O mar estava agitado naquele dia, as ondas estavam atingindo 10 metros, os surfistas estavam muito animados, meu tio principalmente, quando acordei ele não estava mais lá e olha que ainda eram 04:00 da manha, me levantei e coloquei meu biquíni, guardei minha parafina peguei minha prancha e segui para a praia.Os fundos da nossa casa já dava no mar e enquanto saia afundei meus pés naquela areia macia, me recordei da noite em que conheci Mahina...

–Aloha Heavy, vai pegar essas hoje? - O garoto moreno da minha escola que é um ano mais velho, ele era forte e bonito.

–Aloha! Não sei não Kota, me parece perigoso.

–Estamos vivendo no perigo Heavy, aqui tem um vulcão, não tem como não se acidentar. - A é, o vulcão adormecido, meu tio falou que ele podia entrar em erupção a qualquer momento.

–Você tem razão!Vamos?

–Claro. - Corremos para o mar como se não houvesse o amanha.

O dia estava nublado , mesmo assim o sol ainda aparecia para nós. Quando chegamos na costa dos corais eu podia ver muitos surfista saírem da água sangrando.

–Acho que eu não vou não Kota! - Gritei, pois o baralho que as ondas faziam quando batiam nas pedras era ensurdecedor.

–Heavy você sabe surfar não precisa ter medo! - Ele gritou de volta.

–É mas até pra quem sabe surfar esta perigoso, pode acontecer algo, não confio nesses corais, ontem salvei um cara que estava com o pé preso em um!

–Isso só vai acontecer se você cair...As ondas ainda são grandes depois dos corais, bem não é tudo aquilo.

–É. 

Pensando bem, as ondas estavam altas, se eu caísse não iria bater em nenhum coral;

–E então vai ou não? - Kota interrompeu meu raciocínio.

–Vamos!

Joguei minhas coisas na areia e segui para o mar, enquanto segurava minha prancha senti a água tocar meus pés, me lembrei que eu já havia dominado o mar e que tudo aquilo poderia ser fácil, era só eu ter força de vontade.Fui cortando as ondas por baixo até chegar na cocentração de surfistas.

–Aloha Heavy! - Encontrei meu tio sentado na prancha vermelha com desenhos de árvores e um por-do-sol.

–Aloha tio!

–Acordou cedo em! - Ainda era um pouco difícil de escutar o que ele falava, o barulho era inerte.

–É o mar me chamou! - Gritei.

–Ta parecendo o seu pai!

–Como está ai? - Ri um pouco.

–Bem, eu estou esperando a minha.

–Sua o que?

–Minha onda...Quando a onda é especialmente pra você, ela te chama...Puxa a sua prancha para perto dela!

–Nossa! E como você sabe disso, as ondas sempre estão puxando.

–Garota você sabe, quando sabe, ta ligada?

–Não! 

–Espere a sua onda, porque se você pegar qualquer uma pode dar errado e ela pode até te machucar! - O vento estava forte, os olhos do meu tio estavam quase se fechando, porque espirrava a água salgada nos olhos dele que por sinal já estavam bastante vermelhos.

–Então aquelas pessoas da costa sangrando, pegaram uma onda que não era deles?

–Isso, são americanos, não sentem o que é entregue pela natureza. - Enquanto ele falava uma onda começou a crescer atras dele. – Ta ouvindo isso?

–O que tio?

–Ela esta me chamando!

–Está?

–Sim! Eu já volto!

Ele seguiu remando para aquela onda, que foi crescendo a medida que um se aproximava do outro. Foi realmente incrível ela atingiu mais que 10 metros, eu vi tudo de longe, meu tio conseguiu pegar um tubo inteiro, aquela realmente era a onda dele. Todos da praia bateram palmas, no momento em que ele terminou ficou em cima da prancha, agradeceu depois voltou remando para a costa.

–Uau! Isso foi incrível. - Continuei batendo palmas e rindo.

–Entendeu o verdadeiro sentindo de a onda pertencer a você? - Perguntou Kota enquanto meu tio estava lá longe.

–Ainda não Kota, só vou entender quando ela me chamar.

Meu tipo foi até a costa, chegou lá recebido com continuos aplausos e assovios, ele estava feliz. Afundou sua prancha na areia e agradeceu ao mar se reverenciando. Sorri e olhei para o mar, fechei os olhos e imaginei quando seria a minha hora e o que eu iria sentir. Até que, senti minha prancha sendo puxada com muita força abri meus olhos e olhei para Kota, mas ele não estava sentindo nada, apenas esperava...Senti o mar me chamar, uma onda ainda maior que a do meu tio.

–Heavy, essa onda é especial e eu percebi que você sentiu que ela é sua. Você ta esperando o que? - Kota me avisou e eu olhei para o meu tio.

–Eu...Adeus. - Segui remando para pegar aquela onda enorme, me senti sendo observada pelo mar. –E agora o que eu faço?

–"Pegue a onda...Sinta a onda...Seja a onda!"

Percebi que a minha onda estava chegando cada vez mais perto, fechei os olhos e me virei, esperei por ela senti meu corpo levantar, como se eu estivesse voando.

–Uou.

Abri os olhos e vi que estava em cima da onda, era muito alto, eu conseguia ver a ilha inteira. Aquela definitivamente era a minha onda, eu a deci e comecei a brincar fazendo minha manobras e para finalizar eu entrei no tubo. Quando ela acabou eu ja estava na costa e todos gritando e batendo palmas como fizeram com o meu tio.

–Aloha!!! - A multidão gritava.

–É isso ai. - Meu tio veio ate mim e me deu um abraço.– Você finalmente conseguiu, esta seguindo o nome da familia.

–Mahalo tio

Depois daquele dia eletrizante, eu caminhei na praia, procurei um lugar para me sentar e ver o sol se por, sem ao menos perceber onde estava, me sentei no mesmo lugar em que Mahina me beijo, quando o sol se pôs e a perola subiu acabei me deitando para olhar as estrelas.

–Aloha? - Uma voz estranha, mas ainda sim reconhecível.

–Quem está ai? - Me levantei.

–Kanaloa?

–Mahina?

Mahina saiu de trás de todos aquele coqueiros, suas roupas eram diferentes das que ele usava na noite passada...Ele usava uma camiseta branca larga e um short rasgado.

–O que faz aqui Mahina?

–Eu vim nadar.

–Não se nada a noite. - Alertei.

–É a melhor hora! - Ele olhou para a lua. - Hey! A lua não parece mais brilhante hoje?

–Não como estava ontem.

Ele tirou a camiseta e chegou com os pés perto de onde as ondas alcançavam.

–Quer nadar comigo? - Ele estendeu a mão.

–Não! Passei o dia inteiro no mar hoje.

–E o que tem mais umas horinha dentro dele?

–Eu não quero.

–Então me sentarei ao seu lado.

  Coloquei os braços para trás e apoiei meu peso nos mesmos para sentir a brisa do mar...Ele fez a mesma coisa e descansou sua mão na minha.

Olhei para ver o que ele estava fazendo, percebi que enquanto eu olhava o mar ele fitava a mim.

– Algum problema comigo? - Ele continuou me olhando. - Por que esta me olhando?

–Eu sonhei com você Heavy! - Parei de olhar para ele e olhei o mar, senti minha pele ficar corada, não queria adimitir a mesma coisa, senti a mão dele em meu rosto tendando me virar de volta para ele. – Por que não olha para mim?

–Por nada! - Lutei contra sua mão.

–Seu rosto esta quente.

Mahina se levantou e sentou na minha frente, eu arregalei os olhos , comecei a ficar nervosa.

–O que você está fazendo?

–Já que você não quer olhar para mim, eu vou até seus olhos. - Ele repetiu. – Eu sonhei com você ontem.

–A---a---ah. - Gaguejei. - sim que legal.

–Eu conversei com você a noite inteira em meus sonhos.

–A----a---a é! - Não deu pra conter o nervosismo.

–Sim. - Ele me olhava fixamente com aqueles olhos azuis brilhantes.

–Q---q----que legal. - Comecei a brincar com a areia para disfarçar.

Ele começou a brincar com o meu cabelo, tentou tirar os fios que estavam caindo no meu rosto , uma tentativa falha porque o sal havia endurecido meu cabelo, quando ele colocava para trás a mecha voltava para o mesmo lugar.

–Você não vai conseguir! - Abri um sorri e tentei empurra-lo, ele segurou minha mão e chegou ainda mais perto do meu rosto.

–Ora ora! Ela sorri. - Senti sua respiração sobre o meu rosto.

–Claro! Acha que eu...eu...eu sou alguma estatua? - Eu estava tão nervosa que não estava falando, estava gritando.

–Não, não.- Ele riu.– É uma garota desejável.

Meu coração começou a bater rápido,senti meus rosto esquentar, como se estivesse queimando.

–A é!

–Por que você esta tão vermelha? - Ele chegou mais perto.

–Não estou! - Eu recuei

–Esta sim. - Me prendeu entre os seus braços.

–Olha aqui eu... - Ele me interrompeu me dando um beijo, meu coração disparou como se fosse sair pelos meus ouvidos.

–Essa noite será apenas para nós dois Kanaloa. - Sussurrou no meu ouvido.

–Por que me chama assim?

–Porque você é o meu mar! - Aquela voz, tão, tão, tão serena e apaixonante.

Talvez aquela seria a noite do encontro da perola preciosa e de Kanaloa, mas não parecia minha, seria um sonho?

–Não pode ser!Não agora.

–Estamos deitados na areia, sobre a luz da lua e a benção do mar. - Ele apontou para ambos.

–É!

–O que te aflige?

–Você.

–Eu? Sou tão assustador assim?

–Não é isso. Eu não conheço você, eu apenas te salvei, não posso fazer isso!Não posso me apaixonar por alguém que não conheço.

–Mas quem disse que precisa conhecer para amar?

–Ninguém!

–Eu só quero ficar um pouco com você Heavy!

–NÃO! - Empurrei-o e me levantei.

–Por quê?

–Não quero que você sofra Mahina!

–Não vou sofrer.

–Se eu realmente encontrei minha lua, eu tenho grandes chances de perde-la!

–Você não vai perder.

–Já perdi minhas três perolas preciosas uma vez...Não quero passar por isso novamente! - Fui indo para trás.

Olhei para aqueles olhos azuis, vi que eles estavam assustados ao ouvir o que eu estava dizendo..Ele olho para cima e se levantou para ficar do meu lado.

–Então, seremos apenas amigos!

–Pode ser... 

–Ok?

–Sim.

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Nunca pensei que me arrependeria tanto de decidir tal coisa. Depois daquele dia nunca mais o vi. Ele sumiu da ilha, ninguém o conhecia.

Depois daquele dia eu apenas chorei de saudade e de arrependimento, chorei também pela morte das minhas três perolas preciosas. Me sentia sozinha, mas continuava a me encontrar com o mar.

–Heavy o que houve com você garota? - Meu tio vio em prantos no quarto.

–Eu dei um fora na minha perola! - Abracei.

–Deu um fora? Mas por que?

–Não queria sofrer como o senhor sofreu quando a perdeu! - Falei entre a sua camisa de flores já ensopada por minhas lágrimas.

–Heavy essas coisas acontecem, como você pode saber se vai sofrer ou não? Essas coisas acontecem uma vez e só uma, com você já aconteceu duas vezes, sua família e esse garoto, se a vida esta dando uma segunda chance, é melhor você agarra-la e não desistir dela! - O loiro valou enquanto me abraçava forte.

–Estou com medo! Ele sumiu.

–Ele não sumiu, só esta esperando você chamar, lembre-se que ele é a sua lua...É como se ele fosse um surfista em uma prancha esperando a onda chamar por ele! Agora corra vá atrás do que é seu.

Eu realmente entendi o que meu tio queria dizer. Minha lua sempre estará lá a minha espera, assim como eu estarei a espera dela.