Não havia mais nada de legal na floresta, a não ser quando chegamos aos pés de uma montanha onde lá do topo descia a água da cachoeira, um pouco pra esquerda havia um laguinho de água verde escura, tapado pelas sombras das árvores.

- Deve ser da cachoeira.. - comentou Justin - mas está separado.

- É.. - eu mexi os ombros - mas vamos pra cachoeira e voltar pra cabana que eu estou ficando cansada de andar no meio do mato.

Justin andou comigo até a água corrente da cachoeira e pegamos um pouco de água com a mão e começamos a beber. Sentir aquela água geladinha me deu vontade de entrar ali de novo mas me controlei, não queria pegar uma pneumonia com a camisola molhada, já bastava os meus outros problemas de respiração.

Justin achou um cantil bem velho e o lavou para colocar água lá dentro, ele fechou e voltamos a andar de volta pra nossa cabana. Como o esperado, nós não voltamos exatamente de frente pra cabana, ela estava próxima, conseguíamos vê-la mas não era tão perto assim.Fui andando com Justin distraída e conversando, até que ele parou olhando o chão, meio paralisado. Eu olhei pra onde ele olhava e vi uma cabeça de caveira no chão, o que fez meu coração disparar. Fiquei paralisada e engoli a seco, senti tudo dentro de mim parar.. será que naquela ilha tinha mais pessoas do que a gente?! 

- Vem! - disse Justin me abraçando pela cintura - Deixa isso pra lá.. - Ele começou a andar junto comigo - Nós rodamos a ilha toda, não há ninguém além de nós - ele tentou me tranqüilizar beijando meu rosto e eu tentei me convencer com suas palavras pelo meu bem.

Chegamos na nossa cabana e eu ainda estava com o pensamento na caveira que vimos, me sentei ao lado de fora na areia e fiquei olhando o mar. Justin deixou o cantil de lado e parou na minha frente.

- Ok, vamos brincar de mímica agora.. - ele sugeriu.

- Ah - eu forcei um sorriso - começa aí então.

Justin parou pra pensar e depois deu um sorriso como se já soubesse o que iria imitar. Ele começou a incenar de forma bem cômica, eu tentava prestar atenção no que ele queria dizer mas era quase impossível. Ele fazia movimentos tão espalhafatosos e femininos, que me faziam quase morrer de rir.

- Eu não sei.. - eu disse por fim - Talvez uma criatura marinha - eu ainda ria - Ou o polvo do filme do Peter Pan.

- Não.. - ele riu - está próximo disso.

- hããã - eu disse pensando no que poderia ser, enquanto Justin imitava o que fosse a coisa que ele queria - Capitão gancho?!

- Não - ele ria e saltitava como se estivesse segurando uma espada e lutando.

- Oscaliz! - eu disse com firmeza e um sorriso de quem tinha ganhado na mega sena acumulada.

- Oscaliz?! - Ele parou de se movimentar com o cenho franzido - Eu jurava que o nome dele era Oliscar.

Eu caí na gargalhada, mas logo puxei ele pra areia dizendo que o que valia era a intenção e eu tinha acertado. Ele se sentou e era a minha vez de imitar alguém. Comecei a batalhar com o vento e ao mesmo tempo mantinha uma expressão serena.

Em vez de Justin tentar acertar, parecia que ele estava paralisado me observando como se nem estivéssemos brincando de mímica.

- Ô sua cabeça de alga! - eu parei de me movimentar - Você ainda está vivo aí?!

- Tô sim.. - ele sorriu de lado e me puxou - É que você ficou muito fofa fazendo aqueles gestos.

Ele me deitou na areia e ficou por cima de mim e me beijou. Eu ainda não tinha me acostumado com o beijo de Justin, era sempre muito surpreendente pra mim. Ficamos um bom tempo alí nos beijando, depois ficamos deitados olhando o céu e fomos pra cabana de novo, ''brincar'' mais um pouquinho.

Dessa vez eu não estava tão cansada já que não tinha feito muito esforço, mas quem ficou no comando desta vez fui eu. Pude tocar cada canto do corpo de Justin, como sempre desejei, meus lábios ardiam e toda vez que eu os tocava na pele de Justin, sentia sua pele arrepiar e via ele morder os lábios. Eu sabia que estava dando prazer a ele e isso me deixava eufórica, ás vezes sentia que meu ar queria perder o controle, mas eu fechava os olhos e tentava me controlar o máximo possivel. ''Brinquei'' com o membro de Justin, fizemos diversas posições e por fim paramos quando o pôr do sol começou, estávamos abraçados e nus, olhando o sol descer na montanha, o céu púrpura e as ondas baixas como se estivéssemos em um paraíso.

Não demorou muito e eu logo dormi alí nos braços de Justin, sentindo seu cheirinho de maresia e sua pele quente me esquentar, foi uma das minhas melhores noites.

Os dias seguidos foram bem mais divertidos. Nós brincávamos, nos beijávamos, transávamos, e brincávamos mais. Jogo da velha na areia, forca, pique esconde e diversas outras brincadeiras. Acabávamos o dia exaustos e completamente felizes, sempre observávamos se algum barco não estava passando, mas parecia que nunca passava barco nenhum por ali.

Mas foi depois de quatro dias, enquanto eu e Justin brincávamos de adedonha de dedo, que vimos um helicóptero passar.

- oh meu Deus! - eu disse com meus olhos brilhando - Vieram nos salvar! - me levantei correndo e gritando - EEEI, AQUI !

O helicóptero sobrevoava a ilha, mas não na minha frente, pareciam que ainda não tinham nos visto.

- Me ajuda Justin, por favor.. - eu implorei, ele então levantou e saculejou os braços sem muita empolgação o que fez meu estômago revirar, eu vi o helicóptero se afastando e isso fez meu coração disparar, rapidamente um nervoso percorreu meu corpo. Eles estavam indo embora.. a nossa única salvação.

- Me ajuda, seu imbecil ! - eu gritei com ele, mas Justin não sabia muito o que fazer, ficou parado olhando o helicóptero ir embora. Uma falta de ar me dominou, eu não deixei me abater, corri pro lado do Justin e comecei a socar seu tórax e com dificuldade o xinguei de vários nomes. 

- Porque não fez alguma coisa?! - eu tentava socá-lo, mas ele segurava meus punhos - você é um tolo, vamos ficar presos pra sempre - eu disse com o último golpe de ar que eu ainda tinha comigo e desabei sobre o corpo de Justin.

- Sophia! - ele pareceu desesperado e me segurou. Justin me levou até a cabana e me deitou na areia - Sophia, fala comigo!! - ele me saculejou.

Eu sentia meu corpo suar, eu pegava ar com dificuldade fazendo barulhos enquanto abria a boca na intenção de pegar uma boa quantidade de ar. Eu me contorcia, eu estava tendo um ataque e isso estava deixando Justin assustado.

- Justin.. - eu disse com mais dificuldade ainda - Pega.. - eu falei entre suspiros - água.

Justin correu pra fora e voltou com o cantil. Ele apoiou minhas costas em seus braços e me deu água. Eu tossi assim quando a água umideceu minha garganta. Justin me apertou em seus braços e senti meus lábios tocarem seu tórax. 

- Ei, o que está acontecendo com você? - Ele beijou minha testa, seus olhos estavam bastante apavorados e eu deveria imaginar o porque, eu deveria ser horrível tendo ataque respiratório.

Eu não respondi, apenas relaxei a cabeça no tórax de Justin, sentindo seu cheiro de maresia e tentava pegar ar com o nariz, regularizando minha respiração. Justin se sentou e me acolheu em seus braços me fazendo carinho enquanto eu me preocupava em me manter viva.