Strange Kind Of Attitude escrita por Katie Anderson


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

O melhor capítulo até agora (minha opinião)



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Capítulo 7

            Acordei e a luz do sol incomodava meus olhos. Vi que o Alex já havia saído, uma das coisas que me motivou a levantar. A aeromoça disse que o meu vôo saía em meia hora, então era melhor eu me apressar. Mas não entrei no avião antes de dizer:

            – Kennedy. NINGUÉM pode ficar sabendo disso.

            – Ninguém vai ficar sabendo disso. – Ele repetiu, me tranqüilizando.

            Não que eu tivesse contado para alguém. Quero dizer, não pra muita gente.

            Bem, a história em si só quem sabe mesmo são as garotas, a All Time Low e agora o Kennedy. Eu realmente espero que o Garrett não faça parte desse grupo.

            O resto do mundo acha que entre mim e o Alex rolou apenas um “affair” rápido. Pois é, é assim que as coisas são quando se é famosa.

Cheguei em casa e quase matei a Jenn. Estava tudo no lugar. E quando eu digo tudo, quero dizer TUDO mesmo. Não tinha ninguém em casa, então eu tive que deixar as coisas à minha maneira sozinha. Irônico pensar que enquanto eu estou bagunçando a minha casa, o Alex deve estar pirando ao arrumar a dele.

            Argh, lá vem o Gaskarth de novo, embaralhando minhas idéias.

            Como de costume, meu estômago interrompeu meu raciocínio. Que raiva, o Christofer sai e não deixa nada pra eu comer.

            Abri o freezer, esperançosa, e encontrei uma caixa de pizza congelada, de calabresa e marguerita. Não eram meus sabores preferidos, mas eu estava faminta. E também não é muito comum da minha parte comer pizza no almoço, mas meu estômago não precisa saber se é dia ou noite.

            Finalmente me lembrei de colocar o celular pra carregar, e assim que o fiz, vi que a Hillary tinha me mandado uma mensagem:

            “Cadê você que não atende o telefone? Precisamos conversar urgentemente. Me encontre no Santa Mônica Píer às duas. Sem falta e SEM ATRASO.”

            Olhei o relógio. Dez pras duas. E a pizza tinha acabado de ficar prontas. E levava uns 15 minutos da minha casa até a praia.

            Hillary não vai morrer se me esperar só um pouquinho.

Cheguei no Pier quase três horas. A Hillary estava lá, com a Annie, a Jennifer e a Lizzie, todas parecendo cansadas de me esperar.

            – Olha quem enfim se dignou a parecer! – Disse a Hillary, quando me aproximei.

            – Foi mal o atraso, cheguei tarde da viagem.

            Todas me olharam estupefatas, exceto a Jennifer. Aí eu lembrei que eu não tinha dito pra nenhuma delas sobre minha ida repentina à Baltimore. Droga.

            E a Hillary certamente não aprovaria uma atitude como essa. Tipo, eu deixei o trabalho de lado por causa de um vestido.

            – Eu precisava resolver uns assuntos pessoais. Pessoalmente. Mas não foi nada demais, sério. – Forcei o meu melhor sorriso. A Liz e a Ann pareciam desconfiadas, mas a Hillary parecia pelo menos satisfeita.

            – Enfim, eu chamei vocês aqui para falar do nosso último single, Fever.

            – Aquele que a gente gravou há uns três meses, com o Gabe Saporta? – Jenn perguntou, Annie já se animando ao ouvir o nome do seu namorado.

            Hillary concordou.

            – O número de vendas foi incrível, a gravadora quer fazer um videoclipe.

            – Mas se a música está no auge, por que fazer o videoclipe agora? – Perguntei

            – Não está no auge, ainda. Mas se as vendas continuarem assim, o single estará no top 10 da Billboard em três semanas.

            Uh, supera essa, Allstar Weekend!

            – Então, já falei com o empresário do Saporta. Gabe vai participar do clipe. O diretor quer falar com vocês amanhã, então começaremos as gravações em dois dias.

            – Dois dias? Hillary, pensei que você tivesse dito que tínhamos dois meses de férias! – Liz exclamou.

            – Eu disse dois meses sem shows e turnês, nada de férias. E vocês tiveram DUAS SEMANAS sem trabalho pra se recuperarem, já é hora de voltarem à rotina normal.

            Que saco. Amo meu trabalho, mas odeio trabalhar.

            – Com licença. – Hillary disse, depois de ouvirmos um celular tocando. – Alô? – Após alguns segundos ela começou a ruborizar levemente. Tínhamos algumas sugestões sobre quem poderia ser.

            Lizzie e Annie me olharam, Liz provavelmente querendo explicações, e Ann, como sempre, pensando em algo aleatória, como dormir ou Saporta. Ou os dois juntos.

            – Então, eu tenho que ir. Lembrem-se, amanhã na gravadora às dez. Sejam pontuais, viu Srta. Turner? – Porque eu senti que ela disse isso só pra mim?

            Com isso, ela pegou o carro e saiu.

            Enquanto a Liz e a Ann conversavam, sussurrei pra Jenn:

            – E o vestido?

            – Lavado, passado e seguro no seu closet. – Ela sussurrou de volta. – E a camisa?

            – Segura, também. – Dei um leve sorriso.

            – Você entregou pro Alex?

            – Hm, não. – Ela arregalou os olhos. – Tenho outras idéias sobre o que fazer com ela. – Sorri maliciosamente e ela riu.

            Me aguarde, Gaskarth.

ALEX’S POV

            Eu estava absolutamente morto. Cheguei e, além de me encontrar sozinho, a casa estava virada. Lembrete: quando viajar, trocar a fechadura, pro Barakat não usar a cópia da chave e destruir tudo outra vez. Imbecil.

            Caí no sofá, muito cansado. E, como sempre, Jack surgiu da cozinha, dessa vez comendo um bolinho.

            – E aí, cara? – Ele se sentou ao meu lado, colocando os pés na mesinha de centro.

            – Jack... Ao menos... Tire... O sapato... A mesa... Está... Limpa. – Falei, fazendo pausas para respirar. Ele me encarou.

            – Tá tudo bem?

            - BEM? Seu idiota... Você acabou com a minha casa... Eu passei as últimas... Duas horas... Limpando tudo!

            – E porque você não pediu pra empregada fazer isso? – O encarei de volta por um minuto, o fazendo levantar uma das sobrancelhas como se eu fosse o idiota ali.

            O pior é que ele estava certo. Eu SOU mesmo muito idiota.

            – Puta merda. – Murmurei.

            – É mesmo. Deve ter dado trabalho. – Ele falou, colocando novamente os pés, agora descalços, na droga da mesinha de centro.

            – Ah, você acha? Imagina! – Falei sarcástico.

            – Como foi de viagem?

            – Mal, obviamente.

            – Vocês tiveram que passar a noite em Tempe.

            – É. A Em tava lá também, no aeroporto.

            – E então? Algum progresso?

            – Não. O imbecil do Brock apareceu lá, aparentemente a Em tinha ligado pra ele em busca de “companhia”. – Fiz aspas com os dedos.

            – Ah, é. Tempe. Os caras da The Maine são de lá. Ele atrapalhou alguma coisa? – Jack sorriu, maliciosamente.

            – Com certeza. – Falei, sorrindo do mesmo jeito.

            – De qualquer forma, vocês terão tempo pra se resolver. – Fiquei olhando pra ele, confuso. – A turnê mundial, imbecil. Alex, o que houve? Você está mais idiota do que o normal hoje. Se é que isso é possível.

            Revirei os olhos, mas me mantive calado. Jack tinha razão. Não é possível que a Emily não ceda, pelo menos um pouco, enquanto estivermos convivendo diariamente juntos.

            – Então, Gaskarth? Cansado demais pra fazer alguma coisa? Não agüento mais ficar em casa.

            – Na MINHA casa, você quer dizer. Mas talvez, depende.

            – Pub?

            É, Jack sabe me animar. Sorri, e acho que ele entendeu o recado, pois se levantou e foi em direção ao quarto de hóspedes, provavelmente pra tomar um banho. Tomara que sim.

            Fui para o meu quarto, estava precisando de um banho tanto quanto o Barakat. Procurei algo limpo para vestir, em vão. Então lembrei da camisa que a Emily havia deixado aqui ontem, mas não a encontrei em lugar nenhum.

            – JACK! – Gritei. – Onde a Emily colocou minha camisa?

            – Que camisa?

            Corri até a sala, onde ele me esperava pronto. Eu ainda estava só com a calça.

            – Hm, hamster sexy. – Ele disse, ao me ver.

            – Vai se foder, idiota. A Em veio aqui ontem e a Jenn falou que ela havia trazido a camisa pra cá. Cadê?

            – Ela não deixou camisa nenhuma.

            – É claro que deixou! Ela não é louca! – Jack me lançou um olhar irônico. – Eu deixei o vestido lá e ela veio, e... – Senti meu celular vibrar.

            Era da Emily. Abri a mensagem e vi que tinha um link. Obviamente, cliquei.

            – Filha da... – Comecei a dizer. – JACK! Olha aqui.

            Ele se aproximou.

            – Ei, que camisa legal! Mas porque você... 200 DÓLARES? – Ele arregalou os olhos. – Caralho! Mas porque você está olhando o e-bay uma hora dessas? E o pub?

            Respirei fundo. Não, não era possível que o Jack fosse tão idiota.

            – É a MINHA camisa, Barakat. Parece que a Turner ainda tem ressentimentos.

            – Você vai comprar? – Ele perguntou.

            – Não sei. 200 dólares? É só uma camisa. – Dei de ombros.

            – É a sua favorita. – Ele fez questão de lembrar.

            Hesitei por um momento.

            – Quer saber? – Dei um meio sorriso. – Ótimo. A Emily quer jogar? Bem, eu também sei jogar.

            Então comprei a camisa.

            EMILY’S POV

            Enquanto falava com a Jenn, meu iPhone apitou. Eu havia recebido um e-mail do e-bay dizendo que alguém havia efetuado uma compra de um produto que eu havia postado.

            – O que foi? – Jennifer perguntou, ao me ver olhando fixamente pro celular.

            – Hm, nada. – Disse, guardando o mesmo. – Acho melhor eu ir, nos vemos amanhã?

            – Emily, eu conheço esse olhar. O que você fez dessa vez?

            – Até amanhã, Jenn. – Dei uma piscadela. Me despedi das outras e fui pra casa.

            Ao chegar, abri meu MacBook o mais rápido possível. É chato mandar e-mails pelo iPhone.

            Quando vi quem tinha comprado, não pude evitar um sorriso. No e-mail, eu havia recebido o endereço de e-mail do comprador, e diz que eu deveria entrar em contato logo. E foi isso que eu fiz.

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Para: alexgaskarth@ATL.com

De: emilyturner@SKA.com

Assunto: Compra no e-bay

Boa tarde! Sou Emily Turner e vi que você comprou minha camisa! Qual é o endereço para o qual devo enviar o produto?

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Para: emilyturner@SKA.com

De: alexgaskarth@ATL.com

Assunto: MINHA CAMISA

MINHA camisa. Devolve.

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Para: alexgaskarth@ATL.com

De: emilyturner@SKA.com

Assunto: Compra no e-bay

            Senhor, eu preciso do seu endereço. O CEP e o número da sua identidade também serão necessários.

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Para: emilyturner@SKA.com

De: alexgaskarth@ATL.com

Assunto: MINHA CAMISA

Manda logo a droga da camisa, Emily.

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Para: alexgaskarth@ATL.com

De: emilyturner@SKA.com

Assunto: Compra no e-bay

O número da minha conta bancária está exibido na página da compra. Presumo que fará o pagamento o mais rápido possível. Novamente, qual o endereço?

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Para: emilyturner@SKA.com

De: alexgaskarth@ATL.com

Assunto: MINHA CAMISA, PORRA

            Você SABE o meu endereço, Emily. Eu deposito amanhã de manhã o dinheiro, satisfeita? Agora manda logo a camisa.

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Para: alexgaskarth@ATL.com

De: emilyturner@SKA.com

Assunto: Compra no e-bay

            Muito bem, o produto será enviado assim que o dinheiro estiver na minha conta. Mandarei uma mensagem com os detalhes. Tenha um bom dia!

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Para: emilyturner@SKA.com

De: alexgaskarth@ATL.com

Assunto: MINHA CAMISA

            Tá, engraçadinha. Estou indo pro banco agora. E eu quero essa camisa em minhas mãos antes da turnê.

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            Não precisei responder essa. Mas é claro que isso não tinha acabado. Ainda.

Por incrível que pareça, eu acordei cedo no dia seguinte. Claro, isso por que o Christofer não deixou eu ir à festa do James Maslow, e me fez ficar em casa, assistindo Harry Potter.

            Na verdade, os filmes são da Annie, preciso me lembrar de devolvê-la.

            Sério, acho que Harry Potter é a única coisa que tira aquela cara de preguiça dela. Isso e Gabe Saporta, é claro. Quando juntamos os dois...

            – GRIFINÓRIA! – Annie grita, do nada.

            – SONSERINA! – Gabe rebate em resposta.

            – Qual é, Gabe! A Grifinória é muito melhor! – Annie responde.

            – Se o chapéu seletor fosse colocado em mim, com certeza eu iria pra Sonserina.

            – Gabe, você é tão sem graça que teria sorte se conseguisse entrar na Lufa-Lufa. – Me meti na conversa.

            – Emily, não fala assim do meu sonserinozinho!

            – Annie, você não acabou de dizer que não gosta da Sonserina?

            – Mas eu deixo ele ficar. – Ela sorriu.

            – Te amo, minha leãozinha. – Disse ele.

            – Te amo, meu serpentinho. – Ela disse, sorrindo boba.

            Pois é, né.

            – Que casal irritante. – Jennifer revira os olhos.

Então. Acordei cedo, assim como o Christofer. Como eu já tinha começado a enjoar de panquecas, ele fez um omelete.

            Depois de comer, terminei de me arrumar e fui até a gravadora com meu carro. Hillary tinha me dito para chegar mais cedo, já que o diretor de vídeo queria falar comigo antes dos outros.

            – Bom... dia? – Disse ao entrar na sala, vendo que já tinha um monte de gente sentada.

            – Srta. Turner, que bom que chegou. – Um homem de terno se pronunciou.

            Coitado. Eu já estava morrendo de calor com a minha mini saia de camurça, imagina ele com um terno.

            – Então, alguém queria falar comigo? – Perguntei, franzindo o cenho.

            – É sobre o videoclipe, Em. – Hillary me tranqüilizou.

            Olhando rapidamente, vi como Hillary se destacava daquelas pessoas. Fisicamente falando. Não só por ela ser mais nova do que todos eles (ela tem 25 anos), mas porque, fora de um escritório, ela não passa a ideia de uma empresária.

            Claro, isso porque a Jennifer, ao ajudá-la com as roupas, fez um excelente trabalho.

            – Como você será a protagonista, temos que passar alguns detalhes antes da gravação. – O homem de terno continuou, sem desgrudar os olhos da Hillary. Ela apenas revirou os olhos e voltou a se sentar. Tinha algo naquele olhar. Ainda bem que o Nickelsen não está aqui pra ver isso.

            – Haverão cenas em que você aparece com o resto da banda, e outras que você estará sozinha com o Gabe. – Hillary disse.

            – Ela vai ficar perfeita no figurino! – Disse uma mulher no fundo da sala.

            – Com esse cabelo? A maquiagem vai ficar incrível. – Disse outra.

            – Pois é, eu imagino perfeitamente o casal...

            – Eu não quero. – Interrompo-os.

            Todos os olhares voltaram-se em minha direção.

            – Como disse? – O homem de terno pergunta, confuso.

            – Eu não quero. – Repeti, calmamente.

            – Olha, isso não é uma questão de...

            – Não estou dizendo que não quero fazer o videoclipe. Só me recuso a contracenar sozinha com o Gabe Saporta.

            Silêncio na sala. Alguma coisa me diz que uma das manchetes de amanhã nas revistas de fofoca será: “Vocalista da SKA se recusa a fazer videoclipe com Gabe Saporta, da Cobra Starship.”

            Não que seja meu primeiro clipe, nem nada. Mas eu tenho boas razões para dizer isso. Primeiramente, é o namorado da Annie. E o nome da música é FEVER. Então a letra, e muito provavelmente o clipe, não é das mais inocentes, se é que me entende. E segundo... bem, ele é gay.

            – Mas você é a vocalista! Vocalistas sempre querem a atenção!

            – Eu gosto de atenção. Só não quero protagonizar o clipe. – Respondi, dando de ombros. – Hillary, posso falar com você um segundo? – Perguntei, apontando para a porta.

            – Claro. – Ela assentiu e me conduziu.

            Quando saímos, ela perguntou:

            – Qual é o problema?

            – Não posso fazer isso. – Murmurei.

            – Claro que seria melhor com você, que já fez isso em todos os clipes anteriores, mas poderemos contratar uma atriz...

            – Hillary. Gabe é o namorado da Ann. Ela não vai gravar direito se outra garota estiver em cima dele. Deixa ela fazer.

            – Emily...

            – Qual é o problema? Ela o conheceu na gravação da música. Seria perfeito se ela protagonizasse.

            Hillary hesitou por um momento.

            – Por favoooor... – Pedi, quase de joelhos.

            – Tá, tá. – Isso! – SE... – Merda.

            Lá vem.

            – Você concordar em parar de me pedir pra se livrar das entrevistas. Você vai ter que participar de todas elas.

            Estava prestes a discordar, mas pensei: “Vamos lá, Em. É pela Annie.”

            – Ok. – Murmurei, fazendo-a sorrir.

            – Ótimo. – Ela me puxou, e então voltamos à sala.

Acabou a reunião e eu pensei: “Tarde livre!”, certo?

            Errado.

            Posso dizer que a Ann ficou estupidamente feliz. Começou a pular feito uma louca, e quando o Gabe chegou, o Richard (aquele cara de terno) quase teve que chamar os seguranças pra ver se separava os dois. A Jennifer, por outro lado, não gostou muito do meu acordo. Digo isso porque a Hillary cumpriu a promessa sobre as entrevistas, e eu, obviamente, arrastei a Jenn comigo. E ela detesta entrevistas tanto quanto eu. Repórteres conseguem ser bem inconvenientes às vezes, sabe.

            Bem, pelo menos a de hoje era um pouco diferente.

            – É pra uma revista? Aonde vai ser? Vai demorar muito?

            – Calma, Jennifer! A entrevista de hoje vai pra o canal da SKA no YouTube. – Hillary começou. – Nós vamos responder algumas perguntas enviadas pelos fãs. Vocês vão, na verdade.

            – Ahh... É, legal. – Jennifer sorriu e pegou o iPhone. Já imaginando o mesmo que ela, fiz o mesmo.

            – Garotas, eu já tenho as perguntas. Já coloquei no Facebook e no Twitter da banda desde ontem o pedido pros fãs, e eles me deixaram louca o suficiente com a quantidade de coisas que eles querem saber. Não prec...

            – Então, mas aonde vai ser a entrevista mesmo? – Interrompi a Hillary, já começando a digitar no meu celular.

            – No meu apartamento! – Jennifer respondeu, animada, fazendo eu e a Hillary olharmos pra ela. – Se não é uma entrevista pra nenhuma revista nem pra TV, então vai ser do nosso jeito. – Sorri. O iPhone apitou na minha mão, e eu vi que era do twitter.

@JennSKA: Podem mandar suas perguntas: eu e a @EmilySKA estamos aqui para respondê-las!

            @EmilySKA: Por favor, sejam bonzinhos e não mandem nada constrangedor, ok?

           

Jennifer revirou os olhos quando viu o que eu escrevi.

            – Acredite, Em. Eles não vão ser nada bonzinhos. – Eu ri, entrando no carro, enquanto a Hillary nos seguia, completamente confusa.

            – Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Eu achei que vocês odiavam entrevistas. – Ela disse.

            – Sim, Hillary. Mas esse tipo de entrevista é muito mais legal. – Falei, como se fosse óbvio. Na verdade, era. – Você pode filmar pra gente, não pode? – Perguntei, fazendo bico. Ela hesitou por um momento, mas concordou.

            – Quero só ver até onde vocês vão chegar com essa loucura. – Murmurou, olhando pela janela. Eu e a Jenn trocamos um olhar cúmplice.

Isso, definitivamente, vai ser divertido.

Quando chegamos ao apartamento da Jenn, ela correu até o quarto e pegou sua câmera, depois a entregando pra Hillary, que se sentou em um sofá. Nós duas nos sentamos em outro, de frente pra ela, com os iPhones nas mãos.

@EmilySKA: Gravando em 3... 2.... 1!

Fiz um sinal pra Hillary, e ela começou a gravar.

– Então, crianças, estamos aqui no apartamento da Jenn. Acho que dá pra notar né? Olha só essa organização... – Falei, olhando ao redor, e ela revirou os olhos ao meu lado. – Nós vamos responder algumas perguntas que vocês estão mandando agora mesmo pelo twitter. – Agora eu olhava para a câmera.

            – Se preparem para declarações reveladoras – Jennifer falou, séria.

            – Com certeza. – Fiz cara de mistério. – Você começa, Jenn?

            – Claro. – Ela se virou pra mim, e olhou o iPhone por alguns segundos. – Vamos começar com uma básica. @mary_xoxo quer saber: Emily, qual é o seu sabor de sorvete favorito?

            – Haagen Däaz de caramelo. – Respondi, sem hesitar. Sério, esse sorvete é muito bom. Então procurei por uma pergunta. – “Jenn, sou eu! O caixa da Starbucks que te atendeu semana passada, lembra? Eu te dei meu telefone. Me liga!” – Ri com a cara confusa da Jenn,  que olhava de mim para a câmera. – Essa foi do @andrew15gfc.

– Ok. Não, Andrew, eu não me lembro de você. – Ela respondeu pra câmera. Hillary prendia o riso pra gravação não ficar toda tremida. – MAS... – Jennifer pegou a bolsa. – Hm. George... Mark... Tom... – Ela falava enquanto tirava vários papeis da bolsa. – Jason... Zach... ANDREW! Deve ser ele. É uma nota da Starbucks. Meninas, liguem pro Andrew! Bem, ao que parece ele gosta da SKA. Ele deve ser um cara legal. – E então ela deu o número. Eu só a encarava, incrédula, enquanto a Hillary não se aguentou e começou a rir. – Hillary, para! O vídeo vai ficar péssimo! – Jennifer se levantou, e depois de uns segundos voltou com um tripé para a câmera. – Você é uma péssima câmera-girl, sabia? – Ela disse. Hillary ajeitou a câmera no lugar certo, e a Jenn voltou ao seu lugar no sofá, rindo. – Chega! Vamos voltar as perguntas. – Ela continuou. – Vamos ver... Ah. Certo, Em. @ZackEfron4Ever está muito irritada. – Eu a encarava. Quem? Então ela começou, com uma voz diferente: – “O Zack é meu! Sua puta, você não pode namorar com ele. Você é só uma idiota que quer chamar a atenção! Eu te odeio!” – Arqueei uma sobrancelha.

– Querida @ZackEfron4Ever. Você pode ficar tranqüila. Eu NÃO CONHEÇO o Zack Efron. Logo, nós não estamos namorando. – Eu parei por um segundo. – Mas Zack, sinta-se à vontade para me ligar qualquer dia desses, ok? – Dei uma piscadinha para a câmera, enquanto a Hillary revirava os olhos. Dei uma olhada no iPhone e depois virei pra Jenn. - @jessie54327 diz: Jenn, eu amo as suas roupas! Onde você consegue tantas coisas lindas?

– Awn, obrigada, Jessie. – Ela sorriu. – Na verdade, grande parte das roupas que eu uso durante as turnês, por exemplo, são vocês, fãs, quem dão. Então, eu só deixo um conselho: continuem sendo fofos e não parem de nos mandar roupas novas, certo? – Ela riu. – Hey Hillary! – Ela disse, depois de um minuto. – Tem uma pergunta pra você aqui.

– Para mim? – Ela perguntou, confusa, e eu aproveitei a deixa pra tirar a câmera do tripé e direcioná-la pra Hillary. Jennifer saiu de onde estava, e foi para o sofá que estava na nossa frente, assim apareceria no vídeo.

– @alicebrock... Brock? Do Kennedy Brock? – Jennifer riu. – Fãs da The Maine nos mandando perguntas! Ela disse: “OMG, Hill! Você está saindo com o Garry! Ele é o baixista mais lindo ever. Vocês ficam ótimos juntos. Boa sorte, novo casal!” – Nós olhamos pra Hillary, que rapidamente substituiu a expressão de surpresa por outra mais neutra.

– Não vamos confundir as coisas, pessoal. Eu e o Garrett somos amigos! Aliás, muitas surpresas vem por aí, envolvendo a SKA e a The Maine. Preparem-se! – Ela sustentou um sorriso falso por um segundo, até que meu telefone tocou.

            – Oi, Chris! – Falei, atendendo o celular, enquanto a Hillary pegava a câmera de volta, aliviada. Tinha visto pelo identificador que era o Christofer.

            – OI, CHRIS! – Jennifer gritou.

            – Em? Onde você está? – Ele perguntou, confuso.

            – Na casa da Jenn. A gente tá gravando uma entrevista agora. Posso te ligar mais tarde?

            – Não, é rápido! Eu só quero saber o que você acha de eu fazer penne pro jantar.

            – Penne? Pode ser ao molho branco? – Ele riu.

            – Pode, Emily. – Sorri.

            – Ei, Jenn, quer ir comer penne ao molho branco lá em casa? – Perguntei, afastando um pouco o celular do rosto.

            – Chris vai fazer? CLARO que quero!

            – Hillary? – Me virei pra ela.

            – Sinto muito, não posso. Já tenho outro compromisso. – Levantei uma sobrancelha, mas fiquei calada.  A @alicebrock estava certa, ao que parece.

            – EM! Quer parar de chamar todo mundo? A Jenn come demais, não vai ter macarrão pra ela. – Christofer reclamou no meu ouvido e eu revirei os olhos.

            – Compra mais, então. Sabe o armário de cima, na cozinha? Na segunda porta tem um pote vermelho. Pode pegar dinheiro lá.

            – Ah. Certo. – Ele pareceu desapontado. – Então, tá. Volta pra sua entrevista.

            – Tchau, Drew. – Ri, e desliguei.

            A Jenn e a Hillary me encaravam.

            – Emily? – Hillary falou. – Você acabou de dizer onde guarda seu dinheiro. Eu ainda estou gravando.

            Droga.

            – No armário da cozinha, Em? Francamente, acho que você porderia ter mais criatividade. – Jennifer ria. – De qualquer modo, é bom você mudar o pote vermelho de lugar.

            – VOLTANDO pra a entrevista... – Falei. – @Allan72: Jenn casa comigo? – Ela arqueou uma sobrancelha.

            – Fofo, mas... NÃO. – Eu ri, e ela falou: – Oh, veja só. @Allan72: Em, já que eu tenho certeza que a Jenn vai dizer não... casa comigo?

            – O quê? Então eu sou a segunda opção? NÃO, ALLAN. – Era só o que me faltava. – Certo, Jenn. Vamos ver... – Fui interrompida pelo toque do telefone do apartamento. – Ah, qual é! Deixa tocar, Jenn!

            – Pode ser importante! – Ela falou, se levantando, e eu revirei os olhos.

            – Assim a gente não termina nunca a entrevista. – Murmurei. Ela fez uma careta pra mim e atendeu.

            – Alô? Ah, Jack. – Claro. Quem mais poderia ser. – Sabe, você acabou de interromper uma entrevista. Não, são perguntas de fãs, a gente tá gravando um vídeo aqui em casa pra responder. O quê? Claro que não, Barakat! Porque é a MINHA banda! – Ei, o que ele está querendo? – Eu nunca... Uma caixa de chocolate? Pode ser Twix? – Ela sorriu. – Fechado! – Ela apertou um botão vermelho no telefone, então uma voz masculina soou.

            – Olá, todo mundo! Oi Hillary. Oi, Emily.

            – Jennifer, o que o Jack está fazendo na nossa entrevista?

            – Ah, Emily, não seja tão má. – Ele respondeu. - Vai dizer que não gosta do Jack aqui?

            – Faça-me o favor, Jack. Sério, Jenn.

            – Ele me prometeu uma caixa de Twix. – Ela respondeu, dando de ombros. A Jenn nunca recusa Twix, e o Barakat sabe disso. – Anda, continua. É a sua vez. – Bufei, irritada, mas fiz o que ela pediu.

            – Certo. “Jenn, que maquiagem não pode faltar na sua bolsa?”, @itsmelucy perguntou.

            – Honestamente, Lucy? O que não falta na bolsa dela é CHOCOLATE!

            – Jack! A pergunta era pra mim! – Jenn falou. – Você vai ficar respondendo todas as perguntas, é isso? – Ela riu. – Mas, sim, Lucy. Se tem uma coisa que não falta na minha bolsa, é chocolate. Eu sei, não é muito saudável, mas o que eu posso fazer? Quanto à maquiagem... bem, acho que nunca falta na minha bolsa um bom rímel. Definitivamente, é o meu artigo de maquiagem favorito.

            – Rímel é aquela coisa gosmenta de colocar na boca?

            – Não, Jack. Isso é gloss. Rímel é pra colocar nos cílios.

            – Nos cílios? Ah. Tá. Nunca tinha notado que você colocava coisas nos cílios.

            – Acredite: você notaria se me visse sem.

            – Querem parar, vocês dois? – Falei. – Jack, QUER PARAR DE SE INTROMETER?

            – Deixa, Em. Ele não tá atrapalhando. – Jennifer partiu em defesa do amigo.

            – Certo, galera. A gente vai pras quatro últimas perguntas! – Falei para a câmera, ignorando a Jenn. Era a melhor coisa a fazer.

            – Isso! Já respondemos coisas demais, já tivemos interrupções demais. E eu to com fome. – Disse ela, me fazendo revirar os olhos.

            – Ah, não! A festa vai acabar só porque eu cheguei? – Jack.

            – Cala a boca, Barakat. – Dissemos as três juntas.

            – Meninas, sinto dizer, mas as quatro últimas serão das que EU escolhi. – Hillary falou. – Eu não tive todo aquele trabalho à toa!

            – Tudo bem.  – Falei. – Manda.

            – Ok. Emily. Que tipo de exercício vocal você faz antes dos shows?

            – AH, NÃO, Hillary! Pergunta chata, não! Eu já respondi isso, semana passada pra uma revista! Coisas interessantes, por favor. – Ela franziu o cenho pra mim, como se dissesse: “Que revolta é essa Emily?”. Ah, por favor. Já bastam as perguntas técnicas que eu respondo pros repórteres.

            – Concordo. – Jack falou pelo alto falante do telefone. Finalmente uma coisa que preste.

            – OK, Emily. Mas você vai ficar me devendo essa. – Ela apontou pra mim.

            – Anda logo, Hillary! – Jennifer falou.

            – Deixa eu ver aqui no Facebook... – Ela pegou o notebook que estava em cima do sofá. – Hm. Ah, Jenn! Tenho uma pergunta adequada para esse momento. “Hey, Jenn, é verdade que você é a melhor amiga do Jack Barakat? Ele é o guitarrista mais legal do mundo! Depois de você, é claro.”

            – CHUPA ESSA, BARAKAT! – Jennifer gritou.

            – O QUÊ? EU sou o guitarrista mais foda de todos! Cala a boca, Moore! Você é no máximo o segundo lugar.

            – HÁ! Eu te disse. EU sou a mais legal. – Jennifer sorria feito uma criança, enquanto eu apenas assistia o diálogo.

            – É nada.

            – É claro que sou.

            – Ah, foda-se. – Jack provavelmente se cansou da discussão. Ou não. Na verdade, com certeza não. Só deixou pra depois. Esse é o Jack. – Pois é, pessoa que fez a pergunta, e cujo nome não foi mencionado pela minha querida Hillary. Essa garota é a minha melhor amiga. Mas eu estou pensando seriamente em mudar esse status para um inferior.

            – Se mata, Barakat.

            – Tá vendo? Não merece ser melhor amiga. – Jennifer olhou para o telefone com as sobrancelhas erguidas.

            – Awn, Jack. Você sabe que eu te amo, né? Não precisa ficar com raivinha.

            – Eu não sei de nada.

            – Ah, para de ser manhoso.

            – O nome da garota é Amy. – Hillary interrompeu. Jennifer olhou confusa pra ela.

            – Quê?

            – A garota da pergunta. O nome dela é Amy.

            – Ah! Então, Amy. Acho que você já percebeu, né? Sim, é verdade sobre eu e o Jack. NÃO É JACK?

            – Ainda estou pensando no seu caso.

            – Ah, por quê? – Ela perguntou preocupada, e ele ficou em silêncio.

            – TÁ, tudo bem. Só porque você é minha melhor amiga linda e eu te amo. – Ela sorriu, aliviada. Só a Jennifer pra achar que o Jack realmente ficaria com raiva dela por causa disso. Aliás, nem sem por quê.

            – Gostei do “linda”.

            – Eu sei. – Ele riu.

            – OK, passada a “crise” entre os dois guitarristas, podemos voltar para as PERGUNTAS? – Falo, rindo da situação.

            – Isso. Vai Hillary, é a vez da Em. – Jennifer falou.

            – Certo. Hm, Lilly perguntou: Emily, qual foi a pior situação que você já passou em um relacionamento? – Fiquei séria instantaneamente. Essa era fácil. Mas eu definitivamente não vou mencionar o que aconteceu entre mim e Alex.

Certo, vejamos outra situação muito ruim.

Ok. Eu não consigo me lembrar de nenhuma, a não ser a dos últimos meses. Droga. Talvez eu consiga resumir toda a história. Quer dizer, o que é pior do que ser tratada feito um prostituta? Porque foi exatamente desse jeito que o Gaskarth me tratou.

– Bem. Uma vez um cara apostou 50 dólares que dormiria comigo. Essa não foi uma das melhores coisas que me aconteceu, definitivamente.

– Ah, claro. Não foi você... – O Jack começou a defender o Gaskarth, para o meu desespero, mas Jennifer o interrompeu:

– Ah, Jack, não me venha com essa de que não há nada demais em ser praticamente tratada como uma prostituta. – Nesse ponto, a Jenn sempre concordou comigo. Ela só acha que o Alex pediu desculpas vezes demais, e por isso eu devia perdoá-lo. Até parece.

– Sim, mas...

– Próxima pergunta! – Foi a vez da Hillary interromper o Barakat. Daqui a pouco eu desligo a droga do telefone na cara dele, sério. Intrometido. – Essa vai pra banda toda: “Descrevam cada integrante em uma palavra.” Pedido da @vanessa182.

– A Annie é a mais fácil. Nunca vi garota mais preguiçosa. – Falei.

– Lizzie, definitivamente, é definida pela palavra: LOUCA. – Jennifer riu. Era verdade. A Liz já passou por cada situação absurda que a gente nem acredita.

– Se me permitem dizer... – Jack começou.

– Não, Jack. Eu não dou permissão para você dizer absolutamente nada.

– Vai pra merda, Emily.  – Sorri – Eu vou dizer mesmo assim. Você, com certeza, é a escandalosa da banda. – Jennifer riu, e eu levantei as sobrancelhas.

– É mesmo, Em. Eu já perdi a conta de quantas vezes você já nos acordou com seus berros.

– POIS É, né Emily? – Jack falou.

– Ah, dêem um tempo vocês dois. E quanto a você, Jenn, eu acho que perfeccionista seria pouco pra te definir. Credo.

– É, Jenn. Atenção demais desperdiçada em detalhes.

– É porque vocês não sabem a diferença que eles, os detalhes, fazem. – Ela fez cara de superior. – Me tirem das vidas de vocês por uma semana, e com certeza verão essa diferença.

– Ah, claro. Como se você fosse insubstituível. – Provoquei.

– Eu posso conseguir outra melhor amiga com um estalar de dedos.

– E guitarrista é o que não falta por aí. – Dei de ombros.

– É assim, né? Tá bom. Esperem pra ver. – Jennifer falou ofendida, e eu soltei um beijinho pra ela.

– ÚLTIMA PERGUNTA! – Hillary gritou. - Essa vai ser no estilo relâmpago. Vou olhar agora mesmo no twitter. A primeira que aparecer será a escolhida. – Ela olhou no notebook, e fez um pouco de suspense, fechando os olhos e atualizando os últimos tweets. – Certo, já temos a escolhida. @clarewp8 “Emily, eu vi uma foto sua saindo de uma festa com Alex Gaskarth! Pra onde vocês foram, hum? Vocês ficam bem, juntos!” – A voz da Hillary foi baixando até não passar de um sussurro na última palavra. Eu estava sem reação. Mas que porra...

– Ah, Em! Foi naquela festa na Philadelphia. Lembra? – Jack começou, ao notar o silêncio. Eu estava tão em choque que não consegui interrompê-lo, antes que ele falasse demais. – Estava quase no final da turnê, e você queria ir pro ônibus logo, já que tinha show no outro dia. – CALA A BOCA, BARAKAT. – Aí ninguém quis ir com você, e o Alex foi o escolhido pra te levar até lá. Lembra? – Espera, o quê? Olhei pra Jenn, que parecia estar entendendo o que se passava.

– Eu lembro! Foi mesmo, você estava reclamando sobre como nós éramos chatos, e como não entendíamos que era melhor ir dormir, e blábláblá. Ninguém estava te aguentando, então te “expulsamos” da festa. – Ela me lançou um olhar, e eu finalmente saí do transe.

– Ah, é! O Gaskarth foi o escolhido pra me acompanhar até o ônibus, já que estava tarde. Agora eu lembro. Ele reclamou o caminho inteiro sobre como eu era estraga prazeres. – Continuei enrolando o máximo que podia. – É verdade. Acho que estou devendo essa a ele. – Forcei um sorriso. – Definitivamente, não foi isso que você está pensando, Clare. Depois que saímos de lá, eu fui direto dormir, e o Alex foi sei lá pra onde. Provavelmente o hotel.

– Exatamente. – Jack confirmou a história.

– Bom, é isso gente! – Jennifer falou. – Finalmente conseguimos terminar com essas perguntas! E ainda tivemos a presença especial do Jack Barakat, da All Time Low.

– Acho que as pessoas sabem quem eu sou, Jennifer. – Ele riu.

– Eu não teria tanta certeza, se fosse você. – Ela falou, irônica.

– Pois é, pessoal. – Interrompi. - Até a próxima! – Ainda forçando um sorriso, puxei a Hillary para aparecer no vídeo.

– Tchau, crianças. Se cuidem! – Ela disse.

– Pois é, tchau todo mundo. Tchau, Jack! – Jennifer falou, desligando o telefone antes de ele terminar a frase:

– Espera, eu tamb...

Nós rimos, e desligamos a câmera. Finalmente, acabou.

– Então, como foi a entrevista? – Perguntou Christofer, colocando macarrão no meu prato.

– Ótima – Respondi ao mesmo tempo que Jennifer soltava um risinho.

– O final foi interessante. – Ela sussurrou, quando eu me limitei a revirar os olhos. – Chris, esse macarrão tá MUITO bom! – Disse, enchendo o prato.

– Notei que gostou. Já é a terceira vez que você repete. – Ele observou e eu ri.

– Sério, vou começar a passar mais tempo aqui. Isso com certeza é melhor do que meu miojo. Qual é o prato amanhã?

– JENN!

– Quer fazer algo amanhã, Em? – Perguntou Chris, tentando mudar de assunto. – Podíamos ir no Roxy, ou algo assim.

Jennifer me olhou interessada.

– Foi mal, Chris, amanhã é a gravação do nosso clipe. Mas podemos sair de noite. – Dei um sorriso, e ele mudou sua expressão de chateada para uma mais feliz. – Sabe, pra te poupar o trabalho de cozinhar.

Ele riu e continuamos conversando até tarde. Tentei expulsar a Jenn (sem sucesso), mas ela resolveu ficar assim que descobriu que o Chris começou a me fazer omeletes no café da manhã.

– Ai, eu estou tão nervosa! – Annie disse, pela milésima vez.

– Ann, nem é a sua vez de atuar sozinha ainda. A gente vai fazer as tomadas da banda primeiro. – Me virei pra falar com ela, o que me fez receber um “Hum” irritado da maquiadora.

Seria um vídeo bem legal. Se não fosse o Gabe Saporta, eu definitivamente adoraria ser a protagonista.

As cenas da banda seriam feitas num estúdio. Já as do Gabe e da Annie teriam vários cenários, o que provavelmente seria um pouco trabalhoso.

– Selecionei umas partes pra vocês tocarem. – Disse o diretor assim que saímos da maquiagem. – Todas memorizaram? – Assentimos.

– Emily? – Hillary me chamou.

Ela estava com o Richard. Droga, esse homem é insuportável.

– Tem certeza? – Ele me perguntou.

Sinceramente, nem me dei ao trabalho de responder. Simplesmente me virei e voltei à minha posição inicial.

– Ação! – O diretor gritou e eu comecei a cantar.

Foi até fácil de fazer, já que ele disse que não me queria com a guitarra. Eu só me sentia estranha com aquelas roupas.

Mas marketing é marketing, não tem muito o que eu possa fazer a respeito.

Enfim.

Até que foi uma gravação rápida, na minha opinião. Fomos liberadas após umas duas horas, mas eu resolvi ficar, pra ver como a Annie se saía e dar um certo apoio, se é que me entendem.

Preciso dizer que ela estava incrível. O vestido branco esvoaçante fazia um excelente contraste com o seus cabelos preto, que estavam, no momento, cacheados. Que pena pensar que a cena seria feita na chuva.

Cara, ainda bem que não sou eu. Definitivamente me recusaria a usar um vestido branco na chuva.

Mas, enfim. Acompanhava de longe, e tudo parecia correr muito bem. Imagino a cara das pessoas no lançamento, já que não colocamos detalhes do clipe em lugar nenhum.

Mas a Ann se aproxima de mim com os olhos vermelhos e interrompe meus pensamentos.

– Annie? – Perguntei. – Está tudo bem?

Pergunta idiota. É claro que não está tudo bem.

– Eu odeio aquele cara. – Ela murmurou e olhou de relance para Richard.

– Você não é a única. – Murmurei de volta.

– Não, estou falando sério. E eu tenho certeza de que o sentimento é recíproco.

– Concordo. Você tinha que...

– É muito irritante! – Ela exclamou, me ignorando. – É o TEMPO TODO: “Está errado, Annie.”, “Emily sabe dançar”, “A Emily não tropeçaria com um sapato desse.”, “Devíamos ter ficado com a Turner”, “A cena ficou ótima, exceto pela Annie. Precisamos refazer.”! Eu não aguento mais!

“Emily sabe dançar”? Demais, você nem imagina o quanto, hein Richard.

– Você precisa, Ann. Esse single significa muito pra SKA. Principalmente... – Tive um pensamento e um sorriso malicioso se formou em meu rosto. – Principalmente porque eu tive uma ideia.

Ela levantou as sobrancelhas.

– Confie em mim. – Insisti. E contei a ela. Não pude terminar, pois a figurinista chamou a Ann para a próxima cena, mas acho que ela entendeu o que quis dizer.

Depois de algumas horas, a primeira parte estava finalmente pronta. Annie estava cansada, e foi pra casa com o Gabe, enquanto eu votei pra minha casa.

Graças a Deus, o Chris viu que eu estava exausta e concordou em adiar a nossa saída. Ao invés disso, fez uma lasanha vegetariana, e comemos num silêncio não muito habitual.

– Chris? Tá tudo bem? – Perguntei.

– Estava só... Pensando. – Ele não quis falar muito depois disso.

Que droga. Faltam apenas duas semanas para o mês acabar, e aí o Christofer vai ter que ir embora. Eu vou ter um mês inteiro antes da turnê sem um chef.

Que merda.

– Chris, meu amor...

– O que você quer, Emily? – Ele me interrompeu, sem ao menos olhar pra mim.

– Que tal umas aulas de culinária? – Dei o meu melhor sorriso.

Aí aconteceu uma coisa que eu não esperava.

Ele inclinou a cabeça para trás e riu.

Mas parou quando me viu olhando perplexa e seriamente.

– Ah, era sério? – Ele perguntou.

Assenti.

– Começamos amanhã de manhã. – Ele se animou. Sentia falta do sorriso do Chris. – Em três dias você estará fazendo suas próprias panquecas.

Ele começou a recolher os pratos da mesa.

– Ah, e a Hillary já postou a entrevista no site. Sabe, no canal da SKA.

Sorri novamente e me dirigi ao meu quarto. Sinceramente? Estava curiosa a respeito dos comentários.

Não eram dos melhores. Pelo menos não os que diziam respeito a mim.

O vídeo já tinha mais de duas mil exibições, mas foi no twitter que as coisas mais loucas e engraçadas foram postadas.

A Jenn costuma dizer que não é a melhor ideia ficar procurando coisas sobre si mesmo na internet, a não ser que seja necessário ou algo assim. Mas confesso que fiquei curiosa.

Perdi a paciência em poucos minutos. A mesma coisa de sempre. O problema era que a maioria perguntava seu me referia ao Alex na pergunta sobre o relacionamento.

Assisti ao vídeo, e vi que a Hillary não cortou nenhuma parte. Mas que ótimo.

Será que teria acontecido alguma coisa no aeroporto? Em Tempe? Sabe, se o Kennedy não tivesse interrompido.

Estremeci ao ter esse pensamento. A turnê mundial. The Maine vai nos acompanhar em uns trechos, mas em outros estaremos sozinhas com o All Time Low. É, vai ser difícil.

Cansada e cheia de preocupações, caí na cama sem nem me importar com que estava vestindo.

Acordei no outro dia mais cedo do que o normal. Lizzie havia me mandado uma mensagem dizendo que tinha conseguido a encomenda.

Depois de sete tentativas, consegui colocar a massa de panquecas na frigideira sem queimar. É, deu pra ver porque o Chris não me levou a sério na primeira vez que eu disse que queria cozinhar. Ele disse que a próxima vai ser a Jenn.

Boa sorte, Chris, você realmente vai precisar.

Ele queria ir comigo até o set, mas eu achei melhor não; as coisas pretendiam ser pesadas hoje.

O set estava mais animado do que no dia anterior, já que a Jenn e a Lizzie estavam presentes, apesar de não precisarem.

A Annie parecia mais calma, e escondia um enorme alívio por ser o último dia de gravação. Ela continuava suas conversas sem nexo sobre Harry Potter.

A Jennifer, como sempre, mantinha seus fones de ouvido em seus devidos lugares. Ela SEMPRE usava aqueles fones, não importa a situação, o que era irritante na maioria das vezes, já que ela nunca ouvia o que falávamos, nos obrigando a repetir tudo o que tínhamos dito.

E a Lizzie estava, bem... Lizziando.

E eu? Sozinha, como de costume. Eu tenho tentado controlar meus impulsos sobre fazer ligações longas, e, como o diretor estava exigindo silêncio, só me restava fazer uma coisa: o jogo do pingüim.

Quando eu estava prestes a passar na última fase do arco-íris, (algo que eu nunca consegui fazer, por sinal; vou ver se o Barakat passa pra mim) Lizzie me cutucou e disse que estava na hora.

Ela saiu com a Jenn e a Annie, e eu me dirigi até o Richard, colocando o plano em ação.

– Richard, tem um minuto? – Perguntei, da maneira mais amável possível.

– Agora não, Emily. – Ele continuou mexendo no seu BlackBerry sem ao menos levantar os olhos.

Me virei discretamente e vi que a Liz nem tinha pegado a caixa ainda. Precisava me esforçar um pouco mais.

Olhei para a tela levemente abaixada e vi que ele não estava trabalhando, como eu pensei. Estava checando o facebook de alguém em especial.

– Você sabe que não vai conseguir nada com ela, né? – Perguntei, pegando-o de surpresa.

– O quê? – Ele preguntou.

– Hillary. As chances de você ter algo com ela são extremamente minúsculas.

– Eu não sei do que você está falando. – Ele respondeu, fechando o facebook.

– Fala sério, tá bem óbvio, Richard. – Ele estava começando a prestar atenção na conversa. Ótimo, estava começando a ficar distraído.

Pobre Richard. Parecia um adolescente apaixonado.

– Minha vida pessoal não é da sua conta, senhorita Turner. E pare de se intrometer no que eu faço ou deixo de fazer. – Ele começou a se levantar.

– Ela é minha empresária, tudo o que tem a ver com ela me dá o direito de me intrometer. – Me virei e vi a Liz se afastando do carro rapidamente.

– Quer saber? Eu até contaria algumas coisas sobre ela, mas já que não está interessado...

– Me faça um favor, srta. Turner. Saia do meu caminho.

Credo, que homem insuportável.

Bem, foi o que eu fiz. Comecei a andar em direção a Jenn, Annie e Liz.

– E então? – Perguntei, sorrindo maliciosamente.

– Encomenda entregue. – Lizzie sorriu da mesma maneira.

Sentamos no chão para assistir.

– Hey, eu vi a entrevista! – Annie falou de repente. – Preguiçosa?

Louca? – Liz perguntou com uma falsa indignação.

– O Jack me chamou de ESCANDALOSA! – Tentei responder.

– Mas você é, Em. – Jennifer falou, já entediada com isso.

– Não mesmo! Eu... – Comecei a explicar, mas fui interrompida por um grito razoavelmente agudo.

A próxima coisa que vimos foi Richard saindo do carro com uma nuvem preta de insetos voadores atrás dele.

– Afinal, onde você arrumou esses marimbondos hein, Liz? – Jenn perguntou curiosa, enquanto todas ríamos.

– Internet, oras. – Lizzie respondeu dando de ombros.

– AH, CLARO! – Respondi irônica. – Onde mais seria? Por telefone? Disk-marimbondos?

– Você também conhece o serviço deles? Eu liguei e só dava ocupado. – Liz respondeu séria.

Olhamos para ela.

– Mas eu estava... – Tentei argumentar que estava brincando, mas essa era Lizzie.

Chegou uma ambulância, e colocaram um homem no mínimo inchado e gemendo de dor. Acho que era o Richard.

– VOCÊS! – Hillary se aproximou, vermelha de fúria.

Ops.

– Vocês são loucas ou o quê? Marimbondos? Porque eu sinto cheiro de Lizzie por trás disso?

– Hey, eu só consegui os bichos! A ideia foi da Emily. – Liz me dedurou.

– ELIZABETH JONES! – Gritei.

– EMILY! – Hillary gritou de volta. – Já falamos sobre isso! Esse é o Richard Daves! Você tem ideia de quanto ele é importante para a divulgação? Você tem alguma noção?

– Mas era um completo idiota com a Annie!

– Não importa! Negócios são negócios, Turner. E vocês já estão bem grandinhas para pararem com essas infantilidades.

Ficamos em silêncio.

            – Ele não vai fazer nada. Porque senão eu vou...

            – Vai o que, Emily? – Hillary perguntou. – Você é uma vocalista. Ele é um empresário milionário. – Ela levantou as sobrancelhas sugestivamente, e eu entendi o recado. – Deixa que EU resolvo isso. – Ela saiu irritada indo em direção à ambulância, que começou a se mover assim que ela subiu.

            É, a gente estava ferrada.

            Mas quer saber de uma coisa? Valeu a pena.

O tempo passou voando. Já era a hora do Christofer ir embora, o que era péssimo. Bem, pelo menos eu tinha aprendido alguma coisa nessas duas semanas. Já sabia fazer arroz, macarrão, bolos, panquecas e diversos tipos de molho.

            E se nada disso desse certo, ainda tem o restaurante de comida chinesa do outro lado da rua.

            O Chris disse que vai procurar por uma folga pra me visitar. De preferência quando estivermos em Paris. Pra relembrar os velhos tempos.

            Enfim, o segundo mês também passou rápido. Hillary ficou irritada por duas semanas, aí ela voltou ao normal. E a Jenn descobriu que o Christofer me ensinou a cozinhar e não teve jeito, ela passou o mês na minha casa.

            Fora isso, foi um mês bem tranquilo. Gravamos algumas músicas novas que eu compus (não todas, algumas eu fazia quando estava entediada ou com fome, então elas falavam de piguins ou comida), e foi bom a Jenn ter passado um tempo aqui, pois ela me ajudou a criar peças e estampas novas pra minha linha de roupas. Já disse a ela que a gente podia chamar de Jemilly, mas ela prefere ser só minha designer secundária. Segundo ela, ter uma linha de roupas independente daria muito trabalho, então ela prefere só me ajudar administrando a minha.

            Foi um mês mais de uma pequena reflexão. Preparamento psicológico para a turnê, por assim dizer. Realmente espero que não tenha sido em vão.


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