Aventuras Descontroladas De Percabeth escrita por bloodymary


Capítulo 28
Percy avança e eu sinto algo novo


Notas iniciais do capítulo

Tenso o nome desse capítulo.



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Calmo não parecia fazer parte do vocabulário de Percy até a hora que – depois de termos arrumado tudo do jeito mais desarrumado nas mochilas, só por preguiça (acho) – paramos para comer. Ele não sorria nem nada do gênero, mas já não tinha mais aquele vinco na testa e os olhos apertados. O seu corpo continuava maio tenso, não era como vastos pastos verdes e calmos. A cadela não recebeu mais broncas, porque se portou como um cachorrinho filhote de madame, não latia. E o bendito não falou nada. Era ruim. Ele estava pagando na mesma moeda. Ou devo dizer, na mesma ignorância?

Comemos em silêncio – novidade – algumas coisas que ele havia trazido. Ele jogou a “comida” no meu peito e se encostou em uma árvore centenária enquanto olhava para o nada.

Comer enquanto um cachorro fica te beliscando, pedindo um pedacinho não é a melhor coisa, ainda mais quando esse cachorro é um cachorro infernal .  Sra. O’Leary se esfregava alternadamente entre as minhas pernas e as pernas de Percy. Ele chutava-a. Ela gemia de volta, mas depois começava tudo de novo.

Tudo o que eu queria, naquela hora – e apesar de ter dificuldade de confessar a mim mesma – era que ele voltasse a ser o Percy, só Percy. Eu queria contar o porque de tudo, eu queria. Mas pescar coragem durante uma tempestade de medo não é fácil. Toda a coragem estava sendo usada para dar cada passo para a frente para o norte.

Colocar toda a dor de estar longe dele em uma garrafa e joga-la para a ponte que partiu era a parte fácil. Difícil seria conviver com o buraco que ela deixaria, porque agora ela era como uma amiga para mim. Uma amiga falsa mas que te entende, sabe? Ela sabia tudo o que eu sentia mas às vezes virava de costas e me deixava sozinha para compartilhar comigo mesma tristeza. Oh sim, dor e tristeza são diferentes. Dor é o que você sente quando está triste, e quando não há dor – só tristeza –, você se sente como um saco de areia solto a 10000 pés do chão. Cai, cai, cai e nunca tem algo para te fazer cair mais lentamente. Então... Na equação ficava: Tristeza + dor = cair lentamente para um buraco sem fim.

Deuses, e tudo isso é minha culpa.

-Percy... – comecei sem perceber.

Ele se virou de supetão, acho que se preparando para ouvir um: “Volte para mim, seu lindo.” Quando eu percebi isso, uma raiva brotou e eu quis avançar nele e começar a gritar, perguntando o que ele esperava de mim. Eu só estava tentando protege-lo!

-O que é? – perguntou ele, impaciente.

“A impaciência é uma virtude”, pensei em falar.

Ele batia o pé, eu respirava fundo e Sra. O’Leary esperava quieta pelo dialogo.

-Não...  – recomecei – Não quero uma discussão, então me escute até o final, por favor.

Era como se tudo fosse um filme antigo, meio escuro, meio granulado, meio tremido.

Ele assentiu, de repente calmo.

-Olha, desculpe por qualquer coisa. Eu... Eu... – eu suspirei alto e mordi o lábio inferior.

Ele me estudou por alguns momentos.

-Pare de morder o lábio. – ele disse, apontando para mim com o queixo.

Sorri por dentro pelo jeito que ele falou comigo. Não estava mais rígido.

-Desculpe. – abaixei a cabeça e uma mecha solta do meu rabo de cavalo caiu sobre meu rosto.

Engoli em seco, esperando que ele não fizesse perguntas, esperando que ele me entendesse sem eu dizer outra palavra qualquer, esperando que ele me desculpasse.

Sra. O’Leary estava cooperando muito bem. Ela sentou, depois deitou e colocou a cabeça cobre as patas – vi pelo canto dos olhos. Mordi o lábio de novo sem querer.

-Eu falei sério. – a voz dele vinha de mais perto agora – Para de morder o lábio, está me deixando louco.

O sorriso interno foi ultrapassando camadas e mais camadas até chegar aos meus lábios da vida real. Pensando em uma resposta a altura, levantei a cabeça e compus uma cara normal.

-Louco? – só a sobrancelha teimosa não voltou para o lugar.

Ele não tinha nada estampada na testa, então, eu não sabia se ele estava morrendo ou só estava pensando na morte da bezerra.

-É, louco. – respondeu ele, colocando-se mais para frente, ficando a meio metro de mim.

Eu não sabia se ele havia me perdoado por qualquer que fosse a coisa que ele estivesse me culpando, mas eu tinha um jogo de cartas perfeito na mão e uma mesa verde esperando.

-Eu pergunto que tipo de loucura.

Ele suspirou, revelando-se pressionado. Era bom estar no comando de pelo menos uma coisa.

-Do tipo que você não quer saber. – respondeu ele por fim, colocando na minha mente tudo o que um menino precoce de 17 anos pensa. Tudo, se é que você me entende.

Deveria eu ficar mais surpresa?

-Fale. – eu mandava em tudo, me sentia grande.

-Não.

Murchei com o ego, porque ele falou daquele jeito que os pais usam quando querem que o filho vá tomar banhou ou que vá fazer lição de casa (pelo o que eu sei, porque não tenho muito tempo com meu pai).

-Então deixa tudo no ar mesmo, todas as desculpas, tudo. – falei e minha voz saiu com um pouco mais de raiva que eu pretendia.

Percy levantou uma sobrancelha e chegou mais perto.

-Eu já ouvi que você se desculpou. Mas pelo menos você sabe o porque estava se desculpando? – ele desafiou.

Minhas narinas se dilataram e eu estreitei os olhos.

-Cara. Você sabe que eu sei do que eu estou me desculpando. – a frase saiu perfeitamente, apesar de tudo.

Ele suspirou e pensou durante bons minutos, até que eu comecei a bater o pé. Deve ter sido a gota d’água para ele. Percy se voltou para mim e em um átimo começou a correr até me encontrar, mas não parou, foi me empurrando até a árvore mais próxima e me prensou contra ela. Seu peito, colado ao meu, minhas costas, coladas na árvore. Foi tudo tão rápido que eu só arfei depois de perceber que ele me olhava como se atirasse bombas atômicas em mim. Viril. Sustentei o olhar até o momento que pude. Depois fechei os olhos e implorei para não avançar de volta e... Aquilo que eu queria era... Beijá-lo?


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Notas finais do capítulo

Não sei se leram o aviso, mas por favor, leiam e tentem me entender, quero poupar-nos de qualquer tipo de confusão. E POR FAVOR, NÃO ME PEÇAM PARA RETOMAR A FIC, PORQUE JÁ FOI BEM DIFÍCIL CANCELÁ-LA, se me pedirem vai ser mais difícil ainda.
Tentem me entender, pelo amor dos deuses.



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