Um Velho Conto De Amor escrita por nuuuvia xD


Capítulo 3
Capítulo 3




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No dia seguinte, uma de suas grandes amigas da França, concubina de renome, foi visitá-la por duas semanas, como havia prometido poucos dias antes da partida de Sibelle, tanto para vigiá-la quanto para conhecer novos lugares. Seus cabelos ruivos usualmente presos em coques exuberantes e suas roupas igualmente magníficas sempre geravam olhares impressionados de quem quer que fosse. Eram amigas de longa data; assim, contou tudo o que acontecera entre ela e o entregador. A amiga ficara interessadíssima, até sugerira que lhe enviasse um bilhete urgentemente, para que pudessem encontrar-se logo. 

-Ah, Fleur... Mas ele parece tão deslumbrado e, ao mesmo tempo, tão hesitante em tocar-me... Talvez seja melhor eu mesma escrever um recado, ou não mandarmos recado algum. - falava ela com pesar em frânces. -Tenho receio de que ele seja como tantos outros homens os quais me cercaram por toda, obcecados por prazeres carnais ou apaixonados pela imagem de criança pura que sempre carreguei. 

-Passarinho, por que tanta ansiedade? Se deixares esta questão às minhas mãos, certamente tornar-se-á muito mais fácil aos dois. – dizia ela com um sorriso e tom alegres, além de um tanto malicioso. 

-Sim, eu sei. Mas não parece certo... Eu gostaria de conhecê-lo, antes de mais nada. Seus defeitos e qualidades, o que o faz rir, o que o faz sofrer, o que lhe agrada fazer...

-Seguramente, ouvi-la cantar o agrada muito. – interrompeu-lhe a moça ruiva, deitando-se vagarosamente à cama de sua jovem amiga. -Ah, meu passarinho está conhecendo o amor! E logo experimentará a dor e o sofrimento que este causa... Mas vamos ao bilhete! -levantando-se de um salto da estreita cama, Fleur vasculhou o quarto de Sibelle em busca de papel e caneta, enquanto a mais nova tentava pedir que ela deixasse esses assuntos de lado.

Mas logo ela cansou-se de tanto implorar e sentou-se a pequena poltrona ao lado da janela de seu quarto e pôs-se a observar, apoiada nos pulsos pálidos, o céu, os arbustos e alguns insetos do lado de fora do casebre.

-Fleur...

-Sh! E depois, arranjaremos um lugar adequado e próximo para a minha estada aqui no Brasil...

-Temo que não há lugar algum nas vizinhanças que esteja a altura de uma mulher rica como a minha Fleur. 

-Pois muito bem, que seja um tanto distante. Venho todos os dias de carruagem para vê-los, a  ti, ao tolo do seu irmão Antoine e até mesmo àquela mocinha oriental, de quem nunca lembro o nome...

-Oh, é Chizuru. Ora, Fleur, não fale dela assim, ela sempre foi tão educada e organizada. E toca flauta com tanta doçura e delicadeza... 

-Hunf, a tua voz é tão superior, minha querida, não existe nem comparação. Por falar nisso, quando verei meu passarinho cantar outra vez, hã? -a concubina fez um afago no rosto de Sibelle e apertou-lhe a bochecha, sorrindo inquisidoramente.

-Ah, não pretendia apresentar-me tão cedo...

-Como? Então, terei de arranjar um bom estabelecimento para a minha Sibelle! Quem sabe uma casa de jogos não seria perfeita para mostrarmos a sua carinha, hum? -ela sentava-se a cama para escrever num pequeno pedaço de papel que achara no armário da mais nova. 

Sibelle queria protestar, todavia, estava já exausta de retrucar com a amiga. Suspirando, deitou-se ao seu colo, apoiando uma mão no vestido azul-turquesa reluzente e todo detalhado em renda. Em alguns minutos, escrevera um pequeno bilhete ao entregador.

Pedir-lhe-ei alguns itens incomuns...

Primeiramente, uma nova declaração,

Sem angústia, medo ou esperança.

Segundamente, uma nova despedida,

Tranqüila e satisfatória aos dois.

Contudo, atenda-me quando vieres a trabalho.

E guarde meu recado para nunca mais ser encontrado.

Sibelle sentia sua face ruborizar enquanto lia as frases, imaginando os pensamentos que se passariam pela mente apaixonada do garoto desajeitado que se declarara com tanto ardor a ela. 

-Fleur, não poderias usar expressões menos embaraçosas...? -suplicava-lhe a garota, observando o bilhete que a amiga lhe entregava.

-Querida, preocupe-se unicamente com o seu encontro com ele. 

Do quarto, as duas moças puderam ouvir, ao que parecia, uma conversa entre homens. Fleur soltou uma exclamação e levantou-se, despedindo-se de Sibelle com um beijo muito breve e delicado nos lábios.

-Perdoe-me, passarinho, esqueci-me de que meu marido pedira a Jean Fradique para levar-me a um passeio pela cidade. Ah, passe uma gota de teu perfume no bilhete, querida! Jovens moços adoram sentir o cheiro de suas amadas! Hu, hu, hu! 

Antoine dirigia-se ao quarto, porém, vendo as duas atravessando o corredor, esperou-as. Um senhor esperava com uma expressão séria ao lado da porta, que estava aberta e permitia-lhes ver uma carruagem muito sofisticada parada a frente da casa. Fleur saudou o homem, voltou-se a Sibelle, pegou-lhe nos ombros e sussurrou-lhe:

-Querida, não se esqueça de entregar-lhe o recado, mas apenas o faça se por acaso encontrarem-se novamente, como na casa de jogos, quem sabe. -enviando-lhe um olhar malicioso, abraçou à garota e despediu-se de Antoine. 


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Notas finais do capítulo

;*



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