A primeira coisa que eu senti quando acordei no dia seguinte foi trsitesa. Tristesa porque eu sabia que não veria Ned hoje, nem provavelmente nunca mais. E em seguida, eu senti raiva. Raiva por ele não ter me contado o que estava acontecendo, raiva por estar apaixonada por um idiota que não existe.

Porque, se Kayla não pode vê-lo, quem pode além de mim? Como eu vou apresentá-lo para meus pais, ou ir no cinema com ele, ou fazer qualquer coisa de casal normal com ele, sem que as pessoas achem que eu estou louca?

Levantei da minha cama batendo os pés, peguei minha bolsa, uma muda de roupas e minha tolha, saindo do meu quarto e indo até o banheiro ainda com raiva. Entrei no banheiro e bati a porta com força.

Eu sei que ninguém que mora nessa casa tem culpa, mas eu estava com raiva, e ia descontar isso em qualquer um. Se não podia falar com Ned, não ia falar direito com ninguém. Amanhã era natal, e eu ia passá-lo no meu quarto, dormindo ou resmungando palavrões.

Entrei no chuveiro e me senti relaxar. Depois de dez minutos, a água desligou. Preciso dizer que fiquei com raiva da maldita economia de água do maldito chuveiro? Sem paciência, saí do chuveiro e me sequei, colocando minhas calças jeans a camiseta que tinha trazido e penteei meu cabelo.

Juntei minhas coisas socando-as dentro da bolsa e saí do banheiro, dando de cara com Kayla de boca aberta.

– O que foi? - perguntei com raiva passando por ela.

– Você está com raiva? - ela perguntou com cara de inocente.

Inocente, de inocente essa garoto do demônio não tem nada.

– Não. - respondi abrindo as escadas para o porão e subindo elas batendo os pés e depois fechando a "porta" com um puxão.

Joguei minhas coisas em um canto e estendi a toalha molhada numa cadeira que sustentava a televisão.

Me joguei na cama e me forcei a ter raiva de Ned. Mas eu não conseguia.

Não sei quantos minutos passaram, mas eu já estava quase dormindo quando ouvi algo sendo jogado na minha janela. Tentei ignorar, mas ele voltou. E de novo. E de novo.

Com raiva eu abri a pequena janela e dei de cara com Paul sorrindo no nosso jardin. Seu sorriso diminuiu quando ele viu minha cara feia.

– O que aconteceu? Porque está chorando? - ele perguntou parecendo preocupado.