Strange Kind Of Attitude escrita por Katie Anderson


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

eu gosto tanto de escrever as cenas da Jenn com o John quanto a Lari gosta de lê-las :d



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Capítulo 5

JENN’S POV

Eu odeio esse negócio de o meu corpo sentir a necessidade de acordar cedo. Agora são exatamente duas da manhã e eu estou acordada. Tudo por causo do idiota do O’Callaghan, que me motivou a ir dormir mais cedo. Meu bunk estava começando a ficar tedioso demais pra mim, então resolvi ir ver um pouco de TV.

Quando cheguei à nossa pseudo-sala, me deparei com um corpo ocupando todo o sofá. Um sorriso começou a se formar em meu rosto, até que eu vi seu peito se mexendo. Droga. Ele está vivo.

Eu sei que deveria dar meia volta e poupar meus ouvidos de mais discussões, mas o tédio estava me possuindo. Então, simplesmente peguei os pés do John e os tirei do sofá, jogando-os no chão.

– Brock? – Ele perguntou sonolento.

– Cala a boca, eu estou tentando assistir. – Resmunguei, enquanto passeava entre os canais disponíveis.

Isso o fez abrir os olhos.

– Ah. Você.

– Sim. Eu. Algum problema, O’Callaghan?

– Não precisa ser grossa. – Ele estava irritado.

– Não estou sendo grossa.

– Não, imagina. – Ironizou, aqueles grandes olhos verdes brilhando sarcasticamente em minha direção. – Só estava tentando ter uma conversa amigável, é claro.

– Eu me contentaria com conversa nenhuma, se quer saber.

– Eu já comentei que o Porter tinha razão? – Ele perguntou, me fazendo virar pra ele, confusa.

– Que Porter? Tinha razão sobre o quê?

– Zachary Porter. Bem que ele disse que você é chata. – Zachary Porter havia falado de mim por aí? Aquele gay! Céus, minha reputação está em risco.

– Pra sua informação, eu não sou chata tá? O Zachary é que não sabe lidar com a rejeição. – John me olhou espantado, logo refazendo a expressão neutra de antes. Ao que parece, o Porter não andou contando a história completa.

– O que seria chato pra você, então?

– Sei lá, sua música. – Murmurei, encarando a TV. Não tenho certeza se ele ouviu, mas pareceu ofendido.

– Chega. Desliga essa coisa que eu quero dormir!

– Sai daqui, eu quero assistir em paz.

– Eu estava aqui primeiro. – Ele disse, sério.

– O ônibus é da MINHA banda. – Retruquei.

Ele bufou e revirou os olhos.

– Seu bunk está livre? – Perguntou.

– É claro que sim, mas eu não quero você perto dele. – Fala sério! Ele provavelmente nem cabe no meu bunk.

Não, eu não sou baixa. O John é que é alto demais.

– Boa noite. – Ele pegou uma almofada e saiu da sala. Pelo menos o meu travesseiro ele não vai usar.

Enfim, estava sozinha. Quer dizer, mais ou menos. O maldito cheiro do John cismava em ficar no sofá.

– Droga. – Murmurei, sozinha. – Ele é cheiroso.

Tentei esquecer o perfume dele, e me concentrar nas reprises de Pretty Little Liars que passavam na TV até o sol raiar, umas seis da manhã. Até que meu estômago implorou por comida e eu resolvi ir comer alguma coisa.

Pra chegar na cozinha, eu precisava passar pelos bunks. Minhas costas doíam de tanto tempo deitada no sofá, então resolvi pegar meu travesseiro.

Chegando lá, encontrei O’Callaghan esparramado no meu bunk, totalmente à vontade. Como o previsto.

– John. – Cutuquei-o de leve. – Tá acordado?

– Ahn. – Ele resmungou.

– John.

– Ahn. Mais cinco minutos, Tim.

– JOHN. – Falei mais alto. – Meu travesseiro.

– Ah, você de novo, Moore. O que quer agora?

– Meu travesseiro. – Repeti.

– Ah. – Ele puxou algo das pernas. – Aqui.

Meu travesseiro estava entre as pernas do John O’Callaghan. Entre. As. Pernas.

– Onde estava esse travesseiro, John? – Perguntei sugestivamente, levantando as sobrancelhas.

– Hm. – Ele olhou para baixo, e voltou a me encarar dando um meio sorriso malicioso. – Em mim.

– E você acha, John, que eu quero alguma coisa que esteve “em você”? – Fiz aspas com os dedos.

– Sua fresca. – Ele tirou a capa e me entregou, ainda sonolento. Por pouco o travesseiro não batia na minha cara.

Peguei-o com apenas dois dedos.

– Urgh. – Joguei o pobre no chão. Estava entre as pernas dele! Estremeci.

– Se você não o queria, porque me acordou pra pegar? – John estava se irritando comigo. Novidade.

– Eu queria. Até saber onde ele esteve.

– Ei! Eu sou limpinho, tá? – Resmungou e se virou. Deixei o travesseiro no chão e segui até a cozinha, faminta.

Preciso me lembrar de agradecer a Liz por fazer compras antes de sairmos de Philly. Abri a geladeira e encontrei quase todos os tipos de ingredientes necessários para uma boa refeição.

Resolvi fazer minha especialidade. Fui até um armário, e peguei o primeiro pacote de miojo de carne que encontrei, colocando o conteúdo no microondas. Então me sentei na mesa e esperei o aparelho fazer o seu serviço.

O silêncio permanecia na cozinha. Enquanto o microondas não apitava, procurei o chocolate em pó pra fazer chocolate quente. Nada melhor para acompanhar o miojo no café da manhã. Então senti que estava sendo observada. Ao me virar, quase derramei o leite que segurava.

– JOHN! – Tentei não falar alto demais. – Vá vestir alguma coisa! – Corei, ao falar com a criatura magrela que estava apoiada na entrada da cozinha, vestindo nada além de uma boxer. Era da Calvin Klein, mas ainda assim. Era o John.

Espera. Porque ele estava me olhando assim? Olhei pra baixo. E vi que usava apenas uma camisola de seda rosa da Victoria’s Secret. Minha preferida, na verdade. O comprimento dela não chega nem à metade das coxas.

Ou seja, minhas pernas estavam completamente expostas.

Como de costume, John apenas me ignorou, sentando-se na cadeira próxima à minha.

Nesse momento o microondas apitou.

– Hm. Miojo. – Ele pegou um garfo.

– John, esse é o MEU miojo! Fica longe. – Quando eu me virei pra pegar meu chocolate, escutei o barulho do garfo no prato. Como o John O’Callaghan é conhecido por ser um poço sem fundo, simplesmente suspirei, irritada e derrotada, e tratei de preparei um novo miojo pra mim.

– Então nós viramos a noite montando quebra-cabeças. – Disse John, com uma cara engraçada, me fazendo rir. Eu sei, há algumas horas eu o odiava, e agora estava rindo com uma história ridícula que ele havia me contado. Só há uma explicação: é o poder do miojo.

– Quebra-cabeças? Num armário? – Eu ri e ele concordou com a cabeça.

– Bom dia, mundo! – Por alguma estranha razão Emily acordou de bom humor. A expressão dela foi substituída por uma confusa quando ela nos viu ali. – Jenn, por que você está só de camisola? Por que o John está só de boxer? São sete da manhã, porque vocês estão comendo miojo? E juntos, sem tentar se matar? – Ela bateu o pé em frustração. – Porque eu sempre perco os acontecimentos legais?

Eu e John nos entreolhamos, nenhum dos dois respondendo às (muitas) perguntas da Em.

– Então? – Ela pergunta. – Alguém vai me responder?

O’Callaghan me encarava confuso.

– Hm, Emily, do que você está falando? Eu acordei com fome e encontrei a Jennifer na cozinha. Começamos a comer e aí você chegou. – Ele disse, omitindo mais da metade dos acontecimentos. – Acabamos de acordar, o que explica nossas roupas. Ou falta delas, no meu caso. – Ele sorriu, mas não parecia nem um pouco envergonhado com isso.

– Ah. – Emily não parecia completamente convencida. – É melhor você vestir alguma coisa, John, antes que seus amigos acordem.

– Tem razão. – Ele se levantou rapidamente e colocou o prato na pia, fazendo menção e lavá-lo, mas a Emily disse que cuidava disso. Assim que ele saiu, ela se sentou ao meu lado.

– Vejo que se resolveu com ele.

– É – Concordei, corando um pouco. – Tinha sido apenas um mal-entendido, eu acho.

– Vai, agora me conta o que aconteceu de verdade.

 Ela tinha me contado o que havia acontecido na noite anterior. Eu devia a ela uma explicação.

Safada! Ela me contou porque previa que algo ia acontecer e eu me sentiria culpada se não contasse nada. É, Emily é mais esperta do que parece.

Derrotada, fiz um pequeno resumo da história, sem esconder os detalhes. Tive que tapar a boca dela na hora que contei sobre o travesseiro, senão ela acordaria o ônibus inteiro com um “ECA!” espalhafatoso.

Não que já não estivéssemos acostumadas com os gritos habituais da Em. Mas os meninos poderiam esperar mais um pouco até serem acordados pelos famosos berros da garota. De qualquer maneira, mais cedo ou mais tarde isso irá acontecer. Ninguém escapa da Emily. Infelizmente.

– E você? – Perguntei, me livrando dos pensamentos sobre o Garrett caindo da cama de cueca. – Qual o motivo da sua alegria matinal?

A Em não é o tipo de garota “mal-humorada” pela manhã, mas hoje ela acordou às sete feliz e saltitante. Digamos que isso não é nem um pouco normal.

A não ser, é claro, que ela seja eu.

– Christofer. – Ela sorriu, animada.

O Chris Drew é para a Em basicamente o que o Jack é para mim. Desde O Incidente em Paris há uns dois anos, eles não param de se falar. Claro, músicos têm uma vida corrida e, muitas vezes, compromissos de última hora, então a conversa é mais por telefone ou internet.

– Ele conseguiu um mês de folga, disse que vai à Los Angeles daqui quatro dias! Exatamente quando estivermos em casa! – Ele sempre dava um jeito de escapar pra nos ver, quero dizer, ver a Emily. Todo mundo sabe a queda que ele tem por ela, menos a própria. Para uma garota inteligente como ela, não notar isso é no mínimo uma atitude idiota.

Ainda mais com o ciúme que o Gaskarth tem do coitado do Chris. Qualquer dia ele se declara pra Em e ela finalmente se toca. Enquanto o Alex tem um infarto.

EMILY’S POV

            Quando o resto do ônibus acordou já estávamos em Atlantic City. Na verdade, já estávamos lá há um tempo; são menos de duas horas de viagem.

            Tirando o estranho começo, o dia correu bem. Não foi divertido (minha opinião), mas talvez mais normal que os anteriores.

            É que a Jenn nos arrastou até o shopping mais próximo, e passamos a maior parte do dia lá, por duas razões: 1) Ela praticamente nos obrigou a fazer compras, e 2) Havia uma roda de paparazzi lá fora.

            Se bem que, entre uma roda de paparazzi selvagem e uma Jennifer descontrolada eu ficaria com os paparazzi. É claro que se ela perguntar eu vou negar o que acabei de pensar.

            Enfim, terminei o dia com duas saias, cinco blusas, três calças e seis pares de sapatos novos. Pobre Kennedy, carregava quase morrendo minhas sacolas. Jared carregava as da Annie e John, Garrett e Pat carregavam as da Jenn. Só Lizzie não estava com ânimos para compras.

            Céus, já imagino as manchetes: “Garotas da SKA são compradoras compulsivas e usam nova banda filiada como burro de carga.”

            Se bem que, se formos analisar, nem era tanta roupa assim. Mesmo sem o mesmo estilo, a gente sempre partilhava uma peça ou outra.

            Aliás, é por isso que a Jenn está tão noiada com o desaparecimento do meu vestido. O vestido é MEU, mas ela cisma em usá-lo sempre que eu quero vesti-lo. Vai entender.

            E o Chris chega em três dias! Estou realmente animada com isso. Vai ser bom pra eu dar uma esvaziada na minha cabeça.

            A Jenn também é ótima pra desabafar, mas hoje eu estava mais preocupada em controlar seus impulsos:

            – Moore, solte essa bolsa!

            – Em! Eu não tenho nenhuma dessa cor. – Retrucou.

            – Jennifer, eu já vi você com pelo menos cinco bolsas verdes diferentes.

            – Você não pode dizer nada, eu não te impedi quando você entrou naquela ótica e comprou quatro óculos novos!

            Droga.

            – Quatro óculos, Turner? – Garrett se intrometeu.

            – Isso não é nada, o que ela tem no total deve ser suficiente pra encher a minha mala de sapatos. – Jenn continuou me alfinetando.

            Eles me olharam espantados. Todos conheciam A Mala de Sapatos da Jennifer, sabe. Não era pequena.

            – Jennifer, você tem 38 bolsas.

            Os olhares se voltaram pra ela, que me olhou suplicante.

            – Tá, compre essa. – Ela seu um imenso sorriso. – SÓ ESSA!

            A Jenn não é consumista, só impulsiva. Ela reclama comigo, mas eu estou apenas salvando sua conta bancária.

Ao sairmos, Hillary nos ligou dizendo que a van nos esperava no estacionamento subsolo. Ao contrário do Jack, Hillary sabe usar sua massa cinzenta e sabe que nove pessoas não cabem em um único carro.

            Voltamos para o ônibus para deixar nossas compras e os garotos foram para o aeroporto. Queríamos ir junto, mas além do risco de chamar a atenção, faltava pouco para o início do nosso show, não queríamos nos atrasar e ser acusadas de “ter deixado a fama subir à cabeça”.

            Graças a Deus o show correu normalmente, sem esquecimento de letras ou repetições de acordes. Apesar das compras, a Jenn não estava tão animada quanto o normal. Talvez porque ela acordou às duas da manhã hoje. Credo. Mas digamos apenas que quando a Jenn fica desanimada num show, isso quer dizer que ela ainda está no mínimo três vezes mais empolgada que uma pessoa normal.

            Enfim, era nosso penúltimo show. Amanhã seria o de encerramento da turnê e teríamos dois meses livres até a próxima.

            Muita coisa aconteceu nesses últimos 3 dias, estávamos exaustas. Em vez de sair pra fazer alguma coisa, resolvemos dormir, pois somos boas garotas (ahã). Hillary aprovou nossa ideia. Ela andava distraída desde a partida da The Maine. Pois é, né.

No dia seguinte...

            – Finalmente! – Jennifer disse quando chegamos ao aeroporto de Los Angeles. Deveríamos ter voltado no ônibus, já que partimos com ele, mas ninguém sequer agüentava mais olhar para aquela grande lata de metal.

            – Sério, eu amo meus fãs, mas se eu tivesse que dormir mais um dia naquele bunk, dava um tiro em alguém. Aliás, lembrem de NÃO irmos de ônibus pra nossa world tour. – Falou a Ann, irritada.

            – Baker, a turnê inicia na Europa. Eu não sei como você esperava atravessar o Atlântico de ÔNIBUS. – Respondi, fazendo-a bufar e revirar os olhos. – Que horas são?

            – Oito e meia. Querem jantar em algum lugar? – A Jenn perguntou.

            – Não, preciso desfazer minhas malas e dormir. – Respondi.

            – Eu quero. Pizza? – Se animou Liz.

            As deixei combinando de passar na casa da Jenn antes, enquanto me dirigia à saída. Como não encontrei a Ann em lugar nenhum, peguei um táxi sozinha e, finalmente, voltei para casa.

Chegando em casa, me senti bem. Me senti à vontade. Eu adoro viajar com as meninas, mas às vezes preciso de um tempo sozinha. Ainda mais com os acontecimentos recentes. É por isso que não moramos mais juntas, acaba sempre em confusão. Cada uma tem a sua casa, mas sempre ficamos na casa umas das outras. É cerca de 3 meses do ano em cada casa, com exceção das voltas de turnê. Aí a gente “dá um tempo”.

            Enfim, ao entrar em casa eu simplesmente joguei as malas no chão e pulei no sofá. Cara, como eu senti falta disso. Tentei fechar os olhos e aproveitar o silêncio, mas, assim que o fiz, escutei um leve dedilhado de violão vindo de dentro da casa. Levantei e comecei a andar corredor adentro. O som aumentava à medida que eu me aproximava do meu quarto.

            Quando abri a porta, a pessoa que estava lá colocou meu violão em cima da cama, sorriu timidamente e disse:

            – Oi, Em.


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