Um Velho Conto De Amor escrita por nuuuvia xD


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

*yukata: vestimenta japonesa feminina parecida com quimono, mas é usado para sair (já o quimono, para ficar em casa ou como pijama, pelo o que lembro).
*kogai: é um acessório comprido e fino que se usa para prender o cabelo; parece um hashi.



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Ainda segurando o bilhete nas mãos, Sibelle escondeu-o às costas, temendo a reação do irmão. Ao que ela se fora, Antoine se dirigiu à irmã em francês, carrancudo:

-Sibelle, o que aquela senhora lhe cochichava ao ouvido?

-Não era nada com que se importar, meu irmão. Apenas sugeriu-me que me apresentasse novamente em uma casa de jogos. Entretanto, penso em recusar-lhe, já que preciso ensaiar e descansar mais um pouco. E tu, meu irmão, pretendias sair?

-Ah, sim, estou a ir em busca de trabalho. Voltarei antes de escurecer, assim espero. E, quando voltar, a senhorita terá de dar-me melhores explicações sobre o que conversava com aquela mulher.

-Oh, como quiser, Antoine. -Sibelle disse hesitantemente, vendo a expressão desconfiada do irmão gêmeo.

Acompanhou o irmão até a porta e fechou-a atrás do mesmo. No momento em que tornou o corpo para voltar ao quarto, deparara-se com Chizuru observando-a com um singelo sorriso. A moça oriental trajava um yukata laranja com uma delicada trama de pássaros e borboletas que preenchia todo o tecido. Os cabelos estavam presos num coque por um kogai de metal com três pequenas fitas alaranjadas dobradas ao meio, enfeitadas com guizos nas pontas, dispostas de modo que a do meio ficasse maior que as outras.

-Podes ter engando a Antoine, não a mim. Este papel em tua mão... Permite-me vê-lo?

-Chizuru, eu não pretendia mentir a ele... Fleur foi tão teimosa, acabei deixando-a escrever tais bobagens, mas não entregarei este bilhete àquele entregador jamais!

-Hum, um bilhete ao entregador... De amor, suponho? - ela aproximou-se vagarosamente, ainda sorrindo. Movia-se muito suavemente, quase sem fazer barulho no assoalho ou com os guizos. Ao alcançar Sibelle, Chizuru estendeu seu braço e abriu um pouco mais o sorriso.

-Posso?

Sibelle hesitou por alguns segundos e entregou-lhe o papel um tanto amassado. Leu-o com o rosto sério. Devolveu-lhe e perguntou, sorrindo outra vez:

-É um novo admirador teu? Parece-me que aconteceu algo entre os dois ontem, enquanto demoravam-se na despensa... - dando uma risadinha baixa, cobriu os lábios com a mão, olhando-a como uma criança que planeja algo.

-Ora, nada aconteceu, apenas procuramos pelo dinheiro que deixei lá. Após entregar-lhe o dinheiro, ele foi embora.

-Não é o que diz o bilhete. Além disso, se aconteceu exatamente como disseste, por que estás tão nervosa?

-Ah! Santo Deus! Como eu gostaria de saber mentir, ao menos um pouco. - Sibelle suspirou e sentou-se ao sofá da sala.

A jovem oriental sentou-se ao lado da francesa. Sibelle contou-lhe muito sucintamente o que ocorrera no dia anterior, como também o que Fleur sugerira-lhe e Chizuru ficou a ouví-la com seu sorriso suave. Quando a garota terminou de falar, Chizuru concordou com a proposta de Fleur de vê-lo uma segunda vez, mas também achava que Sibelle estava certa em querer esperar e conhecê-lo, pois, diferentemente delas, que tinham uma vida de luxúria e instável, Sibelle poderia muito bem arranjar um marido. Além do mais, Antoine também desejava esse futuro para ela. 

-Mas como farei para encontrá-lo de novo? Penso que não terei a coragem suficiente...

-Não preocupa-te tanto com estes detalhes. Quando tiveres a oportunidade, saberás o que fazer.

-Tenho minhas dúvidas quanto a isso... - disse ela, no mesmo momento em que alguém batia à porta. Sibelle levantou-se e foi abri-la.

-Sim? Oh, olá, menino! Que tens para mim hoje? - perguntou a um garoto negro, que sempre corria por aquelas ruas dando recados. Em troca, ele ganhava um bocadinho de comida ou algumas moedinhas dos moradores da rua.

-O moço das entregas pediu para entregar essa flor para a dona francesinha. E mandou dizer que é igualzinha a sinhá. - levantando a mão, o garoto ergueu uma rosa amarela.

-O moço das entregas? Oh, sim! Obrigada, menino. É linda, não acha, Chizuru?

-Certamente. Por que não o procura e agradece adequadamente? - disse ela, enquanto levantava-se e aproximava-se da porta.

-Ora... Mas o que lhe diria? - Sibelle segurava a flor na mão, acariciando as pétalas e cheirando-a logo em seguida.

-Deves perguntar-lhe se ele gostaria de assisti-la cantar novamente. E descubra qual casa de jogos ele tem por preferência. O que achas?

-Oh, perfeito! Menino, onde está o entregador? 

-Ah, ele foi na dona Maria, mas já tá indo embora.

Sibelle espiou a rua e avistou-o a uns cem metros caminhando em direção à esquina, descendo a rua um tanto íngreme. Ela logo o perderia de vista se não o seguisse rapidamente.

-Eu preciso falar com ele! Muito obrigada, Chizuru! - e deu-lhe um beijo estalado na bochecha, para logo sair às pressas da casa.

-Espere, Sibelle! Eu precisava lhe avisar que sairei hoje e não estarei aqui à noite!

-Oh. Está bem, mas volte amanhã mesmo, sim? - disse ela, que havia refreado a descida e já estava voltando a correr atrás de Estevão.

Chizuru deu uma risadinha, despediu-se do garoto e fechou a porta.


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