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     - Oi, eu soube que o Lil’ Wayne está hospedado aqui. – A garota sorriu gentilmente para o recepcionista.

     - Sim, ele está aqui. Quer que eu avise que você está aqui? – Respondeu.

     - Não é necessário. Em qual quarto ele está?

     - Ele está na piscina.

     - Ah, obrigada. – Colocou os óculos de sol e caminhou pelo largo corredor que dava para o pátio do hotel e logo depois, a piscina. Provavelmente o rapper estaria ali perto da beira da piscina.

     - Lil’ Wayne? – Aproximou-se de um cara que lhe lembrava muito o cantor. Sorriu ao ver que acertou.

     - Selena? – O rapper se assustou. – O que...? Onde está o JB?

     - Ele não veio. – Ela trincou os dentes.

     - Ah... Então, o que você faz aqui? Pensei que você não gostava de mim...

     - Besteira. – Passou a mão pelo ombro nu dele.

     - Você é a garota do Biebs, Selena. – Ele afastou sua mão, tentando ser gentil.

     - Isso me dá direito a alguns favores?

     - O que você quer?

     - Quero que me apresente um amiguinho seu. Daqueles que são problema. – Especificou ela, sorrindo diabolicamente.

     - Por que eu faria isso? Você não pediu ao Biebs que ficasse longe de mim?

     - Pedi. Mas quem está aqui sou eu, não ele. – Sorriu, persuasiva. O rapper pareceu cogitar a ideia por um segundo.

     - Tem certeza disso? Ele me parece tão calmo. – Selena observou de longe o cara a quem Lil’ Wayne se referia.

     Eles estavam num bar conhecido da cidade. O dono já conhecia Lil’ Wayne pelas festas que ele havia participado ali. O homem de quem ele falava era bonito. Alto, loiro e olhos verdes, talvez fosse ele australiano.

     - Vai por mim. É só uma garrafa de whisky e ele se transforma. – Garantiu. – Mas, para quê mesmo vocês...

     - Uma brincadeira. Coisa do Justin. – Sorriu. Selena sentia-se meio que comprando um animal, como se o cara nem fosse humano.

     - Nunca o vi brincando disso. – Rebateu, desconfiado.

     - É só um susto! – Selena estava desesperada.

     - Ok, vai lá falar com ele. Ah, vai ter que desembolsar uma boa quantia. – Avisou ele e sentou-se numa mesa. Selena bufou e tirou o talão de cheque da bolsa, indo até o homem.

- Miranda

     Apoiei-me na mesa, analisando as fotos. Cada uma mais linda que a outra. Suspirei, derrotada. Aquilo era demais para mim. Eu estava me desgastando só de ficar perto dele. O estúdio estava vazio, depois de um longo dia de trabalho, todos estavam lá fora, relaxando um pouco.

     - Ei. – Um queixo foi apoiado no meu ombro, a respiração contra meu pescoço me causava arrepios. – Você me desculpa?

     - Justin, por favor. – Empurrei-o de leve.

     - Por favor, você, Miranda. Sério, me perdoa, eu só... Só estou fazendo tudo errado ultimamente e não devia ter dito tudo aquilo a você... Só me desculpa. – Parecia que ele ia chorar.

     - Justin...

     - É sério, Miranda, por favor, não fica chateada comigo também. Aliás, acho que você é a pessoa mais chateada comigo aqui. – Ele sentou no chão do estúdio, onde havia um tapete felpudo para a sessão de fotos.

     - Está tudo bem, Justin. – Dei um beijinho em seu rosto e o abracei, ajoelhando-me ao seu lado.

     Não sei quanto tempo ficamos ali, mas sei que assim que passei os braços por seus ombros, ele envolveu os braços dele na minha cintura. Desejei poder ficar daquele jeito para sempre. Era como se todo o inverno passado voltasse, e tudo ficava bem de novo.

     Kenny veio nos chamar para irmos jantar num restaurante japonês. Nunca fui fã de comida japonesa, mas fui mesmo assim, para não fazer desfeita e jantar no hotel.

     - Já comeu sushi? – Justin perguntou a mim, animado até demais.

     - Não. – Sorri.

     - Você vai adorar! Eles têm o melhor sushi de Los Angeles! – Abriu a porta para mim. Os flashes iluminavam o caminho do carro até a porta. Já podia imaginar o que sairia nas capas amanhã. Meu Deus, onde estava a Selena?!

     Provei o sushi e constatei que peixe cru não é a minha praia, sem trocadilhos. Todos comeram muito sushi, sashimi e essas coisas que eu não gostei muito. Comi apenas um yakisoba mesmo, gostoso e nada nojento.

     - Não acredito que você não gostou. – Justin fez uma careta.

     - Não gostei não, problema?

     - Você é fresca. Aposto que é por causa do peixe cru.

     - Claro que não! Eu comi um, não comi? – Rebati.

     - Mas fez careta.

     - Tenta chupar limão e não fazer careta. É a mesma coisa...

     - Não muda de assunto! – Ele começou a rir de mim. Coloquei a mão na cabeça dele, empurrando para trás. – Agora, experimenta um saquê.

     - Justin! É bebida alcoólica!

     - Você tinha que ver sua cara! – Ele ria. – Impagável!

     - Imbecil. – Revirei os olhos.

     - Você é muito santinha, Miranda.

     - Ah, falou o Bad Boy, não é?

     - Ei, eu não sou bonzinho, ok?

     - Ah, não é mesmo! – Ri. Acho que colocaram alguma coisa no meu yakisoba.

     Ao voltarmos para o hotel, tivemos que enfrentar mais paparazzi. Respirei fundo e saí do carro. Aquilo até era divertido. Depois, na internet, você via todas as imagens juntas e parece que a cada passo, uma foto era tirada. Scott tirou uma caixa enorme do porta-malas do carro.

     - Dever de casa. – Piscou para mim, quando perguntei.

     - Algumas questões da turnê. – Justin explicou. – Deixe que eu levo, Scott.

     - Obrigado, J. Você está mais novo que eu... – Disse Scooter, alongando-se depois de descarregar o peso no Justin.

     - Você tá velho, Scott. – Ele brincou. – Miranda, leva meu casaco, por favor?

     - Claro. – Sorri e peguei o casaco de suas mãos. Subimos para o andar reservado para a equipe “pessoal” do Justin. Cada um entrou em seu quarto e logo o silêncio se estabeleceu.

     Tomei um banho, vesti meu pijama e desabei na cama, repassando todo o meu dia na mente, sorrindo com cada detalhe que eu me lembrava de repente. Adormeci pensando naquilo.

     - Ei, Miranda? – Era o Justin. Como ele havia entrado no meu quarto? Que horas eram? Bom, ainda estava escuro.

     - Hm? – Preguiça de abrir a boca e falar.

     - Onde está o meu casaco? Ryan pediu...

     - Vê aí, em cima da mesa. – Murmurei, duvidando muito que ele havia entendido algo.

     - Obrigado. – Deu um beijo na minha testa. – Boa noite.

     - Uhum. – Foi só o que respondi. Vi a luz do corredor entrar no quarto quando ele abriu a porta e depois se apagar, ao sair.

     Rodei na cama e cochilei mais um pouco.

     Ouvi o barulho da maçaneta sendo mexida no meio da noite, mas ignorei. A porta foi aberta e alguém se arrastou por debaixo das cobertas. Uma mão macia percorreu toda a extensão da minha perna. Com certeza era o idiota do Bieber, fazendo gracinha.

     Estava escuro e eu não podia ver muita coisa, aliás, eu nem queria. Um par de lábios urgentes me beijou. Respondi ao beijo meio que automaticamente, minhas mãos percorriam o cabelo macio e seus braços envolveram minha cintura com vontade. Uma mão desceu e encaixou minha perna em sua cintura, apertando-a suavemente.  

     Ele rompeu o beijo e desceu para o meu pescoço. Senti o leve roçar de uma barba malfeita em minha pele, fazia cócegas, mas era bom. A mão que estava na minha perna subiu de novo e foi parar na minha cintura, quase por debaixo da blusa. De repente eu me dei conta de algo, senti todo o meu sistema nervoso congelar e meu corpo ficou tenso.

     - Por que parou, vadia? – Uma voz muito madura ressoou no quarto.

     Com um surto de adrenalina, saltei da cama, suando frio. A pessoa que estava deitada na cama pareceu estar confusa. Tentou se levantar, mas parecia um pouco grogue. Parei para prestar atenção e senti o gosto de bebida em meus lábios. Sem pensar duas vezes, peguei meu celular e fui para a porta, já discando o número da polícia. Saí do quarto correndo, assustada demais. Eu tremia tanto que achei que iria cair. Parei no corredor, pensando no que fazer. Ouvi o barulho de alguém caindo da cama e depois passos. Gritei. Alto. Depois comecei a chorar, desesperada. Minha mente não raciocinava, ou se recusava a raciocinar.

     - O que houve? – A voz de Kenny chegou aos meus ouvidos. Eu estava sentada no chão e me levantei correndo, indo parar em seus braços, ainda soluçando alto. Scooter estava com ele. Ken olhou algo por cima dos meus ombros e me colocou de lado, disparando corredor afora. Todas as outras portas foram abertas.

     - Vem aqui. – Scooter me pegou no colo. Houve um murmúrio muito alto, muita gente havia saído de seus quartos para ver o que aconteceu.

     - O que... Miranda? – Justin estava na porta, nos fitando, preocupado. Scooter estava me levando para o meu quarto, mas eu não queria entrar lá, de jeito nenhum. Agarrei o colarinho da sua blusa e neguei com a cabeça, incapaz de falar algo por causa do choro. – Deixe-a aqui. – Justin sugeriu. Scott entrou no quarto dele e me colocou no sofá.

     - Respira. – Ele dizia, tentando me acalmar. – Respira.

     - Aqui está. – Fredo colocou um copo d’água na minha frente e eu o virei, quase engasgando.

     - Quem era aquele homem, Miranda? – Scooter quis saber.

     - Que homem?! – Justin, que estava bem ao meu lado, questionou. Tirou uma mecha de cabelo do meu rosto suado e a colocou atrás da minha orelha.

     - Eu não sei. – Minha voz saía como um sussurro. – Ele só... – Comecei a chorar de novo. Justin passou o braço pelo meu ombro.

     - O que é isso? – Justin passou a ponta dos dedos no meu pescoço. Aposto que havia marcas ali. – Ele... Ele tentou...

     Não respondi. Apenas fitei o chão, concentrando-me em não chorar. Scooter pareceu desistir de me fazer perguntas.

     - Descanse, pequena. Amanhã a gente conversa, ok? Vem, Fredo, a deixe dormir. Biebs, cuide dela. – Pediu, antes de sair.

     Justin ainda estava me abraçando. Sua mão subia e descia pelo meu ombro, para me reconfortar, imagino. Deitei a cabeça em seu ombro, segurando o choro.

     - Quer falar sobre o que houve? – Perguntou, delicadamente.  Apenas fiz que não com a cabeça. – Quer alguma coisa? Água, refrigerante, chocolate? Chocolate sempre ajuda, não é? – Ele conseguiu arrancar uma risada fraca de mim.

     - Dormir seria legal. – Sussurrei. Deslizei pela almofada, mas ele me segurou.

     - Você não vai dormir no sofá. – Ele levantou e me pegou no colo. Notei que ele estava só de calça de moletom. Deitou-me gentilmente na cama e sentou na beirada.

     - Você vai dormir no sofá então? – Perguntei, brincando com meus dedos.

     - Pode...

     - Não! Deita aqui, é sua cama. A gente divide. – Sugeri. Não aguentaria dormir sozinha aquela noite. Ele abriu um sorrisinho e deitou ao meu lado. Cheguei um pouco mais perto, só para sentir sua presença ali. Justin abaixou a luz e por fim me puxou para bem perto. Ficamos nos encarando por um bom tempo. Fechei os olhos e senti seus dedos passarem pelo meu cabelo. Adormeci.