_ Você está morta! Está morta! Eu te empurrei da janela. Eu te matei!

_ Então... Temos uma confissão... – Maki se eriçou, a raiva começava a possuir todo o seu ser fazendo-a flutuar perigosamente para cima de Reiko... Ela lembrou-se nitidamente do que havia ocorrido naquele dia.

_ Não tinha importância, amor.

_ Claro que tinha! Eles precisavam saber que você não é qualquer uma. Deveríamos ter feito isso há tempos atrás quando descobrimos. Ainda bem que contamos para os seus pais e o mal foi desfeito. Você também tinha o direito de se formar.

_ Mas e os seus pais?

_ Um passo de cada vez. Vai dar tudo certo!

_ Mas eu não quero que você se prejudique por minha causa. Você... tem um futuro.

_ Meu futuro não vale nada sem você, Maki. Nós precisamos ficar juntos... – ele a abraçou com infinita ternura enquanto lhe depositava um beijo na cabeça. – Nos encontramos depois da formatura. Voltamos juntos e contamos para os meus pais a novidade.

_ Aqui mesmo na sala de aula?

_ Sim – ele se voltou como se tivesse esquecido de dizer algo. –E entregarei todos os botões do punho só pra você. Afinal... Já entreguei meu coração. Eu te amo.

Muito mais tarde ainda continuo esperando por ele, Tsutomu estava atrasado, mas nunca me ocorreu que ele não viria. Eu me encontro sentada na janela apreciando o luar, a cerejeira está florida e tudo parece tão mágico. Algo estava errado...

_ Então... você está se achando, não é? Sabia que os pais dele e os seus pais foram chamados! Tsutomu está lá enfrentando todos enquanto você está aqui.

Então era por isso que ele demorava. Não temia mais nada. Não depois de ouvi-lo dizer que a amava. A sensação é aconchegante e me sinto tão feliz... Acaricio a barriga, pois meu bebê se mexe. Ficava feliz por saber que carregava alguém especial, que tinha o melhor de si e de Tsutomu.

_ Conseguiu Tsutomu aplicando o golpe da barriga. Ninguém pensaria que a garota mais apagada da escola fosse uma vadia. É... As aparências enganam não é mesmo?   

_ Quem sabe você não tenta o mesmo golpe da próxima vez.

Por que fui responder?? Vejo a fúria nos olhos daquela mulher... Meu terror é tão profundo, que não consigo me mexer. Ela me empurra. Por que tenho que morrer? Meus olhos me traem... sinto vertigem, estou caindo, escuto um baque surdo, são meus ossos quebrando com o impacto.

_ Deus, não! Não me deixe morrer... Meu bebê...

Não me lembro de ter sentido dor, mas lembro-me da sensação de frio enquanto algo quente escorre, é meu sangue. Nada parece real e vejo uma sombra que me sussurra.

“Estou aqui o que quer?”

_ Quero ser... feliz...

_ NÃAAAAAAOOOOOOO! Maki!

Ouço o último badalar e ergo os olhos para a janela de onde caí.

“Você?” – a voz ainda sussurrava.

_ Todos... Juntos...

Este foi meu último pensamento antes de tudo escurecer. A morte não é triste, simplesmente é o começo do fim.

“Uma alma por um desejo.”

Reiko estava aterrorizada, paralisada, via a morte chegando lentamente.

_ Não, Maki! – Sorah pôs-se diante da mulher. – Por favor...

_ A morte é uma pena branda demais para os crimes que ela cometeu, Sorah. Saia da frente! – ele foi suspenso para que não atrapalhasse – Reiko Hantani, você é culpada por interferir na vida das pessoas que teriam belas almas. Sua alma corrompida será meu alimento. Condeno-a a viver em seu próprio inferno como um morto-vivo até que seu corpo pereça.

Um brilho intenso surgiu, quebrando todas as janelas da escola, fazendo soar o alarme enquanto uma esfera negra saiu do corpo de Reiko aproximando-se lentamente de Maki. Ela tocou-o com o indicador transformando-o numa bola translúcida e incandescente, que aos pouco diminuiu até entrar-lhe pela boca.

O Brilho lentamente se apossava de Maki Ray, as trevas ao seu redor sumiam para as sombras novamente, os cabelos longos, lisos e negros voltavam para a cintura, os olhos negros brilhavam límpidos, seu rosto pálido brilhava como diamante e sua boca adquiria um tom mais rosado.

_ E agora? O que acontece comigo? – Sorah olhava-a firmemente.