O chocolate pareceu tremer de leve em minha mão e eu o soltei em seguida.

- Tudo bem, priminha Val? - Kayla perguntou do seu banquinho, me olhando como se eu estivesse tendo um ataque epilético.

E talvez eu estivesse mesmo tendo um. Porque enquanto eu olhava firmemente para os olhos de Ned, era como se ele falasse comigo através deles. E ele me chamava para segui-lo, para fugir com ele. Meu coração estava apertado e eu não sabia o que fazer. Tudo parecia estar girando e eu fiquei impressionada por ainda estar de pé.

- Val? Você está bem? Porque eu quero o chocolate ainda. E você está ficando verde. - Kayla falava, mas ela parecia tão distante, tão longe.

De repente, eu me despertei o meu transe. Ned não estava na cozinha mais. Kayla ainda estava lá, me olhando com curiosidade. Lentamente, abaixei e recolhi a barra de chocolate do chão.

- Pegue, pode comer a vontade. Eu estou meio enjoada. - falei, entendendo a barra a Kayla.

Ela pegou a barra e então reparou em algo no meu pulso.

- O que é isso? São tatuagens? Eu posso ter uma? - ela perguntou animada.

Rapidamente recolhi a mão, escondendo as marcas embaixo da manga da blusa.

- Não, são marcas de nascência. E você não pode ter uma. - falei,a  voz ainda meio grogue - Eu vou subir e tomar alguma coisa para melhorar. Tome cuidado.

Ela assentiu e começou a abrir o chocolate, lambendo os lábios antes mesmo de vê-lo. Voltei para cima e subi para meu quarto. Paul estava jogano pedrinhas na minha janela, mas eu o ignorei. Ainda estava catatônica. A imagem de Ned não saía da minha cabeça por mais que eu quisesse.

- Porque você faz isso comigo? - perguntei ao vazio, olhando a entrada de meu quarto.

- Porque ele é um idiota. - uma voz masculina conhecida disse da minha cama.

Meu coração gelou e eu olhei para trás, encarando os profundos olhos de Damen.