No momento em que Kayla disse aquilo, eu fiquei realmente confusa. Olhei para Ned, apenas me certificar que ele estava ali, e não só estava ali, como estava tão branco como uma boneca de porcelana.

– Como assim não tem ninguém aqui? - perguntei a Kayla.

– Você também tem amigos imaginários? - ela perguntou, seu rosto ficando com um ar de superior - Andy também tem amigos imaginários. Mamãe disse que só crianças tem amigos imaginários e eu nem tenho um.

Olhei firme para aquele rosto coberto por fios loiros rebeldes e uma touca rosa escapando em cima, formando algo parecido com o gorro do Pateta e soube que ela estava falando sério. Ela não podia ver Ned. Olhei para Ned e vi que ele ainda estava ali, respirando forte e engolindo toda hora, como se tivesse um nó em sua garganta.

– Você não pode mesmo vê-lo? - perguntei olhando Kayla novamente.

– Val, ninguém pode ver seus amigos imaginários. - ela disse como se fosse alguém de trinta anos, ao invés de cinco.

E então era eu que estava tentando engolir um nó na minha garganta.

– Bem, eu queria perguntar se você não quer ir brincar comigo e com Sammy no jardim. - Kayla perguntou inocente.

– Não. - respondi me deitando na cama, tentando igonarar Ned do meu lado.

– Tudo bem! - ela exclamou, saindo do sótão e fechando a entrada atrás dela.

– Valerie, eu... - Ned começou, mas eu apenas afastei seu rosto de perto de mim, empurrando-o para longe.

– O que está acontecendo?

– Não posso te falar. Sinto muito.

O pior é que havia realmente dor em sua voz. Eu me virei para encará-lo, mas ele já tinha ido. Me deixando sozinha, com a cabeça latejando de confusão.