- Você não pode fazer isso! - gritei, batendo nas costas de Ned o mais forte que podia.

Os dez minutos que se sucederam meu beijo com Damen foram os piores daquele dia. Ned deixou Damen inconsciente na rua, gemendo enquanto eu gritava para ele parar de espancar Damen. As pessoas que moravam por ali não pareciam ouvir nada e nem ao menos vieram ver o que estava acontecendo na rua. Então, tão rápido quanto apareceu durante o beijo, Ned se virou abruptamente para mim e eu juro que temi  que ele fizesse o mesmo comigo.

Mas ele apenas me virou em seu ombro e começou a me levar para um lugar desconhecido por mim. E aquilo me deixou com muita raiva. Quem Ned pensa que é? Ele parou de ficar comigo, então do nada, sumiu e nunca mais apareceu, e agora quer voltar e me levar para onde ele quiser? Ele não pode fazer isso.

- Fique quieta, Valerie. Ainda não esqueci o que você fez. - ele disse entre dentes.

- Não, fique quieto você! Essa é a minha vida e eu faço o que quiser com ela! Você me deixou até onde eu me lembre e isso faz com que eu possa sair com quem quiser! - gritei, batendo com mais força em suas costas, balançando meus pés no ar.

Ned parou e segundos depois, ele estava me colocando dentro de um carro. Lutei com ele, tentando sair do carro, mas ele parecia tão maior que eu! Depois de me prender com o cinto de segurança e trancar a porta do carro, Ned deu a volta e entrou no banco do motorista. Cruzei os braços em frente do peito.

- Aonde você vai me levar? Me deixe sair desse carro!

- Você não vai a lugar nenhum que não sua casa. - Ned respondeu, ligando o carro.

Sua mandíbula estava travada e ele apertava o volante com muita força.

- Porque está com tanta raiva, afinal de contas? - gritei - Você não liga para mim, se lembra? Você me deixou em casa, apodrecendo sem você e não apareceu nem para dizer oi! Agora quer me sequestrar? Quem você pensa que é Ned?

Ele parou o carro e então se virou para mim.

- Porque está fazendo isso?

- Porque você me deixou! Porque minha vida é uma merda sem você! - gritei, balançando os braços com raiva.

Lágrimas de raiva caíam dos meus olhos. Raiva porque eu estava falando isso para ele. Raiva por eu não dar um tapa nele e sair desse maltido carro. Raiva pelo meu coração bater tão rápido só por ele estar tão perto de mim.

- Eu não te deixei, Val. - ele disse, estremamente calmo.

- Sim, você me deixou! Me deixou quando desapareceu de casa naquele dia. Me deixou cair naquele sonho! Eu te odeio!

Não adiantava gritar que o odiava. Ele sabia que não era o que acontecia. Ele sabia que eu sempre iria o amar. Porque a verdade era, que eu estava apaixonada por Ned, que eu sempre estaria amarrada a ele por isso.

- Eu deveria te odiar. Deus, seria tão mais fácil se eu apenas te odiasse! - gritei desolada.

Estava acabada, nada me sobrara. Eu precisava de Ned comigo. Coloquei minhas mãos na cabeça, cobrindo os olhos e apoiei a cabeça no porta luvas do carro, chorando tanto quanto chorava todas as noites em minha cama.

- Eu estava melhor. Eu estava aceitando. - falei para mim mesma em meio a soluços - Porque você apareceu? Porque não me deixa em paz?

- Porque eu não posso. - a voz de Ned disse em meu ouvido.

Virei minha cabeça de encontro a sua voz e me encontrei perto dele. Tão perto dele. Levei minhas mãos ao seu pescoço e o agarrei com todas as minhas forças. Ele não podia ir. Ele não podia me deixar outra vez.

- Não me deixe. Por favor, fique comigo. - sussurrei taço baixo que era possível ele nem ter ouvido.

- Não vou te deixar, Val. Eu não posso te deixar. Eu não quero te deixar. - ele respondeu, colocando seus braços envolta de mim.