CAPÍTULO OITO

Alice corria de um lado para o outro em busca de algo que eu não sabia o que era. Ela tinha dito alguma coisa sobre formatura do ensino médio, mas eu não entendia o porquê do tamanho desespero.

- Claire! Ajuda pelo amor que você tem por sua alma. Eu preciso desse anel!

- Anel? – questionei confusa – Você procura um anel?

- Foi o que eu disse! – ela respondeu raivosa – Vamos se mexa!

Comecei a procurar calmamente, eu ainda estava em situação precária, pelo menos era o ultimo dia segundo Alice.

- Porque você quer o anel?

- Eu estou me formando e formandos têm anel de formatura! – ela estava toda descabelada, também queria o que, tava saindo de baixo da cama.

-Porque não me disse que estava se formando? – perguntei erguendo algumas almofadas, achar uma agulha em um palheiro era mais fácil do que achar um anel no quarto colorido de Alice.

- Eu disse! – me virei pra ela arqueando a sobrancelha – Ou não disse? – perguntou confusa.

- Não você não disse.

- Mas também nem precisava, até parece que não sabia que eu estava no ultimo ano! Às vezes eu fico me perguntando se você é desse mundo.

Não eu não era desse mundo e não sabia nada desse negocio de formando.

- AHHHHHHH EU ACHEI!

Levei a mão ao peito tamanho foi o susto.

- Credo garota não precisava gritar assim! Quase me matou de susto. – ralhei com Alice. Ela não tinha dó dos meus tímpanos não?

- Falou a rainha do drama!- disse quicando e admirando o anel não dando importância ao que eu havia falado.

Ela enfim se olhou no espelho.

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

Eu pude até ouvir os pássaros batendo assas e fugindo desesperadamente dali.

Edward invadiu o quarto furioso.

- Dá pra para com as crises de grito ou esta difícil? Temos vizinhos sua louca!

- Dane-se os vizinhos! – ela disse jogando as mãos exasperadamente para cima.

Eu vi quando o anel voou de sua mão e entrou no ducto de ventilação. Logo em seguida eu ouvi um baque surdo no chão. Alice tinha desmaiado.

Edward nem se deu o trabalho de socorrer Alice. Para ele deveria ser comum.

- Vou pegar a chave de fenda! – ele saiu do quarto.

Caminhei preocupada até Alice e a cutuquei com o dedo.

- Alie? Alice? – ela não se moveu cutuquei com mais força – Aliceeee! – cantarolei e ainda não se mexia grudei em seus ombros e a chacoalhei com força – ALICE!

Ela abriu os olhos assustada e ofegante.

- O anel! – disse afobada – O anel voou da minha mão! Claire! O dia mais importante da minha vida esta fadado ao fracasso!

Rolei os olhos. Depois a dramática era eu.

- Pelo o que eu saiba o dia mais importante da vida de uma mulher na terra é o dia de seu casamento, e você não esta se casando. – me levantei largando ela no chão.

- Claire como voce pode ser tão insensível? – levou a mão ao peito. Que sentimentalista! - Eu estou indo para uma nova fase da minha vida! Estou saindo do colegial e indo para a universidade! E sem falar que eu preciso estar apresentável para o discurso, eu sou a oradora da turma!

- Alice; Edward vai dar um jeito, ele foi buscar a chave de fenda!

- E quem vai dar um jeito nos meus cabelos? Na minha pele? E nas minhas unhas?

Ela se examinava como se realmente estivesse em um estado deplorável.

- Alice você já fez as unhas ontem. Agora é só tomar um banho eu te ajudo a fazer o seu cabelo!

Dei a solução para aquele “problema”. Se Alice estivesse na mesma situação que a minha, lutando contra o tempo, acredito que ela já estaria carequinha da silva.

Edward entrou emburrado no quarto carregando uma pequena escada e a caixa de ferramentas. E já foi indo abrir o ducto de ventilação.

- Viu Alice? – perguntei estendo a minha mão par ela se levantar – Tudo sobre controle!

Ela ainda me fitou desconfiada e se levantou.

- Certo! Nada vai dar errado! – disse tentando se convencer.

- Sim! – eu disse a conduzindo para o banheiro – Nada vai dar errado.

Alce deu meia volta e pegou seu vestidinho rosa bebe todo muito bem moldado.

- Claire, tem certeza que esse vestido está bom? – ela puxou um amarelo canário que estava pendurado na porta – Será que esse não era melhor?

Esme entrou no quarto apressada carregando dois vestidos. Um preto elegante formal e um azul petróleo comportado.

- Claire, qual dos dois? – disse Esme.

Eu olhei confusa para as duas.

Desde quando Esme e Alice pediam a minha opinião sobre vestidos?

Eu hein... O que tava acontecendo com elas?

- Por favor alguém explica? – olhei para Edward e ele me fitou entediado.

- Mamãe esta assim porque Cindy a namorada siliconada do meu pai vai acompanhá-lo na formatura, e Alice por causa do Jasper. – enruguei a testa querendo saber quem era Jasper – Jasper é meu amigo da faculdade, eu o convidei para não ir sozinho, colegial só serve para ser visitado por universitários acompanhados. Sozinhos viramos presa fácil!

Ele voltou a desparafusar o ducto de ventilação como se não tivesse dito nada.

- Bem – voltei olhando para as duas – Tia Esme o azul petróleo ficaria melhor e Alice o rosa bebe por favor, porque esse amarelo canário ninguém merece!

Elas assentiram e partiram ao mesmo tempo. Esme para seu quarto e Alice para o banheiro.

-Edward porque ninguém se incomodou em me falar nada?

- Sei lá – ele disse dando de ombros – elas também nunca me falam nada. Descobri sozinho que Alice era apaixonada por meu amigo. Depois que eu comecei a notar que quando ele estava por perto ela não abria a boca. Por um tempo usei Jazz para conseguir o precioso silencio, depois eu vi que se eu continuasse com isso, Alice teria um infarto. – a placa do ducto caiu no chão fazendo um barulho estridente - Eu sempre sou o ultimo a saber, mas dessa vez, pelo o que me parece, eu fui o penúltimo! - Edward pegou o anel e estendeu pra mim.

- Ok! – eu disse colocando o anel em uma caixinha avulsa e depositando-a em cima do vestido de Alice – Eu vou ver se acho alguma coisa pra vestir pra essa formatura.

Aquilo era estranho. Edward falava calmante sobre o fato de sua irmã estar perdidamente apaixonada por seu amigo. Talvez ele acreditasse em ter a situação em controle, por isso o ciúmes não estava gritando ainda.

- Antes de sair pega a placa pra mim! – disse Edward ainda espiando dentro do ducto e então me estendeu um brinco e outro anel e eu lhe entreguei a placa – Acho que esse ducto tem algo de diabólico!

Eu ri e coloquei as outras jóias de Alice sobre a penteadeira.

- Esse seu mau humor é por cauda as Cindy ou do Jasper?

Ele me olhou por um momento.

- O que voce acha?

- Cindy! – ele deu de ombros e começou a fechar o ducto.

 Fui para o quarto de hospede.

Poxa, porque tio Carl iria levar a Siliconada? Era a formatura da filha dele; sua esposa e filhos estariam lá. E que sacanagem; Alice nunca tinha me dito nada sobre Jasper!

Peguei uma saia de babados e de cós alto florida e uma regata branca. Tomei um banho rápido me vesti e coloquei um dos instrumentos de tortura chamado salto alto e fui ajudar Alice.

Ela poderia se menos apavorada né?

Caminhávamos calmamente enquanto Alice ia quase correndo lá para o palco com sua toga azul.

- Hey! – me virei para o comprimento e a siliconada sorria para mim – Claire quanto tempo querida! – sorri e ela me abraçou forte.

Suas próteses gigantes de silicone quase esmagaram meus pequenos limões. A afastei gentilmente e indiscretamente pus as mãos nos meus seios.

Aquilo tinha doído.

Edward me observava prendendo o riso.

- Aquilo doeu Cullen, ela não tem sensibilidade, mas eu tenho! – sussurrei de canto.

As minhas palavras bastaram para ele começar a gargalhar.

Eu já citei que Edward estava simplesmente um deus grego?

Aquela camisa pólo branca estava me tirando o fôlego.

Mas o resto do momento foi estranho, Esme Carlisle e Cindy se cumprimentaram extremamente sem graça.

- Esme? – todos nós diante do silencio constrangedor nos viramos ao chamado.

James.

Como eu não tinha pensado em chamá-lo?

Ele certamente estava lindo. O terno preto ressaltava suas orbes verdes. E seu sorriso? Ah seu sorriso branco e perfeito quase me cegou.

- Querida me desculpa em não poder ir buscá-los – ele disse estendendo o olhar para mim e para Edward – A reunião como eu temia me prendeu mais do que devia!

- Não tem problema James! – disse Esme docemente alisando o paletó de seu suposto namorado – O que importa é que chegou a tempo!

Ela sorriu gentilmente para Carlisle e Cindy que os fitavam boquiabertos.

- Se nos dão licença! – ela enlaçou seu braço no do James – Nos encontramos em nossos assentos crianças! – disse se referindo a mim e a Edward.

UAU! Eu tinha criado um monstro. Esme estava me superando.

James olhou de relance para trás fitando Cindy. Aquilo poderia ter passado despercebido para todos. E passou. A não ser por mim.

Fitei Cindy e ela tentou desmanchar a sua expressão de incredulidade e surpresa.

Tinha caroço naquele angu. Ah se tinha.

- Vamos Cindy? – Carlisle a chamou também ainda não muito recuperado do choque – Até mais crianças!

Eu e Edward acenamos.

- Claire já pode tirar as mãos dos seus seios, eu acredito que ela não vai mais te abraçar!

Olhei para meu busto e imediatamente tirei a mão. Edward ria divertido. Não pude evitar e ri também.

- Você é muito idiota! – disse socando seu braço.

- É muita convivência! – ele disse piscando e então passou um se seus braços em torno de mim.

Porque ele tinha de fazer isso?

Meu corpo inteiro estremeceu diante daquele toque, meu coração batia tão forte que meus tímpanos tremiam.

Maldita TPM.

Algumas adolescentes entraram também apressadas e me olharam feio.

- Cara feia pra mim é fome! – disse para uma delas que no mesmo momento desviou o olhar e continuou andando em direção ao palco – Abusadinha! – reclamei.

Olhei para Edward que ainda me abraçava. Ele já me olhava. Era tão bom ficar assim com ele. Seu olhar divertido me aquecia por inteiro e me devolvia a sensação de poder voar.

- Se vão mesmo fazer isso eu indico que procurem um quarto!

Me virei pra voz desconhecida.

O loiro de olhos âmbar tinha um sorriso zombeteiro. Ele era lindo e irreverente. Usava jeans, sapatos social, camisa social, um colete social e um chapéu de cor giz.

Seu jeito despojado de andar se chocava com seu jeito arrumadinho de se vestir. Seus cabelos meio cumpridos e mal penteados o deixava extremante charmoso.

- Jasper! – eu disse com um sorriso constatando quem ele era.

Ele pegou a minha mão e a beijou calidamente.

- Ao seu dispor Monsieur!

Pronto. Estava explicado porque Alice estava apaixonada por ele. Jasper era realmente apaixonante.

Eu sorri abobalhada.

Edward puxou a minha mão que repousava ainda sobre as mãos de Jasper.

- Não abusa cara! – sua voz saiu extremamente divertida – Essa é minha prima Claire!

- Prima? – ele arqueou as sobrancelhas – Tem certeza? Vocês mais pareciam um lindo casal de namoradinhos.

Eu fiquei vermelha feita pimenta naquele momento. Edward e eu não parecíamos isso. Não mesmo.

- Claire e impressão minha ou você esta corada? – Edward começou a me provocar – Não diga que esta com vergonha!

Eu o empurrei pra longe. Eu não entendia porque as mãos imundas dele continuavam em torno de mim.

- Vai se ferrar Cullen!

Sai marchando para meu lugar fazendo um barulho alto com o meu salto em contato como chão.

Mas ainda pude ouvir Jasper dizer.

- Agora entendi porque esteve tão feliz nos últimos dias. Ela realmente faz seu tipo.

Jasper estava enganado. Loiras, peitudas e fúteis faziam o tipo do Cullen e não eu.

Me sentei com tudo despertado a atenção de Esme. Ela me olhou e eu dei um sorrisinho.

Edward e Jasper não demoraram e tomar assento ao me lado. Me remexi incomodada.

- Você realmente esta brava? – ele sussurrou roucamente no meu ouvido.

Porque Deus por quê? Porque o senhor permitia ele fazer uma coisa tão inescrupulosa dessas comigo?

Eu me arrepiei até a alma e é claro que isso não passou despercebido por Edward. O infeliz ainda riu satisfeito.

- Vamos, abra um sorrisinho! – seu hálito quente acertou meu pescoço em cheio.

Algo dentro de mim explodiu como se fosse um vulcão em erupção. Cravei as minhas unhas na coxa dele e para piorar ele gemeu.

Edward Cullen gemeu no meu ouvido.

Oh Cristo! Eu suava frio, mas sentia um calor indescritível.

O que era aquilo? Alguém chame os bombeiros?

- Acho melhor voce parar de me irritar! – rosnei furiosa, mas eu mais parecia uma mulher deixando os instintos primitivos me dominar.

Ele respirou fundo no vão do meu pescoço e eu engoli a seco apertando ainda mais sua coxa. Passou ser braço em torto dos meus ombros e cobriu a minha mão que estava em sua perna com a outra mão disponível.

Eu estava tremendo. Eu queria na verdade era fazer muito mais do que apertar a coxa de Edward Cullen.

Mas eu não poderia querer isso.

Rapidamente puxei a minha mão debaixo da sua e meti um beliscão em meio as suas costelas. Edward recolheu suas mãos para massagear o local.

- Edward não estou brincado! – sussurrei furiosa – Fica quieto que já vai começar!

Jasper soltou um assovio baixo de admiração voltou a se encostar na cadeira.

Não vou negar. Havia acabado de rolar uma puta tensão sexual entre a gente e eu me vi agradecendo por faltar apenas alguns dias pra toda aquela tortura acabar. Eu estava me deixando muito me influenciar por sensações humanas.

Um a um dos formandos foram recebendo seus diplomas. Alice pegou saltitante o seu e nos procurou, mas quando seu olhar atingiu Jasper seu rosto tomou uma coloração rubra.

- Queridos familiares – disse o homem que eu supus ser o diretor – Nesta agradável manhã estes jovem aqui a frente completam e rompem um novo ciclo! De adolescentes a pré adultos. Uma nova etapa, um novo sonho, uma nova trajetória que os levará ao êxito!

Blá, blá, blá...

Deixei ele falando lá e fiquei me recuperando do ocorrido a alguns minutos atrás. Só voltei quando Alice foi caminhando timidamente até o púlpito de madeira maciça aonde estava o microfone.

Ela sorriu nervosa e apertou a beirada do móvel com força.

- Quando tínhamos cinco, nos pediram que disséssemos o que queríamos ser quando crescêssemos. – começou e logo deu uma pausa - Nossas respostas foram coisas como astronauta, presidente, ou no meu caso, uma princesa. – todos rimos, poderíamos imaginar Alice facilmente como princesa - Quando estávamos com  dez anos, eles perguntaram novamente e nós respondemos coisas como ser uma estrela do rock, cowboy, ou no meu caso, medalhista de ouro.- ela disse rolando os olhos como ser aquilo seria um absurdo, voltamos todos a rir. - Mas agora que nós crescemos e eles querem uma resposta séria.- ela pegou o microfone na mão - Bem, quem diabos sabe? – aquela expressão arrancou dos alunos gargalhas e dos professores olhares surpresos - Este não é o momento de tomar decisões duras e rápidas, - começou a andar pelo palco sua voz era impetuosa - Esta é a hora de cometer erros! – autoritariamente e toda desinibida Alice desceu do palco - Pegar o trem errado e ficar preso em algum lugar.  Apaixonar-se perdidamente por uma noite. Beber até não poder nem se lembrar mais o seu próprio nome. Acreditar na sociedade mesmo sabendo que ela não é digna disso! – O eco de sua voz tinha mesma dimensão da admiração de todos diante das palavras daquela baixinha. – Ou então se interessar por filosofia, porque não há nenhuma maneira de fazer uma carreira além disso.- sua voz tornou-se branda -  Mude sua mente e mude de novo, porque nada é permanente. – caminhou até de frente ao seu pai que ocupava a segunda fileira da coluna do lado e olhou fixamente para ele - Então,cometa muitos erros, tantos que você puder. Porque só é errando que se aprende. E dessa forma, algum dia, quando voltarem a perguntar o que queremos ser, não teremos mais que adivinhar. – ela estendeu seu olhar para todo salão atingindo a todos - Nós já saberemos.

Jasper ficou de pé e soltou um daqueles assovios bem alto. Todos começaram a aplaudir de pé, os estudantes jogaram para cima as suas boinas e pulavam uns em cima dos outros.

Alice ria emocionada e ficou corada quando Jasper apontou pra ela e disse gritando:

- Essa é minha garota!

Edward puxou o amigo.

- Se contenha! Ela continua sendo a minha irmã! – Jasper rolou os olhos e então me fitou.

- Eu acho que você tem mais coisas com que se preocupar! Um exemplo é você e sua priminha! – Deu dois tapinhas amigáveis nos ombros de Edward – Cara se isso não for amor eu não sei o que é!

Ele saiu todo elegante em direção a Alice me deixando abismada.

Edward me olhou sem graça coçando a cabeça meio constrangido.

- Não fale nada! – eu praticamente rosnei as palavras e Edward fechou a boca na hora.

Sai caminhando em direção a Alice para parabenizá-la pelo seu grande dia e discurso épico.

Amor. Aonde aquele garoto estava com a cabeça?

Pulei no pescoço de Alice dando lhe um abraço animado. A baixinha estava virando gente grande.

Depois de alguns cumprimentos entre seus amigos e familiares caminhamos todos para um salão enorme onde seria servido um café da manhã de rainha.

A mesa no meio do salão era enorme e cheia de comidas de todas as espécies.

- Gente do céu! Que banquete; vou comer até não caber mais nada! – eu disse mais pra mim do que para as pessoas do meu lado.

- Realmente não sei como você mantém a forma! Nunca vi ninguém comer tanto quanto você! Aliás, o que você come de chocolate em um dia é o que eu como no ano!

Fiz uma careta pra baixinha, eu tinha que aproveitar ué.

- O cansaço psicológico que você me dá, faz balança com a quantidade que eu como!

Ela me mostrou língua.

- Sua boba! – Alice desdobrou um papel – Estamos na mesa 12! Vamos!

- Alice querida – interrompeu Carlisle – Eu e Cindy não vamos ficar! Tenho uma cirurgia daqui a pouco e preciso chegar antes para os pré operatórios!

Alice fez um biquinho e soltou um muxoxo.

- Ah pai não faça isso! É o dia da minha formatura! Fique e tome pelo menos um suco!

- Querida... – ele realmente estava constrangido pela a presença de James e eu não tinha nenhum pinguinho de dó.

Embora eu devesse sentir um pouco de piedade.

- Ok! Pelo visto até no dia do meu casamento o senhor vai achar uma desculpa para não ir! – ela disse exasperada fazendo drama – Mas tudo bem, ainda bem que a mamãe arrumou um namorado para te substituir!

- NUNCA! – ele praticamente gritou, aquilo realmente tinha mexido com ele. Carlisle limpou a garganta e voltou ao seu tom brando – Querida, ninguém nunca vai me substituir, eu sou seu pai e não abro mão disso! – ele sorriu conquistando novamente Alice – Vamos; tomar um suco com toda a certeza me fará bem!

Ele foi a frente com Alice enquanto Cindy vinha por ultimo e sua expressão não era uma das melhores, mas em compensação a da dona Esme...

Eu já disse que tinha criado um monstro?

Oh sim! Eu criei um monstro.

Esme estava muitíssimo satisfeita com a situação.

Chegamos a mesa redonda.

Alice sentou entre os pais. Esme a sua esquerda e Carlisle a sua direta. Ao lado de Carlisle Cindy, daí vinha Jasper, eu, Edward, James e retornava em Esme.

Eu não consegui deixar passar as trocas discretas de olhar entre James e Cindy.

Tinha algo ali muito errado. E foi comprovado quando Cindy alegou ir ao toalete e James disse que precisava fazer uma rápida ligação.

A conversa na mesa estava animada, exceto por Edward que parecia um tanto pensativo demais para o meu gosto.

Pedi licença alegando ir ao banheiro, mas eu iria mesmo era verificar James e Cindy.

- Eu vou contigo Claire! – disse Alice meio que jê se levantando.

- Não! – eu disse meio rude que a fez de sentar novamente – Não entendo essa mania que mulher tem de querer acompanhar a outra no banheiro – fingi indignação – Eu sei como se usa a privada! Fica ai irmã perdida dos sete anões! Aproveita seus pais!

Eles riram e eu sai tranquilamente para o banheiro. Ali pude ouvir sussurros nervosos.

Fui entrando silenciosamente, James e Cindy pareciam discutir algo muito serio.

- Me deixe em paz! - Ela rosnou furiosa – Cansei dos seus joguinhos James, pra mim você já deu o que tinha que dar!

- Cindy! – ele murmurou agoniado – Como pode dizer isso? Eu nunca brinquei com você!

Ela riu sarcasticamente.

- Oh certo! Vou fingir que acredito! Tenha dó! Cansei de te esperar em casa em quanto você fingia ser namorado de outra! Você nunca foi meu de verdade!

- Mentira! – a voz de James saiu rasante – Se tem alguém nesse mundo a quem eu pertenci foi a você! Eu te dei meu amor Cindy! Te dei tudo o que eu tinha!

- Calado! – ela bradou – Você me deu migalhas de amor! – ela acusou amargurada – Já de amor ninguém enche a barriga imagine migalhas do mesmo!

Ele passou as mãos pelos cabelos demonstrando a sua frustração, foi então que os dois notaram que eu assistia o espetáculo.

- Não parem, por favor! – eu disse sincera – Continuem isso esta realmente interessante!

Cindy rolou os olhos.

- Era tudo o que me faltava! – ela se virou para o homem a sua frente – Satisfeito James? Ou quer mais?

Ele não respondeu, apenas me olhou irritado.

- Certo! Vocês realmente acharam que aqueles olhares iriam passar despercebido para mim? – eu disse indignada, ambos não estavam contentes com aminha descoberta – Mas parece que eu tirei a sorte grande! – completei irônica.

Cindy conhecia James mais do que eu imaginava. Ela sabia da profissão do meu contratado então já tinha sacado todo o meu plano.

De loira burra ela só tinha o loira. A burrice não passava nem perto.

- Claire... – ela disse caminhando até a bancada da pia e me fitando através do espelho – Não pense que eu sou tola ao ponto de não ter percebido logo na primeira vez que te vi quais eram as suas reais intenções! – retirou o batom da pequena bolsa – Vou deixar claro que não vou abrir mão do que é meu!

Dessa eu tive que rir enquanto ela retocava o batom em seus lábios.

- Seu? – perguntei ainda do um sorriso no rosto – Carlisle não é seu!

Ela se virou elegantemente para mim.

- Então é de quem? Da Esme? – ela arqueou apenas uma sobrancelha – Eu nunca me joguei para cima de Carlisle, nunca me insinuei, pelo contrario, não sabia da existência dele até o dia que ele veio até mim! – deu alguns passos na minha direção, nesse instante o sorriso já tinha desaparecido há tempos do meu rosto – Ele quem me procurou.

Aquelas palavras doeram. Ainda bem que Esme não estava ali ara ouvir.

- Eu sei! – disse num murmúrio – Mas isso não significa que ele a ama!

Essa foi a vez de Cindy rir debochada.

- E quem diz que eu busco o amor? – ela fiou James, amargurada – Já tentei provar desse veneno e ele só me deu prejuízos! – voltou ame olhar – Eu busco conforto, segurança, proteção, carinho. Busco estabilidade e isso Carlisle sabe me oferecer muito bem!

Ótimo. Ali na minha frente estava o meu problema. Iria ser muito difícil eu fazer esse cachorro largar o osso.

- Tecnicamente Carlisle e Esme ainda são casados!

Joguei a minha ultima carta. Ela sorriu mostrando todos seus dentes perfeitos e brancos.

- Não por muito tempo! – sibilou com a sua voz de sinos – Esta manhã chegou os papeis do divórcio. Carlisle ainda não sabe, mas o farei saber logo mais a noite, e tenha certeza que antes do findar deste mês, ele terá assinado!

James suspirou fundo atraindo o meu olhar pra ele.

Me parecia que ele conhecia muito bem a peça. Eu jamais imaginaria essa determinação toda vindo de Cindy.

Eu não tinha uma resposta para aquela mulher e preferi permanecer calada.

- Passar bem Claire! – ela disse guardando o batom em sua pequena bolsa de marca e saiu fazendo barulho com seus saltos.

- Merda! – James murmurou baixinho – Se eu soubesse que ela estava envolvida, eu nunca tinha aceitado esse acordo!

- Oh! – caminhei até ele resolvida – Agradeço a Deus por você estar nesse negocio! Porque a única pessoa que poderá fazê-la mudar de idéia é você!

Ele se virou me encarando com pesar.

- Cindy não vai desistir! Ela não desiste nunca!

- E você vai? – rebati – James, esta escrito na sua testa que voce a ama! Lute por isso!

Comecei a caminhar para fora do banheiro.

- Lute ou desista! Se voce lutar, mesmo que você perca, jamais será visto como um covarde e nunca ficará com a dúvida de como teria sido se você tentasse. Agora se desistir – dei uma longa pausa – Nunca mais poderá dormir em paz!

Eu ainda um pouco atordoada voltei a mesa. Carlisle e Cindy já não estavam mais lá.

- Querida está um pouco pálida! – reparou Esme.

Ela queria que eu estivesse como? Sorridente e corada?

- Mal estar passageiro! – disse não dando importância.

- Claire papai deixou um beijo pra voce! – sorri para a baixinha que estava reluzente aquela manhã.

James apareceu, mas ainda tinha uma ruga de preocupação na testa.

- Alguma coisa errada aconteceu? – perguntou Esme de supetão me fazendo encarar meu contratado – Oh sim aconteceu! – ela afirmou – Andem me contem!

Gemi de desgosto.

- A minha boca é um tumulo!- disse jogando a bomba pra cima de James que me fuzilou com o olhar.

- Oh certo! Como se eu fosse falar! – ele cruzou os braços se encostou na cadeira.

- Tudo bem eu falo! – debrucei sobre a mesa – Cindy é um cobra!

- Não ela não é! – ele interviu.

- Ah é sim! – rebati irritada – A sua ex namoradinha sabe como ser víbora!

- Ela não é minha ex namoradinha – ele bradou – Ela é minha ex noiva!

Minha indignação foi ao ápice.

- Pior! – reclamei espalmando a mesa – Era para voce ter se casado com ela! Teria evitado muita coisa!

- Você diz como se essa não tivesse sido a minha intenção!

- E por um acaso foi? – eu disse cética – Nem sequer um trabalho digno voce teve coragem de ir procurar! Não tiro a razão dela de não querer casar com você! Imagine ver seu marido se passando por namorado de um monte de mulheres em quanto ela ficava em casa esperando ele ter um tempinho para comparecer!

Ele bufou raivoso e não rebateu!

Ponto pra mim!

- Velho! – exclamou Jasper atordoado – Isso é mil vezes melhor que novela mexicana!

Olhei para os outros rostos da mesa e todos estampavam surpresa.

- Desculpe! – murmurei baixinho – Eu me exaltei! Mas também depois de tudo o que ela me disse no banheiro eu precisava extravasar!

Me encostei na cadeira emburrada.

- Certo – começou James coçando a cabeça – Eu preciso pensar em como fazer Cindy me escutar!

- Acho bom mesmo! – emendei – Depois de amanha é a homenagem de Carlisle e precisamos terminar com tudo nesta noite!

Esme me fitou curiosa.

- Como assim?

Eu não podia dizer que eu era um anjo cupido e que meus dias estavam contados, tão contados que eles terminariam depois de amanhã á meia noite.

- Porque será a nossa ultima chance!Segundo Cindy, a papelada do divórcio chegou e ela fará Carlisle assinar antes do fim do mês, o que é daqui três dias.

Como era esperado o silencio reinou entre nós. Por um segundo desconfiei ter visto um brilho perigoso no olhar de Esme.

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