Strange Kind Of Attitude escrita por Katie Anderson


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Tá enorme, e sei :x



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182072/chapter/6

Capítulo 6

            – CHRISTOFER! – Gritei, indo abraçá-lo. Ele riu. – O que você faz aqui? Achei que só chegava amanhã!

            – Queria te fazer uma surpresa.

            Awn, isso era tão Christofer! Espera, acabei de me tocar de uma coisa:

            – Chris, porque você esta aqui? Quero dizer, como você entrou na minha casa?

            Ele hesitou.

            – Emily, você precisa ser mais criativa. Você deixa a chave embaixo do tapete. Qualquer um pode entrar na sua casa.

            Corei. Ele tinha razão.

            – Então, está ficando em algum hotel aqui perto? – Perguntei.

            – Na verdade não, cheguei há pouco tempo e vim direto pra cá. – Segui seu olhar e vi as malas perto do meu closet. – Mas, se for algum incômodo pra você...

            Já sei onde isso vai chegar.

            – Claro que você pode ficar aqui, Chris. – Disse, amigavelmente.

            Ele agradeceu e levou as malas para o quarto de hóspedes.

            De certa forma vai ser bom Drew passar um tempo aqui. Precisamos de músicas novas para podermos gravar um novo álbum. Ele pode me ajudar a compor. Mesmo tendo estilos diferentes, as letras do Chris são ótimas.

            – Onde eu coloco isso? – Ele entrou carregando as minhas malas. TODAS elas. Nós íamos pra turnê com poucas, mas sempre voltávamos com muitas, muitas malas. Pobre Chris.

            – Ali, por favor. – Apontei para o lado do meu espelho.

– E aí, como foi a turnê? – Ele perguntou, sentando-se numa cadeira ao meu lado.

            – Ótima, como sempre! Mas dessa vez tivemos algumas surpresas. Você soube da nossa turnê mundial?

            – Ah, meu empresário comentou. – Ele sorriu. – Parabéns, Em, vocês merecem. – Sorri de volta, agradecida.

            – Mais duas bandas vão nos acompanhar... – Comecei. – A The Maine... e a All Time Low. – Falei rapidamente, enquanto encarava o Chris, receosa, esperando uma reação.

            – The Maine! Aqueles caras são insanos, uma vez... – Ele parou. – All Time Low? O Gaskarth vai com você? – Finalmente ele percebeu. E não estava com uma expressão muito boa.

            Não é que os dois se odeiem, nem nada. O Chris só não gosta muito do Alex, provavelmente porque conhece a nossa história toda. As meninas insistem que o meu melhor amigo nutre uma quedinha por mim, e por isso tem ciúmes do Alex. Mas é claro que isso não é verdade. O Chris é como um irmão pra mim, nós nos damos muito bem.

            – Pois é... – Respondi à pergunta dele. – O vocalista não pode ficar né? O Jack já não canta muito bem, você sabe. – Ri. – E o Zack fica só no backin’... – Tentei desviar do assunto, mas fui interrompida.

            – Emily, você tem certeza que isso vai dar certo? Quer dizer, aquele idiota com certeza vai tentar te fazer perdoar tudo o que ele fez. E, como sempre, você vai acabar caído na conversa dele. – Agora a voz naturalmente calma do Chris estava um pouco alterada.

            – Me desculpa, mas caso você não tenha percebido, eu já sou bem grandinha, sei muito bem me cuidar. Você acha que é só o Alex jogar uma conversa no meu ouvido que eu volto correndo pra ele?

            – É! – O quê? Olha a imagem que os meus amigos têm de mim! Se bem que, é verdade, eu tenho uma certa facilidade pra cair na conversa dos outros. Mas é o Alex! Eu o conheço bem demais. Conheço o discurso dele. E eu, definitivamente, ainda não esqueci o que ele fez.

            Se bem que, se o Chris soubesse aonde eu acordei há dois dias...

            – É o Alex, Chris, não o Logan. – Eu e o Logan Lerman (o ator, sabe?) tivemos um casinho breve há mais ou menos um ano e meio. Só digo uma coisa: atores são bons em enrolar os outros. Eles são pagos pra isso, aliás. – Confie um pouco mais em mim.

            – Hm. Talvez. – Ele resmungou, ainda não convencido com o meu argumento. – Quer sair pra jantar? – Finalmente mudou de assunto.

            – Own, Chris! – Reclamei. – Eu estou tão cansada da turnê! – Ele revirou os olhos.

            – Tudo bem, eu posso preparar uma lasanha pra você. – O Christofer sabe cozinhar? OBA!

            – Mas e os...

            – Ingredientes? Eu cuido disso. – Ele deu uma pequena piscadela acompanhada de um sorriso galanteador, e eu ri. – Anda, vai dormir, que eu não gosto de gente com sono. – Fiz cara de ofendida, enquanto ele me empurrava em direção à cama. – Quando ficar pronto eu te chamo.

            – Obrigada. – Murmurei, sorrindo, e cai na cama, pronta para dormir como se não houvesse amanhã.

Os dias seguintes correram tranquilamente. Acordava e o Chris sempre fazia o café, o que significava que eu tinha panquecas quase toda manhã. O que era ótimo, já que o Chris cozinha muito bem, e se dependesse de mim eu teria de dar uma de Jenn e comer miojo pela manhã. Mas também era péssimo, porque eu ia acabar engordando com toda aquela massa, então eu tive que dobrar minha rotina diária de exercícios. Não, é claro que eu não deixei de comer as panquecas.

            Estava eu, o Drew e a Jenn almoçando quando recebi uma ligação. A ligação.

            – Alô? – Perguntei, sem reconhecer o número.

            – Emily? – Disse uma voz masculina, que reconheci de imediato.

            – Oi, Alex. – Respondi seca.

            – Ah, oi. Pegue um avião até Baltimore. Seu vestido está aqui. – Ele está louco? Devo estar com uma expressão estranha, pois meus dois amigos à mesa me encaravam.

            – Alex, eu não vou atravessar os Estados Unidos pra pegar um...

            – JACK! – Fui interrompida. – Eu já falei pra você não ficar pulando pela MINHA casa enquanto joga essa porcaria de Guitar Hero! Jack não... – Ouço um estrondo de coisa quebrando. – PORRA, eu gostava dessa mesa! – Sorri. Estou devendo uma ao Jack. – Oi, Em! – Uma nova voz falou. – O Alex não pode falar agora. Acabei de quebrar a mesa dele.

            – Oi, Jack. – Revirei os olhos, enquanto a Jenn arrancava o celular da minha mão.

            – HEY, Jack! – Ela falou, sorrindo.  – Pois é, a camisa está com ela, sim. Ah, o Alex encontrou o vestido? O que você tinha dito sobre a suíte estar trancada naquele dia, mesmo? – Ela disse, me mandando um olhar irônico, e ficou um instante em silêncio enquanto ouvia o  Jack do outro lado da linha. Então sua expressão mudou. – Você O QUÊ? Céus, Jack, você tem mesmo um péssimo gosto. Exceto para melhores amigas, é claro. É claro que não! Olha só como ela se veste. Olha só o que ela canta! Só porque... Ah, oi Alex. – Agora foi a minha vez de pegar o telefone dela.

            – Venha para Los Angeles. Sua camisa está aqui. – Falei, imitando o tom que ele tinha usado comigo. – A favorita, a propósito. – Complementei. Ele bufou.

            – Eu não vou pra LA!

            – E eu não vou pra Baltimore.

            Silêncio. Notei que o Chris me encarava com uma expressão bem confusa. Com certeza vai me pedir explicações assim que desligar. Droga.

            – Será que você vai sempre dificultar as coisas pra mim? – Alex perguntou, irritado.

            – Me parece uma boa ideia. – Sorri.

            – Em, por favor...

            – Alex. – O interrompi. – Eu já disse. Eu não vou atravessar os EUA pra pegar um vestido.

            – É claro que vai.

            – É claro que não.

            Novo silêncio.

            – Então ótimo! Se ainda quiser seu vestido, ele custará 50 dólares no e-bay! – E simplesmente desligou, me deixando apenas encarando o iPhone.

            – Alex Gaskarth, eu te odeio. – Murmurei para o celular. Quando olhei para a Jenn, ela estava com uma das sobrancelhas levantadas.

            – Emily, eu não vou falar duas vezes. Você. Vai. Buscar. O vestido.

            Olhei para o Chris, que continuava com uma expressão no mínimo confusa.

            – Hã... Alguém pode me explicar porque o Alex está com o vestido da Em, que está com a camisa dele?

            – A favorita. – Jenn falou, como se isso importasse.

            – O quê?

            – Ela está com a camisa favorita dele. – Ela explicou para o Christofer, que revirou os olhos.

            – Que seja. – Ele disse. A Jennifer não tirava os olhos de mim, claramente estava pensando: “Você não contou ao Chris daquela noite?”

            – Pois é, Chris. Eu disse que a turnê foi meio louca. – Então comecei a dizer o que aconteceu, omitindo a parte da tequila em diante.

            – E, por alguma razão, ele está com o seu vestido. – Ele respondeu após uma breve hesitação, meio irônico, mas incrédulo. – Fala logo Emily, você dormiu com ele ou não?

            Ops.

            – Essa não é a questão! – Jennifer o interrompeu. – Eu GOSTO daquele vestido. Você vai buscá-lo.

            – Jenn, é Baltimore. Estamos em LA.

            – Você tem DOIS MESES livres. E sabe-se lá o que o Alex pode fazer com esse vestido. – Ela parecia preocupada.

            – Ele disse que ia vendê-lo por 50 dólares no e-bay. – Falei, encarando meu prato.

            – 50 DÓLARES? – Indignou–se. – Ele custou mais de U$200! – Ela se virou pro Christofer, já se levantando. – Chris, paga a conta que nós estamos indo para o aeroporto. AGORA.

            Ele apenas assentiu, ainda sem entender direito o que se passava ali. Ai meu Deus, o que eu tinha feito?

Não fomos direto ao aeroporto. Tivemos que passar em casa pra pegar algumas roupas extras, “caso eu esqueça mais alguma coisa lá”. Ideia da Jenn, é claro. Eu não vou esquecer nada lá. Nem mesmo vou ficar muito tempo lá.

            Depois disso fomos pra o aeroporto. A Jenn tem muito que agradecer, estou fazendo isso mais por ela do que por mim mesma.

            – Passageiros do voo 1759, com destino a Baltimore, por favor compareçam ao portão de embarque. – Soou aquela voz irritante nos alto-falantes.

            – Vá. – Disse Jennifer, me dando um abraço.

            – Nos vemos em dois dias, Em. – Chris me abraçou, sorrindo. Parecia um pouco chateado com isso tudo. Eu acabei de chegar e já estou viajando de novo.

            – Jenn. – Puxei-a pra perto e disse em seu ouvido, de modo que o Chris não ouvisse. – Fica na minha casa por esses dias, para impedir que o Drew a destrua.

            – Eu não acho que o Chris faria isso, mas tudo bem. – Ela concordou, rindo. Com isso, entrei no portão para embarcar. Seriam dois dias muito longos.

O desembarque foi rápido. Como eu tinha levado apenas bagagem de mão, não tive que esperar a mala na esteira, como todas as outras pessoas.

            Era besteira pensar que alguém estaria me esperando no aeroporto. E quando eu digo alguém, eu quero dizer... Bem, você sabe.

            – Taxi! – Chamei, sendo logo atendida. O sol estava forte, e, procurando não ser reconhecida, estava quase derretendo com um suéter e óculos enormes. Muita gente me conhece pelo meu cabelo, por isso também usava um chapéu. Onde eu estava com a cabeça quando pintei o cabelo de vermelho? É claro que eu nunca mencionei isso nas entrevistas. O meu cabelo e o da Jenn são tão naturais quanto os peitos da Annie (só a banda e a Hillary sabem do silicone).

            Enfim, estremeci ao parar na frente daquela enorme casa amarela, a qual eu não entrava há meses. Os empregados me conheciam, então foi fácil passar pelos portões. Agora só faltava a coragem de passar pela porta.

De dentro da casa vinha um barulho de bateria. Provavelmente o Rian estava em casa.

Ding-Dong.

Ding-Dong.

DING-DONG. Será que tá difícil de alguém vir atender essa porta?

– Já to indo! – Finalmente grita o Jack. Ao que parece, ele ainda está aqui. Ele abre a porta, e parece realmente surpreso ao me ver.

– Cadê o Alex? Ou melhor, cadê meu vestido? – Pergunto diretamente. Pretendo passar o menor tempo possível aqui.

– Hm, Emily! Você veio. – Ele parecia meio tenso.

– Pois é. Agradeça à sua amiga, que praticamente me obrigou a vir. Agora chama logo o Alex. – Acho que o Jack percebeu que eu não estava exatamente de bom humor.

– Então, Em... Na verdade...

– Quem era Jack? – Uma voz interrompeu lá de dentro. – Dá pra... EMILY? – Rian olhou de mim pro Jack. – O que você está fazendo aqui?

– Céus, vocês dois estão ficando a cada dia mais idiotas. – Falei, passando por eles, entrando, e encontrando uma casa no mínimo bagunçada. Os móveis estavam afastados, provavelmente pra o Jack ter mais espaço pra jogar o vídeo game. O chão estava coberto de pacotes de salgadinhos e latas de refrigerante, ambos vazios. Numa sala ao lado, eu podia ver a bateria que o Rian provavelmente estava tocando. Não duvido nada que daqui a pouco aquelas paredes caiam, tamanho o barulho daquela coisa.

O estranho era que, pelo menos até onde eu me lembro, o Alex estava sempre tentando manter a ordem na sua própria casa. Ele nunca deixava o Rian tocar bateria a essa hora, por exemplo. Apenas uma hora por dia, e no início da tarde. E ele odiava quando o chão ficava todo coberto de lixo. Para a casa estar daquele jeito só existiam duas explicações. Ou o Alex, estranhamente, passou a permitir tudo isso em casa, ou...

Ah, não. Por favor, não.

– JACK. – Me virei para ele, o fitando. Ele tinha uma expressão receosa. – Cadê. O Alex? – Perguntei devagar. Por favor, por favor...

– Bem... – Ele levantou os ombros, como se não pudesse fazer nada a respeito.

– Por favor, me diga que o Alex está aqui.

Olhei pro Jack, que encarava o chão, e então pro Rian, que fingia estar prestando atenção nas baquetas que ele segurava.

– Falem alguma coisa! – Bati o pé, como sempre faço quando estou frustrada. Jack levantou os olhos para mim.

– Bem, Emily... – Ele deu uma rápida olhada no relógio em seu pulso. – A essa hora, ele deve estar saindo do aeroporto. – Arregalo os olhos, e ele completa: – Em LA.

Jack me encarava, em expectativa. Provavelmente estava esperando uma reação no mínimo barulhenta, me conhecendo do jeito que ele conhece. Mas eu não conseguia pensar em nada, a não ser...

Mas. Que. Merda.

ALEX’S POV

            Fim de maio, calor infernal em LA. Nem preciso dizer que estou arrependido de ter vindo com essa porcaria de casaco.

            A essa hora do dia foi até fácil conseguir um táxi. Ela mora longe do aeroporto, fora quase meia hora até chegar à casa.

            Toquei a campainha. Vamos logo acabar com isso.

            O Jack e o Rian me pagam. Eu já estou planejando minha vingança, aliás.

Logo que eu desliguei o telefone na cara da Em, me joguei no sofá, cansado. Olhei para o lado e vi o Jack concentrado no vídeo game, com os pedaços da minha mesa ao fundo. O filho da mãe pensa que jogar Guitar Hero é como estar num show. Mas ele esquece que, num palco, ele tem espaço pra pular feito um imbecil. Na minha casa, não. Obviamente, o obriguei a, pelo menos, trocar de jogo. E comprar uma mesa nova, é claro.

            – Eu achei que você gostava dela. – Ele diz, ainda vidrado na TV, fazendo minha atenção se voltar para ele.

            – O quê? Mas eu gosto! Ou pelo menos acho que sim.

            – E vai colocar o vestido dela pra vender no e-bay? – Rian se intromete, com um tom sarcástico.

            – É claro que não. Eu não pretendo fazer isso de verdade.

            – Você pareceu bem decidido. – Agora Jack estava em pé, indo de um lado pro outro feito um retardado, de acordo com as curvas que o carro fazia na tela. – Não... Caralho! Vai, vai... ISSO! – Ele sorriu. – Quem é o campeão? Quem é o campeão? – Começou a cantar como se tivesse 10 anos de idade, fazendo uma dancinha pra acompanhar. Após alguns comentários do quão gay ele parecia, se limitou a pegar uma lata de Coca, abrir, e voltar a se sentar, me encarando enquanto tomava o refrigerante. – A essa altura a Jenn deve estar desesperada. – Revirei os olhos.

            – Vocês sabem como a Emily me tira do sério. Ela se recusa a vir buscar aquela porcaria de vestido! E eu não vou cruzar o país por causa de uma camisa!

            – É a sua favorita. – Rian faz questão de frisar, e ficamos em silêncio por um tempo. – De qualquer jeito, a Em deve estar furiosa com você. Talvez ela coloque fogo na camisa.

            – Ou corte ela toda com uma tesoura. – Diz Jack.

            – Ou a use como pano de chão. – Rian.

            – Ou...

            – CHEGA! Vocês não estão ajudando. – Rian finge estar confuso.

            – Jack, você queria ajudar o Gaskarth?

            – Não. Você queria Rian?

            – Não. – Os dois me olham irônicos. – Alex, vá até a Emily. Quem sabe vocês não se resolvem?

            Tive que rir com essa.

            – Rian, a Em me odeia.

            – Com razão, aliás. – Jack fala, distraído, e nós dois o encaramos. – O quê? – Ele diz, fazendo Rian revirar os olhos.

            – Que seja. Mas você deveria tentar. As mulheres gostam quando nos esforçamos por elas, sabe.

            – É verdade. Quanto maior o esforço, melhor. – O outro completa.

            – Isso. – Rian se senta olhando pro nada. Depois de um tempo Jack murmura:

            – Mulheres más.

            Então ficamos em silêncio pensando no assunto.

E agora aqui estou eu. Nesse calor. Gastando uma fortuna com passagens e táxi. Por causa de um vestido.

            Eu odeio Rian e Jack.

Ding–Dong.

            – Já vai! – Gritou uma voz feminina. Devia ser a Jennifer. – Alguém viu a chave?

            – Você não tem uma cópia? – Disse uma voz masculina, para o meu espanto.

            – Ah, é mesmo. Tinha esquecido disso. Espero não ter deixado na outra... ACHEI! – Esquisito a Jennifer estar procurando pela chave. Pelo que eu me lembro a Emily sempre a deixa no porta-chaves da cozinha.

            Finalmente, a porta abriu.

            – Oi, quem... – A expressão da Jenn mudou ao me ver. – Alex? O que faz aqui?

            – Você ainda pergunta? – Disse, já entrando. Estranho. Estava tudo arrumado demais. A Emily fica louca quando tudo está muito certinho, por isso vive mudando as coisas de lugar. – Cadê a Emily? – Perguntei desconfiado.

            A Jenn permanecia em silêncio, ainda perplexa.

            – Então, quem era na...

            Ah, não.

            – O que ele faz aqui? – Perguntamos praticamente ao mesmo tempo.

            – Alex, porque não se senta enquanto eu e o Christofer pegamos alguma coisa para beber? – Ela apontou para o sofá. – Precisamos conversar. – Ela disse, enquanto arrastava o cara até a cozinha.

            Andei até o sofá e me sentei, revirando os olhos. Porque nós precisamos conversar, afinal? Eu só quero deixar a porcaria do vestido e pegar a minha camisa, droga. Aliás, o que aquele cara está fazendo aqui? E cadê a Emily?

            Alguns minutos depois, Jennifer estava de volta com um copo de água na mão. Ela parecia extremamente preocupada, preciso dizer.

            – Gaskarth. – O cara a minha frente disse, quebrando o silêncio.

            – Drew. – Respondi no mesmo tom.

            Jennifer pigarreou.

            – Ok. A conversa tá boa, mas cadê a Emily? Eu preciso mesmo... – Não, Moore, não me venha com esse olhar. – Ah, não, ela saiu? Será que ela vai demorar, porque eu estou meio sem tempo... – Ei, a Jenn continua com essa cara e... é impressão minha ou o Drew está tentando prender o riso? Será que... DROGA. – Me diga que a Em está tomando banho, no supermercado, visitando órfãos carentes, qualquer coisa. POR FAVOR, não diga que eu peguei um avião até aqui à toa.

            – Hm, não foi à toa! Los Angeles é uma cidade linda, têm ótimas praias e... – Jenn começou a dizer.

            – ELA FOI PRA BALTIMORE? – Eu estava bem confuso. E irritado. – Ela disse que não ia!

            – Isso foi antes de você ameaçar colocar o vestido no e-bay. – Jennifer respondeu com desgosto.

            Essa foi realmente uma péssima ideia. Devia ter ficado com a boca fechada.

            – Mas que MERDA! Porque ela não me avisou? Cara, o novo álbum está pra lançar e eu aqui em LA. E o JACK! Ele vai destruir a minha casa! Tudo culpa da...

            – Não Gaskarth. Você é que é idiota e estragou tudo. Não ouse colocar a culpa na Emily. – Christofer me interrompeu, me deixando ainda mais irritado.

            – Olha como fala comigo, Drew. Idiota é a sua...

            – PAREM! – Jennifer gritou, antes mesmo de começarmos, nos fazendo olhar pra ela. Mulheres. – Será que vocês podiam ao menos ficar quietos enquanto eu tento falar com a Em? – Ela estava com o celular na mão, provavelmente discando o número.

            Era só o que me faltava.

            – Alô, Em? Pois é, eu sei. Temos um problema. Não, mas... Sim ele está aqui e... – Tirei o telefone da Jennifer. Estava sem paciência pra ouvir a conversa pela metade.

            – O que você faz em Baltimore, Turner?

            – Eu é que te pergunto, Alexander. – Ela respondeu. – O que você faz em Los Angeles?

            – Você tinha deixado claro que não ia atravessar o país por um vestido.

            – Isso foi antes de você ameaçar colocá-lo no e-bay!

            – EU DISSE QUE NÃO ERA UMA BOA IDEIA! – Jack gritou, provavelmente perto da Emily.

            – O Jack está dizendo que...

            – EU OUVI!

            – NÃO PRECISA GRITAR, CARAMBA! – Gritou, me fazendo tirar o telefone do ouvido. – Jack, quer parar de jogar essas coisas no chão? Eu acho que o Alex não vai gostar muito... Ah, dane-se.

            Ai meu Deus. O que eu tinha na cabeça ao deixar Jack ficar na minha casa?

            – Jack é um guitarrista morto. – Murmurei, baixo. Jenn e Drew me olharam, mas eu decidi ignorar. – Quer saber? Vou deixar a droga do vestido aqui e ir embora. Foi besteira ter vindo de qualquer jeito.

            – Ótimo. – Por incrível que pareça, ela concordou comigo. – Avise a Jenn que eu ligo assim que chegar no aeroporto. – E desligou.

            Ao tirar o telefone do ouvido, vi que o Drew e a Jenn ainda me olhavam, estupefatos.

            – Então?

            – Estou indo. – Falei, e Christofer murmurou algo em concordância. Como eu odeio esse cara. – Emily disse que liga assim que chegar ao aeroporto.

            Jennifer concordou.

            – O vestido. – Ela estendeu a mão.

            Abri a mala e puxei uma coisa cuidadosamente dobrada.

            – Aqui. – Entreguei.

            Ela arregalou os olhos.

            – ALEX! O que você fez? Está TODO amassado! Ai, meu Deus, vai dar tanto trabalho pra... – O quê? Pra mim ele estava muito bem dobrado.

            Ela sumiu no corredor, em busca de algo para provavelmente passar o vestido. Se bem que, analisando onde ele esteve, eu aconselharia lavá-lo. BEM lavado.

            – Então... é melhor eu ir embora de uma vez. – Agora estava apenas eu e o Drew no mesmo ambiente. Nem preciso dizer todos os pensamentos assassinos que invadiram a minha cabeça naquele momento.

            – Eu não sei o que você fez com ela nessa turnê, e nem quero saber. – Ele começou, e eu levantei uma sobrancelha. – Mas saiba que se você magoá-la MAIS UMA VEZ nessa turnê mundial, eu faço questão de ir até a Europa pessoalmente dar um jeito nisso. – Disse, usando um tom ameaçador.

            Ah, claro. Porque eu morro de medo do Christofer Drew.

            Como eu ansiava sair dali o mais cedo possível, fiquei calado. Quanto menos tempo passasse com ele melhor.

            Graças às circunstâncias, tive que gastar mais uma fortuna com outro táxi, que seguia em direção ao aeroporto.

EMILY’S POV

            Pois é, né. Você atravessa o país por um vestido idiota, e, quando chega, ele nem sequer está lá. É a vida.

            E por mais antipatizada que eu esteja com o Alex, adoro o Jack. Mesmo que existam alguns climas tensos, de vez em quando.

            – Ah, Em, você já vai? – Ele perguntou, fazendo manha.

            – Tenho que ir, Jack. A gente está de férias, mas ainda temos muito trabalho. Nós ainda vamos nos ver MUITO na turnê.

            Me despedi dele e do Rian, e saí.

            Senti um pouco de pena do Alex. Até ele voltar pra casa, Jack já teria destruído metade dos móveis. O deixei jogando Guitar Hero, então...

            – Alô, Zack?

            – Emily? Em? É você? – Ele se surpreendeu. – Quanto tempo!

            – Você está em Baltimore?

            – Estou, sim.

            – Será que você podia dar uma passada na casa do Alex?

            – Sim, mas por quê?

            – Ele está em Los Angeles, e o Jack está sozinho com o Rian, jogando Guitar Hero...

            – Entendi. Vou tentar impedir a destruição total da casa dele. Mas... Ele está em LA? Onde você está?

            – Nesse momento? Em frente à casa dele.

            – Mas eu achei que vocês...

            – Longa história, envolvendo um vestido, uma camisa favorita, e uma provável Jenn furiosa. Mas você pode fazer isso?

            – Claro, estou indo praí.

            – Obrigada, Zack. – Desliguei e peguei um táxi. Quanto antes saísse daqui, melhor.

A chegada do meu vôo estava prevista para as onze da noite. A Jenn disse que o Chris podia ir me buscar, e que o meu vestido estava são e salvo. O que era ótimo, já que a camisa dele se encontrava na mesma situação. Mas na minha mala, é claro.

            – Senhoras e senhores, aqui quem fala é o piloto. Devido ao mau tempo, faremos um pouso de emergência no aeroporto de Tempe, Arizona. Agradeço por sua atenção.

            Mas. Que. Merda. A gente TINHA que parar no meio do caminho.

            A vantagem de ser famosa é não ter que enfrentar filas. A desvantagem é que quando a atendente diz que TODOS os vôos para a Califórnia estavam cancelados você não pode sair por aí gritando um monte de palavrões e surtar.

            Liguei para a Jennifer, para explicar a situação. O aeroporto estava LOTADO, aparentemente todos os vôos das costas leste e oeste resolveram fazer o pouso de emergência no Arizona. O dia fica cada vez melhor. Conseguiram me colocar no embarque, que estava bem menos movimentado. Então Jenn me deu uma ótima ideia:

            – Porque você não liga pra um dos maines? Aposto que eles estão por aí.

            Ela tinha razão. Como o vôo não tinha previsão e eu provavelmente teria que passar a noite ali, preferia estar com alguém, já que o iPhone estava com 10% de bateria e eu não tinha levado nenhum livro.

            – Brock. – Ele disse, ao atender o telefone.

            – Kenny? Você está ocupado?

            – Emily? Oi! – Ele hesitou. – Hm, na verdade não. Por quê? Você precisa de alguma coisa?

            – Estava indo pra LA, mas meu vôo teve que fazer um pouso de emergência aqui no aeroporto de Tempe. Agora eu estou completamente entediada e sozinha.

            – Já estou indo. Mas onde você está?

            – No aeroporto. Dã.

            – Não, idiota. – Ele riu. – Em que parte do aeroporto?

            – Ah, na sala de embarque. – Ri junto. Ele disse que chegaria o mais rápido possível e desligou.

            Pois é, essas coisas. Sempre acontecem comigo.

Já fazia vinte minutos desde a minha última ligação. Eu estava esperando Kennedy sentada numa cadeira, vendo a chuva cair, repleta de relâmpagos, Estranho chover assim tão perto do verão. Principalmente no Arizona.

            – Então, Emily. Parece que a gente sempre se encontra em momentos inoportunos. – Não. Não, não, não! Por favor, alguém me diga que é apenas o sono me possuindo.

            Me virei e vi que era real. Que merda.

            – Alex, eu estou morrendo de dor de cabeça. Será que você poderia me deixar em paz?

            Ele balançou a cabeça, negativamente.

            – Até quando você vai me tratar assim? – Ele perguntou.

            – Não sei. Eu paro quando eu quiser. E não pretendo querer tão cedo.

            – Você age como se não se importasse comigo.

            – Esse é o ponto, Gaskarth. Eu não me importo.

            – Sério? Então por que eu recebi uma ligação do Zack dizendo que você tinha ligado pra ele pra tentar impedir a destruição da minha casa?

            Droga. Zack e sua boca enorme.

            – Zack gosta de exagerar. – Respondi, já não tão confiante, me levantando.

            – Tem certeza, Turner? – Ele também se levantou e começou a se aproximar. – Porque eu acho que você está exagerando agora.

            – Alex eu não acho que...

            – Mais de oito meses. OITO MESES. – Ele me interrompeu, ainda se aproximando. – Alguma hora você vai ter que parar de me tratar com toda essa indiferença.

            Droga, minhas costas agora se encostaram à parede transparente que separa a sala de embarque do resto do aeroporto. E o Alex colocou os braços nas laterais, assim eu não tinha mais aonde ir.

            – Você sabe o que você fez. – Murmurei.

            – Eu já pedi desculpas. Uma, duas, dez, quinze vezes. – Agora ele estava REALMENTE perto. A distância que nos separava era apenas centímetros. Eu estava seriamente pensando em acabar com ela, aposto que ele também, quando fomos interrompidos.

            – Alex, cara! – Gritou Kennedy, atrás de mim, ainda na parte de fora da sala de embarque. Como a parede era de vidro ele via o Alex, mas não me via, já que eu estava de costas. – Não sabia que você estava por aqui. – Ele atravessou a porta da sala. – Eu vim por causa da... Emily? – Finalmente me notou.

            – Oi, Kenny. – Murmurei, enquanto Alex se afastava.

            – Você disse que estava sozinha, então eu pensei... Espera, eu interrompi alguma coisa?

            – Não. – Respondi.

            – Sim. – Alex disse ao mesmo tempo.

            Esses caras da All Time Low têm sérios problemas quando se trata de ficar com a boca fechada.

            Kennedy pareia confuso.

            – Que bom que você chegou, Brock. – Me desvencilhei do Alex, puxando o braço do Kennedy.

            – Emily, você está bem? – Ele perguntou.

            Droga. Porque eu fui nascer sem saber mentir?

            – Eu preciso... ir no banheiro! – Soltei o braço de ambos e saí correndo para o banheiro feminino.

                Acho que talvez pela hora, ou pelas circunstâncias, o banheiro estava vazio. O que era ótimo, por sinal, eu não queria que ninguém me visse da maneira que eu estava. Meu cabelo estava tão horroroso que eu me senti obrigada a prendê-lo num rabo de cavalo. Olheiras? Isso era apenas um eufemismo pra descrever o que tinha abaixo dos meus olhos. Mas aquela não era hora de me preocupar com a aparência. E eu não digo isso só porque eu não tenho nenhuma maquiagem útil na bolsa.

            – Jenn! Por favor, me ajuda! – Disse assim que ouvi o “Alô?” da outra linha.

            – Menina, que desespero é esse? – Ela perguntou.

            – Alex está aqui. – Contei um breve resumo dos acontecimentos recentes. – Cara, eu to ferrada. – Finalizei, ouvindo um minuto de silêncio. Provavelmente a Jenn deve estar pensando em alguma solução pra tudo isso. Ainda bem, porque...

            – Está mesmo. – Ela diz, séria.

            – SE MATA, MOORE! – Gritei, e ouvi um bipbip em resposta.

            Ah, é a bateria do iPhone. Droga.

            – Escuta, nem é tão ruim assim. – Finalmente parece que minha amiga começou a fazer sua função. – Ou você fica com os dois, ou você dispensa o Kennedy, já que o Alex não vai embora, por motivos óbvios. Qual opção você escolhe?

            – Boa pergunta.

            – Em! Decida-se logo, porque já pode acon... – Silêncio.

            – Jenn? – Chamei, sem receber resposta. Olhei para o telefone e vi que a bateria tinha acabado de vez.

            Que maravilha. Eu estava no Arizona, sem celular.

            Ficar no banheiro por mais tempo certamente não iria me ajudar, apesar de ser uma proposta tentadora. Então, voltei, e vi Gaskarth e Brock conversando animadamente. Pensei em dar a volta e ir esperar em outro portão, de preferência BEM longe dali, mas a essa altura eles já deviam ter me visto.

            – Ei, Kennedy, está com seu celular aí? – Perguntei me aproximando.

            – Aqui, por quê? – Ele estendeu o BlackBerry.

            – Obrigada. – Peguei-o da mão dele e voltei ao banheiro, o mais rápido possível, ignorando os chamados indignados do Kennedy.

            – Alô? – Perguntou Jenn novamente.

            – Jenn, sou eu!

            – Kennedy?

            – Não idiota. Emily.

            – Ah. Foi mal. – Ela riu. Cara, eu estou tão ruim assim pra ela confundir minha voz com a do Kennedy? – Eu tinha visto pelo identificador. Por que você está com o celular dele?

            – O meu descarregou.

            – Eu FALEI pra não baixar o jogo do pingüim! Emily, você é tão viciada nesses joguinhos quanto o Barakat. O Barakat. – Menos Jennifer, beeem menos. Eu não conheço ninguém tão viciado em qualquer tipo de jogo quanto o Jack.

            – Dá pra voltar ao assunto, Jenn? Estou presa na sala de embarque com o Brock e o Gaskarth.

            – Não haja como se fosse uma coisa ruim, Em. Vai lá e fica conversando com os dois. Pronto.

            – Jenn, é o ALEX. – Murmurei.

            – Sim, o que aconteceu foi completamente desonesto da parte dele. Quero dizer, e-bay? Mas... Ai! Panela má! – Jennifer cozinhando? Na minha casa?

            Por favor, que ela não esteja só as cinzas quando eu voltar.

            – Não gosto quando o Chris sai e me deixa responsável pelo jantar. – Resmungou. – Nem miojo eu consigo fazer direito. Ou fica mole demais ou...

            – Duro demais. – Completei. – É verdade. Comigo é assim também. Mas você não está se aproveitando do meu Chris não, né Jenn?

            – Seu Chris? É o seu Alex, o seu Chris, daqui a pouco você começa a chamar o Kennedy de baby Ken e cisma que ele é seu também!

            – Você entendeu, Jenn. – Revirei os olhos, rindo. – Mas eu adorei o apelido novo pro Kenny. – Acrescentei.

            – Seu Chris... – Ela murmurou, irônica. – Ah, se ele escuta isso... Com certeza tem um ataque do coração!

            – Ele NÃO é apaixonado por mim, Moore! – Já perdi a conta de quantas vezes eu já disse essa frase.

            – É claro que não. E aquela bolsa da Chanel que a ex do Jack usava era original, obviamente.

            – Jennifer, não seja irônica! – Falei, rindo – E não seja tão cruel com a coitada da ex do Barakat. – A Jenn desconfia que a garota era stripper antes de conhecer o Jack. Eu não duvido nada, na verdade.

            – Ah, fala sério, Em. Eu não vou nem mencionar o tamanho das saias que ela usava.

            – Saias estas que foram responsáveis pelo namoro dos dois, devo dizer. Ou você acha que a primeira coisa que o Jack gostou nela foi o sorriso?

            – OK, o que eu acho é que o Kennedy não vai gostar nem um pouco da conta do telefone quando ela chegar. – Ela riu – Agora volta lá pros garotos e dá um jeito na sua situação.

            Com isso, desliguei.

Estávamos completamente sozinhos na sala de embarque. Exceto por alguns seguranças, é claro. Aliás, nem sei como o Kennedy entrou. Pelo que eu sei, é preciso ter uma passagem para embarcar. Mas, enfim. Estávamos naquele ponto em que o silêncio reinava completamente, tornando o momento totalmente constrangedor. O Alex estava deitado num banco, o Kenny sentado na fileira da frente, e eu deitada com a cabeça no colo dele. Mesmo sentindo sua mão mexendo suavemente em meus cabelos, não consegui dormir.

            – O que há entre você e o Gaskarth, hein Turner? – Kennedy perguntou de repente, quebrando o silêncio.

            Olhei para o lado, pra ter certeza que o Alex dormia.

            Bem, se ele não estava dormindo, fingia muito bem.

            – Não é algo que eu me sinta muito confortável em falar. – Murmurei.

            – Vai, me conta. Ele está dormindo, nem vai ouvir.

            – Kennedy...

            – O quê? Eu tinha ouvido o Garrett falando com a Hillary a respeito quando discutiam sobre a turnê e fiquei curioso! – Hillary fala da minha vida pessoal por aí? Pelas minhas costas?

            Hillary Knight é uma empresária morta.

            Revirei os olhos. Eu tinha medo que se eu negasse novamente ele poderia ir embora e me deixar sem travesseiro. Respirei fundo e comecei a falar, um assunto o qual eu não tocava há muito tempo.

- FLASHBACK ON – (9 meses atrás)

            Acordei na cama do Alex. Chequei o relógio: não era nem dez da manhã. Olhei ao redor e vi que estava sozinha, e minhas roupas estavam espalhadas pelo chão.

            – Droga. – Murmurei pra mim mesma. Não pretendia ser tão fácil. Eu sei que a gente está saindo há mais ou menos um mês, mas ainda queria esperar mais um pouco. Não queria que isso acabasse como meu último namoro.

            Meu estômago roncou e interrompeu meus pensamentos. De alguma maneira eu estava feliz e não me sentia arrependida. Sorridente, desci as escadas (depois de um banho, é claro) em direção à cozinha.

            Me aproximei e ouvi vozes.

            É, uma desvantagem de estar saindo com um músico. Você nunca se verá livre dos integrantes da banda dele.

            – Então, o que você vai preparar de café-da-manhã pra mim? – Ouvi o Jack dizer, relativamente alto.

            – Deixa de ser folgado, homem! – Alex retrucou. – Você invade a minha casa de madrugada e ainda quer que eu cozinhe pra você?

            – São quase dez horas, cara.

            – Madrugada. – Alex repetiu, lentamente, pra ver se enfim ele entendia.

            – Eu estava afim de algo da culinária francesa. – ele continuou, ignorando o Alex.

            – Jack, você vai comer uma meia suada do Rian se não deixar de idiotice.

            – Se a meia for francesa, eu posso até cogitar a ideia. – Jack disse, parecendo pensativo.

            Alex lançou um olhar ameaçador.

            – Eu me contento com torradas. – Jack falou depois de um minuto, aparentemente sendo atingido depois por algumas coisa, devido aos gritos vindos da cozinha. – Vai com calma, porra! Ainda bem que era de plástico, senão vocês teriam que arrumar um novo guitarrista pra banda, já que original teria assassinado pelo vocalista! – Barakat falou indignado, recebendo um “Idiota.” irritado do Alex. – Então, como foi a noite? Você e a Emily... – Ele disse sugestivamente.

            “Você e a Emily”? O que o Jack tem a ver com a gente?

            Me aproximei mais da cozinha, vendo o Alex puxar uma cadeira e sentar.

            – Pois é. Eu e a Emily. – Ele riu idiotamente. – Antes de um mês. Parece que alguém me deve 50 dólares...

            Jack franziu o cenho, triste.

            – Que merda. – Ele puxou a nota da carteira e entregou ao Gaskarth. – 50 pratas. – Ele resmungou.

            Alex pegou calmamente, balançando a cédula com orgulho, e guardou-a.

            50 DÓLARES? Ele dormiu comigo por uma mísera aposta? Por 50 dólares? Filho da puta imbecil!

            – E agora, o que vai fazer? – Jack perguntou e o Alex finalmente me viu.

            – Emily! Bom dia! – Ele tentou me abraçar e eu o empurrei, o encarando.

            – Você apostou uma noite comigo?

            Ele e Jack se entreolharam.

            – Olha, Em, não é bem o que você está... – Ele começou a se explicar.

            – Não me chama de Em. – Disse entre dentes. – 50 dólares? Eu tenho cara de prostituta, por acaso? Barakat, não se atreva a responder! – Falei rápido ao ver o Jack abrir a boca.

            – Não, eu...

            – 50 dólares? O que você acha, que eu sou só mais uma das suas fãs, idiotas e desesperadas?

            Ele apenas olhava para o chão.

            – Quer saber? Foi idiotice da minha parte. VOCÊ é uma idiota.

            Simplesmente saí, batendo a porta, não conseguindo impedir as lágrimas de caírem pelo meu rosto.

FLASHBACK OFF –

            Kennedy permanecia em silêncio.

            – Então, matou a curiosidade? – Perguntei.

            – Me desculpe, eu não achei que seria algo assim. Consigo imaginar isso vindo do Jack, mas não do... Se bem que do jeito que ele se comportava nas Warpeds, até faz sentido. Mas isso já faz tempo, de qualquer maneira. Mas porque você não o perdoa?

            Levantei minha cabeça do colo dele e olhei diretamente em seus olhos.

            – Kennedy, você ouviu alguma coisa do que eu acabei de dizer? – Ele assentiu, confuso. – E ainda espera que eu o desculpe?

            – Ele não pediu desculpas? – Revirei os olhos.

            – Claro que pediu! Um zilhão de vezes. Mas quem garante que não é só mais uma aposta infantil? “Quanto tempo a Em leva pra perdoar a burrada do Alex?” – Fiz aspas com os dedos, enquanto o Kennedy me encarava, começando a ficar impaciente.

            – Deixa de ser idiota, Emily. E o Jack? Também estava no meio disso tudo e está tudo bem entre vocês hoje.

            – É, mas isso foi tão... Jack. Você sabe como ele é. E a Jennifer estava dividindo a casa comigo. Então, se eu não perdoasse o Barakat, provavelmente perderia uma guitarrista. Além disso, ela é minha melhor amiga, sabe, usou os argumentos certos comigo.

            – Mesmo assim. Alex tem se comportado melhor ultimamente. Dê uma chance à ele.

            Me deitei novamente em seu colo, mas dessa vez mais cansada.

            – É, quem sabe. – Ele sorriu.

            – Agora durma, Em. Seu vôo é só amanhã, você precisa descansar.

            Com isso, fechei meus olhos, extremamente pensativa e exausta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu amo o Kennedy. Sei lá, só quis dizer isso :p



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Strange Kind Of Attitude" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.