soprava meu cabelo delicadamente para fora do rosto, essa sensação era tão boa, que eu queria congelar o mundo, e ficar parada ali por horas e horas... Apenas com o vento na cara, e com os pensamentos, vindo de montão na mente.

Acho que agora, finalmente tudo havia voltado ao normal... Eu e o Beck éramos apenas amigos, e nada mais...

Na minha mente, veio a imagem do Jonh me beijando, argh... Por que ele queria isso? Ele acha que é quem, para poder fazer cicatrizes em mim, e logo depois me querer de volta?

Ele não sabe quanto tempo e demorei a me curar, e ver uma luz de felicidade nos meus olhos novamente... Eu sou forte de mais para cair nos braços dele de novo. Eu aprendi a viver meio viva, para não me machucar mais uma vez.

Suspirei,hora de seguir em frente Jade, ninguém mais vai machucar seu coração, você vai ter que seguir em frente. Joguei minha cabeça em minhas mãos, tentando engolir as lágrimas que se ameaçavam cair.

Ouvi passos se aproximando.

- Vai embora! – Falei firmemente engolindo um soluço.Poderia ser até o produtor de cinema mais rico do mundo, mais eu nem ligava para nada nesse momento. Os passos se aproximaram, cada vez mais.

- Eu disse vai embora! – Eu gritei, ainda mais forte, ouvi os passos recuarem um pouco, mais continuaram na minha direção.

Senti uma mão tocar no meu ombro, uma mão leve e pequena, olhei para a direção da mão, e vi que era um pequeno garotinho, loiro, parecia ter ao menos 4 anos de idade.

- Ei moça,o que tem? – Ele me perguntou com uma vozinha de anjo.Ele me entregou uma pequena flor roxa e se sentou num balanço ao lado.Eu sussurrei obrigado, enquanto sorria.

- Nada, eu estou bem. – Eu disse, com a voz um pouco mais suave, tentei limpar meu rosto, que deveria estar com uma mancha enorme de delineador.

- Você não me parece nada bem. – Ele confirmou, usando aquela vozinha de anjo novamente.

- Eu sei. – Afirmei. – Mais, por que você se importa se eu estou bem ou não?

- Eu me importo, por que eu não quero ver nenhuma moça bonita como você ficar aqui chorando sozinha. – Ele começou a se balançar lentamente no balanço junto a mim.

Como assim bonita, eu deveria estar um caús, com o cabelo bagunçado, os olhos inchados e á bochecha manchada de lágrimas pretas por causa do delineador.

- Sério? – Eu perguntei num fiasco de voz. Ele balançou a cabeça, dizendo sim, enquanto sorria. – Poxa... Obrigado. – Sorri.

- Por que está chorando? – Ele me perguntou, parecia um garoto muito esperto.

- Por que... Eu não tenho mais um namorado. – Eu respondi, era claro que o garoto não iria entender, ele parecia ter quatro anos. O que eu estava fazendo? Tendo uma conversa com um mini – terapeuta, que eu mal conhecia.

- Você amava muito ele? – Ele me perguntou curioso.

- Eu ainda o amo, mais do que qualquer pessoa pode amar.  – Eu respondi, sendo sincera.

- Então... – Ele pareceu pensar por alguns instantes. – Diz isso pra ele.

Eu sorri, era claro que e já disse várias vezes que eu amava o Beck, mais nunca disse que eu o amava mais do que qualquer pessoa poderia imaginar, então afinal, o pequeno terapeuta estava certo.

Eu sorri. – Claro, vou dizer isso a ele.

- E por que não diz agora? – Ele me perguntou, piscando os olhinhos e com um sorriso bobo na cara.

- Porque eu deveria dizer isso agora? – Eu perguntei.

- Minha vó sempre me diz que quando tem algo importante e verdadeiro para dizer, tem que dizer o mais rápido o possível, pois nunca se sabe o dia de amanhã. – Ele completou a frase, com um grande sorriso.

Eu sorri, não poderia deixar de ficar feliz, ele estava certo. Eu tinha que dizer isso ao Beck o mais rápido o possível. Eu tinha que dizer o quanto ele era tudo para minha vida, eu tinha que falar isso para ele agora.

- Sim, sua vó tem razão. Eu vou dizer isso para ele hoje. Muito obrigado... – Eu sorri mais uma vez.

Ele sorriu para mim, e se levantou do balanço.

- Eu tenho que ir para minha casa. – Ele disse, já se despedindo.

- Mais não é tarde de mais para você sair sozinho assim? – Eu perguntei, preocupada com meu novo amigo de 4 anos de idade.

- É, mais eu moro na frente. – Ele apontou para uma grande casa bem na frente do parquinho.

- Muito obrigado, e espero te ver novamente.  – Eu sorri, enquanto ele ia embora.

- De nada. – Ele parou. – Meu nome é Derek. Qual o seu nome moça?

- Meu nome é Jade. – Eu sorri para ele, enquanto acenava.

- Lindo nome. – Ele sorriu, e foi embora, entrando na casa. Fiquei observando ele, mais antes dele fechar a porta, ele ficou olhando para o lado esquerdo da rua.

- Ei Jade... – Ele me chamou.

- Oi? – Eu perguntei.

- Aquele moço ali, é o seu namorado? – Ele apontou para o fim da rua, me fazendo olhar diretamente para um jovem alto, moreno e de cabelo grande e escuro, era o Beck.

- Sim, é ele! – Eu sorri, fazendo um sinal de positivo com a mão para o Derek.

O Derek sorriu e deu um tchau, eu dei tchau para ele. Depois ele se virou para o Beck, que estava vindo em nossa direção e acenou para ele, o Beck acenou de volta sorrindo. Derek conhecia o Beck?

- Vejo que já conheceu a criança prodígio da rua. – Ele sorriu, enquanto chegava mais perto de mim.

- É, ele é adorável. – Eu sorri de volta para o Beck. – O que está fazendo aqui?

- Vim te ver, eu sabia que você vinha para cá. – Ele sorriu mais uma vez, não pude para de sorrir.

- Beck... – Eu comecei, não sabia como dizer isso... Mais eu já tinha começado, era obrigada a continuar.

- Oi? – Ele falou se aproximando mais perto de mim. Faltava apenas um palmo para nossos lábios se juntarem.

- Eu te amo. – Olhei naqueles quentes olhos castanhos. – Eu te amo, mais do que qualquer pessoa pode amar alguém.

Ele passou os braços pela minha cintura, me puxando para mais perto dele, fazendo nossos corpos se colarem. Eu me inclinei para beijá-lo, ele fez o mesmo. Um beijo doce, calmo, mais uns segundos depois, um beijo ardente e esfomeado. Eu estava adorando isso. Meus braços passaram para os ombros dele, eu tive que ficar na ponta dos pés, e um pouco inclinada para poder beijá-lo.

Eu pude sentir ele sorrindo entre o beijo. Paramos por falta de ar, aquilo foi mágico. Encostei minha cabeça no peito dele, e ele encostou de leve o queixo dele na minha cabeça, ficamos assim juntos, abraçados, no meio de um parquinho vazio, no meio da noite. Apenas vendo como esse momento foi maravilhoso.

- Eeei! – Ouvi a voz de anjo do Derek soar pelos cantos, olhamos para a direção da voz, e encontramos o  Derek sorrindo, na varanda do andar de cima, acenando para nós.

Rimos e acenamos de volta para ele, e então ele entrou na casa. Nos viramos um para o outro e continuamos a nos beijar.

- Ei, você também me ama?  - Eu perguntei depois de um breve silencio, era claro que ele me amava, só que eu adorava ouvir ele dizendo isso.

- É claro que eu te amo, bem mais do que você imagina. – Ele me disse, beijando minha cabeça.

Eu tentei esconder um sorriso enorme que tinha aparecido no meu rosto, mais ele tinha visto. Então ficamos lá, abraçados, e recitando um para o outro o quanto nos amávamos.