_ E agora? O que acontece comigo? – Sorah olhava-a firmemente.

_ Você volta para casa.

_ Não consegui descobrir quem você é? Você é minha mãe?

_ Quando você descobrir... Será que volta?

Ela gargalhou porém seus olhos indicavam imensa tristeza.

_ E ela?

Reiko Hantani espumava, a baba escorria, os olhos vidrados para além enquanto balbuciava coisas sem nexo.

_ Eu sou a rainha... Todos deveriam prestar obediência.

_ Não vai mais causar problemas – ela se voltou para a porta de entrada.

Sirenes e luzes podiam ser ouvidas do lado de fora.

_ Deixe-me entrar! Meu filho pode estar correndo perigo.

– Temos companhia. Acho que seu pai agora não tem mais motivos para lhe mentir...

Ela desapareceu como uma mágica indo para algum lugar. Sorah não sentia mais sua presença.

_ Saia com as mãos para cima!

Ele saiu com as mãos para cima e foi imediatamente abraçado por seu pai.

Alguns anos mais tarde...

_ Não esqueça de levar seu bentó, Sorah!

_ Mãe! Não é preciso ter esse trabalho... Eu posso muito bem almoçar na cantina da escola.

_ Não é trabalho. – sua mãe lhe disse com os olhos brilhantes. – Eu sempre quis fazer isso.

_ Obrigado, Sra. Haruko Takenaka – ele beijou-a na cabeça.

Os eventos estranhos que ocorreram na escola pareciam distantes e totalmente fora da realidade. Ele contou para os policiais, que fugiu de casa e esteve escondido na escola. O motivo foi ter ficado magoado com o pai, já que ele mentira a respeito de sua mãe. Por todos esses anos, ele havia escondido que ela estava viva e em coma no hospital.

Contou ainda que Reiko Hantani fora a sua procura na intenção de levá-lo de volta. Ela parecia sob pressão e quando não concordou ela pareceu explodir confessando que havia empurrado sua mãe da janela, mas que não sabia o que causou a explosão das janelas. Ela foi internada num manicômio e o caso foi encerrado.

Logo, Sorah descobriu que sua mãe não se chamava Maki Ray. Os médicos ficaram surpresos com a recuperação de Haruko Ogawa, era quase impossível uma pessoa em coma a tanto tempo acordar quanto mais ter uma vida normal. E ela acordou dizendo:

_ O anjo disse que eu já podia acordar. Agora podemos ser felizes... Todos juntos.

Talvez Maki tenha sido esse anjo. Não conseguia esquecê-la. Ainda fizera inúmeras tentativas para descobrir algo sobre ela. Havia verificado todos os álbuns de fotos dos alunos antigos da escola, ela nem mesmo era uma aluna antiga.

Estava no último ano do ensino médio e preste a fazer o exame que o levaria para a Universidade Científica de Keio. Então se afastaria daquele lugar e só restariam lembranças. A biblioteca era um bom lugar para estudar, espreguiçou-se na cadeira quando um livro pesado caiu em sua cabeça.

Era um livro de capa negra trabalhada em relevo, deveria ser uma relíquia, não havia título e foi até a bibliotecária para pedir emprestado, mas ela lhe havia dito que o livro não pertencia à escola. Ele sentou-se novamente e foi tentado a abri-lo. As folhas também eram negras e as palavras foram escritas com tinta branca.

“Quem pensa na morte apenas como um evento certo a que todos se destinam. Engana-se. A morte tem vida própria e um nome: Maki Ray, que significa Exemplo para as almas das trevas.”

O coração disparava à medida que lia fazendo-o tomar coragem para decidir sobre o que faria de seu futuro. E não sabia muito bem se aquilo seria possível, mas valia à pena tentar.

_ Tem que dar certo!